– Não acredito! Primeiro no aeroporto e agora somos da mesma escola? Bom, já que vamos ter que conviver um com o outro... Meu nome é Elena! E o seu ô vermelhinho?

– L-L-Léo...

Léo realmente estava pasmo, ou melhor, bobo, com a beleza da garota. Elena tinha dezessete anos, ruiva, seu cabelo era tão vermelho quanto o sangue, o que realçava seus belos orbes verdes claro, claro como um cristal, e sua pele branquinha também ajudava a enfatizar a beleza descomunal da jovem extrovertida:

– Então Léo, quantos anos você tem?

– Faço 18 hoje!

– PARABÉNS!

Como dito acima, a jovem era extrovertida, agarrou o garoto num pulo lhe desejando um feliz aniversário:

– Vai fazer festa? Me chama? Vai ser que horas? Ai que roupa eu escolho? Vou ter que ligar pra Mitsuki... Minha amiga pode ir junto?

– Calma garota! Eu não vou fazer festa nenhuma não!

– Poxa... Então... Aparece lá em casa e chama seu amigo pra gente se divertir um pouco!

– Meu amigo? Quem? Até agora só conheço você!

– E o branquelo lá em cima? – apontando para o jovem lendo uns papéis em sua mesa – Achei que ele fosse seu amigo! Eu vi você conversando com ele...

– Eu nem sei o nome dele ainda! Mais chamo sim! Pelo menos eu não vou sozinho! Seus pais iriam estranhar!

– Eu moro sozinha! Quer dizer... Com a minha melhor amiga! A Mitsuki!

– É mesmo! Cadê essa tal de Mitsuki?

– Ela vai se atrasar um pouquinho... Eu meio que derramei um pouco de café com leite na roupa dela e ela vai chegar pro segundo tempo...

Pelo visto, Elena era desastrada, mais na opinião de Léo...:

“Essa garota não existe! Linda dos pés a cabeça, engraçada e... O que tá rolando comigo?”

– ... e aí agente podia acampar esse final de semana né?

A garota também falava demais, Léo não havia prestado atenção, mais concordou:

– É, é... Quer ir ao cinema comigo?

– Tipo um encontro?

Neste momento o rosto do garoto corou levemente:

– Não precisa ficar assim! Eu aceito!

Agora Léo já queria aproveitar a situação:

– E ser minha namorada? Você aceita?

– Devagar Léo! Pode até ser, mas não agora, vamos nos conhecer primeiro e deixar o tempo resolver. Ok?

– Isso quer dizer que eu tenho chances?

– 99.9 por cento das chances! Não estraga ok?

Os dois começaram a rir, até que o professor chegou (corta clima):

– Vou pro meu lugar! Depois agente se fala?

– Claro Léo! Vai lá!

Léo voltou animado para seu lugar, com um sorriso de orelha a orelha:

– Ei! Ô do cabelo branco! Deu sorte! Hoje é meu aniversário e a Elena vai fazer uma “reuniãozinha” pra comemorarmos! E você está intimado a ir! Tá ouvindo? Ei! Acorda! O professor já chegou!

O moleque estava dormindo, em cima das estranhas papeladas que continham a foto de uma garota, muito bela, e...:

– Seu Hentai! Porque você marcou os peitos da garota da foto? Quem é ela? Ou melhor, quem é você? Você ainda não me falou o seu nome!

– Meu nome é...

– Com licença professor! Me atrasei por culpa de um cetro alguém!

Acabara de entrar uma garota tão bonita quanto Elena, Léo olhou a foto na mesa do garoto e de repente:

– AAAAH! É A GAROTA DA FOTO DO TEME!

– Algum problema senhor Leonardo?

– Não professor! Desculpa! Maus aê!

O resto da aula foi o mais puro tédio e silêncio, Elena e Léo criaram um forte laço durante o intervalo, e Léo ainda não descobrira o nome do estranho, pervertido e quieto garoto do avião.

HOLANDA, 16h30min

– Ah! Nada melhor do que um sono depois da escola... Daqui a pouco tenho que encontrar o pessoal novo na casa da Elena... Vou me arrumar e...

De repente, Léo observa que o colar que recebera começa a brilhar, assim como o misterioso livro:

– O-o que está acontecendo?

Neste exato momento, tudo para, o tempo no relógio do garoto também está parado, e ouve-se apenas a voz de um alguém falando com Léo:

– Olá Léo, como vai?

– Arreda o pé assombração!

– Calma Léo! Eu sou você! Ou melhor... Uma parte de você!

– Eu morri? Quando? Por que no meu aniversário? De que eu morri? Eu não quero ficar morto! E por que eu to falando comigo mesmo?

– Relaxa! Eu sou uma de suas múltiplas personalidades! Neste caso, eu sou a calma!

O estranho era extremamente idêntico ao Léo, que era muito estranho na opinião do garoto:

– Calma? Isso com certeza não é o que eu estou sentindo agora! E por que você está aqui? Não era pra você estar aqui?

Disse Léo apontando para a própria cabeça. Neste momento “a calma” respirou fundo deu um sorriso forçado e disse:

– Como eu sou o mais paciente, eu fui o escolhido para te explicar tudo!

– E a paciência?

– Tem limite!

Léo começou a bater palmas, sua personalidade ficou curiosa:

– Por que você está batendo palmas?

– Pra te dar parabéns pelo esforço que você teve para fazer uma piadinha ridícula dessas!

– OLHA AQUI Ô MOLEQUE! VOCÊ JÁ ESTÁ ME IRRITANDO!

– Calma! Fica calmo!

Neste momento apareceu outra personalidade, esta vestia vermelho, ao contrário da calma que estava de azul claro:

– Você pelo visto deve ser a Paciência!

– Não! Eu sou a raiva!

Neste momento o garoto começou a rir que nem um retardado:

– Que ironia! A calma sendo acalmada pela raiva que está calma ao invés de estar com raiva!

– O que? – Disseram as personalidades em uníssono – Não entendemos lhufas!

– Esquece! Mais agora me digam, por que vocês estão aqui no meu mundo e não na minha cabeça que é o lugar de vocês?

– To vazando antes que eu me estresse! – Disse a raiva indo embora – Tchau!

E simplesmente sumiu! Dando lugar a calma para ela falar:

– Na verdade, você está na sua própria cabeça!

– Ai caramba! Então eu estou dormindo? Vou ter que me arrumar todo de novo? Isso é um sonho?

– Um, dois, três, quatro, cinco...

– Por que você está contando?

– Pra manter a calma, bom, como eu estava dizendo antes de ser rudemente interrompido pelo presente idiota...

– Ei!

– Quieto! Você não está dormindo, o tempo parou, quando voltar, provavelmente esquecerá tudo isso! Mas você vai aprender a controlar tudo isso com o tempo, se tiver paciência de ler o livro, é pra isso que estou aqui!

– Pra me incentivar a ler?

– Assim você libera a personalidade da inteligência, e todas as outras! Simples né?

– Como assim simples? É meio anormal um ser humano comum (nem tão comum assim) ficar parado no tempo conversando com sua própria cabeça!

– Léo, apenas leia!

De repente tudo voltou ao normal, Léo não fazia idéia do que acabara de acontecer ali, só havia uma coisa diferente:

– Que vontade estranha de ler... Bom... Vou me arrumar!

Léo pegou uma blusa preta, calça jeans, pôs seu melhor tênis e pegou uma jaqueta de couro preta também, pegou uma bandana na gaveta amarrou em sua cabeça cobrindo sua testa e deixando apenas algumas mexas do seu cabelo azul cair sobre seu rosto:

– Hora de ir!

HOLANDA, 18h50min

– Mitsukiiii! – Berrou a ruiva do banheiro – Atende a porta!

– Tô na cozinha! Quer que o bolo do seu namorado queime? – Berrou a outra de volta – Vai você!

– Tô no banheiro! Quer que eu vá de toalha?

– Tô nem aí!

– Caraca menina! Deixa que eu vou mesmo!

Ao abrir a porta, Elena viu o jovem de cabelos azuis a encarando com o rosto rubro. Seus cabelos ruivos estavam molhados caindo em seu rosto, sua roupa... Bem, ela estava de toalha, e encharcada:

– Er... Cheguei cedo?

– Imagina! Entra aí!

Elena puxou o garoto para dentro e voltou quase escorregando para o banheiro:

– Vou só terminar de me arrumar! Cadê o Miguel?

– Miguel? Quem é esse?

– O garoto de cabelos brancos... O seu amigo!

– Ah! Então o nome dele é Miguel? Nem sabia!

– Nem eu! A Mitsuki tem um monte de fotos dele no quarto dela... Acho que ela já o namorou...

– Estranho... Ele também tem fotos dela! – disse o garoto lembrando-se das fotos na mesa do garoto – Só que ele fez umas marcas nela...

– Elena! Quem era na porta?

– É o Léo!

– Ah! O seu namoradinho chegou!

– Cala a boca sua vaca!

Ouviam-se apenas risos vindos da cozinha, Elena entrou no banheiro e fechou a porta:

– LÉO!

– Que foi?

– Tem uma barata aqui no banheiro! Mata ela pra mim?

– Uma barata? Isso é normal! Tem uma menina no banheiro!

– Palhaço! Anda logo!

– Tá bom, chata!

Léo entrou no banheiro para matar a pobrezinha da barata, mais nesse momento Elena pulou no seu colo de toalha e tudo:

– Aaaaaaaaaaaahhh!

– Calma! É só uma baratinha! Miudinha!

Realmente a barata era pequena, neste momento, Elena olhou nos olhos de Léo, seus rostos ficaram vermelhos devido a presente situação, seu olhos haviam se encontrado por acaso, porém já estavam fechados. Seus rostos se aproximaram, suas respirações estavam eram sentidas um pelo o outro, seus lábios estavam prontos para se tocarem, até que finalmente:

– Que palhaçada é essa?

Mitsuki havia interrompido o momento com um tom de desconfiança, Elena e Léo se distanciaram rapidamente e seus rostos agora estavam mais vermelhos, só que de vergonha:

– Quer saber? Esquece! Vou atender a porta! Deve ser o Miguel!