Capítulo 2 – Melhores amigas

A sua melhor amiga, Liliana, estava na casa dela á uma semana, e naquele dia elas estariam completamente por sua conta porque as férias da mãe de Teresa tinham acabado e ela estava de volta ao trabalho como gerente numa loja de roupa. Ela não tinha pai: ele tinha falecido num atentado numa das missões de paz do exército á cerca de quatro anos. Tinha sido muito difícil para as duas ultrapassarem algo tão traumatizante, mas aos poucos tinha deixado de doer tanto e as duas já tinham conseguido voltar às suas vidas normais.

Com a mãe de Teresa fora, as duas tinham decidido ficar mesmo por casa, mas ficar na piscina que se situava no jardim para apanharem um bom bronzeado. E lá estavam elas, cada uma com os seus óculos de sol a ler um livro com as costas viradas para o sol e os pés virados para a piscina.

A rádio estava ligada e Liliana cantarolava a música baixinho, causando o riso de Teresa que sabia que a amiga adorava cantar.

-Não te rias de mim! – exclamou ela, batendo com a lombada do livro no ombro de Teresa.

-Já te disse para te inscreveres num daqueles programas de talentos. Tu não queres, e então eu tenho que me rir porque tu sabes mesmo cantar.

Liliana corou e falou:

-Vou dar um mergulho.

-Acabámos de lá sair!

-Mas vou outra vez. Alguma coisa contra, Sra. Teresa Maria?

-Odeio que me chames assim e sabes disso – Teresa disse, semicerrando os olhos.

-É por isso mesmo que te chamei.

Teresa pousou o livro em cima da toalha e tirou os óculos. Correu para Liliana que não a viu porque já estava a entrar na piscina. Teresa atirou-se a Liliana e as duas caíram na piscina, causando um grande splash.

-Parva! – gritou Liliana, afastando o cabelo loiro dos olhos. – Olha o que fizeste!

Teresa riu e Liliana atirou-lhe água para cima, que calou o riso dela.

-Não te esqueças: foste tu que começaste – avisou Teresa e a guerra de água começou.

Klaus revirou os olhos. Era tão típico de adolescentes passarem o dia na piscina a divertirem-se e ele sabia muito bem qual delas era a arma contra ele: Teresa, a morena com olhos verdes. Como os dele. O engraçado era que Teresa em grego significava ceifadora, caçadora. Bem lá no fundo, ele achava-as piada: eram adolescentes normais, provavelmente melhores amigas que apesar de estarem a ter uma batalha de água por causa de um simples nome, jamais se iriam realmente zangar por aquilo. E então divertiam-se. Ele invejava-as, mas jamais admitiria isso.

A hora de almoço chegou e as duas recolheram-se em casa para almoçar e ver um filme até a hora de maior calor passar. Liliana tinha um medo incontrolável de apanhar um escaldão e Teresa fazia-lhe companhia. As duas estavam a ver Mean Girls, rindo-se daquele filme a bandeiras despregadas, quando a campainha tocou. Teresa parou o filme e foi atender. Um homem alto, loiro e de olhos verdes estava à porta, com os braços atrás das costas e sorriu para ela.

Teresa arregalou os olhos, não acreditando que homem tão perfeito existisse. Liliana apareceu por trás de Teresa e sorriu.

-Olá, boa tarde – disse ela sendo a voz que Teresa ainda tentava encontrar. – Podemos ajudá-lo?

-Ah sim, claro. Na verdade, a tua amiga pode mais do que tu – respondeu Klaus, apontando para Teresa que ainda estava hipnotizada por ele. – Sem ofensa, Liliana.

O choque abateu-se entre as duas, despertando Teresa do transe.

-Como é que sabe os nossos nomes? – perguntou ela, dando um passo atrás.

-Bem, digamos que eu sei muitas coisas. Posso entrar?

-Não! – exclamou Teresa, impedindo a passagem dele para a casa.

-Muito bem, então parece que vou ter que magoar a tua mãe – ameaçou ele. – Ela ainda está a trabalhar, não é? Pois, bem me parecia. E seria horrível seres órfã tão nova…

Teresa partilhou um olhar com Liliana, à procura de apoio e conselho sobre o que fazer, o que Liliana apenas acenou a cabeça. Ela suspirou, derrotada.

-Por favor, entre – disse ela e Klaus entrou em casa. As duas deram passos para trás á medida que ele avançava pela casa. – É uma linda casa. Foram os teus pais que a compraram?

Teresa acenou com a cabeça, não confiando na sua voz. Klaus dirigiu-se à sala de estar e sentou-se. Elas seguiram-no, mas ficaram de pé a olhar para ele que se tinha sentado no sofá parecendo que era a casa dele.

-Por favor, sentem-se. Tenho que falar contigo Teresa, e é algo que vai demorar.

Teresa sentou-se muito direita no sofá de frente para ele. Liliana seguiu-a, segurando na mão da melhor amiga num gesto que indicava proteção, medo e apoio.

-Como é que nos conhece?

©AnaTheresaC