A equipe de lideres de torcida era o meu porto seguro, o único lugar em que sabia que tinha amigos em quem podia confiar até o fim do mundo. Ou pelo menos para me segurar enquanto estivesse voando, o que seria um pouco mais provavel do que chegar ao fim do mundo, na verdade. Mas na escola não havia esse ambiente de segurança. E as coisas pioravam.
Ainda não faço a menor ideia de como o Clube AntiMiley conseguiu a chave do banheiro da escola, mas um dia, quando ia para a aulas de ciencias, elas me empurraram para dentro do banheiro e trancaram a porta. Fiquei presa. Bati na portas até meus punhos doerem. Ninguem foi me socorer. Tentei abrir a janela, mas estava trancada*. Percebi que todo mundo já estava na sala. Ninguem usaria o banheiro nos próximos quarenta minutos, pelo menos. Fiqueis entada no chão esperando. Passei o que pareceu ser uma hora ali dentro, aguardando que alguem me resgatasse, tentando entender como minha vida havia ficado tão bagunçada.
Olhei para a fileira de armarios, de espelhos, as janelas que não abriam, e pensei nos meus dois peixes, nadando em circulos sem parar dentro do aquario. Como havia entrado ali? Tinha provocado? Merecia? Aquilo teria um fim? Conhecia as capitais de todos os cinquentas estados. Conseguia virar estrela na calçada. Mas não sabia por que aquilo estava acontecendo. Não tinha amigos, e estava sozinha e triste. A unica coisa boa era que, se ficasse apertada, pelo menos já estava no lugar certo!