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Logo era hora do banquete de comemoração. Reyna mal via a hora daquilo tudo acabar - mesmo que, tecnicamente, aquilo não acabaria tão cedo. Nunca gostara de lugares lotados - o que certamente não ajudaria muito na sua "nova" vida - e desejava estar em qualquer outro lugar. Já tinha passado por estresses o suficiente por um dia e provavelmente teria de passar por mais - o comportamento de Octavian com ela mostrava isso. Ele não parecia propenso a seguir muito rigidamente as regras (tinha poder o suficiente para desobedecê-las e assim o faria) e parecia estar muito interessado no que Reyna tinha para oferecer. Pena que ele não ganharia nada tão facilmente.

– Sabe que muitas nobres dariam tudo para estar no seu lugar, não sabe? - Ele sussurrou provocativa e furtivamente em seu ouvido durante o banquete. Octavian parecia saber plenamente que Reyna o odiava e não caía em seus encantos, e isso só tornava as coisas mais... interessantes.

– Então por que não as escolheu? Tenho certeza que elas abririam as pernas com mais facilidade para você. - Reyna retrucou.

– Você é bem mais interessante que elas. - Octavian respondeu, parecendo querer quebrar a mesa. O comentário de Reyna o pegou de surpresa (ele não estava acostumado com tanta 'desobediência' e 'rebeldia'). - De muitas formas. - Ele sorriu sacana e Reyna teve que se controlar para não espancá-lo ali mesmo. Ela sabia o que aquilo significava, e mesmo ela sabendo se defender, ainda era um pouco assustador. Octavian fora criado para ser um líder e certamente tinha truques sujos na manga.

Reyna não mais retrucou, apenas ficou calada e observando, tentando não perder o controle. Quando o banquete finalmente terminou, ela foi a primeira a pedir para se retirar, e como agora ela era tecnicamente uma princesa, a permissão lhe foi concedida. Sua nova serva lhe guiou a passos rápidos até seu novo quarto e depois a deixou em paz (aparentemente todos confiavam nela o suficiente para que ela não precisasse ser vigiada... oh, que sorte).

O quarto era grande e confortável, com uma cama grande e espaçosa de lençóis e cortinados vermelhos. O cômodo era apenas para ela e para seu... marido? Reyna realmente estava odiando ter consciência de que poderia chamar Octavian assim.

Ela se sentou na cama, abrindo um pouco o vestido, mas não conseguiu se manter parada por muito tempo. Se levantou novamente, andou sem rumo pelo quarto e começou a explorar os móveis. Abriu uma gaveta e se surpreendeu com o que viu.

Uma arma não tão grande, porém mortal, de punho negro e lâmina afiada e de ouro. Uma adaga. Sua adaga. Hylla provavelmente a havia colocado ali - ela era a única, além de Reyna, que sabia daquela adaga (aliás, ela que havia presenteado a irmã com a arma). Reyna não sabia como aquilo lhe seria útil, só sabia que seria - em algum momento, por algum motivo. Não sabia qual ainda, mas também sentia que iria descobrir.

Mas, mesmo assim, o quão complicado teria sido para Hylla se infiltrar naquele corredor, no quarto de um príncipe, sem ter permissão e ainda carregando uma arma? Ela teria de ser completamente insana, e de certa forma, ela era, assim como Reyna. Não havia regra ou ameaça que pudesse impedi-las quando elas queriam algo.

Reyna olhou para fora da janela - a lua estava alta e a escuridão estava ainda mais vasta. Já deveria ser consideravelmente tarde, e mesmo não estando com sono, era melhor já se arrumar. Na beira da cama estavam suas vestes de dormir - um vestido solto e branco até a altura dos joelhos. Ela começou a se despir, sentindo a parte de cima de seu vestido cair, e retirou o corpete, deixando seu tronco nú e à mostra. Então, ouviu passos, o som de uma porta sendo aberta e alguém entrou no quarto.