Capítulo 15 – Uma questão de perguntar

-E depois ele simplesmente foi-se! – Teresa exclamou no telemóvel pela centésima vez.

Ela e Lili estavam há horas a conversar porque naquela noite a lua estaria cheia e ela não sabia se Klaus iria aparecer ou não. Dentro de pouco mais de um mês ela estaria num avião para Inglaterra, e não sabia o que podia esperar dele.

-Tem calma. Estás a ter um ataque – Lili disse do outro lado.

-Claro que estou! Ele é sempre assim, e tu sabes como eu odeio pessoas inconstantes.

-Mas ele faz-te ficar acordada até tarde – a amiga brincou com ela.

-Lili! Por favor, diz-me que não lhe disseste isso!

-Eu não sei o que digo quando ele vem ter comigo! Ele faz uma coisa estranha e eu esqueço-me! – Lili falou. – Sério, não te preocupes.

-Fofa, eu dependo dele para ir – Teresa falou. – Como é que não queres que eu fique, no mínimo, furiosa com ele! Eu nunca sei com o que contar quando o assunto é ele!

-Olá.

Teresa deu um salto e deixou o telemóvel cair. Ele estava lindo, com umas calças de ganga cinzentas, um cinto elaborado e uma camisola de algodão cinzenta clara.

-Olá – ela falou num fio de voz e pegou no telemóvel. – Ele chegou, Lili. Adeus.

Desligou o telemóvel e atirou-o para cima da cama.

-Da última vez que cá estiveste, a coisa não correu muito bem. O que fazes aqui?

-Lamento sobre o que aconteceu no Baile. Sei que estás furiosa comigo.

-Estou capaz de te bater com um taco de basebol – disse Teresa. – Primeiro, chegas na festa e afirmas ser o meu par e depois deixas-me! Como achas que me senti?

-Estavas linda naquela noite – Klaus elogiou e Teresa revirou os olhos.

-Claro. E tu que não viesses com os elogios com essa pronúncia britânica sexy.

Ele riu e aproximou-se dela, mas Teresa deu um passo atrás e sentou-se na enorme cama.

-Qual é o assunto este mês? Como me vais matar ou quem é Kol? Sim, Klaus, porque eu ainda não me esqueci desse tal Kol. Ao menos é giro?

-Se o conheceres, não vais simpatizar com ele, acredita.

-Porquê? Porque tu o dizes? Ah, sim claro, já me lembro: os meus amigos são os teus fantoches para me chantagear.

Klaus fechou a cara e deu uns passos na sua direção, não sabendo bem o que fazer com aquela rebelde.

-Se tu não me respeitares devidamente, um dos fantoches vai morrer, e vai ser precisamente o que está ao fundo do corredor.

Teresa engoliu em seco. Ela não queria ser órfã. Já ser meia órfã era horrível o suficiente.

-Ótimo! Agora vamos falar: a decoradora disse-me que já tem tudo pronto para a tua ida. Tens que estar lá no início de setembro por causa da faculdade, o que te deixa com um mês livre para fazeres o que quiseres.

-Sim, eu sei – Teresa falou, encarando os olhos verdes de Klaus. – E depois? Não é como se decidisses tirar umas férias dos teus assuntos e ficasses comigo.

Klaus sorriu.

-Gostarias que eu fizesse isso?

Teresa riu.

-Uma pessoa que estaria ao meu lado o tempo todo no verão? A ideia parece tentadora e horrível ao mesmo tempo.

Ela tentou esconder o nervosismo e o seu coração acelerado.

-Estás nervosa – Klaus afirmou e sentou-se ao lado dela. – Agora a sério: gostarias que eu passasse mais tempo contigo?

O conselho de Liliana passou por ela:

-Amiga, tu sentes-te atraída por ele.

Teresa fechou os olhos e deitou-se na cama.

-Isso é psicologia invertida, não vale.

-És muito inteligente, Teresa. Admiro isso numa mulher.

Ela riu.

-Não sou uma mulher. Ainda – ela falou, mas não conseguiu evitar sentir-se elogiada por Klaus lhe ter chamado “mulher” e não “rapariga”, “menina” ou “adolescente”. – Sim, Klaus, eu gostaria muito de passar mais tempo contigo para te conhecer melhor.

-Então está decidido: vamos divertir-nos enquanto não vamos para Cambridge.

©AnaTheresaC