A Arma De Esther escrita por AnaTheresaC


Capítulo 16
Capítulo 16 - Adeus PT, olá UK




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/258312/chapter/16

Capítulo 16 – Adeus PT, olá UK

Aquele mês passou num instante. Klaus e Teresa passavam muito tempo juntos, sempre um pouco longe dos seus amigos para eles não suspeitarem do que Klaus era realmente. A relação deles tinha melhorado bastante: já não discutiam tanto e tinham descoberto coisas que ainda desconheciam no outro. Por exemplo, Teresa descobriu que Klaus dava grande valor aos aniversários e adorava gelados. Enquanto isso, Klaus descobriu o passado triste dela e prometeu estar sempre ao lado dela caso ela voltasse a passar por uma depressão, apesar de ela já não ser tão propensa a isso.

Klaus mostrou-lhe um lado que ele sempre fazia questão de esconder: o lado divertido dele. Os dois comiam gelados enquanto viam o luar a refletir-se no mar e jogavam à apanhada na praia vazia. Quem os visse, diria que eram namorados, mas nunca tinha surgido um beijo ou um carinho que denunciasse isso. Não, eles eram simplesmente duas pessoas com passados traumatizantes que se estavam a curar reciprocamente.

Ele nunca a impediu de passar um só dia sem os seus amigos, pelo contrário, ela passava os dias inteiros com os seus amigos na praia, ia a casa tomar um duche e mudar de roupa e depois voltava para a praia, onde Klaus sempre a esperava ou com um gelado, ou com uma maravilhosa salada recheada de coisas boas.

-Amanhã estarei no aeroporto á tua espera.

-Mas eu vou no primeiro voo da manhã. Como é que podes chegar lá primeiro do que eu?

-Tenho um jato privado, Teresa – Klaus revirou os olhos e ajudou-a a livrar-se da colcha da sua cama.

Teresa deitou-se na cama e pousou a cabeça na almofada.

-Vais assim que adormecer, não é?

-Claro que sim – ele prometeu e deu-lhe um beijo no topo da cabeça. – Agora dorme. Amanhã será um dia muito preenchido.

***

-Não te quero largar – disse a mãe de Teresa, esborrachando-a no seu abraço.

-Sim, mãe, já percebi – falou Teresa, tentando desfazer-se do abraço da mãe. Assim que isso aconteceu e conseguiu respirar fundo, Liliana apertou-a com força.

-O quê que vai ser de mim sem a minha pequenina?

-Até parece que vou para um convento! – exclamou Teresa, abraçando a melhor amiga, a irmã que ela nunca teve, com igual força. – Vou ter muitas saudades tuas.

-Oh, amiga, nem me fales de saudades ou eu vou começar a borrar o rímel todo.

As duas riram-se, abafando um soluço de Lili.

-Telefona-me, sim? Mesmo que eu saiba que custe uma fortuna.

-Falamos pelo Facebook, Twitter… Skype – disse Teresa, desafazendo o abraço. – E livra-te de chorares agora, ou então abrimos aqui todas as torneiras e o aeroporto passa a ser uma piscina olímpica.

Todas se riram, e foi a vez de Sara a abraçar.

-Volta, amiga – pediu ela, e Teresa viu que não conseguia prometer isso porque iria morrer.

-Vou sentir tanto a tua falta – disse ela, abraçando forte a amiga.

Sara desfez o abraço e olhou para o teto, limpando uma lágrima que vinha.

-Tenho que fazer manutenção a estas torneiras.

Teresa riu e foi a vez de Maria a abraçar.

-Vai, e não te preocupes connosco.

-Olha quem fala! Tu vais para Itália! Itália! Ter com o Mr. Versace! – disse Teresa.

-Não te esqueças: pensa com a mente, faz pelo coração – ela aconselhou a amiga e Teresa acenou com a cabeça.

-Prometo.

-Mesmo que esses dois setores entrem em conflito, vai pelo coração. Ficas sempre a ganhar.

Teresa voltou a acenar com a cabeça e abraçou ainda mais forte a amiga.

-O que farei sem os teus conselhos?

-Facebook, Twitter,… Skype – Maria usou a mesma resposta que a amiga tinha usado, causando a gargalhada em Teresa.

Maria desfez o abraço, e foi a vez de Patrícia.

-Arranja muitos britânicos e não te esqueças de dizer para aqueles que partires os corações que tens uma amiga pronta para dar o seu ombro – brincou ela. Patrícia era um pouco cabeça no ar, mais até do que Lili, mas todas sabiam que debaixo daquela ironia e brincadeira, era a forma de ela dizer que iria sentir muita falta de Teresa.

-Prometo que lhes digo isso.

-E agora, a minha vez – falou Carlos e rodopiou Teresa no meio do aeroporto.

-Carlos! – exclamou ela e ele pousou-a no chão.

-Vai, e não te esqueças: quando algum britânico se meter contigo, diz-lhes que tens um amigo mais velho que é capaz de partir a dentadura a alguém. Ou entrar no computador deles e fazer lá umas magias.

Teresa sorriu.

-Também lhes digo isso – ela prometeu e desfez o abraço. – Tenho que ir. Espero que o detetor de metais não me dê uma descompostura.

Todos se riram e viram-na ir, passar o detetor de metais. Depois de já estar no outro lado, ela acenou para eles e seguiu em frente.

O tempo no avião deu para ela pensar bastante nos seus próximos três anos. Ela iria tirar um diploma e depois Klaus iria matá-la. Aquele mesmo Klaus que jogou à apanhada com ela à luz do luar, lhe levava saladas maravilhosas, lhe comprava gelados e comia-os com ela, aquele mesmo Klaus que dançou com ela no Baile de Halloween, aquele Klaus que lhe deu um vestido lindo e queria saber do que ela gostava. Ela sentia-se a ir para a forca, mas a verdade era que iria para uma prisão onde a sua sentença de morte seria dali a três anos.

Klaus estava lá, como tinha prometido, com um sorriso travesso nos lábios. Assim que o viu, e assim que ouviu as vozes britânicas, sentiu-se em casa e confortável. Como se aquilo sempre tivesse estado á sua espera para a cumprimentar.

-Bem vinda a Inglaterra – falou ele, dando-lhe um beijo na face. – Estás linda.

-Vamos? – indagou ela, e ele acenou.

-Deixa-me levar essa mala – disse Klaus e pegou na mala com rodinhas dela.

Os dois andaram quilómetros no aeroporto e quando saíram, Teresa tinha os ouvidos a estalar e sentia-se muito cansada.

-Andar de avião cansa, não é? – ele comentou, enquanto colocava a mala no porta bagagens.

Teresa dirigiu-se para o lado do pendura, mas Klaus impediu-a:

-E desde quando é que tens a carta de condução?

-Desde nunca. Porquê a pergunta?

-Porque estás prestes a entrar no lado do condutor.

Teresa revirou os olhos.

-Tipicamente britânico – falou ela, enquanto ia para o outro lado do carro.

Klaus entrou no carro e começou a guiá-lo, entrando logo na autoestrada.

-Se quiseres, podes dormir. Ainda vão ser umas horinhas de viagem. Eu aviso-te quando chegarmos.

-Mas eu quero ver a paisagem.

-Teresa, vais passar três anos da tua vida aqui. Vais ter muito tempo para ver a paisagem – ele falou.

-Então, até já – disse ela, e fechou os olhos, adormecendo instantaneamente.

©AnaTheresaC


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não focquei muito o verão deles, mas lá mais para a frente, isso será focado, prometo :)
XOXO, até domingo!
PS - Obrigada pelos comentários!