(Sugestão de música: “Last Day on Earth” – Greenday–> como não tem trecho de música hj, é só sugestão, pq escrevi ouvindo ela.)

FRANK

(...)

– CALADO!! – Dei um tapinha em seu peito e ele segurou meu pulso, puxando lentamente até que ele pudesse falar bem baixo em meu ouvido.

– Vem calar... – “Ele adorava brincar com fogo não é?” Ele me soltou com um sorriso de canto e eu gargalhei pondo minhas coisas na cadeira atrás da de Gerard. Seria um longo dia...

(...)

– Tsc, seu retardado! O que pensa que está fazendo? – Eu sussurrava para ele que sorria do jeito mais bonito possível, descaradamente. – O senhor esqueceu o porquê de eu ter saído do colégio, foi?

– Hn, eu não esqueci, mas me desculpe se eu não posso sentir saudades. – Ele fez um bico infantil, enquanto eu tirava o papel de Helena do meio dos meus. – Ei, que isso Frankie? – Senti ele puxando a ficha da minha mão, e institivamente a segurei mais firme.

– Ah... eu tenho que entregar isso paraessa tal de Helena Luver. – Entreguei a ficha para que ele visse a foto. – Conhece? – Ele a analisou por instantes, mas logo respirou estranhamente fundo. Estranhei sua reação quando ele me entregou rapidamente a folha. – Gerard?

– Não, e-eu acho que não.

– Hn. Mas, disseram que ela estudava com a gente. – abaixei a cabeça e olhei novamente a foto e os dados de Helena. – Ah, olha Gee! Ela faz aniversário no mesmo dia que eu! – Eu disse eufórico, dando alguns pulinhos desnecessários, mas nem se abalar Gerard o fez.

– Ah, sim... Legal... – Olhei torto para ele e me virei de costas para Gerard, na tentativa de procurar a garota. Supreendentemente, ali estava ela,sentada à esquerda dele.

Apenas ignorei o fato, e chamei por ela.

– Han...– Disse incerto – Helena Luver? – Ela estava quieta, lendo qualquer coisa dentro da mochila, até que eu vi o que me pareceram grandes ondas vindo em minha direção. Os azuis se voltaram para mim opacos, mas tão intensamente destacados pela alva pele que pareciam o céu daquele verão que começava a ir embora.

– Pois não, sou eu. – Fria, sutil e direta, mas ao mesmo tempo, distante. Distante demais para qualquer um.

– Mandaram lhe entregar, lá da secretaria. – Estendi o papel – Desculpe,er... Sou Frank Iero, prazer. – Lhe ofereci a mão sorrindo e receosa ela estucou a sua. Seus olhos – assustados – tranquilizaram-se e um mínimo sorriso pendeu pelo canto dos lábios de Helena. E só eu vi.

GERARD

Ciúmes.

Há 14 minutos atrás eu não o conhecia em minha relação com Frank, mas bastaram dois sorrisos discretos, um aperto de mãos e um “Prazer, Frank Iero”, que algo tão cego e inútil como ele pareceu borbulhar dentro de mim.

Eu vi Frank prestar atenção demais nos olhos azuis dela, eHelena olhava confiante no fundo dos cor-de-mel dele. Como eu quis poder colocar uma plaquinha no pescoço dele escrito; “Sou do Gerard”, mas nem sempre querer é poder, não é mesmo?

Ele falava com ela sobre qualquer coisa – que naquele instante era o que eu mais desejava saber o que era – e a garota simplesmente sorria forçado para ele, concordando com algo, mas claramente receosa. Enquanto isso eu amassei diversas das folhas sobre minha mesa. A última era um dos desenhos que eu fiz durante a 1ª aula: um expressivo e marcante par de olhos mas que, dessa vez, não eram cor-de-avelã.

– Hey, Gerard! – Ray, sentado ao meu lado esquerdo, me chamou baixo. – Está parecendo uma garotinha com ciúmes olhando para esses dois com tanta raiva.

– Ca-la-do! – Rosnei para ele, que interrompeu o riso pondo as mãos para cima, rendendo-se.

Tornei a virar-me para frente e endireitar meu corpo na cadeira. Fechei os olhos debruçando meu corpo sobre a mesa, e tentei respirar tranquilo – o que era praticamente impossível para mim naquele momento com um certa imagem em minha cabeça. Não eram os dois conversando, nem mesmo Frank quando chegou. Apenas um par de olhos perdidose vagos que correram por toda a classe, até se chocarem com os meus até ligeiramente perderem o contato. Eu só via aquele flash azulado dançando sobre os meus verdes por breves segundos.

Os olhos em minha memória não eram tranquilos, pareciam carregar tantas histórias e eles me chamavam a descobrir todas elas. “O que diabos ela guarda naqueles olhos? Que poder era aquele?”

Girei meu pescoço para o lado e enxerguei os dois corpos à meu lado. Lá estavam eles, Frank e ela.

Por mais incomum que isso soe para você, Frank era o que muitos poderiam chamar de o homem da minha vida, e eu não tinha razão para negar qualquer indício de que ele sempre fora a luz que guiou-me pelos anos e que me mostrou algo além das tarjas pretas de antidepressivos e do bullying em todo lugar. Masagora tambémtinha ela: Helena Luver, a garota dos olhos infernais, que me aprisionaram num falso paraíso, longe de Frank, longe de tudo. Longe do que podia ser bom e ruim. Apenas um lugar vazio com os olhos que dançaram sobre os meus, mas tão maravilho e intenso como o brilho deles.

CONTINUA...