Capítulo 3 - Klaus

-Como é que nos conhece?

Teresa não tinha medo de enfrentar o desconhecido naquele momento, porque a fúria e a adrenalina corriam dentro de si, como um choque elétrico.

-Eu tenho estado a observar-vos.

-Desde quando? – quis Liliana saber.

-Desde a semana passada.

-Muito bem, é oficial: és um tarado e eu vou chamar a polícia – disse Liliana, ao que Klaus sorriu de um jeito que arrepiou Teresa.

-Lili, não – pediu ela, segurando o braço da amiga. – Ele sabe onde a minha mãe está.

Os olhos de Teresa diziam tudo, não foi preciso alongar-se muito no diálogo para Liliana suspirar e voltar a sentar-se no sofá. Ela não gostava de Klaus, tinha algo nele que lhe dizia que ele ia magoar a melhor amiga.

-Escolha sábia, Liliana. E não sou um tarado nem sou o que vocês imaginam. Ou até podem imaginar porque pelos vistos falam muito de Crepúsculo e True Blood.

Teresa semicerrou os olhos e Liliana abriu a boca de espanto. Ambas as Sagas tinham algo em comum: tinham humanas como personagens principais, tinham vampiros e lobisomens.

-Então acreditam nos contos que as lindas autoras criaram – brincou Klaus, levantando-se. – Acontece que eu sou uma espécie diferente. Sou metade vampiro. E metade lobisomem.

Teresa finalmente levantou-se e levantou as mãos para ele.

-Muito bem, já chega. Essa coisa dos híbridos ou mestiços ou vampiros, lobisomens, zombies, ninjas, é tudo mentira, sim?

-Tens a certeza?

Klaus deixou o seu lado predador vir ao de cima e sentiu as veias a pulsarem e os olhos a adquirirem a visão de um verdadeiro caçador de sangue. Teresa deu um salto e começou a correr em direção ao jardim, mas Klaus apareceu de frente para ela sorrindo, mostrando as suas presas de vampiro.

-Mas que raio és tu?

-Eu sou o teu pior pesadelo. Mas também posso ser a tua salvação.

Teresa procurou acalmar-se, e quando notou Liliana já estava ao lado dela a pegar o seu braço com força.

-Talvez devêssemos ouvir o que ele tem para dizer.

Teresa concordou e voltaram os três a sentarem-se.

-Vamos dizer que eu sou invencível. Todas as armas que existiam na Terra para me matar foram aniquiladas. Porém, uma bruxa ligou o meu sangue ao teu de uma maneira que tu és a arma do Outro Mundo para acabar com a minha existência.

Teresa arqueou as sobrancelhas.

-Outro Mundo? E que raio de história é essa de eu ser a arma para matar alguém? Eu nem sei karaté!

Klaus baixou os olhos e sorriu. Voltou a levantá-los, mas com a cabeça ainda inclinada para baixo.

-Acredita em mim quando eu digo que tu és a arma mortal. Eu sinto-o. O meu coração bate ao mesmo tempo que o teu, a minha temperatura aumentou e o meu sangue chama por ti. Vais dizer que não sentes o mesmo?

Era uma sensação poderosa para Klaus. Assim como era para Teresa, mas ela tinha uma explicação bastante óbvia para isso: medo. Porém, era algo mais, ela sentia mas não a conseguia explicar. Klaus explicou aquilo tão bem, que ela se surpreendeu e o seu coração acelerou de ritmo.

-E depois? Não o vou matar, isso é garantido. Pretendo ter uma vida bastante normal, tirar o meu diploma e depois ter uma vida profissional bem-sucedida.

-A sério? Porque vais morrer.

Teresa levantou-se rapidamente e aproximou-se de Klaus ameaçadoramente.

-Ninguém me faz esse tipo de ameaças, entendido? Ameaças sem fundamento, de um lunático que pensa que brilha ao sol como o Edward e que…

-Que tem presas verdadeiras? Que pode matar todos com quem te importas em apenas dois segundos? – indagou Klaus também se levantado e vendo a grande diferença de alturas entre os dois.

-O que queres de mim?

-A tua morte – respondeu ele, docemente.

-Agora? Porque… eu quero acabar o meu último ano no secundário e quero ir para uma Faculdade, tirar o meu diploma e… e depois posso morrer.

A dúvida passou pelos olhos de Klaus. Ela intrigava-o.

-Estás a dizer que queres ir para um caixão com um diploma?

Teresa acenou, nervosa.

-É assim tão difícil de acreditar?

Klaus riu. Mas foi um riso que arrepiou cada osso que Teresa tinha no corpo.

-Tens a noção do quão ridícula isso faz de ti?

-Ei! Cuidado a quem chamas ridícula! – exclamou Liliana, aparecendo no campo de visão dos dois.

-Mas qual é o teu problema, afinal? – indagou Teresa, parecendo ofendida. – Queres matar-me e não o estou a negar! Só estou a dizer para esperar quatro anos no máximo! Para um vampiro-lobisomem isso não é… dois meses para um humano?

-Acontece que eu sou muito impaciente – disse Klaus, querendo tocar no rosto de Teresa, mas ela desviou-se.

-Acontece que eu sei ser muito persistente – ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando ordenar os seus pensamentos. – Só estou a pedir quatro anos da minha vida humana. Por favor?

Klaus fez o mesmo: fechou os olhos por momentos e respirou fundo, ordenando os seus pensamentos. Eram quatro anos e nesse tempo muita coisa podia acontecer. Alguém a podia descobrir, podia usá-la contra ele. Não se ele…

-Muito bem. Mas eu é que decido tudo: onde ficas, qual é a faculdade…

-Desde que tenha o meu curso, não me irei queixar.

-Mas eu fico contigo onde quer que vás.

Teresa arregalou os olhos.

-Já disse que não vou fugir.

-Para tua proteção. Acredita em mim quando digo que conheço uns quantos inimigos que adorariam ter-te como refém.

Teresa suspirou.

-Muito bem. E para que conste, eu estou a pensar em ir…

-Para Inglaterra estudar. Adivinha: eu sou de lá.

Liliana arqueou as sobrancelhas, não acreditando nele.

-Não tem sotaque nenhum – observou ela.

-Tive mil anos para viajar por todo o mundo e aprender todas as línguas – falou Klaus em inglês com uma pronúncia britânica. – Temos acordo?

A porta de casa abriu-se.

-Volta mais logo, á uma da manhã. Falaremos no meu quarto – murmurou Teresa, trocando olhares entre o hall de entrada atrás dela e Klaus.

-Até logo.

E Klaus desapareceu justamente no momento em que a mãe de Teresa entrava na sala.

©AnaTheresaC