Tinúviel escrita por MrsHazelLevesque


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Aqui está, o tão esperado (ou não...) prólogo dessa fic. Agradeço a Lanne e a Lú por darem uma espiadinha (kamska minhas safadas, amo vocês) e aprovarem (ou é o que elas disseram). Espero que curtam!



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O sol já se punha quando Reyna finalmente ficou satisfeita com sua cesta de piquenique. Não era muita coisa, afinal, apenas ela comeria e não tinha o costume de comer muito.

Em um dia comum sua mãe não a deixaria sair do 'castelo' após o momento em que o sol começasse a se pôr, mas hoje ela estava ocupada demais com seus deveres para se importar. Deveres como dona do castelo. Deveres como esposa. Deveres como representante de seu marido quando ele não estava presente. Deveres e mais deveres. Reyna aprendera cedo que uma "dama nobre" sempre teria deveres que ela deveria cumprir, e ela não gostava daquilo. Ainda estava na beira de seus nove anos e já sabia que seu casamento estava sendo discutido e ela não teria nenhum poder sobre aquela decisão. E, mesmo em sua idade precoce, ela já sabia o que aquilo significava. Não se casaria por amor, mas por dever.

- Aonde vai? - Perguntou Teela, a vassala que na maior parte do tempo servia como babá de Reyna, enquanto ela tentava com certo esforço montar em seu pônei. Quando finalmente conseguiu, respondeu:

- Cavalgar por aí.

- Certo. - Teela franziu a testa como que avaliando a situação. - Só não vá muito longe e não volte muito tarde. Criaturas perigosas vagam por aí ao anoitecer, criaturas perigosas.

Reyna assentiu.

- Vou ficar bem.

- Ah, sei que vai. - Teela sorriu e Reyna esporou seu pônei, cavalgando para além dos limites do feudo.


Quando Reyna viu, já estava em terras sem dono, onde a grama crescia alta e saudável. Ela continuou cavalgando até achar um local com grama menos densa, e logo achou um espaço com solo de terra fértil e à mostra. Ela parou seu pônei, desmontou, amarrou-o em um salgueiro próximo e pegou sua cesta de piquenique. Então, se sentou no chão, ajeitando a sua túnica azul-clara. Depois, estendeu meio sem jeito a toalha de piquenique - a toalha havia sido tecida por Teela, que também era uma tecelã de excelência. Tirou da cesta seu conteúdo - duas maçãs, um pedaço não muito grande de bolo e um pão. Reyna não precisava de nada mais além disso para ficar satisfeita... talvez precisasse. Precisava de um amigo.

Durante toda sua vida ela vivera dentro do castelo, suas únicas "amigas" sendo as servas. Não era uma princesa, mas era uma nobre e seu pai era Mão do Rei - e por isso ele era pouco presente. Sua mãe, na maior parte do tempo, estava cuidando dos deveres e afazeres e mantendo tudo em ordem. Se não, estava discutindo assuntos "de grande importância para o reino". Reyna se sentia sozinha muitas vezes, e sua irmã Hylla era praticamente sua única amiga, mas o tempo em que passou solitária foi o qual ela usou para aprender tudo que sabia; e uma boa parte do que ela aprendeu e do que ela se interessava por não era nada digno de uma "lady", como sua mãe diria. Mas pouco lhe importava. Ela não queria ser uma lady

Reyna pegou uma das maçãs e deu a primeira mordida. Pouco tempo depois, ela ouviu um farfalhar vindo de um local próximo e se virou, assustada. A grama alta estava se movendo sem nenhuma causa aparente, não havia vento o suficiente para isso. Poderia ser qualquer tipo de criatura e ela não teria meios de se defender.

E então... um garoto apareceu. Ele parecia ter a mesma idade que Reyna, tinha cabelo loiro, olhos azuis que brilhavam na luz da noite e uma pequena cicatriz no lábio. Parecia bem devastado. Seu rosto, braços e pernas estavam sujos de terra e suas roupas eram trapos rasgados.

- Oi. - Ele falou, sua respiração acelerada.

- Olá. - Reyna cumprimentou, o observando curiosa. - Qual seu nome?

- Jason. - O garoto respondeu, olhando para o espaço vazio ao lado de Reyna sugestivamente como quem pede permissão para se sentar. Reyna assentiu com a cabeça e ele se sentou. - E o seu é...?

- Reyna. O que faz por aqui? Quero dizer... é uma área deserta. Não há ninguém aqui... há? - Reyna percebeu, pelas roupas de Jason, que ele era um camponês. Sua mãe diria para ficar longe dessas pessoas "sem classe e sem suserano", mas ela não ligava. Jason parecia ser uma boa pessoa, quem sabe um... amigo.

- Não. Quer dizer... tem eu. Meus pais morreram, nossa casa pegou fogo e só eu escapei. Longa história, mas agora eu me viro sozinho.

Reyna ficou em silêncio por um tempo. Não sabia o que dizer.

- Está com fome? - Ela perguntou. Jason não respondeu, mas era óbvio que estava. Estava faminto. - Coma. Pode comer. - Ela estendeu uma maçã para ele, repartiu o pão e o pedaço de bolo em dois e deu uma metade de cada para ele também. 

- Obrigado. - Jason pegou seu pedaço de pão, parecendo aliviado por tocar em comida. 

Eles comeram e conversaram. Os minutos se passaram rapidamente e Reyna percebeu que já tinha que ir. Ela se despediu de Jason, arrumou suas coisas e o agradeceu pelo tempo que passaram juntos. Antes que ela montasse em seu pônei, Jason a abraçou e beijou sua testa.

- Vamos nos ver novamente? - Reyna perguntou, montando no pônei.

- Quem sabe... - Jason respondeu. - Foi bom te conhecer.

Reyna sorriu.

- Igualmente. - E então, ela partiu. Em nenhum momento Jason tirou os olhos dela antes que ela desaparecesse de vista. Por algum motivo, ele sentia que eles tinham uma conexão maior do que imaginavam. E um dia descobriria que estava certo.


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Notas finais do capítulo

Algumas explicações(acho que não é nada que vocês não saibam, mas suponho que alguns danadinhos de plantão acabem dormindo na aula de História etc):
1 - Vassalos eram os que recebiam terras de uma pessoa - entitulada 'suserano' - com maiores condições, de forma que eles oferecem proteção e trabalho à pessoa (o resumo é isso)
2 - Muitas pessoas tinham certo medo do escuro na Idade Média. Naquela época, a iluminação era pouca e eles não tinham muita proteção contra os animais ferozes da noite, por isso a preocupação de Teela com Reyna.
3 - Feudo = Os lotes de terra onde viviam os senhores feudais (DUH!)
4 - Mão do Rei = Game of Thrones thing. É o ajudante do rei (ou melhor, o cara que toma a maioria das decisões enquanto o rei dorme com prostitutas... ou não, depende do rei lol, mas de qualquer forma, a Mão do Rei é o ajudante do rei, fim).
E é isso xx. O prólogo está mais... 'light'. No primeiro capítulo, o jogo vira.
Mereço reviews? Espero que tenham gostado!
Até mais!