Montado em Agro, Wander ergueu sua espada. A luz refletida dessa vez apontava para trás do Templo. Wander guiou sua égua circulando o mesmo até chegar a uma longa ponte natural de pedra. Ao olhar para baixo, Agro se assustou com tamanha altura em que estavam. Bem abaixo deles havia um largo rio. Wander ergueu sua espada novamente. O feixe de luz apontava para uma praia lá embaixo.

Chegando do outro lado da ponte, Wander começou a ouvir estrondos estranhos. Parecia algo batendo nas pedras das montanhas. Ao descer até a praia, Wander procurou a tal caverna que Dormin tinha citado e percebeu que os estrondos vinham de trás de uma parede feita de pedra no fim da praia. Ao se aproximar de lá a parede se quebrou em vários pedaços e de lá saiu um monstro enorme com aparência de touro.

Wander se assustou com o tamanho da criatura. Era muito maior do que a anterior. Um dos chifres dele estava quebrado e sua coluna era totalmente exposta. Cada passo era um estrondo tão alto quanto o que ele fazia enquanto tentava quebrar a parede de pedra.

Quadratus ignorou totalmente a presença do garoto e continuou caminhando pela praia. Wander resolveu não chamar a atenção do colosso, pelo menos enquanto não possuía um plano.

Enquanto Wander analisava o touro gigante, a voz de Dormin ecoou na praia.

— O lugar mostrado pela luz é seu sinal vital.

“O que isso deve significar?...” pensou Wander, enquanto descia de Agro.

Ao observar o colosso andando, percebeu que a parte de baixo de suas patas brilhava. Sem hesitar, sacou seu arco e deu um tiro certeiro na pata traseira do animal. Quadratus caiu, dando chance para Wander agarrar-se no pelo de sua perna.

Wander subiu até as costas no animal e andou até a cabeça do mesmo, se segurando na coluna do colosso para evitar que caísse.

Chegando à cabeça, Quadratus tornou-se feroz e começou a se sacudir, como se já soubesse o objetivo de Wander.

Wander esperou a criatura estabilizar e cravou a espada em sua cabeça. Quadratus emitiu um longo som de dor e agonia e deu uma cabeçada na montanha. A batida foi tão forte que fez com que Wander caísse da criatura. Ele tentou se levantar, mas a dor estava muito forte.

Ao olhar para cima, viu que Quadratus estava levantando as patas dianteiras para esmagá-lo. Wander viu o medo do animal em seus olhos.

Agro rapidamente apareceu para salvar o seu dono. Wander agarrou-se nela e foi arrastado para longe do alcance do colosso. O bater das patas na areia fizeram a praia inteira tremer.

— Obrigado, garota.

Ao se recuperar, Wander viu que estava sem sua espada. Correu até perto do colosso e a encontrou perto das patas dele. Quadratus começou a tentar pisar em Wander ferozmente. O jovem desviava com grande dificuldade, quase sendo acertado várias vezes.

Conseguindo sua espada de volta, embainhou-a e sacou seu arco novamente. Wander foi para a frente de Quadratus e começou a atirar em seu rosto, o que enfureceu a criatura.

Quadratus novamente levantou suas duas patas traseiras para esmagar o garoto, mas este foi mais ágil e atirou em uma delas. O colosso caiu com dor e Wander novamente escalou sua perna, dessa vez a dianteira. O jovem voltou à cabeça do touro gigante e cravou novamente a espada, mas ainda não tinha sido o suficiente.

O colosso ergueu suas patas dianteiras enquanto sacudia a cabeça na esperança desesperada de se livrar do seu fim, mas em vão. Wander deu um último golpe, e enquanto sua espada entrava no animal, a vida do mesmo o deixava.

Caindo enquanto seu grito de dor ia se esvanecendo, os olhos do touro gigante ficaram sem cor e vida. Wander saiu de cima do animal, que também estava se tornando preto e tentou escapar novamente dos fios negros, mas em vão.

Desmaiou.

Wander acordou com um grande estrondo. Dessa vez viu dois vultos rapidamente ao seu redor, que desapareceram antes que pudesse dar uma olhada melhor neles. Ao se levantar, ouviu a voz de Dormin.

— Teu próximo inimigo é... Um dossel gigante se eleva aos céus... A ira do gigante adormecido abala a terra...

Silêncio.