Penny Jackson E O Vaso De Pandora escrita por Redbird


Capítulo 12
A irmã da Medusa viaja de classe econômica


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Mais um capitulo. Espero que gostem.



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Argos era um bom motorista, e embora seus olhos espalhados pelo corpo me assustassem, eu estava grata por ser ele, e não nenhum dos outros adultos do acampamento, que estivesse nos acompanhando até o Aeroporto de Nova York.

Assim que todos desceram eu agradeci a ele. Argos apenas piscou todos os olhos em direção a mim. Sim, era uma cena assustadora. Limitei-me a sorrir de volta sabendo que ele estava agradecendo. Acho que existem coisas com as quais simplesmente eu não consigo me acostumar.

Assim que descemos compramos a passagem de Avião para Toronto. Eu não queria ir de avião. Percy havia me avisado que isso poderia ser um erro, mas não havia outro jeito. Nós não íamos descer as cataratas do Niagra em um barrio como o Pica-pau não é? Além disso, Alex era neto da versão Romana do senhor dos céus. O que deveria contar alguns pontos. Pela primeira vez o lourinho estava sendo útil.

Quando perguntei onde estavam os documentos que íamos precisar todos me olharam como se eu fosse louca e começaram a rir.

–Você precisa aprender muito ainda sobre o mundo meio-sangue- disse Alex rindo muito as minhas custas.

–Eles já estão todos na nossa mochila- diz Mirna ainda rindo - Quiron manipulou a nevoa, não se preocupe, vamos conseguir passar.

–Ah obrigada pela informação. Desculpem minha ignorância. Como eu iria adivinhar não é? Puxa vida, é tão obvio. Nem um pouco perigoso também- O sarcasmo, como eu amo ele.

Saio andando em direção ao check-in sem me importar com eles. Sim, Eles conseguiram me irritar. Nunca diga que você sabe mais que uma descendente de Atena. Isso pode ser a última coisa que você vai fazer.

Depois de duas horas intermináveis, estávamos finalmente nos acomodando no avião. Lara, Mirna, e Alex sentaram nos bancos na minha frente, enquanto Tales sentou do meu lado, junto com uma mulher idosa, que imediatamente começou a tricotar. É claro que eu não estava nem olhando para qualquer um dos quatro. Preferia observar a mulher tricotando algo que lembrava uma manta, mas era bem grotesco.

–Sabe, você não vai poder ficar sem falar com a gente durante essa viagem inteira- diz Alex se virando para mim no banco da frente. Como resposta eu apenas dou um grunhido e viro para outro lado. Eu posso sim, ficar a missão inteira sem falar com eles.

Eu durmo um pouco, porque depois da noite que tive eu estava exausta. Acabo acordando e dormindo, acordando e dormindo. Não sei se era o cheiro ruim da velha do meu lado. Mas eu sentia como se meu sono estivesse brincando de pega-pega comigo.

Depois da milésima vez que eu acordo de uma soneca eu me dou conta de algo. Primeiro, a mulher do meu lado tem cheiro ruim, segundo seus cabelos não são exatamente cabelos. Ai a voz de Annabeth ecoa na minha cabeça: “Monstros costumam atacar em lugares com muita gente”. Droga!

Eu me levanto o mais calma e discretamente possível. Não, eu não estava fugindo do monstro e deixando meus amigos sozinhos, embora eles merecessem. De alguma forma, eu sabia que o monstro me queria e que a gorgona iria me seguir.

Enquanto eu caminhava, minhas mãos seguiram em direção à contracorrente no meu bolso. Assim que o monstro se revelasse eu estaria pronta para atacar. Ai eu me dou conta de que, mal comecei a missão, e já estou fazendo duas coisas que meus pais me aconselharam a não fazer: Me afastar dos meus amigos e andar de avião. Que ótimo.

Como eu suspeitava a gorgona me seguiu até onde ficavam os banheiros. Felizmente não havia aeromoças por ali e o local estava vazio. Assim que ela chegou eu abri meu melhor sorriso.

–Olá, e ai? Como vai a medusa? Perdendo muito a cabeça como sempre? Ela precisa controlar aqueles nervos.

Assim que eu digo isso, uma careta de raiva se forma na cara horrenda da gorgona, deixando ela mais feia ainda, se é que é possível.

–Não ouse falar o nome da minha irmã, meio-sangue- A gorgona guspiu essas palavras enquanto partia para cima de mim. Felizmente eu fui mais rápida e consegui desviar. A Gorgona deu com a cara direto na porta do banheiro.

–Está ocupado-Gritou alguém de dentro.

O monstro massageou o nariz enquanto me lançava um olhar assassino.

–Você vai pagar por isso semideusa.

– Eu já estou pagando pode acreditar, olhar essa sua cara feia não é nada agradável. Pena que você não é como sua irmã. Preferia ter virado pedra.

–Argh sua pestinha cria de deuses. Eu vou te mostrar quem é a melhor.

Ela novamente se atira em minha direção, mas dessa vez consegue me pegar, pondo as mãos imundas em volta do meu pescoço, fazendo com que ficasse difícil respirar. Sem pensar duas vezes, eu tiro contracorrente do bolso.

–Uh, vejo que seu papaizinho deu um presente para você.

Eu dou um golpe em direção a sua barriga. Ela tenta desviar, mas acaba fazendo com que eu conseguisse um corte em seu braço. A raiva da gorgona só aumentava. Eu aproveito e corro para o corredor do avião. O monstro sempre atrás de mim.

Quando eu passo correndo pelos acentos dos meus amigos, todos eles levantam assustados. Mas nem eu, nem o monstro damos atenção para eles. O monstro me segue até a porta que separa as classes, é um bom lugar, os passageiros não podem nos ver aqui. E para a gorgona é um grande erro.

Assim que ela chega desfiro um golpe de espada, bem na sua garganta. O monstro vira pó. Meus quatro amigos aparecem correndo. Quando eu mostro a cabeça do monstro eles me olham abismados.

–Como você...?- Começa Tales.

–Nossa- Dizem Mirna e Lara.

–Enfim, eu ainda preciso aprender muito sobre o mundo meio sangue não é mesmo? – Digo com um olhar desafiador, enquanto embrulho a cabeça do monstro no meu casaco.

–Você tem problemas não tem? – Diz Alex, um principio de fúria em sua voz - Não deveria ter enfrentado esse monstro sozinha. Devia ter nos chamado, para isso somos seus parceiros de missão.

–Ah, eu dei conta dela não é? Pelo amor de deus Alex, pare de agir como se eu fosse uma garotinha indefesa. Apesar de não parecer, eu sei me defender.

–Não tem nada haver com isso, é só que...

–O que? – pergunto o provocando.

Antes que ele possa responder uma aeromoça aparece, praticamente nos enxotando de volta para nossos lugares. Assim que nos sentamos, Tales tenta falar comigo. Eu dou meia resposta. Mas assim que percebo estou dormindo.

Quando acordo estou com a cabeça no ombro de Tales. Ele me dá um sorriso. Eu retribuo corando. Deuses, por que eu tinha que dormir no ombro de Tales. Mas ao que parece ele não se importou nem um pouco.

–Estamos decolando- diz ele, com uma alegria que para mim parece nova nele.

Assim que estamos no saguão do aeroporto eles me olham. Percebo que não faço a menor ideia de como vamos ir de Toronto a Quebec.

–Bom, acho que agora temos que ir para Quebec. Acontece que eu não sei a melhor maneira de chegar até lá.

–Eu acho que podemos ir de trem. Ele fica há uma meia hora daqui. Só temos que pegar um ônibus até a estação- Diz Mirna

–Como você sabe disso?

–Ah, é que eu gosto de assistir documentários sobre ferrovias e meios de transportes. Sou fascinada por aquelas máquinas.

–Que bom que temos uma filha de Hefesto com a gente então– Diz Lara, ao que Mirna retribui com um sorriso.

– Acho melhor do que irmos por água. Afinal, você usou avião e sabemos que isso não foi seguro. Também não seria seguro para Alex ir por rio ou mar. Vocês dois juntos formam uma combinação perigosa- diz Mirna.

Nos dois olhamos para ela com cara feia.

–Ok, mas é verdade- ela dá de ombros.

Saímos do aeroporto e pegamos um ônibus. O que Mirna não mencionou é que a Ferrovia ficava do outro lado da cidade e que precisaríamos pegar um ônibus, o metrô e um bonde até lá.

Eu estava ficando apreensiva. Cinco semideuses, três deles descendentes dos três grandes, perambulando pela cidade. Era quase como se estivéssemos com uma plaquinha escrita: “Hoje, grande festa de monstros. Comida grátis à vontade”.

Mas eu não podia negar que Toronto era linda. As pessoas eram todas diferentes. Todas as raças convivendo harmoniosamente. Judeus e muçulmanos, hindus, asiáticos. Havia pessoas de todos os credos e nacionalidades.

–Eu gostaria que pudéssemos ser assim sabe- diz Tales para mim.

–O que? – pergunto com uma sobrancelha levantada.

–Assim, vivendo em paz. Romanos e gregos.

–Hum, sei. Eu não entendo essa rivalidade. Ela é ridícula.

–Eu sei- diz Tales- Todas as brigas. É Difícil viver no acampamento grego, mas eu não me arrependo. Gosto de lá. Nunca tive problemas. Mas a gente só percebe a real estupidez dessa rivalidade quando está gostando de alguém de outro acampamento.

Eu olho para ele. Tales gostava de alguém do nosso acampamento?

–É claro -diz ele corando- Estou falando de Jason e Piper.

–Hum, verdade- digo ainda meio sem entender. Eu sabia que ele não estava dizendo a verdade. Tales gostava de alguém do nosso acampamento. Por um momento fiquei com pena dele.

–Se vocês já pararam com o namoro – diz Alex meio emburrado- Nós já chegamos na estação.

Eu faço cara feia para ele. Qual é o problema dele? Graças aos deuses Tales o ignora completamente.

A estação está cheia, por isso demoramos cerca de quinze minutos para comprar as passagens. O trem é confortável e felizmente achamos uma cabine vazia no fim do corredor. Nós vamos passar as próximas oito horas aqui, é bom ter bastante espaço. Assim que eu abro a porta da nossa cabine, no entanto, percebo que ela não está vazia.

Uma mulher loira, com os olhos mais cinzas que eu já vi, está sentada com um livro na mão. Assim que nos entramos ela abre um sorriso, o que não diminui em nada sua postura austera.

–Finalmente meninos. Estava esperando por vocês.

Eu fico paralisada. Eu nunca a vi, mas mesmo assim sei quem ela é. Ela é tão parecida com minha mãe. É minha heroína. A personificação do tipo de mulher que eu queria, mas nunca, vou ser. E ela é minha avó.



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Notas finais do capítulo

Ixi, o que será que Atena quer com eles?



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