Sr. Arrogante E O Chihuahua. escrita por Miss Trublion


Capítulo 20
Capítulo 20 - O Aniversário...


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Juro que eu tentei não demorar muito dessa vez.... É que eu estou entrando no terceiro ano esse ano e, acho que vocês sabem como é, provas, conteúdo gigantesco, vestibulares ¬ ¬... Eu deveria seguir o exemplo da Belle_epoque e me trancar no meu quarto, mas acho que isso é um castigo, parece até que ela tá de quarentena...
...
Bem, agradeço aos reviews de:
mayyy ; NairAlves ; Andréa ; leitoracompulsiva ; Pâmela Lange!
Muito obrigada!
Beijos,
MC - MISS TRUBLION



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Capítulo 20 – O Aniversário.

Pergunto-me o que diabo estaria acontecendo e o que Hyde havia aprontado dessa vez. Não era o meu aniversário, e uma parte de mim sabia que ele sabia disso. No entanto, quando eu me virei para encará-lo, não encontrei quaisquer traços de bom humor ou de palhaçada em seu rosto. Tudo o que eu vi foi a mais genuína surpresa. Acho que, na verdade, ele estava chocado.

Tive que checar o movimento do seu abdômen para me certificar que ele estava respirando.

Espere... Se não era meu aniversário, então seria o aniversário do Hyde?!

Acho que isso justificaria o porquê tinham pelo menos umas nove pessoas que eu não conhecia e porque Clarice e Luc estavam lá também.

Bem, os cartazes em azul e branco circulados com cola-glitter diziam claramente: “feliz 23º aniversário Harry”. No entanto, Hyde não parecia estar feliz. Pelo contrário, ele parecia estar muito chocado agora, mas eu percebi que ele despertava aos poucos e, com um olhar longínquo e atordoado, observava toda a cena ao redor como se fosse muito estranha.

Aos poucos sua ficha parecia estar caindo, e ele não parecia nada feliz.

- Feliz aniversário, mano! – cumprimentou Luc, se aproximando perigosamente de Hyde.

Apesar do abraço caloroso do amigo, Hyde não se mexeu constrangido e tão pouco retribuiu. O descontraído Harry Deniels parecia ter virando uma estátua humana. De repente, eu percebi que ele estava muito rígido e que contava sua respiração.

Atitude de quem estava fervilhando de raiva.

- Luc... – eu tento avisar, mas não tenho tempo.

Só basta Luc se afastar para Hyde lhe acertar um soco duro na cara. Um soco que o derrubou no chão. Eu não sei se fui eu quem soltou o grito de susto ou se foi Clarice ou qualquer outra garota que estava naquela festa particular, mas a cena certamente chocou todo mundo que estava lá.

Principalmente porque Hyde já estava em cima de Luc tentando matá-lo!

Inconscientemente, eu seguro Hyde pelo braço antes que ele se atreva a bater mais uma vez em Luc. Não que ele não fosse capaz de controlar o amigo – qual é, Luc tinha pelo menos o dobro das proporções de Hyde! -, mas uma parte de mim queria ajudar Hyde a se controlar. Essa parte não entendia o porquê do seu descontrole, mas se apegara a ele ao compreender que ele não era tão estúpido e insuportável assim.

A noite tinha sido ótima até agora. Não queria que ela fosse por água a baixo.

Ele tenta se soltar para avançar em cima de Luc, mas eu não deixo.

- Hyde! Para! – mando puxando-o.

Ele olha para o seu braço que eu segurava e depois me fita com aqueles olhos lilases brilhando de cólera. Mas não era só raiva que havia ali, havia algo que eu não sabia o que era, mas o estava machucando.

Ele respira fundo, puxa o seu braço de mim e se levanta. Não olha para ninguém, apenas passa por alguns convidados que estavam incrivelmente quietos e sobe uma escada que fica no canto da casa. Ninguém fala nada e eu olho para o Luc.

- Tudo bem, Luc? – pergunto, mesmo sabendo que Clarice ia fazer essa mesma pergunta.

- Tá – ele responde, mas seus lábios estão começando a inchar.

Clarice se abaixa ao lado do namorado e o afaga no rosto com suas mãos leves de fada. Duas pessoas se aproximaram de Luc, uma mulher e um garoto.

- O que aconteceu, Luc? – ela pergunta olhando para a escada que Hyde subiu.

- Desculpe, Jenn, Kyle... Eu me precipitei, acho que ele ainda não está pronto para isso – ele respondeu para a mulher e o garoto. Depois, seu olhar se voltou para mim. – Vai lá falar com ele, por favor, Lyne. Ele precisa de mais apoio do que eu.

Sinceramente, uma parte de mim estava com medo de falar com Hyde agora, no entanto, como todo mundo me olhava como se eu fosse alguma espécie de heroína escolhida para salvar um vilarejo em chamas, vejo que não tenho outra escolha. Concordo com a cabeça e subo a mesma escada que Hyde subiu.

Ela dá em um corredor longo e com cinco portas, duas de cada lado e uma no fim do corredor. Pergunto-me onde ele está, mas logo vejo que uma delas está escancarada, então o mistério foi resolvido.

Hyde está num quarto que deveria ser de uma criança ou de um adolescente. Era um quarto bonito e bem decorado. Ele era quase todo azul, tinha uma escrivaninha, uma cama, uma televisão... Mas ele também parecia muito vazio. Tinha marcas claras de onde pôsteres certa vez estiveram grudados, a escrivaninha estava vazia e a cama está sem cobertor.

Ele está sentado no chão, com as costas encostadas ao pé da cama. Eu fecho a porta e mesmo assim ele não parece se dar conta da minha presença.

- É seguro eu me aproximar ou você vai surtar de novo? – pergunto tentando fazer graça.

Ele não diz nada, apenas se encolhe.

Como ele parece estar mais calmo, sento-me ao seu lado e solto um suspiro para dissipar a tensão que toma conta do meu corpo. Que garoto imprevisível... Eu ficaria feliz se, pela primeira vez na minha vida, Clarice ou Fred me desse uma festa surpresa que conseguisse ficar surpresa por tanto tempo.

- Você realmente ficou surpreso hein? – tento de novo.

Ele não respondeu nada, nem me olhou. Ele abaixa a cabeça e a esconde o rosto nos braços cruzados sobre os joelhos. Sinceramente, estou começando a ficar com raiva.

- Desculpe – ele pede, enfim.

- Eu não preciso de suas desculpas – eu digo. – Sabe como é, eu não sou o seu melhor amigo que foi golpeado por você lá embaixo há alguns minutos.

Como ele não responde, e eu não faço o tipo paciente, eu lhe cutuco com o meu ombro.

- O que aconteceu? – pergunto. – Você está estranho a semana toda. É porque era seu aniversário? Falando nisso, por que você não me contou?! Eu poderia ter comprado um presente, um bolo com umas velhinhas...

- Não quero saber do meu aniversário – ele resmunga.

Solto um suspiro frustrado.

- Sabe, isso é muito egoísmo seu! – eu digo no melhor tom não ofensivo que eu consigo fazer. – No meu aniversário, eu não ganhava presente, só os de Fred depois que ele herdou a herança da vovó, meu bolo de aniversário era uma lata de carne moída!

Hyde parece ficar mais leve e ri.

- Por que o seu irmão herdou a herança da sua avó? – ele pergunta.

- Bem, porque, de todos, ele era o único que a visitava no asilo e porque ela achava que ele tinha um traseiro bonito – eu respondo dando de ombros. – Não diga para ela, mas ele não ia lá para vê-la, mas sim dar em cima de uma voluntária... Quem diria que a vovó ainda tinha muito dinheiro?

Hyde sorri.

- Mas não estamos aqui para falar da minha avó ou sobre o traseiro do meu irmão! – mudo de assunto rapidamente. – Quero saber o porquê, diabos, você deu um soco no seu melhor amigo!

O matador abaixou a cabeça e deixou os ombros caírem sem resposta.

- Eu... Não gosto de comemorar o meu aniversário e todos sabem disso. Parecem que eles fizeram isso só para me provocar – ele resmunga.

- Hyde, eles não fizeram isso para te provocar – eu digo. – Eles querem comemorar o seu aniversário porque, para eles, o dia em que você nasceu é importante. O fato de você ter nascido e os conhecido é muito importante para aquelas pessoas lá embaixo... Você e o Luc são como irmãos!

Eu soltei um suspiro e passei a mão pela minha nuca.

- Merda... É o seu aniversário e eu não tenho nenhum presente – resmungo pensando na tradição da minha família. – Muito bem... Hyde, faça um pedido.

Ele ergueu a cabeça e me olhou com os olhos violetas arregalados.

- Como assim? – ele perguntou.

- Na minha família, quando alguém vai a um aniversário e não tem nenhum presente, é obrigado a fazer qualquer coisa que o aniversariante queira – eu digo, deixando bem claro o quanto isso me desagrada. – Isso começou quando vovô percebeu que ninguém trazia mais presentes para ele porque ele já tinha noventa anos. Ele ficava bravo!

Ele sorri.

- Um pedido?

Cruzei os braços.

- Por favor, peça algo que esteja ao meu alcance e que não seja embaraçoso – eu mando. – As regras são bem explícitas quanto à passar vergonha por causa disso.

Hyde ergue o olhar para o teto daquele quarto, que eu percebi naquele instante ser enfeitado com estrelas e planetas em adesivos fosforescentes, pensativo. Depois, quando o seu olhar volta para mim, vejo que ele se decidiu.

Estava prestes para perguntar o que era quando ele pega a minha mão e põe sobre os seus sedosos cabelos castanhos, com mexas descoloridas e repintadas de preto. Eu não quero admitir isso, mas meu coração deu um salto mortal no meu peito e eu quase senti aquela desconfortável sensação de calor no meu rosto.

- Você pode me desejar feliz aniversário acariciando o meu cabelo, como a minha mãe fazia? – ele pede. – Isso pode parecer palhaçada, mas me ajudaria muito.

De repente eu sinto um nó na minha garganta, um nó de constrangimento, e sinto que meu coração está sambando desconfortavelmente entre meus pulmões. Por que ele não pode se aquietar um pouquinho? Parece que estou lendo um daqueles romances água com açúcar de Clarice!

- Feliz aniversário Harry... Você é um bom garoto – ele murmurou para si mesmo. – Ela sempre dizia isso.

Eu revirei os olhos. O.K. Eu não conhecia esse Hyde que era tão carente e tão “cadê a mamãe?”. Sério, isso estava começando a me deixar numa situação difícil.

- Feliz aniversário Harry... Você é um bom garoto – eu disse, mesmo que meu tom de voz não fosse o mesmo que uma mãe usaria. Estava mais para algo como: “só digo porque você está me forçando”. Completo: - Apesar de tudo.

Ele sorri e fica em silêncio. Pergunto-me qual e o shampoo mentolado que ele usa e onde ele o compra. Nunca vi cabelos tão macios quanto o deles – que ainda tinham química!

- Quando o pedido de divórcio chegou na manhã do meu aniversário... Ela não me contou – ele murmurou de repente. – Ela disse, antes de eu ir para a escola, que o papai estaria no meu aniversário... Eu estranhei que ela não quisesse dar uma festa, porque ela adorava fazer enormes festas de aniversário e convidava todo mundo... Mas, acho que era porque, naquele dia, não tinha nada para comemorar, não é?

- Hyde...

- Antes de eu ir para escola foi a última vez que eu a vi... viva – ele murmura braviamente, mas sua voz falha na última palavra. – Ela havia se suicidado... Quando eu voltei só vi as ambulâncias e passei a noite do meu aniversário no hospital... Esperando que os médicos encontrassem um doador compatível para uma transfusão de sangue... Mas eles não encontraram.

Encostei as costas e a cabeça na cama e fitei aqueles adesivos fosforescentes que por algum motivo estavam turvos e borrados. Então eu percebi... Merda, aquele garoto havia me feito chorar com essa história deprimente!

Solto um suspiro pesado, que sai parecido com um soluço. Tudo bem: foi um soluço, mas para todos os efeitos, foi só um suspiro!

- Merda... Parece que temos uma história deprimente e traumatizante aqui – murmuro tentando encontrar um pouco de bom humor. – Tudo bem, eu deixo você fazer um segundo pedido.

Ele sorri e não diz mais nada... Mas então ele suspira, passa a mão no rosto e ergue o rosto. A proximidade em que estamos é assustadora e só me dou conta dela naquele instante. Era uma proximidade que eu tentei evitar quando eu caí em cima dele na pista de patinação, mas que agora, por algum motivo curioso, eu não conseguia me afastar.

Eu não saberia dizer quem foi que se mexeu primeiro. Se fui eu, se foi ele ou talvez os dois juntos... Só sei que, antes que eu mesma percebesse, estávamos nos beijando. Talvez tenha sido um desejo de ambos, porque, por mais que uma parte da minha mente dissesse: “afaste-se dele!”, parecia que meu corpo não queria se afastar.

Quando seus lábios roçam aos meus foi... Bom, muito bom. Um leve arrepio de expectativa percorre a minha espinha. É tão leve e delicado que a princípio eu mal sinto o seu gosto (mas, em compensação, seu cheiro me embriaga), no entanto, quando ele aprofunda...

Quando seus lábios se abrem mais um pouco e a língua ousada desliza para dentro da minha boca, é quase o mesmo que tocar o céu. Seu gosto é doce e suave, sua língua envolve a minha numa dança que me excita. Talvez por isso, quando eu senti um mínimo sinal de que ele ia se afastar, puxei-o pela nuca para mais perto deixando um recado claro: “se afaste, e eu te mato”.

Ele compreendeu e envolveu a minha cintura, puxando-me para perto dele.

Ao nos afastarmos, estávamos ofegantes. Demorei a abrir os olhos e encará-lo. Eu estava me sentindo como uma perdedora. Eu havia tentado negar isso, eu havia tentado cortar qualquer relação com Hyde... No entanto, não era fácil fazer isso quando – aparentemente – nós realmente temos “uma tensão sexual mal resolvida entre nós dois”.

- Tá tudo errado – murmuro para mim mesma.

- E eu pareço ser o tipo de pessoa que se importa com o que está certo ou o que está errado para você, Chihuahua? – ele pergunta retoricamente.

Abro a boca para responder que ele era o tipo de cara que passava longe de se preocupar com “certo ou errado” quando ele me beija novamente. Como a outra vez, me deixando sem fôlego.


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