A Espada Elemental escrita por Bernardo Dias


Capítulo 4
Reencontro e Declaração


Notas iniciais do capítulo

(8) EU VOLTEEEI E AGORA É PRA FICAAAR, PORQUE AQUI É O MEU LUGAAAAR (8)
Depois de muitas, MUITAS mudanças na história (e também muita preguiça q), finalmente o capítulo quatro! o/



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Capítulo 4


Meus olhos simplesmente não podiam acreditar que aquele homem mal cuidado, de barba desgrenhada, que mais parecia um mendigo, era meu pai. Ele anda até a cozinha e pede um copo d’água à minha mãe. Ela olha para ele ainda parecendo chocada, põe sua mão sobre a boca e vejo lágrimas escorrerem de seus olhos.


– Tommy... Como você...? – fico feliz em ao menos lembrar seu nome. Thomas Stevens. Meu pai, o homem que deixou a mulher e o filho em solidão. A raiva percorre pelo meu corpo, mas sinto uma bondade no olhar do meu pai, que me acalma por um tempo.

– Me desculpem por ter fugido, mas era minha obrigação – ele responde. Seus olhos transmitiam um sentimento de arrependimento. E eu podia claramente perceber isso – Por favor, acreditem em mim. – seus lábios começam a tremer e seus olhos pareciam cada vez mais tristes, por algum motivo, o sentimento desse homem e seu estado deplorável, realmente tiravam todo o ódio por ter abandonado a mim e a minha mãe. Eu estava sentindo pena. Certamente havia uma explicação para tal arrependimento.

– Bem, irei esperar por Jaden lá fora, não devo me intrometer em assuntos familiares – diz Price, caminhando para o quintal.

– COMO PÔDE? – minha mãe berra, soluçando, e acerta um tapa em cheio no rosto do meu pai, fazendo com que uma pequena lágrima escorra pelo seu rosto ferido.

– Eu senti muito a sua falta. Eu realmente me arrependo. Desculpem-me, por favor. Gina... Deixe-me explicar a vocês. – ele enxuga suas lágrimas e olha fixo para nós.

– Você nos fez sofrer muito – minha mãe responde - Fiquei desesperada, não sabia como você estava... Achava que tinha morrido, ou sido sequestrado. Meus pais tiveram que me ajudar financeiramente por um bom tempo. Mas o pior de tudo... – seu tom de voz se eleva e ela começa a choramingar – é que Jaden cresceu sem um pai que pudesse cuidar dele, dar carinho... ISSO É IMPERDOÁVEL! – ela leva a mão novamente ao rosto do meu pai para acertá-lo, porém, eu a impeço, segurando seu punho.

– Mãe, chega. Eu sei, eu entendo. Foi extremamente difícil viver sem ele. Mas não é hora. Ele está aqui, então vamos ouvi-lo, tenho certeza que está arrependido.

Os soluços da minha mãe vão diminuindo aos poucos enquanto ela enxuga suas lágrimas, e eu a abraço. Seu corpo estava trêmulo, porém suas mãos me agarraram fixamente.

– Fique à vontade, pai – digo.

Meu pai pigarreia e suas mãos tremem intensamente. Ele olha para trás e visualiza Price pela janela. Ele balança a cabeça em um sinal afirmativo e meu pai fica ainda mais nervoso.

– Eu os abandonei... – Ele começa – Porque eu os amo muito. Caso contrário, teria continuado aqui.

Sinto raiva no olhar da minha mãe; ela olha intensamente para o meu pai e esbraveja:

– E ainda por cima anda se drogando! Que história é essa, seu maluco? Se nos ama tanto assim, por que nos abandonou por tantos anos? Nenhum ser racional seria tão estúpido!

Meu pai abaixa a cabeça e choraminga:

– Mas é verdade. Vocês são tudo para mim, digo isso do fundo do meu coração. Por favor, deem-me mais uma chance, eu imploro.

Era vergonhoso o estado em que o meu pai chegara. Um homem imundo e barbado implorando por uma chance de falar com sua família. Lágrimas escorriam de seus olhos. Por mais louca que seja a ideia de ele ter nos abandonado por amor, acabo resolvendo dá-lo outra chance. Quero acreditar nele, simplesmente sinto que ele realmente ainda nos ama. Digo, por fim:

– Vamos, pai, explique melhor essa história. Te darei outra chance. – Minha mãe me lança um olhar de censura, enquanto os olhos do meu pai se enchem de esperança.

– Eu fui cruzar o mundo ao lado de Price – ele continua, com um grande sorriso no rosto, a espera de que convencesse-nos – Nós também lutamos juntos, minha grande motivação foi proteger vocês! Eu desenvolvi diversas técnicas de luta para derrotar adversários extremamente fortes: eles eram como humanos superdesenvolvidos. Mas quem lutou com os mais fortes, é óbvio que foi o Price. Ele e sua espada eram simplesmente incríveis! – Meus olhos se arregalam. Espada? Price sempre falou sobre espadas antigas na aula de história, principalmente a “Elementar”. Além disso, ele obviamente tinha algo estranho no meio de todos esses ocorridos. Tudo ia, aos poucos, se encaixando na minha cabeça.

– CALE-SE! – Minha mãe interrompe o discurso do meu pai – Pare de falar besteiras e saia imediatamente da minha casa, e leve aquele outro maluco com você! Seu drogado!

A simples alegria dele de poder se abrir conosco é despedaçada em um instante. Eu não sabia o que estava passando na minha cabeça, mas eu não estava duvidando em nada dessa história bizarra. Depois de todos os ocorridos na minha escola, aquilo não era nada demais. Estava até começando a acreditar nisso.

– P... Por favor, não faça isso comigo, Gina! – Meu pai gagueja – Eu imploro! A vida sem vocês é horrível, eu só queria o bem de vocês dois!

– Eu disse “saia”!

– Tudo bem. Gina, Jaden... Não posso obriga-los a me amar novamente. Apenas quero que saibam que ainda estou aqui e que nunca os esquecerei. Eu os deixei com muita dor, mas foi com o objetivo de proteger vocês, e também o mundo todo. Bem... meu recado está dado. Adeus.

Meu pai dá meia volta e sai pela porta da frente e abandona minha casa ao lado de Price. Eu estava completamente chocado. Acabara de encontrar meu pai, depois de tanto tempo longe de nós, descobri algumas coisas sobre seu passado e a ligação de Price e uma espada com isso. Sim, eis a explicação para aquela peculiar obsessão. Precisava da ajuda dos meus amigos. Não. Antes disso, de mais informações.

Sento-me no sofá de cabeça baixa enquanto minha mãe, deprimida, sai da nossa sala para tomar banho. Pego a minha mochila e abro o zíper da frente. Lá dentro havia um papel com o número dos celulares de Ethan, Allison e Jane. Já estava pegando meu celular para falar com eles, quando me toquei que já era tarde, então resolvi dormir e ligar no dia seguinte. E assim, contar tudo o que meu pai disse, e juntos, tentaremos acha-lo para que conte os detalhes.

Caminho ao meu quarto, o lugar que eu não via há meses. Estava com uma saudade imensa de lá. Meus jogos de videogame, meus livros e quadrinhos... Meu espaço pessoal. Troco de roupa e me jogo na cama. O sono demora a vir, mas depois de um longo tempo, consigo relaxar.


Meus sonhos são perturbadores. Minha mente recriava as cenas de meu pai contando aquelas bizarrices, porém de uma forma maligna. Meu pai parecia ser um monstro. As imagens do incêndio também são recriadas, porém em meio ao fogo eu podia enxergar Price empunhando uma espada, lutando contra diversos homens com habilidades bizarras. No fogo também estavam meus amigos Ethan, Allison e Jane, sendo queimados até serem cortados pela espada de Price e desintegrarem.


Mesmo sabendo que tudo aquilo foi um sonho, acordo tremendo. Será que meus amigos poderiam acabar sofrendo as consequências de estar me ajudando com isso. Sinto que estava colocando-os junto a mim em uma situação extremamente perigosa. Olho para o relógio na minha mesa de cabeceira. 11:00. Já era hora de ligar para os meus amigos.

– Alô, Ethan?

– Hum, Jaden? – ele responde com uma voz sonolenta – que foi, cara? É importante? Eu estava sonhando com a Gislene.

– Quer dizer... Com a Jane?

– Essa mesma.

– É extremamente importante. Meu pai e o Price vieram aqui em casa ontem à noite e meu pai falou muita coisa estranha, que eu preciso que você e as garotas saibam. Será que dá para vocês virem aqui ao meio-dia?

– Ah, a Jane vai? Tudo bem, eu vou aí. Boa noite.

Nunca vi Ethan tão estranho, mas essa sua loucura já foi o suficiente para me animar um pouco. Olho para o papel novamente e vejo o número de Jane. Pego meu celular e começo a discar.

– Bom dia, Jaden – ela atende – tá tudo bem?

– Não exatamente. É sobre o Price. Preciso falar sobre algumas coisas muito importantes com você, a Allison e o Ethan. Será que poderiam vir aqui ao meio-dia?

– Tudo bem, se for tão importante assim. Deixa que eu mesma falo com a Allison. Já estou indo. Tchau.

Escovo meus dentes e ponho uma roupa mais arrumada para receber meus amigos. Vou andando até a sala e aguardo sentado no meu sofá. Era engraçado somente imaginar Ethan aqui em casa junto a Jane. Provavelmente iria ficar naquele estado bêbado de costume. Minha mãe, que acabara de acordar, entra na sala e senta-se ao meu lado para tomar uma xícara de café.

– Bom dia, filho. Já está tentando esquecer o que houve ontem? – ela pergunta.

– Sim, mãe. Esqueça você mesma.

– Tudo bem. Vamos fingir que aquilo não aconteceu. Que ele seja feliz com seu professor – ela ri. Parece ter recuperado o bom humor bem rápido – A propósito, por que está todo arrumado a essa hora? Por acaso vai sair com o Ethan?

– Bom... É quase isso – o som da campainha me interrompe – Ah, já chegaram!

Chegaram? Por acaso chamou seus amiguinhos aqui sem me consultar?

– Ah, mãe, qual é o problema? Só vamos ficar lá no meu quarto, não vamos incomodar – caminho até a porta e a abro.

– Olá, bom dia, Jaden – Jane e Allison nos cumprimentam, sorridentes. Os olhos da minha mãe se arregalam.

– O... O que garotas tão lindas fazem na nossa casa a essa hora? – minha mãe gagueja.

– Mãe, essas são Janice e Allison, são colegas de classe.

– Achei que fôssemos suas amigas – Allison retruca e Jane ri.

– Mas o que diabos está acontecendo aqui? – Minha mãe exclama.

– Calma, mãe – respondo – elas são amigas minhas. E nós só vamos ficar no meu quarto, não se preocupe.

– Vai ficar sozinho com essas garotas no seu quarto, no que está pensando, garoto?

Jane e Allison riem sem parar. Eu olho para elas, nervoso.

– Senhora, não é nada do que está pensando. – Allison responde, rindo.

– É, o Ethan também está vindo pra cá. – diz Jane – Nós só vamos conversar, jogar videogame... Somos amigos.

– Hum... Menos pior – minha mãe responde – mas acho melhor vocês não ficarem sozinhas com ele naquele quarto. Só avisando – ela pisca com o olho direito.

– MÃE! – exclamo. As garotas caem novamente na gargalhada.

A campainha toca, e todos vamos atendê-la. Lá estava Ethan, muito mais arrumado do que o normal. Talvez tivesse até tomado banho! Ele congela ao olhar para Jane.

– Bom dia, Jaden. Senhora Stevens... Garotas – ele fala com um tom chique.

– Pronto, finalmente – comemoro – agora podemos ir ao meu quarto, mãe?

– Tudo bem, tudo bem – ela nos encara – juízo.

Nós quatro andamos para o meu quarto. Eu estava extremamente feliz por poder desabafar aquilo tudo que vem me perturbando tanto. Abro a porta e todos nós entramos. Ethan já estava familiarizado com o local, e ainda mantinha-se compenetrado. Já Jane e Allison pareciam com vergonha de entrar no quarto de um garoto que conheciam há pouco tempo.

Todos se sentam, ou na minha cama ou em um poof e se preparam para ouvir.

– Vou direto ao assunto – começo – o meu pai apareceu aqui em casa. Meu pai que abandonou a mim e à minha mãe. E ele estava junto com Price.

Os olhos de todos se arregalam.

– C... Como assim? – diz Allison – então aquele maldito do Price, ainda por cima tem a ver com o caso do seu pai.

– Sempre soube que esse cara era muito estranho – diz Jane.

– Eu já soube disso tudo – Ethan ri – Mas conte logo o que os malucos falaram.

– Meu pai disse que nos abandonou para nos proteger. E ainda por cima que lutou ao lado de Price, e que ele usava uma...

– ...Espada – Allison completa, o que me deixa ainda mais confuso – quer dizer, não é óbvio? O Price era viciado nessa tal Espada Elemental. Isso é muito bizarro.

– Então quer dizer que... Ela pode realmente ter existido. E ainda tem algo a ver com o Price.

– Não dá pra acreditar nisso – Jane retruca – é uma lenda estúpida. Não se pode ser levada a sério. Pode até ser coincidência, mas... Jaden, já pensou que seu pai pode estar meio maluco com tudo isso, ou talvez até sob efeito de drogas?

– Eu não sei... Acho que o meu pai não faria isso.

– Acho que você deveria falar com ele – diz Ethan.

– Mas eu não faço ideia de onde esse homem está agora! – exclamo – droga... O que eu devo fazer? – Coloco a cara no meu travesseiro, desesperado.

– Calma, Jaden, desespero é a pior coisa nessa situação – Allison me consola – Mas o Ethan está certo, você deve fazer de tudo para procura-lo e esclarecer tudo. Price também tem muito a te explicar.

Continuo deitado com a cabeça no meu travesseiro enquanto o ambiente se mantém em silêncio por um tempo.

– Não tem mais nada que possamos fazer – diz Jane – apenas fique calmo, tente relaxar.

–Isso Jaden – Ethan continua – nós somos seus amigos, te daremos todo o apoio possível. Vamos aproveitar que estamos juntos, curtir um pouco. Deixe os problemas de lado por um instante.

– Obrigado, pessoal – respondo – vocês são amigos incríveis.

Então, foi o que fizemos. Para tentar relaxar, nós quatro jogamos um pouco de videogame juntos e conversamos sobre outros assuntos. O tempo ia passando e eu realmente conseguia relaxar. Depois de um tempo, apenas eu estava jogando. Allison pegara no sono na minha cama, Jane estava usando meu notebook e Ethan encostado na parede tomando suco de caju. Quando reparei, já eram quatro da tarde, e todo o meu estresse já havia passado. Depois que meus amigos fossem embora, acertaria as contas com Price e meu pai.

O suco de Ethan acaba e ele volta seu olhar para Jane, admirando sua beleza, desligando-se do mundo. Uma expressão determinada estampou seu olhar, o que chegou a me assustar.

– Jane – Ethan chama.

– Hã? O que foi? – ela tira os olhos do computador.

– Eu... Eu preciso falar com você lá fora... É rápido.

Jane fica vermelha e os dois saem pela porta, me deixando sozinho no quarto com Allison. Finalmente, Ethan iria se declarar, sempre torci do fundo do meu coração para que desse certo. Allison, como uma amiga de Jane, também deveria saber disso, então resolvo acordá-la, balançando seu ombro.

– Hã? O que foi? – ela resmunga.

– Ethan e Jane estão lá fora. Sozinhos.

– O que? Ah, que bom, que bom mesmo! Desde a festa de fim de ano, Jane começou a gostar do Ethan.

– O QUE DISSE? – berro com todas as minhas forças – M... Mas é ele quem gosta dela, mas... Então.

Allison me olha com um sorriso matreiro e nós dois saímos de fininho pela porta do meu quarto

– Isso é errado – digo.

– Ah, qual é? São nossos melhores amigos.

Caminhamos na ponta do pé até o quintal e nos escondemos atrás de um arbusto, em frente a onde ouvimos suas vozes. Espio pelo canto do arbusto e não consigo acreditar na cena.

Ethan e Jane estavam os dois em pé, um em frente ao outro. Ethan com as mãos na cintura de Jane e ela com os braços envolvidos em seu pescoço. Os dois estavam se beijando.

– Por acaso aquilo lá era uma língua? – pergunto à Allison.

– Quieto – ela responde.



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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo...
Será que os quatro ainda terão algum descanso? Por coincidência ou não, o pai de Jaden e Price estarão lá para esclarecer toda a loucura. Suas vidas jamais serão as mesmas.
Pessoal, o que acharam do meu "retorno"? Deixem suas opiniões e sugestões nos comentários e até a próxima.