Falcem Thanatos escrita por Vince


Capítulo 4
Sem dor ou sinal do tempo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítuloooooo!
Woo! Seus reviews me deixam super empolgado! Valeu!
Esse aqui vai éxpecialmente para a Lotus e para a Made of Stone!
É AVENGED DE NOVO! *horns
E eu tava esperando para por essa música! É uma das minhas preferidas!
Termineu o cap hoje; desculpe por não ter respondido aos reviews ainda D:
Ainda adicionei a música do cap anterior. Deem uma olhada lá pra rir do "Sidecar do papai" xD
Boa leitura! :3



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Essa paz na Terra não está certa

(Com as minhas costas contra a parede)

Sem dor ou sinal do tempo

(Eu sou muito novo para cair)

Tão deslocado não quero ficar,

Eu me sinto errado e esse é o meu sinal

Eu cheguei à uma conclusão

Afterlife - Avenged Sevenfold

___

Dylan saiu do sidecar com certa dificuldade. Seu pé ficara preso no carrinho. Fazendo força para sair de lá, perdeu o equilíbrio e, se não fosse por Boyd o segurar, ele teria caído.

— Pare de se por em perigo — ele reclamou — sou um anjo da morte, não da guarda.

Boyd seguiu à frente de Dylan, seguindo pela “praça”, cheia de carvalhos. Dylan começou a reconhecer o lugar. Claro, ele deveria ter percebido. Era o “Ground Zero”

— E então, onde é?

— Aqui mesmo — respondeu Boyd, parando por fim.

— Mesmo? Aqui? — Dylan perguntou, parando ao lado de Boyd e olhando para ele.

— É, aqui se tornou uma entrada também, depois de... Bem, você sabe.

Dylan olhou para a grande piscina quadrada e depois ergueu o olhar, como se ainda pudesse ver uma das torres onde antes se erguera o World Trade Center. Ele respirou fundo. A água caía lentamente no memorial à tragédia. Ele não pôde deixar de associar as gotas que caíam às lágrimas que caíram do rosto dos americanos, após verem aquela tragédia.

Boyd continuou seguindo até parar bem na beira de uma das piscinas. Dylan parou ao seu lado.

— É só pular. — ele disse — Mas eu tenho de ir na frente, para poder parar na entrada certa. Ou você poderia ir parar no céu. Ou no inferno.

— E–existe mesmo essa história de “inferno”? — Dylan perguntou, virando-se para Boyd novamente.

— É óbvio. Pode até não ser como você imagina, mas existe há tanto tempo quanto a vida. Você acha que não é um lugar físico, não é mesmo? Apenas um estado de espírito? — Dylan assentiu com a cabeça — Está errado. Basta olhar até as lendas antigas. Sempre tem um submundo.

Dylan pensou e, por fim, teve de ceder ao comentário de Boyd. Não que aquilo o tranquilizasse. Repentinamente, todos os seus pecados começaram a surgir na sua mente de uma só vez. Suas falhas, suas mentiras, seu egoísmo... tudo.

— Calma — Boyd respondeu pondo a mão sobre ombro de Dylan — Poucas pessoas vão para lá. Existem muitas “entidades” que intervêm em seus nomes. A maioria vai para o purgatório mesmo. Mas para onde você vai, apenas os Giudizo podem dizer o que significa que eu tenho de te levar logo para o Tribunal.

Dylan assentiu. Boyd pediu-lhe que se afastasse o máximo que as correntes permitissem, e assim ele o fez. Boyd se ajoelhou e uniu as mãos numa prece em uma língua que Dylan desconhecia. Então, para sua surpresa, uma das runas tatuadas nas costas de Boyd começou a brilhar. A pele de suas omoplatas se rasgou e de lá um longo par de asas saiu.

Era um par de asas escuras, que se desdobraram lenta e majestosamente. As penas exteriores eram escuríssimas, quase negras. Elas tinham um brilho lustroso, quase polido. Por dentro, entretanto, as penas maiores eram um pouco mais claras; em dégradé até o cinza. Eram asas de águia.

Boyd pôs-se de pé, por fim, fazendo as asas baterem. Ele as recolheu para junto do corpo e chamou Dylan com um gesto da mão. Ele fez como o ceifador disse e parou ao seu lado. Boyd o olhou com uma certa dúvida nos olhos. Ele pôs a mão na cintura e coçou a cabeça com a outra.

— Acho que... Talvez... Seria muito mais fácil se você fosse uma criança ou uma garota.

— Como?

— Eu geralmente carrego as pessoas comigo, para que elas não se machuquem, sabe? No “corredor”. — Dylan continuava impassível — Ah, foda-se. — Boyd disse por fim e pegou o garoto e o jogou sobre o ombro.

Boyd bateu as asas, ameaçando alçar voo.

— Você...? — Dylan começou, mas não teve tempo de terminar. Boyd dobrou os joelhos e, com o impulso, começou a voar. Subiu cada vez mais até que estivesse exatamente sobre a piscina. Então virou, ficando de cabeça para baixo, e fechou as asas.

Eles caíram. Dylan teve a mesma sensação que teve quando pulou, entretanto, dessa vez mais desconfortável, por estar sendo segurado. Ele e Boyd chegavam cada vez mais perto do piso de granito da piscina. Dylan fechou os olhos, esperando pelo choque, que não veio.

Ao invés do choque veio uma sensação pior, como se fosse socado de um milhão de direções possíveis, mas ao mesmo tempo, como se fosse puxado. Então começou a rodar e ele sentiu-se tonto e desnorteado. Só via muito verde escuro e preto. Alguns tons de azul em momentos e também amarelo. Sentia-se enjoado e sua cabeça começava a doer.

Então, tão abruptamente como começara, terminou.

Boyd estava parado, sobre o chão firme, e o tirou de cima de seu ombro, pondo-o de pé. Dylan cambaleou um pouco antes de reestabelecer o equilíbrio, apoiando-se numa parede branca e fria, que ele percebeu ser de mármore. Boyd foi até ele e pôs a mão sobre as “algemas” que os prendiam. Com algumas palavras que Dylan não entendeu e com outra das tatuagens de Boyd brilhando, as amarras se separaram, liberando a corrente. Entretanto, continuaram no braço de Dylan. Boyd recolheu a corrente e a enrolou no braço.

— Venha — ele disse para Dylan, começando a andar. Dylan percebeu que eles estavam numa espécie de antessala, toda branca. — Geralmente, quando algumas pessoas dizem “ver uma luz branca”, eles estão vendo essa sala. Há muitas salas dessas; essa não é a única. — Boyd comentou.

A sala era razoavelmente grande, porém simples. Não havia móveis nem nada, a não ser por uma grande porta, também branca, com alguns entalhes. Boyd tocou-as e, do ponto em que suas mãos encostavam-se a elas, as portas trocaram de cor para prateado e se abriram. Boyd continuou andando em direção a uma sala tão ofuscante quanto aquela. Talvez mais.

— Sala dos espelhos — ele disse, virando-se para Dylan antes de deixa-lo entrar — Bem, essa sala, que na verdade é um corredor até a sala da corte, serve para você ver como ficou quando morreu... Não se assuste.

Dylan olhou para ele.

— Estou tão ruim assim?

 — Venha ver — ele disse para Dylan, entrando na sala. Ele o seguiu, um tanto temeroso. Na sala, Dylan percebeu, ele estava horrível.

Ele estava pálido. As costas de sua camisa estavam rasgadas por algumas costelas quebradas, que a perfuraram; sua testa estava cortada em cerca de três pontos diferentes, sendo um deles devido aos óculos, que arranharam seu rosto. Sua boca ainda estava sangrando. Seu peito estava fundo, devido às costelas quebradas, que o perfuraram por trás. Sua perna direita também estava quebrada e seu joelho esquerdo estava deslocado, percebeu pelo jeito como andava. Aquilo explicava sua falta de equilíbrio, além da certa dor nas costas, que o fazia anda curvo.

Sem contar o fato de que estava completamente ensanguentado.

— Como eu não sinto nada disso? — ele perguntou para Boyd.

— Você morreu. Simples assim. Aliás, a parte de sua alma sentir dor sendo arrastada pelo asfalto... Pois é, era mentira. Mas continue olhando, se você quiser ver você se “ajeitar”. Os mestres não gostam que os mortos sujem o tribunal. Deixa outros mortos desconfortáveis; por isso as pessoas se “juntam” aqui.

Dylan continuou olhando, como Boyd sugerira. Viu sua postura se ajeitar quando as costelas, antes quebradas, voltarem para dentro de sua carne e se religarem com um leve “crec”, que também ajeitou seu peito, deixando-o normal novamente. Os cortes de seu rosto se fecharam rapidamente, assim como os cortes nos braços. Cambaleou um pouco quando seu joelho simplesmente voltou para o lugar, assim como o osso quebrado da perna direita. Estava exatamente igual à antes de pular do prédio. Mas ainda não havia terminado; pelo que ele pode perceber.

— Agora, você vai ficar com a aparência da sua alma. — Boyd comentou, ainda seguindo à frente de Dylan. — Não se assuste se ficar mais velho. Ou mais novo. Depende de como a sua alma é. — ele disse e virou para o lado, olhando o reflexo de Dylan no espelho.

Ainda era ele, porém estava mais velho. Um pouco mais alto. O cabelo preto estava arrumado; mais curto nas laterais, porém alto no topo. Estava de barba, rala, porém uma barba — coisa que Dylan nunca realmente tivera. Os olhos também estavam de um tom mais claro de castanho. Estava mais forte e com – as tão desejadas por Dylan – “listras de tigre”, uma tatuagem no braço direito, com o formato de listras de um tigre-de-bengala.

— Então eu sou assim? — Dylan perguntou e se surpreendeu ao ouvir sua voz, porém mais forte e grave.

— Pelo visto — Boyd disse com um riso leve. — Algumas pessoas envelhecem muito; geralmente as pessoas jovens que têm o coração de uma velha, principalmente umas garotas “depressivas” que cometem suicídio cortando os pulsos. Já outros, como, por exemplo, os velhos, voltam a ficar no seu ápice; por volta de uns 30 a 40 anos. Depende de como a pessoa é. Acho que você ficou assim porque, apesar de ter os seus 18 anos, você era responsável e “adulto”. Isso explicaria sua aparência de vinte-e-tantos.

Dylan estava surpreso com aquela aparência. Quando mais novo, Dylan gostava de se imaginar com uns vinte e cinco anos e daquele mesmo jeito. Pelo jeito, ele apenas imaginava sua alma. Estava se olhando no espelho quando esbarrou em Boyd, que virou-se com um olhar irritado para ele. Dylan recuou um pouco, pedindo desculpas, até perceber porque Boyd tinha parado.

Eles estavam de frente para uma porta enorme; maior que a anterior. Era de madeira, cm entalhes adornados em ouro e prata. As maçanetas eram um leão e um unicórnio, um de frente para o outro. Boyd segurou as maçanetas e virou-se para Dylan.

— Boa sorte — ele disse, voltando-se para a porta e, finalmente, a abrindo. 


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Notas finais do capítulo

Por favor, deem uma olhada na Nightly knights!
Até!