Reyna inclinou o tronco para frente, incomodada, enquanto sua mãe ajeitava seu vestido. Aquele seria o que todos consideravam o "grande dia". O dia em que sua família fecharia um acordo completo com a família do rei. Seu casamento.

E Reyna parecia ser a única que não estava feliz por isso. Não queria se casar e nem seguir uma vida religiosa - para ser sincera, ela odiava as regras da época. Queria traçar seu próprio caminho, mas não podia. Teria que se casar com "príncipe" Octavian, e desde a primeira vez que se encontrou com ele ela o odiava; e nada poderia mudar sua mente. Octavian não tinha honra suficiente para ser um rei, e Reyna mal conseguia passar dois minutos na presença dele sem querer socá-lo ou usar sua adaga nele (sim, ela sabia usar uma adaga. Sua irmã, Hylla, a havia ensinado - mesmo assim, sua mãe não poderia nem sonhar com isso).

- Vamos, Reyna. Sorria. - Sua mãe, Bellona, falou. Em quase tudo ela era idêntica à Reyna; os mesmos lábios, mesmo cabelo, mesmas curvas acentuadas... todavia, seus olhos eram de um azul intenso, enquanto os de Reyna eram cor de chocolate, e sua pele era mais pálida. E a principal diferença entre elas era, sem dúvida nenhuma, a personalidade. Tanto Reyna quanto Hylla tinham a personalidade do pai. Eram teimosas, persuasivas, rebeldes, impulsivas, aprendiam fácil e não abriam um sorriso tão facilmente.

- Ficar feliz pelo quê, exatamente? - Reyna perguntou ironicamente. - Por estar me casando? E o que de extraordinário irá acontecer depois disso? Eu vou ficar presa em um castelo ainda maior, tendo que lidar com milhões de compromissos enquanto Octavian se embriaga e transa com vadias?

Bellona a encarou como se estivesse prestes a lhe dar um tapa, mas não faria isso.

- Não diga isso, Reyna! - Ela ralhou, crispando os dentes. - Isso não é nada digno de...

- De uma lady?- Reyna ironizou novamente. - Bem, eu não quero ser uma lady. Eu não quero seguir regras.

- Mas você acabará sendo rainha! Isso é o sonho de qualquer jovem.

- Não, mãe. Esse é o seu sonho. E porque você não conseguiu realizá-lo, agora eu tenho que realizar. Você acha isso justo? Me diga uma coisa na minha vida que não foi decidida sem mim?

A expressão de raiva e decepção de Bellona mudou para uma de tristeza. Reyna sabia que havia pegado um pouco pesado demais, mas ela havia guardado aquilo para si por anos e não aguentava mais. Todos aqueles costumes e obrigações lhe pareciam ridículos e desnecessários, e ela não tinha escolha. E agora já era tarde demais, mas Reyna não iria desistir tão facilmente. Mesmo que naquele instante a raiva e a desesperança nublassem seus olhos, ela não iria se render.

- Essa é a melhor escolha para o reino e também beneficiará nossa família. - Bellona retrucou. - Agora vamos, você está pronta e magnífica. Sorria.

- Não. Não vou sorrir para quem não merece, e pode ter certeza que Octavian não merece.

- Reyna! Por hoje, chega. - Reyna sentia como se sua mãe estivesse tratando-a como uma criança. - Você não sabe do que fala.

Por fim, a garota se calou. Seguiu sua mãe em silêncio, as feições sérias e ríspidas.

- Isso não vai ficar assim. - Prometeu a si mesma antes de entrar no salão.