Sr. Arrogante E O Chihuahua. escrita por Miss Trublion


Capítulo 19
Capítulo 19 - Surpresa!


Notas iniciais do capítulo

Sinto muito pela a minha demora, e vocês podem me matar se quiserem porque eu sei que mereço.
Eu sinto muito, muito mesmo, mas foi fim de ano. Sabem como é. Compras para o natal, viagens para o interior, depois vem o reveillon etc etc. E ainda me matricularam num curso de férias de inglês que me ocupa a tarde toda assim como aconteceu com a minha BETA, só que ela faz francês....
Enfim, só agora eu consegui um tempo para escrever e para postar. Por isso, eu espero que vocês me perdoem porque eu estou muito arrependida!
Beijos,
MC - MISS TRUBLION



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Capítulo 19 – Festa!

Apesar de eu ter sido um belo desastre nos patins – e ter caído no chão, inúmeras vezes, porém, menos vezes do que eu caí em cima de Hyde –, logo depois ele sugeriu que fôssemos jantar, acredito que ele não estava com fome e só fez isso para me agradar. Disse que perto daquele ringue de patinação tinha um bom restaurante.

- Você deve estar alimentando algum monstro aí dentro – ele resmungou enquanto via o garçom, que fez uma cara engraçada ao ouvir o meu pedido, se afastar. - Eu não sou o único assustado aqui.

Eu dou de ombros com um sorriso divertido.

- Bem... Acredite, você vai preferir me ter alimentada por perto do que me querer faminta. - Apesar de eu falar com naturalidade, eu não estava calma.

Na verdade, toda vez que eu olhava para ele eu pensava na primeira queda vergonhosa naquele ringue de patinação, quando eu caí em cima dele. Mas eu me recusava a ficar vermelha ou demonstrar nervosismo, porque, por algum motivo, eu sabia que Hyde ia notar se eu não fosse sarcástica e grosseira com ele.

- Você fica muito ruim quando faminta? - ele perguntou rindo.

- Eu fico tão ruim que poderia me passar por uma torturadora da Guerra do Vietnã – eu respondo fazendo uma expressão maligna.

Ele sorriu, mas não pareceu acreditar na minha encenação.

- Você realmente parece um chihuahuazinho nervoso – ele me provoca puxando minha bochecha. - Acha que pode enfrentar pessoas maiores que você?

Eu dei um tapa na sua mão para que ele largasse o meu rosto.

- Hyde, por favor... Eu cresci tentando bancar a “mãezona” de três garotos mais altos e mais selvagens do que ursos pardos. Eu tenho certeza de que posso dar porrada em qualquer homem marrento que apareça na minha frente – eu digo erguendo a cabeça.

Ele riu, mas depois ficou pensativo.

- Três garotos? São... Os seus irmãos? - ele perguntou.

Eu concordo com a cabeça e percebo que eu nunca havia falado para ele sobre meus irmãos ou sobre meu pai. Família é um assunto que eu hesito em tocar. De todos os meus irmãos, o único que se preocupa um pouquinho comigo era Frederick. Para o resto, eu poderia morrer que não fazia diferença nenhuma... Até para o meu pai.

- São – eu respondo com um suspiro. - Mamãe foi embora quando tinha, sei lá, uns seis, sete anos... Sem uma mão feminina naquela casa, ela acabaria ficando soterrada em roupas sujas e bagunças. Então eu meio que tentei pôr moral neles... Não que isso desse muito certo.

Dei um sorriso triste ao me lembrar de coisas desagradáveis que eles fizeram comigo. Os outros dois, principalmente James (que era o mais ligado com a nossa mãe), não gostavam da ideia de me ter mandando em tudo como se fosse ela e se rebelavam com frequência... Bem, até Frederick me colocar numa escola de defesa pessoal.

Digo que isso, até hoje, foi muito útil.

- Então você veio para Nova York fugindo dos seus irmãos? - ele perguntou.

- Não só dos meus irmãos – eu digo automaticamente. - Tem meus irmãos, o meu pai e o-....

Eu não completo. Dizer o nome dele era difícil. Mas não era só isso, ele sequer valia a saliva que eu iria gastar para pronunciar o nome dele. Eu desvio o olha ao redor para ver se o garçom já está vindo com a comida.

Apesar de Hyde saber que eu não quis dizer o nome de certa pessoa de propósito, ele me instiga:

- “E o...”?

- Ninguém que valha apena ser comentado – eu digo tomando um gole de água. - E a sua família? Vocês se dão bem? Você já disse, certa vez, que tem uma irmã mais velha.

Vejo que ele está curioso para saber quem era que eu ia mencionar, mas acaba suspirando e pensando no que dizer sobre a sua família.

- Bem, eu tenho uma irmã mais velha e um irmão mais novo que mora com ela. Como eu já disse, ela é dona do “The Red House” e de vários outros estabelecimentos por aí, enquanto meu irmão caçula está no ensino médio ainda – ele diz.

- E seus pais? - eu perguntei.

Ele dá de ombros e bebe um gole de água. Só por esse gesto eu percebo que ele está se vingando por eu não ter dito quem era a última pessoa. Quanta infantilidade... Tinha que ser o Hyde mesmo.

- Sua vez de falar um pouco de si mesma – ele avisou. - Vamos parar de falar da vida familiar e vamos para a vida amorosa. Quantos namorados você já teve? E não vale mentir.

Olho para ele, divertida. Agora é um jogo? Tipo, verdade ou desafio só que... Só com verdade? Isso podia ser perigoso... Mesmo assim, eu tinha que admitir que era interessante.

- Eu só tive um namorado e espero ter sido o último – eu respondo. - Como você pode ver, eu não sou daquele tipo que as pessoas ficam falando do corpo perfeito, que os garotos querem levar para festas para exibirem para os outros.

- Não sei se isso é algo bom ou ruim – ele admite confuso.

- Isso depende do que você quer ser – eu respondo. - Se você for alguém como eu, que não quer ser uma primeira dama ou viver da aparência, eu digo que é algo bom. Pelo menos há pessoas que passam a me respeitar.

Ele pensa por um instante.

- Eu não sei se eu devo perguntar sobre a sua vida amorosa agora, porque eu sei que seria uma longa lista de namoradas – eu resmungo. - Mesmo assim, vou pedir por pura educação que você fale sobre si mesmo agora.

Ele sorriu.

- Bem... Você quer saber quantas namoradas eu tive? - ele perguntou divertido.

Eu suspiro e concordo com a cabeça.

- Por favor, seja breve em sua lista – eu peço.

Ele sorri e se inclina na mesa antes de dizer:

- Eu nunca tive uma namorada.

Sinceramente, eu espero que ele esteja fazendo piada – como ele sempre fazia em qualquer situação... Mas ele estava sério. Na verdade, havia um brilho de diversão naqueles olhos violetas porque ele devia estar se divertindo com a minha expressão chocada.

- Você nunca teve uma namorada? - eu pergunto achando a ideia absurda.

A minha perplexidade parecia diverti-lo. Então de repente eu percebo que ele provavelmente estava tirando com a minha cara e isso me deixa zangada.

- Você está tirando com a minha cara, não é? – pergunto frustrada, cruzando os braços. – Eu estou aqui, abrindo o meu coração, e você está gozando da minha cara!

Atravesso a mesa e dou um soco no seu ombro. Era para doer, mas tudo o que ele faz é ficar rindo de mim.

- Eu estou falando sério! – brigo.

- E- eu também! – ele reforça entre sua crise de risos.

- Como você quer que eu acredite que justo você nunca teve namorada? Quantos anos você tem mesmo? Vinte e um?

- Vinte e três – ele me corrige se controlando. – E é sério. Eu nunca tive uma namorada.

Reviro os olhos.

- Vamos repassar. Há alguns meses, você estava com aquela tal de Quinn grudada em você e querendo arrancar as suas bolas porque você não respondia aos telefonemas dela. Não sei se você sabe, mas essa é a atitude de uma namorada ciumenta – eu argumento.

Ele solta um suspiro e passa as mãos nos cabelos, jogando uma grande mexa descolorida para trás. Como se isso de algum modo fosse me deixar estonteada por sua beleza...

- Essa é a pior parte dos sexos casuais. Se você não deixar claro o que quer, a garota começa a achar que é namoro – ele resmunga para si mesmo.

- E o que é namoro para você? – perguntei sarcástica. – Por acaso não é um casal fixo com uma grande atração, seja ela sentimental ou sexual, um pelo outro e que conta com ocasionais trocas de salivas e fluídos corporais?

Hyde fez uma careta, mas no fundo eu percebi que ele estava gostando daquela conversa.

- Isso soa incrivelmente patético e nojento quando você fala desse jeito – ele diz.

- Desculpe por eu ser tão sincera – eu respondi revirando os olhos novamente.

Ele estendeu os braços sobre a mesa e cruzou as mãos.

- Bem, já que você perguntou... Para mim, namoro é quando um cara chega numa garota e faz aquela famosa pergunta de: “você quer namorar comigo?” – ele respondeu. – Antes disso não há nada entre eles só... “uma grande atração, seja ela sentimental ou sexual, um pelo outro e que conta com ocasionais trocas de salivas e fluídos corporais”.

Ele terminou a minha citação com uma risada contagiante que não me fez gargalhar, mas soltar um suspiro divertido. É. Parecia que o velho Hyde estava de volta.

- E o que você acha a respeito de encontros? – eu pergunto querendo fazê-lo falar tanto quanto antes. – Suas festas que sempre terminam em sexo certo também não são consideradas encontros?

Ele sorri.

- Você vai achar estranho, mas, para mim, isso é um encontro – ele responde fazendo um gesto com as mãos. – Uma companhia feminina que não me força a passar horas a fio ouvindo-a falar da tonalidade errada do cabelo e que, com certeza, não vai acabar em sexo.

- Isso não é um encontro – eu digo muito rápido. – Você poderia ter um encontro assim com a sua mãe, ou a sua irmã... Isso tá mais para... Dois amigos falando besteira.

Ele recolhe as mãos e leva uma delas aos lábios em uma pose reflexiva enquanto seus olhos lilases se voltam para o teto. Perguntei-me mentalmente porque os homens ficavam tão fofos quando estavam pensando, mas não comentei nada e desviei o olhar para ao redor.

- Por que você é assim, Lyne? – ele pergunta do nada, fazendo-me dar um pulo.

Percebo que seus olhos estão analisando minhas reações.

- Assim como? – eu pergunto.

- Durona, grosseirona, mandona... – ele fez um gesto de que a lista não tinha fim.

Eu dou de ombros. Não tinha certeza porque eu era assim. Clarice já havia me sugerido um psicólogo, assim como Frederick (mesmo que eu acredite que ele falara para me provocar), mas a ideia de falar, para um estranho, sobre a minha vida não era bem vinda. Além disso, quais seriam os traumas que eu poderia ter? Era muito pequena quando a minha mãe foi embora, então eu malmente sinto a sua falta.

- Quando eu era pequena minha mãe nos deixou para ficar com outro cara – eu digo brincando com um talher. – Eu era muito pequena e mal me lembro dela... Mas eu coloquei na cabeça que, mesmo sendo a caçula, eu tinha que cuidar dos meus irmãos... Bem, não é fácil cuidar de quatro homens grosseiros e fortes se você não for tão grosseira e forte quanto eles.

Sentindo um desconfortável nó na garganta, tomei um gole d’água. Hyde, inconscientemente seguiu o meu gesto e deu um gole em sua cerveja.

- Você acabou de dizer que tinha somente três irmãos – ele murmura.

- Até mesmo um furacão pode derrubar uma árvore forte, você deve saber – eu respondo mantendo um tom impessoal. – Papai ficou desolado quando mamãe nos deixou.

Soltei um suspiro que fez com que eu me sentisse melhor. Era como se ele estivesse preso ali entre as batidas do meu coração.

- Quando foi que você desistiu de cuidar deles? – ele pergunta intrigado. – Para você ter vindo para cá... Do outro lado dos Estados Unidos.

Tomo outro gole de água.

- O clima aqui está ficando muito deprimido, podemos trocar de assunto?! – pergunto num rompante e olho ao redor procurando um garçom. – Por que será que esse homem está demorando tanto com a comida? Meu bife, que deveria vir mugindo, vai chegar cremado!

Eu tento sorrir com naturalidade, mas ele está me analisando e não diz nada.

- Para de me olhar assim! – briguei cruzando os braços. – Não devia ter dito nada.

Ele sorri e se debruça sobre a mesa.

- Sabe... Quando eu era pequeno e tinha, tipo assim, uns dez anos, minha mãe descobriu que o meu pai a traía com outra mulher. Ela armou um escândalo e ele foi embora de casa, mas como ela o amava, estava disposta a perdoá-lo... Mas ele não queria ser perdoado. No dia do meu aniversário um advogado chegou com um pedido de divórcio... – ele murmura para mim.

- E o que aconteceu? – eu perguntei.

Hyde se recostou em sua cadeira e novamente fez aquela pose de passar a ponta dos dedos em seu lábio, decidindo se me diria ou não. Por fim ele solta um suspiro e balança a cabeça.

- Não importa mais o que aconteceu. O que aconteceu é passado. O que importa é que eu sei como é, falou? – ele responde.

Eu resolvo não pressionar e apenas concordo com a cabeça.

A comida chegou e nós comemos. Resolvemos trocar de assunto para algo mais feliz e conversamos sobre os professores chatos da faculdade e eu, enfim descobri que Hyde queria ser promotor público e era por isso que tínhamos aula de Bioética juntos.

No meio da nossa conversa e no fim da sobremesa (um sorvete enorme chamado Alpes Suíços) tão grande quanto uma cadeia de montanhas, meu celular vibrou com uma mensagem de Clarice.

“Peça para o Hyde tirar uma foto contigo” Ela escreveu.

- O que foi? – Hyde perguntou.

- O que o seu amigo está fazendo com a minha amiga? – pergunto preocupada com a sanidade de Clarice. – Clarice acabou de me mandar uma mensagem me pedindo para tirar uma foto com você, mas ela sabe que eu não suporto tirar fotos.

O que para mim foi uma frase estranha e sem nexo, lembrou alguma coisa a Hyde. De repente, seu rosto se iluminou.

- Meu Deus! Eu esqueci completamente! – ele exclamou de repente. – Garçom, a conta! Lyne, por favor, acabe com essa sobremesa pelo amor de Deus!

Eu olhei para ele confusa, mas fiz o que ele mandou e acabei com aquela sobremesa antes do garçom chegar com a conta.

- O que foi? – eu pergunto.

- Eu esqueci que minha irmã pediu para que eu pegasse um álbum de fotografia e eu tenho que dar para ela antes que fique muito tarde. Ela precisa dele para amanhã cedo – ele responde pagando a conta.

- Oh – é tudo o que eu digo.

Ele pagou a conta e andamos até a sua moto. Está uma noite bonita, apesar de fria e de não ter muitas estrelas. E quando eu subo na sua moto, percebo que passei a me acostumar com ela. Eu já não me preocupava mais com o fato da velocidade de uma moto ser uma coisa insana ou sobre os riscos de Hyde ir costurando entre os carros.

Isso acabou se tornando algo agradável. Algo indescritível.

Em um momento de poesia, comparei a sensação de estar em cima da moto veloz de Hyde com a sensação de voar... E percebi o quanto combinava com ele.

Ele diminuiu a velocidade quando entramos num bairro residencial cheio de casas e apartamentos bonitos. Ele parou a moto na frente de uma casa bonita, estilo “sonho americano”, que parecia estar vazia, pois tudo estava apagado.

- Hyde, onde estamos? – pergunto tirando o capacete.

- Na minha casa – ele responde simplesmente.

- Pensei que você morasse com o Luc – digo.

- É sempre bom ter um esconderijo secreto quando ele me chateia – Hyde explica sorrindo, e tirando o seu capacete. – Vamos entrar.

Eu desço da moto dele e acabo hesitando em entrar. De repente me dou conta de que eu estava com Hyde e que estávamos prestes a entrar numa casa vazia. A sua casa.

- E... O álbum da sua irmã está aqui? – pergunto com uma pontada de incredulidade.

- Está... – ele responde me estranhando. De repente, é como se houve um estalo na sua cabeça. – Meu Deus! Pare de esperar o pior de mim!

- Quem disse que eu estou esperando alguma coisa de você? – pergunto disfarçando, soltando um suspiro de incredulidade. – Mas só para você saber, lembre-se de que há outros lugares mais dolorosos para eu acertar que não a sua cara se você pensar em fazer alguma coisa comigo!

Ele suspira e pega na minha mão, conduzindo-me para dentro. Ignoro uma parte de mim que gosta de sentir a mão dele na minha. A mão dele é quente e confortável, apesar de ser muito maior que a minha.

Ele põe a chave na fechadura e destranca a porta.

- Primeiro as damas – ele diz dando passagem.

Eu passo e ele entra por último, acendendo um interruptor ao lado da frente.

Foi, literalmente, de repente.

O ambiente se iluminou, choveu confetes em cima de mim e de Hyde, um bando de rostos conhecidos e desconhecidos surgiram e um grupo de pelo menos dez pessoas gritou:

- SURPRESA!


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