Falcem Thanatos escrita por Vince


Capítulo 3
Sidecar


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Viu, Wercton? promessa cumprida!
Sério, a espera de vocês valeu a pena. reescrevi o cap hoje e logo terminei :3
Espero que gostem, estou violando meu castigo auto-imposto para publicar aqui.
EDIT (15/09):
Bem, a múica é tão desconhecida que sequer tem tradução, mas eu a achei. desculpem se ela soa estranha, eu estou muito sem saco pra traduzir >_>
Boa leitura :3



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A vida já nos teve por demais confinados

Deixamos o trabalho e a escola para trás, bem distante

Você masca seu chiclete enquanto eu masco meu charuto

Enquanto passa pelo Apocalipse no Sidecar do papai.

To The Apocalypse In Daddy's Sidecar - Abney Park

____

— Ei, de pé! — uma voz masculina fez Dylan abrir os olhos.

Ele abriu os olhos e tudo que viu foi, simplesmente, branco. As coisas lentamente entraram em foco e ele percebeu que encarava o céu, cheio de nuvens, que se moviam preguiçosamente por sua extensão. Ele continuou ali, deitado no que ele percebeu ser uma calçada.

Dylan começou a se erguer, usando as pernas para se erguer. Primeiro se ajoelhou e, nesse simples movimento todo o seu corpo doeu. Desde as pernas até a cabeça. Perdendo um pouco o equilíbrio, ele buscou sustentação nas mãos, mas não conseguiu separá-las e caiu novamente no chão. Ele olhou para as mãos e percebeu que seus pulsos estavam amarrados... ou melhor, algemados, por dois braceletes que iam dos pulsos até pouco abaixo dos cotovelos, um em cada braço. Eram unidos por uma barra menor do mesmo metal e uma corrente se prendia a essa barra.

Dylan seguiu o trajeto da corrente com os olhos até outro bracelete, único e de prata, no pulso de um homem. Esse homem sacudiu o pulso, puxando a corrente para si; e Dylan indo junto, deixando-o de pé. Ele deu uns passos cambaleantes até o homem, que estava encostado numa coluna de estilo greco-romano, de braços cruzados e olhando para a rua.

Dylan parou do lado do desconhecido e o olhou mais de perto. Era alto; mais alto que Dylan e robusto, como um guerreiro bárbaro, que Dylan associou a Conan. O cabelo era curto, loiro, porém mais escuro próximo à raiz e repicado. Tinha uma barba rala, também clara. Ele virou o rosto na direção de Dylan, que pode notar que seus olhos eram de um tom profundo de azul. Sua pele era queimada de sol e coberta por desenhos (ou tatuagens?) azul-claras.

Não pareceu muito feliz quando começou a falar.

— Qual é, Dylan? Se mexe!

— te conheço? — Dylan perguntou ainda um tanto desnorteado. Sua voz soou fraca. Por alguma razão ele estava rouco.

— Você queria uma coisa e eu te dei — ele respondeu apontando para cima.

Dylan ergueu o olhar na direção que o homem havia mostrado. Pouco depois reconheceu que estavam na frente de seu prédio. A rua, entretanto, estava vazia, a não ser por Dylan e pelo desconhecido. O mesmo para o prédio. Deserto. Muito incomum por volta daquelas horas. Ele supôs que fossem dez da manhã pela posição do sol no céu. E por volta das dez, ele podia ouvir, lá do 13º andar do prédio, o som de carros, vozes, entre outros barulhos urbanos.

Dylan foi lentamente ligando parte dos fatos: sentia dor no corpo, estava na frente do lugar de onde pulara... deu um suspiro cansado.

— Eu não morri, não foi? — Dylan perguntou, voltando seu olhar para o desconhecido, que por sua vez, estava olhando para cima. Então Dylan notou as roupas, no mínimo curiosas, do homem.

Usava uma saia, ou melhor, um kilt escocês, razoavelmente longo, terminando abaixo dos seus joelhos, “rasgado” do lado direito, deixando exposta sua calça preta e longa, por baixo do kilt. Ainda usava botas longas e pretas de motoqueiro, cheia de correntes e com um emblema gravado em cada pé.

Não usava camisa nem nada do tipo. Seu peito nu era coberto por runas e outros desenhos tatuados em azul pelo seu corpo. Usava luvas pretas, sem os dedos; braceletes de couro com facas presas em tiras e algumas pulseiras pesadas de metal. Além, é claro de uma grossa gargantilha de metal em seu pescoço, com o desenho de algumas runas.

— Hein? — o homem perguntou, voltando sua atenção para Dylan, que se afastava lentamente dele.

O que estava acontecendo? À medida que começava apensar, Dylan estranhava cada vez mais aquela situação. Quem era aquele homem? O que ele fizera por Dylan? Por que se vestia daquele jeito e porque, acima de tudo, Dylan estava preso a ele?

— O que foi? — o desconhecido perguntou, se aproximando de Dylan.

— Fica longe de mim! — Dylan gritou, se afastando o máximo que a corrente permitia, cerca de três metros. Ele virou as costas para o homem e começou à correr o mais rápido que pode. Suas pernas doíam e sua cabeça latejava, mas ele tinha de fugir.

O desconhecido se surpreendeu e só se deu conta do que estava acontecendo quando se sentiu arrastado. Retomando rapidamente o controle, enrolou a corrente no pulso, dando voltas, diminuindo a distância entre ele e Dylan. Ele puxou a corrente com mais força, fazendo Dylan cair na calçada.

— Ah, qual é? Para de resistir! Você fez aquilo por que quis.

— Me solta, seu esquisito! — Dylan disse, se debatendo e tentando impedir que o homem o trouxesse até ele, mas ele continuava a enrolar a corrente no pulso e a trazer Dylan para cada vez mais perto. Ele resmungou algo que Dylan não entendeu e, usando sua força, ergueu Dylan com um movimento de pulso.

— Escuta, Dylan. Não importa pra onde você corra; nem o quanto você puxe. Enquanto estiver aqui, você vai ficar preso a mim. Pelo menos até seu julgamento.

— M-mas eu nem sei quem você é! Como assim, “julgamento”?

O homem suspirou e encarou Dylan nos olhos.

— Tá bom, eu me apresento, OK? Não precisa ter um ataque. Sou Boyd Hildebrand, “Falcem Brand”. Sou o responsável por sua morte e por levar sua alma ao tribunal.

Dylan estava confuso e simplesmente gritou:

— TRIBUNAL? COMO ASSIM “TRIBUNAL”?

— Cara... você morreu... — Boyd disse lentamente, dando tempo a Dylan para processar a informação. — Você vai ser levado ao Tribunal das Almas, julgado e o resultado vai dizer pra onde você vai: céu, purgatório ou inferno.

— Eu morri? — Dylan perguntou, finalmente se dando conta do que estava acontecendo.

— Você que pulou do prédio — Boyd comentou, dando de ombros como se dissesse “fazer o que?”.

— E quem é você mesmo? — perguntou Dylan olhando para ele. Boyd ia repeir ou protestar, mas Dylan o interrompeu — Tudo bem, Boyd Hildebrando... Falcem Brand... Mas você é a morte? E por que estou preso a você?

— Sério? — ele revirou os olhos — Você acha que A Morte em pessoa viria te buscar? Cê não tá se achando um pouco demais, não garoto? Eu sou só uma foice, um “falcem”. Ou um ceifador. Você pulou e eu vim te buscar logo, antes que você virasse um fantasma.

— Como?

— Isso — Boyde fez um gesto amplo para indicar a cidade — não é a sua cidade, muito menos “um céu” ou “O céu” ou “Seu céu”. Isso é... é uma “cópia” da realidade. Os mortos ficam aqui quando morrem, ou seja, é um domínio de Azrael. Quando um ceifador ou, como nós os chamamos, “Falcem”, não busca uma alma e se prende a ela — ele disse, sacudindo as correntes que o ligavam a Dylan — ,ela fica aqui e pode se manifestar na realidade. São os fantasmas. Então, Dylan, venha logo comigo para o tribunal. Você não pode se tornar um fantasma, ou viverá um eco da morte. E eu que vou ser punido. Além, é claro, da sua “dor eterna”, mas isso não importa.

— E onde fica esse “tribunal”?

— Não exatamente nessa dimensão. Mas é fácil chegar lá. — Boyd desfez algumas voltas que tinha feito com a corrente no pulso e, pondo dois dedos na boca, soltou um assobio longo e alto. Pouco depois, um cavalo negro, com as mesmas pinturas que Boyd tinha pelo corpo surgiu galopando pela 5ª avenida. O cavalo pulou e, ao chegar ao chão era uma moto preta e alta, ao estilo Harley Davidson.

Dylan ficou encarando aquilo um tanto surpreso. Boyd puxou a corrente, fazendo Dylan cambalear um pouco.

— Vem — ele disse, sentando-se na moto. Dylan ia sentar-se atrás dele, mas Boyd o repreendeu. — Aqui. — ele disse, indicando o sidecar.

— Eu não vou nisso — Dylan respondeu.

— Prefere ser arrastado pelo asfalto? Só por que você morreu não significa que sua alma não vá sentir dor.

Relutante, Dylan sentou-se no sidecar. Boyd arrancou e seguiu por toda a 5ª avenida.



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Notas finais do capítulo

bem, eu queria que fosse um pouco engraçado, espero que tenha feito vocês pelo menos darem uma risadinha com o sidecar xD
E pra quem não sabe, isso aqui é um sidecar > http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c9/R68-sidecar.jpg
Geralmente as pessoas levam crianças nele, não adolescentes suicidas xD
Reviews?