Daisuki escrita por AC3


Capítulo 22
Blue Star


Notas iniciais do capítulo

A dita casa finalmente se revela...



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“Era toda branca, de teto em duas águas avermelhadas. Tinha duas janelas frontais, uma de cada um dos lados da porta, de madeira escura, com uma maçaneta circular. À sua frente erguia-se um singelo e abandonado jardim de capim e um velho coqueiro caduco. Uma estrela azul se mostrava no portão externo, emoldurada por um baixo muro de tijolos aparentes. Aquela era Blue Star.”

Ao ver aquela casa pitoresca, percebi o quão minhas expectativas de tranquilas férias poderiam estar acabadas. Era bonitinha, de fato, mas, não sei meio abandonada de certa forma. Talvez fosse apenas impressão minha.

– Miku! – gritei para minha filha. – Vem logo!

Ela vinha carregada com suas malas e as minhas, havia pedido apenas para ela trazê-las e, em recompensa, quase tudo no porta-malas se espatifou no chão.

– Já estou indo! – respondeu ela, resmungona.

O carro de Megurine Luka chegara nesse exato momento. Com uma balize não muito perfeita, ela estacionara o carro atrás do meu, na frente da dita casa. A motorista saiu do carro logo depois, esticando ambas as pernas e os braços.

– Cansada, Megurine-san? – perguntei, tentando puxar assunto.

– Um pouco... – disse ela após um suspiro. – Não achei que a estrada iria ser de terra.

– Logo, logo você se acostuma...

Ela parecia vir em minha direção – eu estava em frente ao portão externo da casa –, entretanto, virou-se para a porta de passageiros de seu carro. Abriu com força e gritou em grande intensidade:

– Acorda, Gakupo!!!

Se me estranhei com aquilo? Não. Depois que a Miku contou-me que eles eram um casal, todas aquelas atitudes começaram a fazer sentido. De acordo com ela, a Megurine-san conseguia ser bem impaciente.

– Acordei, acordei... – respondeu o namorado, esfregando os olhos enquanto ainda bocejava.

Ele saiu do carro se esticando. Era um jovem meio estranho, devo admitir. Pelos relatos de Miku, ele era carrancudo e rancoroso, o “chato” da turma.

– Shion-kun, essa foi para você também... – balbuciou ele, enquanto abria a porta traseira atrás a seu lugar. O de cabelos azuis estava dormindo encostado na porta, quase caiu com tudo no asfalto.

– Tá louco?! – exclamou ele, assustado com o ato.

O Kamui-kun deu uma pequena risada antes de responder:

– Você não é o que está mais animado para essa viagem? De que adianta ficar dormindo? Anda! Mexe esse traseiro! – a voz soava alegre e animada. Eu, como macaca velha, conseguia reconhecer uma disfarçada daquelas facilmente, mas o outro não pareceu perceber.

– Tá bom então. – disse Shion-kun, descendo do carro.

– Fukasa?

– Quê? – respondi, assustada. Minha filha havia se materializado ao meu lado com três malas grandes, pretas azuladas.

– Você viu os Kagamine?

Pensei um pouco e olhei ao redor antes de responder:

– Ah, é verdade, eles falaram que iam dar uma volta pelo quarteirão antes de entrar na casa. – depois de uma pequena pausa, acrescentei: - Devemos esperá-los para falar com Meiko?

– Hm... – minha filha também ponderou antes de responder. – Acho que não teremos muita escolha, do jeito que aqueles três estão – ela apontou para o casal e o Shion-kun. – dá tempo dos gêmeos voltarem antes mesmo de tocarmos a campainha.

– Está seguro então, Len? – disse, assim que nos afastamos da mãe da Miku.

– Aham. – respondeu ele, mais sorridente que o normal.

Andávamos por ruas de ladrilhos mal colocados, tendo o objetivo de dar uma volta bem lenta no quarteirão, para podermos conversar sobre o que fazer com relação ao Shion-kun, principalmente.

– Não gosto desse jeito bobo alegre que você está agora... Pode ser perigoso...

– Por quê? – ele olhou-me nos olhos e, por um segundo, tinha o poder de manter ou desaparecer com o sorriso em seu rosto... Tá, não foi tão exagerado, mas mereço minha licença poética ás vezes!

– Só estou dizendo para ter cuidado em não ser passado para trás. – respondi. – Aproveite esse cenário típico de filmes românticos e inicie um verdadeiro romance.

Ele pareceu-me confuso.

– O que você quis dizer com “verdadeiro”?

– Pô, Len! – fiquei indignada. – Pelo menos uns beijos, né?! É aqui que esse lenga-lenga entre vocês acaba! Hora de partir para cima, querido!

– Ahhh, entendi... Mas não precisa gritar, né?

– Relaxa, estamos na rua atrás da casa da Meiko. – depois de responder, completei: - Olha, mas não vai comer bola, hein? Essa é a sua chance de conquistar aquele cara! Usa esse corpinho de uke comedido que você tem e manda ver! – terminei, com ele soltando um pequeno risinho.

– Tá bom, Rin... Tá bom...

Ele dissera aquilo sorrindo. Completamente tranquilo e despreocupado. É com essa atitude que eu via um futuro casal yaoi para eu stalkear no fim do mês... hehe.

O dia era de céu azul-claro com pingos fofos de nuvens enfeitando aqui e acolá. A praia estava praticamente vazia, com o barulho dos quiosques mal chegando aos meus ouvidos. Uma carinhosa brisa fazia-me sentir capaz de flutuar.

Dei um longo suspiro e fitei a longa faixa de águas cristalinas que se misturavam ao horizonte vespertino.

– É lindo, não?

Dei um pequeno pulo para o lado, não esperava que ela tivesse vindo para a praia também.

– Meiko-san? Você não ia ficar na Blue Star? – perguntei.

– Ia, mas começou a ficar muito chato... – respondeu, completando depois – Já cansei de ficar olhando o ventilador girar.

– Nós acabamos de chegar e você já está neste marasmo? Se for assim, não aguenta o mês inteiro...

– Acho que aguento sim. – disse sorridente. – Logo, meus amigos vão chegar e não teremos mais paz nenhuma... – riu levemente. – Confie em mim.

Não estava entendendo aquela história. Meiko-san convidara antigos amigos da faculdade e colegial, que não via ou falava há pelo menos um ano? E me incluíra junto ainda por cima? Trabalhávamos juntos, sim, entretanto, ela mal conversava comigo. Quem conversaria com o faz-tudo/puxa-saco/estagiário do diretor da peça?

– Por que os convidou? – perguntei, querendo satisfazer minhas dúvidas.

Antes de me dar uma resposta, ela perdeu seu olhar no oceano.

– Não sei. Talvez porque sinta saudade daqueles tempos...

Seu rosto se mostrava levemente abatido. Senti que uma lágrima poderia escorrer daqueles olhos a qualquer momento... Eu que ficasse com minhas dúvidas, não seria bom tocar naquele assunto.

– Vamos! – disse, me virando para a rua. – Como você disse, logo, logo, eles vão chegar. Temos que recepcioná-los!

Ela fitou a imensidão azulada por mais um momento, e me acompanhou.

– Meiko-saaaan!!! – gritei, batendo palmas à frente do portão.

Fazia poucos minutos que todos haviam retirado suas malas do carro – os Kagamine já haviam chegado – e ninguém respondia aos nossos gritos.

– Ela deve ter saído, Shion-kun. – disse Luka.

– Não dissemos que já estávamos chegando no último telefonema? – retruquei.

– Você sabe como Meiko-san é – bufou Gakupo. – capaz de ter ido a praia só para nos deixar preocupados.

– Hã, até parece... – disse, ela podia ser meio doidinha, mas Meiko-san era uma ótima pessoa. Nunca faria isso com a gente.

– Sério? – retrucou ele. – Que tal uma aposta? Se ela foi á praia eu ganho, caso contrário, a vitória é sua.

– E qual seria o prêmio? – retruquei, sem pensar.

– O vencedor pode escolher a cama que o perdedor vai usar.

Pedido estranho... Mas, tudo bem, já estávamos na praia mesmo, era bom já entrar no clima de besteiras sem sentido... E ia ser divertido o fazer ter que dormir beeem longe da Luka-san. Como sou mal... Só que não.

– Fechado. – disse, para depois fecharmos o acordo com um aperto de mãos.

– Esses dois... – exclamou Luka, decepcionada.

– Não vai dar certo... – completou Kagamine-san.

– Mas, cadê essa mulher que não chega? – reclamou a mãe de Miku.

– Gente!!! – gritou alguém, à esquerda da casa.

Meiko-san surgira correndo pelo meio da rua em nossa direção. Às suas costas estava a praia – ficava há umas duas quadras da casa. Demorou menos de um minuto para ela nos alcançar.

– Desculpa a demora gente... – disse ela arfando. – Eu fui à praia rapidinho e perdi a noção do tempo...

– Hehe... – “disse” Gakupo ao fundo, sem que eu desse muita importância. Meiko-san estava de volta, poderíamos reviver os velhos momentos, fazer loucuras na praia, tornar essa viagem inesquecível!

– Meiko-saaan!! Espera aí! – exclamou outra pessoa, ao fundo.

Um vulto ao longe logo se aproximou correndo, parando ao lado de Meiko-san. Era um homem e estava muito mais cansado que ela.

– Quase me esqueci! – exclamou Meiko, batendo na própria testa. – Esse é meu amigo, Mikoto Kimura.

Só digo uma coisa: já não gostei dele.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Surpreenderam-se? Gostaram da casa?Sei que uma Meiko meio abatida sai um pouco do comum à esse vocaloid, mas achei legal colocá-la assim, afinal, ninguém é feliz o tempo todo, não é? Mas o que causou isso, bem... só mais tarde...Sobre o Mikoto... ah, depois eu conto :P(PS: Dedico esse capítulo à uma leitora especial, que me incentivou a escrevê-lo e não deixou essa fic ficar com mais um longo hiato... Obrigado, Nyu-san!!!)