Daisuki escrita por AC3
A semana seguinte começou tranquila. Tudo parecia ter voltado do normal. Foi como se eu nunca tivesse me declarado para Shion-kun. Nem consegui vê-lo...
Foi assim, pelo menos, na escola.
Ao chegar em casa, a situação foi diferente: mal fiquei sozinho com Rin, ela já começou com suas “aulas” de yaoi, shonen-ai e sei lá mais o que.
Realmente. Tudo apenas parecia ter voltado ao normal.
— Tá pronto, Len?
— Acho que tô... – eu não tinha muita escolha.
Estávamos no quarto dela, que não tinha muitas diferenças do meu. O armário repleto de mangás devia ser a mais significante delas.
— Você já leu aquela pilha que eu te mostrei?
— Só alguns.
Eu estava sentado na cama dela, em perna-de-índio, com um travesseiro amarelo em meu colo.
— Muito bem, – ela estava pé na minha frente, segurando uma prancheta e um canetão preto. – hoje vamos às bases de qualquer casal yaoi.
— Que seriam...?
— Semes e ukes. – Rin escreveu esses dois nomes na folha presa a prancheta.
Ela esperou que eu falasse algo, mas fiquei quieto.
— Semes são os “machos” da relação – a expressão me causou certo espanto. – Eles cuidam e protegem seus parceiros, sendo, geralmente, os que ficam “por cima”.
Fico vermelho ao ouvir aquilo – como se isso fosse novidade...
— Ukes são as “fêmeas” as relação – me pergunto quem seria a “fêmea”: eu ou o Shion-kun? – No seu tipo de yaoi, eles são inseguros e envergonhados. E, geralmente, ficam “por baixo”.
Demorei um pouco para absorver as perversões que ela me ensinava.
— Como assim “meu tipo de yaoi”? – perguntei.
— Hum... – ela escreve “lemon” e “dark lemon” na folha. – como o seu romance é do tipo fofinho, ele é lemon. Se fosse algo um pouco mais pesado, seria dark lemon.
— Dá um exemplo.
— Estupro.
Nesse momento, eu fiquei realmente chocado:
— Co... co... como?
— É. Estupro. – estranha era a naturalidade com que ela falava. Comecei a achar que a minha irmã é que era pervertida. – No dark lemon, apenas o seme deseja o relacionamento, então ele obriga o uke. Na verdade, eu escrevi uma fic nesse estilo uns dias atrás, se você quiser, eu te mostro.
— Não precisa... – eu estava ficando assustado.
Rin sorriu para mim e disse:
— Eu falei que poderia te traumatizar.
— Mas eu não ter que...? – minha voz sumiu no meio da frase.
— Claro que não, Len! – ao escutar isso, suspirei, aliviado. – O seu romance seria classificado como lemon, isso, é claro, se vocês já fizessem sexo...
— Sexo?!
—... mas, como você gosta do Shion-kun e ele também gosta de você... – ela não pareceu ter me escutado.
— Ele ainda não gosta de mim!
— É só você aguardar. – ela fez um sorriso malicioso e voltou a falar. – Enfim, vocês vão construir o sentimento de amor juntos... relaxa!
— Falar é fácil!
Rin largou a prancheta e o canetão no chão, aproximou-se de mim e acariciou minha cabeça. Depois voltou a falar, com um dos sorrisos mais sinceros que já vi ela fazer:
— Você gosta dele, não gosta?
— Gosto... – temia o rumo que aquela conversa poderia tomar.
— E ele não tá se esforçando para poder ficar com você?
— Tá...
— Então, não percebe? Ele já gosta de você, só que não descobriu isso ainda...
— Mas, se nós vamos acabar juntos, por qual razão eu tenho que aprender sobre esses mangás yaois?
— Para você fisgá-lo mais rapidamente. Antes que alguém tente convencê-lo a não gostar de você. – ela pega a prancheta e a caneta do chão. – Falando nisso, você entendeu o que é seme e o que é uke?
— Sim... mas ainda não vejo utilidade nisso e esse negócio de “ir rápido antes que tomem de você” não me convenceu...
— Isso não importa... – como “não importa”? É a minha opinião! – toda essa explicação é pra te fazer uma pergunta...
— E qual seria?
— Você quer ser seme ou uke?
— Como?
— Você quer ficar “por cima” ou “por baixo”?
A vermelhidão surge, novamente, em meu rosto.
— Como você pode me perguntar uma coisa dessas?!
— Não se acanhe pequeno Len.
— Depois eu é que sou pervertido...
— Claro que é! – exclamou ela. – Na verdade, acho bom você aproveitar a oportunidade que está tendo, se continuar assim, você não vai ter escolha.
— E o que eu seria? – perguntei, curioso.
— Você ficaria “por baixo”.
— O que?!
Ela desiste da prancheta e da caneta, jogando-as na cama. Coloca a mão esquerda na cintura e aponta para mim com a outra.
— Não se faça de inocente, Len Kagamine! Você sabia muito bem como seriam as coisas se você gostasse de outro cara!
— Calma...
O pior é que ela estava certa.
— Eu... – eu já estou cansado de ficar vermelho! – não sei, Rin. Na verdade, eu não faço a menor ideia! Não seria melhor essa classificação ocorrer naturalmente?
Rin não respondeu diretamente, o que me deixou temeroso com a possível reação que ela iria ter.
Felizmente, ela pulou em cima de mim e me abraçou:
— É por isso que eu te adoro, Len!
O abraço durou alguns minutos, sendo que eu já estava sem ar quando ela me soltou.
— Por que essa felicidade repentina? – perguntei.
— Você é muito kawaii! Shion-kun vai adorar!
— Quer dizer que as “aulas” já acabaram? – a esperança tomou conta de mim.
— Claro que não! – respondeu ela. – Eu ainda tenho que te ensinar como cortejar o Shion-kun – cortejar? – Além disso, você não terminou de ler os mangás que eu te emprestei...
Nem consegui contestar, pois ela já voltou com a “aula”.
O resto da semana continuou da mesma maneira: tudo normal na escola e várias “aulas” de perversão em casa.
Parecia que a Rin nunca mais ia me deixar em paz...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Esse capítulo é uma prova que reviews podem mudar uma fic. Se não fossem os comentários de vocês, não teria as ideias que precisei para fazê-lo
Essa foi a primeira aula da Rin...
O que acharam, foi útil?