Daisuki escrita por AC3


Capítulo 21
Expectativas


Notas iniciais do capítulo

Todos com o pé na estrada!



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– Mãe, calma...

– Hô! Hô! Tempo urge.

Eu, meu irmão, a Miku e a mãe dela estávamos no carro, indo para o litoral a mais de cento e vinte por hora.

– Tem certeza de que esse é o limite de velocidade dessa via? – perguntou Hatsune.

– Claro. Estradas de terra não têm donos! – e voltou a pisar no acelerador.

Eu já estava meio que acostumada com a, digamos, “pressa” da sra. Hatsune. Às vezes eu passeava com ela e a Miku e, de repente, ela cismava de acelerar sempre que possível. Mas meu irmão, por outro lado, agarrava o assento com todas as forças.

Fitava a paisagem selvagem que sempre tremelicava pela irregularidade da estrada. Pensava. Um mês na praia... um mês numa velha casa de família há uma quadra da praia. Sendo que, desse tempo, três semanas seriam sem a supervisão de um adulto responsável – porque a Meiko, o Kamui, o Kaito e a Luka não eram uma imagem muita boa de “responsabilidade”...

De um jeito ou de outro, passaríamos vinte e quatro horas uns com os outros. O Len se atirando em cima do Kaito, competindo, provavelmente, com o Gakupo, que estariam, ambos, sendo vigiados pela Luka e eu, tendo a Miku, ainda por cima, querendo descobrir tudo que estava acontecendo... Que confusão!

Iria ser divertido, como um filme de comédia bem-feito, ou uma sitcom clássica. Já podia ver todos nós zoando na praia ou assistindo a um filme na madrugada. Talvez até jogando algum jogo de tabuleiro.

Sorri as minhas ideias. Iria ajudar meu irmão a terminar o serviço que já tínhamos começado. A Luka iria me ajudar, ou seja, provavelmente ela conteria o Kamui-kun. Mas, de uma forma ou de outra, ela acabou não explicando como era sua relação com o Gakupo...

Tudo bem. Se ela não quer falar, não sou eu quem vai ficar perguntando.

– Já estamos chegando? – perguntou meu irmão, desesperado.

– Aguenta mais um pouquinho aí, Kagamine-kun. Só faltam mais uns vinte, trinta minutos.

Pude ver o espanto passar pelo rosto dele.

– Como a fukasa da Miku corre, né?

Eu estava sentado no banco traseiro do carro da Luka – sim, ela tinha um carro apenas dela. – tentando puxar assunto no silêncio que se instalara após a primeira hora de viagem.

– É... – disse Megurine, concentrada em seguir a papa-léguas.

Como Kamui, que estava no banco de passageiro da frente, dormira a pouco, recostei-me na janela esquerda e comecei a divagar. Estava bastante animado por aquela viagem, desde que a Meiko ligara.

Ela era uma pessoa muito doida em sua natureza. Quando se declarara minha senpai, no meu primeiro ano de colegial, assim que me vira mirrado no portão da faculdade, quase pulei de susto. Por coincidência ou não, ela escolhera Kamui-kun mais tarde no mesmo dia e depois nos apresentou Luka, alguém que já conhecia.

Desde então, passamos a ser grandes amigos. Conversámos quase todos os dias e passamos a fazer tudo juntos. Foram bons tempos. Meio confusos e loucos, mas bons tempos.

Iria ser bom revivê-los.

– Mãe, por favor, vai um pouco mais devagar... o Kagamine-kun tá passando mal.

Ainda não acreditava como minha fukasa conseguia manter-se calma e risonha daquele jeito sem tirar o pé do acelerador. Por mais que já estivesse acostumada, eu ainda via um acidente acontecer conosco.

Se bem que aquela estrada era bem remota mesmo. Qual seria o exato local daquela casa na praia? O discurso da Meiko-san não fora muito convincente para mim. Espero que seja algum lugar legal, pelo menos...

Por um instante, meu olhar passa da paisagem para o retrovisor do carro, que refletia o desesperado Kagamine-kun.

Para quem será que ele se declarara? Isso se fora ele, não o Kaito-kun. Enfim, a menina não poderia ser do nosso grupinho: eu não sou, a Rin também não – ele não me parece incestuoso. – e a Luka namora. Como o Kamui-kun está traindo a Luka, hum... parece óbvio que essa menina é a amante do Gakupo. Mesmo assim, algo está estranho nessa história, por que a Rin não me contaria isso?

Eu estava na escola dos Kagamines, sentado num dos bancos de concreto ao lado do tampinha. Árvores nos protegiam do sol da tarde. Uma leve brisa agitava nossos cabelos. Estávamos sozinhos.

Não trocávamos nenhuma palavra. Mantínhamos nossos corpos perto e nossas mãos juntas. Nossos rostos se mantinham felizes e meio avermelhados. Logo, nos aproximamos ainda mais e... nos beijamos.

Foi um beijo apaixonado e vibrante, daqueles que você sente certo frio na barriga ao se lembrar. Mas, o ato em si, fora rápido.

Olhamo-nos sorridentes. Agora, o tampinha estava mais alto, com cabelo mais curto e azulado, mostrando, porém o mesmo sorriso de antes.

Percebi que Luka me olhava de nenhum lugar e lugar nenhum. Ela sorria triste e feliz ao mesmo tempo. Parecia próxima e distante. Como um fantasma, uma memória esquecida. Talvez fosse assim mesmo que ela se sentisse. Eu me esquecera dela?

Levantei-me e fui atrás dela, deixando o tampinha ora loiro ora azulado para trás por um momento.

Em resposta a minha reação, ela começou a correr. Seus cabelos balançavam com o vento deixando uma trilha almiscarada de seu perfume pelo ar. Suas passadas eram rápidas e firmes, enquanto as minhas se mantinham sempre desajeitadas.

Não estávamos mais naquela praça. A praia fria e deserta era agora nosso cenário de fundo. O mar estava na minha frente, logo depois de Luka, e nós corríamos na direção dele.

– Kamui-kun? Onde está indo? – disseram duas vozes ás minhas costas.

O tampinha de forma indefinida se transformara no Kagamine e no Kaito. Ambos fitavam com rostos confusos e, analisando com mais atenção, pareciam copiar os movimentos do que estava ao seu lado, como um espelho.

Voltei a fitar minha fronte.

Luka sumira. Apenas uma visão esplendorosa do azul marítimo que se abria para o infinito do Oceano Pacífico. Ondas se quebravam próximas aos meus pés e a leve espuma esbranquiçada marcava o fim da água e o começo da areia.

Meus pés não queriam parar de correr. Quando me dei conta, já estava com água até a cintura. Continuei, sempre em frente, até estar completamente coberto pelo sabor salgado do mar. Minha visão ficou turva e meu corpo ficou mole.

Um tranco me atingiu.

– Acordou Gakupo? – disse Kaito, do banco de trás.

– O que aconteceu? – retruquei, sonolento.

– A louca da mãe da Miku decidiu tirar o pé do acelerador um pouco – quem respondia era a Luka. – tive de frear com tudo.

Espreguicei-me e voltei a dormir.

– Muito obrigado, sra. Hatsune! – disse completamente agradecido por ela ter diminuído a velocidade para algo suportável.

– De nada, Kagamine-kun. – respondeu ela, com um sorriso.

Respirei calmo. Agora conseguia ver e pensar com mais clareza.

Só conseguia pensar no Shion-kun. Em como tudo estava dando certo para nós dois. Parecia, para mim, que um ar místico de boa sorte pairava a nossa volta. A forma como tudo estava ocorrendo... não sei, parecia bobo pensar dessa forma, ao mesmo tempo que não parecia.

Sei lá! Só estou devaneando...

Tive de frear com tudo. A louca da mãe da Hatsune diminuiu a velocidade tão rapidamente quanto acelerou. Senti o cinto apertar-me enquanto meu corpo ia para frente. O tranco fora rápido e não muito sutil.

Gakupo acordara por poucos segundos, sem termos a mínima chance de conversarmos. Aquele carro estava um silêncio tão grande que nem as músicas da rádio o cobriam.

Estava dividida. Perdida, de certa forma. Pensando em como Gakupo poderia se aproximar do Len-kun ao mesmo tempo que não comprometesse a relação deste com o Kaito. Complexo...

Imagina o que a Rin-san acharia caso isso acontecesse? Voaria para cima dele na mesma hora. Por nada, afinal, tudo que Gakupo quer é descobrir-se.

Analisando a situação, eu sempre pareço a parte de tudo isso, como se não participasse de nada e mal fosse afetada. Não é verdade. Também tenho meu lado, minha história, meu pedaço do bolo. O problema é, qual?

Ainda descobrirei...

Havia chegado a pouco na Casa. Era melhor do que eu esperava para um anúncio de internet e, milagrosamente, ficava mesmo perto da praia.

Mal esperava para recebê-los! Depois de tanto tempo que ficamos sem se falar, imagino quais serão as novidades que poderão me contar. Talvez estejam perdidinhos sem mim... hi, hi.

– Meiko-san! Onde ponho essas malas? – disse alguém as minhas costas.

– Vamos deixar tudo na sala. – respondi. – Os quartos a gente decide quando todos chegarem.

– Beleza!


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo, acho que, foi e é um divisor de águas nessa fic. Aqui, todos os personagens mostram seu ponto de vista todos atuam ao mesmo tempo dividindo o holofote principal. E, no final, mais surpresas se revelam a vir. Acho que minha parte favorita é o sonho do Gakupo, pude deixar-me "viajar" enquanto escrevia kkk...Enfim, até a próxima, gente :P



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