Always At Your Side - Season 2 escrita por Ágatha Geum


Capítulo 11
Contando as novidades - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e ainda tem mais hoje...
Obrigada pelos comentários meninas e já escolhi os nomes viu... Vcs já querem saber logo ou só no ultrassom das meninas?



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Elisabeth sabia muito bem onde encontrar Stevan. Ao acordar, ela não se surpreendeu em nada ao ver o lado da cama vazio. Mesmo ele tendo optado por dormir fora de casa, depois de dezenas de discussões compartilhadas entre eles em frente aos convidados na ceia de Natal, ela tinha noção que aquela decisão era temporária. Ele voltaria para ela, pois o bem-estar de Damon ainda estava em jogo. E tudo que Stevan mais amava era seu filho e isso significava que o homem não baixaria a guarda até ter certeza que ele estava bem. Depois do episódio no supermercado compartilhado com Elena Gilbert, Elisabeth não conseguia pensar em nada, a não ser encontrar uma maneira de derrubá-la. O único jeito de fazer isso era convencendo Damon de que ela não valia nada e que só estava com ele por interesse. A mulher passou longas horas vasculhando a internet para saber tudo sobre aquela garota que tinha possuído seu único filho por completo. Para seu desespero, a morena tinha a ficha limpa, morava com os tios e a irmã em um bairro simples de NY e sempre foi uma aluna exemplar. Participou de muitos clubes no colégio, conseguiu uma vaga na faculdade e trabalhava para Davis ganhando um salário muito conveniente. Saber de tudo aquilo só a fez ficar preocupada com o tipo de abordagem que teria que desenvolver para destruí-la, pois conforme sabia mais de Elena, percebia que não tinha motivos suficientes para convencer Damon de que estava preso em um relacionamento sem futuro.

O mesmo pensou Stevan ao estender a toalha branca sobre o assunto. Ele deixou bem claro para ela que não se envolveria mais na vida de Damon e Elena. E, o pior de tudo, desejava que eles fossem felizes. Isso a fazia perder um grande aliado, pois seu marido tinha grandes contatos em NY e eles poderiam interferir na vida da morena, colocando-a em uma situação ridícula, mesmo que fosse armada. Não era novidade que Elisabeth gostava de causar escândalos principalmente se envolvesse alguém que ela realmente não gostava. E, Elena Gilbert, tinha se tornado sua inimiga número um. Ela precisava do pai de Damon e teria que trazê-lo de volta para colocar seu plano maligno em prática.

Mesmo no feriado, Elisabeth trajava o mais extravagante conjunto social, acompanhado de cabelos perfeitamente ajeitados e maquiagem intocável. Parecer perfeita era uma das necessidades dela, que escondia por debaixo de toda aquela máscara uma mágoa imensurável. Não era novidade para ninguém que a mulher só pensava nos seus interesses e utilizava a família como escudo para se proteger. A família que ela via desabar aos poucos, deixando-a desajustada por não saber por onde começar para colocar os Salvatore de volta ao topo.

Quando era solteira, Elisabeth não era rica, mas também não passava fome. Tinha um bom dote e o matrimônio com Stevan caiu como uma luva. Nunca foi traída, mas também não podia dizer o mesmo sobre sua fidelidade. A única pessoa que ela prezava dentro daquele relacionamento era seu filho, Damon. Saber que ele não dava o braço a torcer quando o assunto era sua nova namorada, a fazia remoer uma possível derrota que não estava disposta a conceder ao casal. A mãe de Damon tinha certeza de que o único herdeiro só estava querendo provocá-la, pois nada justificava aquele namorico com uma pessoa que nem era da mesma classe social.

O que ainda a unia a Stevan era o filho. Fazia muito tempo que deixara de amar o marido que, mesmo com todas as brigas, mantinha-se solícita. Elisabeth não sabia até que ponto o homem mantinha as aparências, mas não se preocupava muito com isso. Ela só permitia que as pessoas vissem o que queria, evitando qualquer descrença de que seu casamento estava de mal a pior. Dentro do matrimônio, ela se esforçava em manter a crença de que tudo corria bem, pois seu íntimo já sabia que não existia mais amor que os prendessem por mais tempo naquele compromisso. E isso repercutia na procura de satisfação sexual nos amantes e, honestamente, ela não se importava em imaginar o marido com outra mulher, compartilhando os mesmos lençóis.

Ninguém fazia ideia, mas os Salvatore estavam longe da perfeição. Stevan fugia da realidade em seu trabalho e tentou levar Damon junto, assim que ele se formara no colegial. Tudo com a intenção de protegê-lo dela. Elisabeth culpava o homem por ter deixado o filho ir embora na primeira chance. Ela não entendia os motivos de Damon em querer tanta liberdade sem ter idade para isso. Seu filho sempre demonstrou que amava a família e seu novo comportamento não condizia com o que ele costumava ser. Desde que ele os deixou para trás, Elisabeth tinha necessidade de trazê-lo de volta para ter de novo a sensação de que tinha um lar.

As coisas mudaram drasticamente desde o retorno de Damon à cidade e o anúncio de seu namoro com Elena. Era um relacionamento intragável. A jovem não tinha postura, não era de boa família e, com certeza, só queria iludi-lo para depois sumir com algum cara que fosse mais rico do que ele. A gravidez dela foi o pico para Elisabeth ver que a jovem não passava de uma interesseira que conseguiu amarrar o filho de vez com um golpe da barriga. A única coisa que ela precisava era se concentrar e descartar a morena de uma vez por todas.

Cruzando os corredores do prédio comercial que o marido provavelmente se encontrava, ouviu apenas o barulho do seu salto no soalho. Ela não fez a mínima questão de sorrir para as pessoas que circulavam por ali. Geralmente, a Sra. Salvatore se esforçava ao máximo expondo uma gentileza que não existia, pois a falsidade sempre foi uma das características principais da sua personalidade. Só os que pertenciam ao círculo dos endinheirados conseguiam tirar algo um pouco mais sincero da derradeira mulher que só pensava no seu benefício.

Ainda sem falar com ninguém, ela entrou no elevador, vazio, e apertou o botão que indicava o vigésimo segundo andar. Stevan era mesmo um idiota para achar que ela não o encontraria, pensou ela, com um pequeno sorriso nos lábios. Pelas portas de metal, conseguiu ver seus olhos vidrados com o desejo de vingança e a expressão maníaca de que poderia cometer um ataque terrorista a qualquer instante.

Com todo cuidado, deslizou as mãos pelos cabelos loiros e deu um suspiro. O silêncio a agonizava mais e a demora em chegar ao seu destino parecia proposital para atrasar seus planos. Queria colocar um pouco de juízo na cabeça de Stevan e fazê-lo ver que Damon deveria voltar para casa sem a namorada nos calcanhares. O filho sempre foi um garoto de ouro, destemido e com grandes sonhos. Não tinha explicação para Damon se perder nos braços de mais uma vagabunda nova-iorquina. Pensou Elisabeth.

As portas de aço se abriram e Elisabeth caminhou até a sala que Stevan provavelmente ocupava. Não tinha ninguém no andar e ela respirou aliviada ao ver uma pequena luz no final do corredor. Reconheceu uma silhueta feminina, que voltava à sua mesa para atender ao telefone insistente, que tocava naquela manhã do feriado natalino. Ninguém estava trabalhando, só o tolo do seu marido e sua fiel secretária.

– Bom dia!

Elisabeth inclinou o pescoço para o lado com um sorriso enviesado nos lábios. Anna congelou no mesmo instante e abaixou o fone. Aquela mulher lhe dava arrepios.

– Bom... Bom dia! - respondeu a morena abrindo seu melhor sorriso.

– Meu marido está desocupado? - perguntou Elisabeth assumindo uma expressão gentil. Por dentro, ria da expressão da mulher a sua frente.

– Sim, está. - Anna engoliu em seco. Stevan tinha avisado a ela para dizer a qualquer um que aparecesse que ele estava ocupadíssimo e que não poderia atender ninguém. Mas encará-la, era o mesmo que ver um monstro fazendo-a ser incapaz de mentir.

– Obrigada!

Anna seguiu a mulher, que andava destemida a sala de Stevan, com a ilusória intenção de dizer a ela que seu chefe não falaria com ninguém - muito menos com a esposa. Mas Elisabeth foi mais rápida e entrou na sala fracamente iluminada do marido, aumentando o medo dela perder o emprego.

– Sr. Salvatore, eu...

– Tudo bem, Anna. Pode ir para casa - avisou Stevan com uma voz gentil.

Anna engoliu em seco e olhou para Elisabeth, que tinha um sorriso demente nos lábios.

– Feliz Natal! - disse Elisabeth, segurando a maçaneta e fechando a porta na cara de Anna, sem lhe dar a chance de se despedir de Stevan.

– Quanta gentileza! - Stevan tirou os olhos do notebook e largou a caneta que segurava. Sabia que Elisabeth iria atrás dele, por isso, nem se deu ao trabalho de se esforçar na procura de um esconderijo.

Elisabeth e não disse nada. Apenas ocupou a poltrona de frente para o marido e o observou.

– Irei buscar Damon – avisou Elisabeth, quebrando o silêncio.

– Não, você não vai.

Stevan respirou fundo e, com o auxílio dos pés, empurrou a poltrona que ocupava para trás. Olhar muito tempo para a esposa vinha sendo uma experiência desagradável. Um martírio.

– Você não me disse por que mudou de ideia quanto a isso.

– Elisabeth, você não vê? - Stevan apoiou as duas mãos sobre a mesa de mármore. - Damon está feliz. Ele está se cuidando.

– Como você pode ter tanta certeza disso, Stevan?

– Ao contrário de você, eu me preocupo com coisas úteis. Por isso, digo que sei das coisas.

– Você colocou um detetive na cola de Damon e sua namorada, é isso?

– Não seja ridícula!

Elisabeth se moveu desconfortavelmente na poltrona e perguntou:

– Então, o que você quer dizer com isso?

– O doutor Antony me manteve informado do estado de Damon esse tempo todo. - Stevan respondeu, sem delongas. - Enquanto você estava preocupada em infernizar a vida dele, eu estava ocupado querendo saber se meu filho estava vivo.

Ele viu os olhos da mulher assumirem o formato de duas fendas.

– E ele está bem. O tratamento correu como o esperado - completou Stevan, encarando-a. Sabia que ela começaria a retrucar desesperadamente, procurando argumentos contra a sua revelação. - Elena não mentiu sobre o que disse. Dê algum crédito a ela.

– E você acha que ele está bem por causa da garota? - perguntou Elisabeth mantendo a compostura com muita dificuldade.

– O nome dela é Elena, Elisabeth - corrigiu Stevan com certa frieza. - E, sim, nosso filho está vivo ainda por causa dela.

Elisabeth não acreditava no que estava ouvindo. Seu marido deveria ter afogado as mágoas em muitas doses de whisky para estar falando tanta baboseira.

– Damon está bem por causa dos médicos, Stevan. Não seja tolo. Até parece que uma menina iria ajudar na cura do nosso filho.

– Dizem que o amor cura muitas feridas. - Stevan comentou em um tom rotineiro. - Algo que você nunca compreendeu Elisabeth.

– Não quero ouvir seu discurso piegas sobre o amor, Stevan. Ninguém vive de amor - corrigiu a mulher, secamente.

Stevan respirou fundo mais uma vez. Se quisesse sair daquele escritório sem sentir dores de cabeça, teria que fechar a boca da esposa antes que ela visse uma oportunidade para dar um gás a mais outra longa discussão.

– Elisabeth, eu não vou debater esse assunto com você. Estou cansado. Se Elena fosse realmente uma pessoa ruim já teria dando no pé há muito tempo. Não é todo ser humano que nasce para cuidar do outro, ainda mais quando se trata de uma doença que pode ser mortal. - Stevan ajeitou as costas na poltrona. Ter cochilado nela não foi uma ótima ideia. - Pare de procurar motivos para tentar destruir a vida do Damon. Ele já deve nos odiar o bastante. Não intensifique as coisas.

Stevan se levantou e foi até a grande janela à procura de distração. Observou os carros no formato de miniaturas e percebeu que o tráfego continuava fraco lá embaixo. Amava NEW YORK com todo seu coração, mas os últimos meses, enfrentando todos os dias os perrengues de Elisabeth, o fez notar que precisava de férias, longe daquele lugar para refrescar a sua mente.

– Se você não me ajudar a acabar com o relacionamento de Damon, Stevan, terei que fazer tudo sozinha - avisou Elisabeth em um tom ameaçador.

– Se você fizer alguma coisa, eu vou ser obrigado a te impedir. - Stevan virou-se para ela, muito sério. Seus olhos azuis esverdeados, que remetiam a Damon, brilhavam de ódio. Era tarde demais quando descobriu que aquela mulher era maldosa e incontrolável. Agora que caíra na real sobre a situação de Damon e sua namorada, não permitiria que Elisabeth-megera-desgraçada criasse seus joguinhos malignos, sem necessidade, para abalar a vida de duas pessoas inocentes.

– Ah! Vai? - Elisabeth se levantou e foi até ele, destemida. Os olhos se encontraram, raivosos. - Até você se hipnotizou pela garota moreninha? Acho que você está muito velho para ela, meu amor.

Elisabeth tamborilou os dedos na mesa. A mulher sabia que seu marido não perderia as estribeiras com facilidade, pois não era da personalidade dele. Mas uma hora, ele ficaria com raiva, aceitando suas provocações. Diria coisas horríveis, como sempre acontecia quando chegavam ao limite de uma briga.

– Deixemos as ironias de lado, Elisabeth. - Stevan cruzou os braços e enrugou o cenho. - Me diga: por que essa repulsa toda com relação ao namoro do Damon? Você nunca me respondeu isso com sinceridade.

Os músculos de Elisabeth se retraíram. Ela crispou os lábios e parou de encarar o marido.

– Isso não importa - respondeu Elisabeth dando atenção a mesa de mármore. - Elena é uma jovem que não tem nada a perder e Damon caiu como um anjo da guarda na vida dela. Não existe amor verdadeiro, Stevan, você deveria saber disso melhor do que eu. Basta olhar para nós dois. Nem quando éramos jovens nos amávamos com tanta intensidade. A relação deles é pura falsidade e só você não consegue ver isso.

– Toda essa descrença tem a ver com Davis Wesley? Seu passado amoroso? - indagou Stevan devolvendo a provocação de Elisabeth relacionada à Elena.

Elisabeth prendeu a respiração e encarou o marido, furtivamente. Ele não fazia ideia do quanto ele estava sendo apelativo ao cutucar a mais profunda de suas feridas.

– Não vamos colocar essa conversa nesse patamar. - Elisabeth ergueu a mão esquerda, abanando-a, fazendo reluzir a aliança de casamento.

– Se for para ver por esse ângulo, agora consigo entender porque você quer tanto que Damon e Elena não fiquem juntos. - Stevan deu dois passos a frente para ficar mais perto da esposa. - Você tinha a idade dela quando se envolveu com Davis. Estava apaixonada e ele era o homem da sua vida. Até ele ter se cansado e encontrado alguém melhor. O problema é que ele decidiu ficar sozinho com sua fortuna a ter que aguentar mulheres histéricas como você. Davis é um homem feliz sem compromissos emocionais. Antes de você aparecer, a família Wesley e os Salvatore costumavam ser aliados, até tudo ruir, principalmente quando anunciamos nosso casamento. Você não me queria, pois ainda amava Davis, mas mesmo assim você viu o ponto crucial que nos fazia homens bastante distintos.

– E que diferença é essa, Stevan? - perguntou Elisabeth controlando o tom da voz. A amargura isolada em seus extintos voltava à tona a cada palavra do homem, que estava gostando daquilo.

– Você casou por interesse financeiro. - Stevan afirmou sem pestanejar. - Você não tinha nada, Elisa, até me encontrar. Você sempre soube que, mesmo amando Davis, eu te daria um casamento confortável já que ele tinha sido deserdado da própria família por motivos que prefiro nem saber. Ele não tinha a fortuna que tem agora. Por causa disso, você acredita cegamente que Elena fará o mesmo. Que forçará a barra para casar com Damon e lucrar com isso. Ou, então, largá-lo quando aparecer um pretendente supostamente melhor.

– Você realmente está me comparando a ela? - Elisabeth controlou a voz, mas seu corpo inteiro tremia de ódio. Stephen estava jogando baixo e praguejou mentalmente por não ter nada, absolutamente nada forte para jogar na cara dele também. Ele sempre foi um bom marido e ela tinha certeza que ele nunca mentiu quando costumava dizer que a amava.

– Não, pois Elena é melhor que você. Ela não se importa com o dinheiro de Damon. Até por que ela pensa que deserdamos Damon. Elena ama nosso filo. Você não vê por que não passa de uma mulher amarga e mal amada. Se comparado à idade que você tinha, os mesmos pensamentos e ideais, Elena tem se saído melhor. Muito mais madura e humilde com suas verdadeiras intenções - respondeu Stevan se afastando da mulher. A presença dela lhe causava repulsa. - Ela não pediu ajuda nenhuma para o tratamento de Damon, não o largou durante o sofrimento dele, algo que fizemos sem pensar duas vezes. Se ela estivesse realmente interessada na fortuna dos Salvatore, ela já teria caído fora há muito tempo, pois barramos ajuda financeira para o nosso filho.

Ele fez uma pausa para poder respirar e voltou a argumentar:

– Sabe por que a defendo agora, Elisabeth?

Elisabeth não respondeu e esperou que Stevan concluísse seu pensamento.

– Porque eu bloqueei a conta bancária de Damon depois da nossa briga que levou seu afastamento. Eu acreditei que nosso filho fosse implorar por ajuda, mas ele não o fez. Eu fui tolo o bastante em crer que juntos estávamos fazendo um bem a ele, lhe dando uma lição de moral que não tinha uma finalidade. Seus planos martelando na minha mente, me impedindo de pensar direito, fez meu próprio filho me odiar. - Stevan alisou os cabelos negros não disfarçando a angústia na voz. - Elisa, não houve nenhuma tentativa de retirada monetária do banco, nenhuma ligação da parte deles e nenhum pedido de socorro. Por causa disso, dispenso pensar que Elena está com nosso filho por causa de dinheiro. Foi Elena que bancou tudo. Ela que pagou o tratamento de nosso filho. E sempre serei grato a ela.

O baque da realidade desconcentrou Elisabeth de seus pensamentos. O desejo de separar Damon de Elena soava incerto perante o que Stevan lhe ofereceu como justificativa. Ele explicou a causa de ter recuado na intervenção de separar o casal. Era uma verdade que ela não queria que saísse da boca do próprio marido.

– Eu não acredito que estou tendo esse tipo de conversa com você, Stevan. Você acha que uma garota como ela não tem seus truques? - insistiu Elisabeth no assunto. Sua indignação foi substituída por uma forte determinação de fazê-lo ver que ela estava certa.

– Ela não é você, Elisabeth.

Aquilo foi à gota d'água para Elisabeth. Ela abriu a boca para tentar questionar o que o marido acabara de dizer, mas não teve forças para isso. Seu sistema nervoso beirava a agitação que a fazia ser possuída por uma ira que crescia gradativamente.

– Vai ficar do lado dela? - Elisabeth não expressava emoção na voz. Percebeu que se continuasse ali, Stevan lhe jogaria mais alguma coisa na cara. Não queria sair do controle, não na frente dele para lhe dar o gosto da vitória.

– Sim, eu vou. - Stevan voltou a ocupar a bela poltrona. Sentia-se cansado. - E, só para deixar você avisada, entrei com um pedido de divórcio. Você poderá seguir seu rumo livremente para ficar com seu tão amado Davis Wesley. Cansei de suas tramoias, Elisabeth. Cansei de viver de aparências. Cansei de você.

Elisabeth empalideceu. A feição irada desaparecera instantaneamente após as palavras de Stevan. Elas lhe atingiram como um belo safanão, o que a fez lembrar-se do tapa de Elena e a maneira como o gesto a tinha desequilibrado do seu salto alto.

– Divórcio? Vamos chegar a esse nível mesmo com Damon doente? - Elisabeth deu a volta na mesa e ficou de frente para o marido. Apoiou as duas mãos no mármore e o encarou com firmeza.

– Você não se importa com o Damon, nunca se importou. E, muito menos, comigo. - Stevan ergueu o olhar para encará-la e gostou do que via. Os olhos dela revelavam seu medo, inutilmente contido.

– Eu não vou te dar o divórcio, Stevan. - Elisabeth disse entre dentes.

– Então vamos continuar casados apenas pela lei. - Stevan disse com uma voz banal. - Isso quer dizer que viveremos em casas diferentes.

Elisabeth deu um tapa na mesa e se afastou. Stevan não poderia estar falando sério. Não podia. Estavam casados a mais de 10 anos e ela sabia que não poderia permitir que tudo se perdesse por causa de Damon. Ao lembrar-se do filho, ordenou o cérebro a corrigir o pensamento, direcionando a culpa em Elena. A morena era a responsável pela sua vida estar desabando e, se não convencesse Stevan em manter aquele casamento vivo, sabia onde focaria sua insatisfação por tudo aquilo estar acontecendo.

– Não precisamos fazer isso, Stevan. Se você acha que Damon e Elena são feitos um para o outro, vou ter que aceitar. Infelizmente! - Elisabeth forçou um sorriso que deixou seu semblante assustador.

Stevan abriu um sorriso irônico. Elisabeth não gostou nem um pouco que o efeito daquele som provocou em seu cérebro.

– Não precisa se esforçar para me dizer o que eu quero ouvir, Elisa. Nosso casamento não existe a mais de dois anos, portanto, não vejo motivos para continuarmos com isso. Damon foi o estopim para me direcionar a por um fim na nossa relação e, depois de ontem, não quero mais me estressar por motivos idiotas.

– Damon é um motivo idiota?

– Elisabeth, seus pensamentos mirabolantes que são idiotas. Você precisa aprender a deixar as pessoas que te rodeiam felizes. Elas não precisam entrar na sua bolha de amargura.

Elisabeth fechou os punhos do lado do corpo e sentiu suas bochechas pegarem fogo. Ela pedia, internamente, para não perder a cabeça, mas estava sendo muito difícil.

– Ok, Stevan, como você preferir. - Elisabeth ofereceu seu sorriso afetado e se recompôs. Se ele queria aquilo, ela não iria prolongar aquela discussão que ia contra seus princípios.

– Pode ir, então! Tenho muita coisa para fazer. - Stevan a dispensou como se ela fosse uma das suas secretárias.

– Em pleno feriado? Por que não vamos comer alguma coisa? - a indagou, esperançosa.

Stevan lançou um olhar mortífero na direção da mulher que se afastou da mesa, alinhando as próprias vestes.

– Prefiro me distrair com coisas úteis e não quero mais ser atrapalhado. - Stevan voltou-se para seu notebook. - Ao sair, feche a porta!

O salto de Elisabeth ecoou pelo soalho mais uma vez e ela não fez questão de forçar uma despedida. Bufou o caminho inteiro até estar segura dentro do elevador. Ela tinha imaginado que sairia do prédio com uma supersensação de satisfação, por seu plano ter engatado mais uma vez. Mas Stevan tinha que colocar um ponto final na sua participação em trazer Damon de volta para casa e separá-lo de Elena. Maldita hora que ele tinha que bancar o bom homem que ama seu filho.

Sozinha, ela não tinha nenhum aliado em mente. Por mais que fosse venenosa, Elisabeth não teria embasamento suficiente para colocar suas ideias de volta a prática. E não tinha ninguém que pudesse firmar aliança para que realizasse seus feitos. Quando as portas do elevador se abriram, a mulher chegou à dolorosa conclusão que Damon e Elena finalmente haviam ganhado, por não saber mais o que fazer para corrigir um erro que só ela acreditava que existia.

Caroline estacionou no meio-fio atrás do carro que Elena reconheceu ser o de Paul. Ela sentiu um frio repentino envolver seu corpo ao fitar a porta da casa dos Gilbert. Se não fosse pelo fato dela reconhecer o automóvel do futuro marido de Meredith, juraria que o local estava vazio. Ela deixou seus olhos a levarem para o jardim que a neve se incumbiu em esconder, até as janelas fechadas, cobertas com as cortinas, bloqueando qualquer visão para o lado de dentro. Em seu íntimo, a morena sabia que todos estavam na residência, aconchegados e, talvez, à espera de um farto almoço que sua tia sempre fizera questão de preparar no feriado de Natal.

O Natal era o feriado preferido dos Gilbert. Durante o percurso, Elena conseguiu se sentir culpada por tê-los abandonado na véspera, pois adorava compartilhar aquele momento com a família. O riso, o cheiro da comida e os abraços apertados fez a morena ficar chateados por não ter usufruído daquele dia ao lado das pessoas que mais amava além de Damon e seu bebê. Era uma sensação estranha não ter comparecido a ceia e isso indicava que seus laços com seus pais e Meredith se partiam aos poucos, dando indícios da sua maturidade.

Elena estava isolada no banco traseiro observando a casa que ainda morava. Nem percebeu que Caroline e Damon a encaravam há muito tempo desde que estacionaram. Ela estava tão presa em seus pensamentos, deixando sua mente a levar para longe dali, da realidade que poderia virar um pesadelo mais uma vez.

– Hey! - chamou Damon fazendo-a dar um sobressalto. - Chegamos!

Era desnecessário Damon ter dito aquilo, mas mesmo assim ela olhou para o namorado e sorriu. Um sorriso fraco de quem está temendo alguma coisa. Ela tinha medo da maneira como os tios reagiriam à notícia de que estava grávida. A morena matutou a cena em silêncio e não conseguiu tirar nada de positivo nela. Imaginou Meredith indo acudir a tia desmaiada e seu tio a expulsando de casa. Uma cena trágica!

Queria ter dito a Damon que deveria desistir e, juntos, melhorar a ideia de revelar a verdade a eles, mas não dava mais para prolongar o inevitável. Seus tios saberiam por intermédio deles e, só de pensar nisso, sentiu um reboliço no estômago. Começou a ficar preocupada em sair do carro e ir correndo para o banheiro mais próximo para vomitar. Tudo só piorou ao lembrar que também não tinha contado aos tios sobre o estado de saúde do namorado. Isso rendeu a ela uma breve vertigem indicando que seus nervos estavam à flor da pele.

– Chegamos! - exclamou ela sem emoção, minutos depois, assim que se recuperou do breve mal estar. Caroline a encarava, sorrindo, como se fosse à coisa mais fácil do mundo chegar até ali e revelar seu estado de mãe para os tios/pais. - Vamos entrar, antes que Meredith venha ao nosso encontro primeiro.

Os três saíram do carro simultaneamente. O frio dominou o corpo de Elena fazendo-a ranger os dentes com a ventania que ia de encontro ao seu rosto.

– Vem cá! - Damon passou um braço pelo seu ombro, puxando-a para mais perto dele. - Vai ficar tudo bem.

Elena se encolheu nos braços do namorado e sentiu o calor da roupa que ele vestia aquecê-la. Estava mais confortável daquele jeito, parando de ranger os dentes e podendo se equilibrar nas pernas que bambeavam assim que saíra do carro. Ao olhar mais uma vez para a casa, sentiu a coragem dominá-la ficando destemida a contar para os tios/pais que eles seriam avós.

– Assim espero - respondeu Elena sendo praticamente levada para a porta. A neve dificultava o trajeto, claro, mas nada que desanimasse Damon a atingir mais um objetivo.

Elena foi subindo a pequena escada que dava para a porta de entrada. Um pequeno flashback tomou conta da sua mente, fazendo-a lembrar de que meses atrás, Damon e ela deram seu primeiro beijo, firmando um relacionamento naquele mesmo lugar.

Deixando o receio de lado, Elena levou sua mão até a campainha e a apertou. Esperaram agonizantes segundos até ver Meredith surgir, dando-lhe um forte e animado abraço.

– Pensei que não viria - ela se afastou da irmã com um sorriso nos lábios. - Por que não ligou antes? Nossos tios já estavam loucos atrás de você.

– Resolvi fazer uma surpresa - respondeu Elena, insegura, passando um braço pelo de Damon.

– Eu percebi. Veio muito bem acompanhada. - Meredith cruzou os braços olhando de Damon para Caroline sem entender nada.

– Não vai tirar sarro com a minha cara? - perguntou Damon, confuso por ela não ter dado um chilique com sua presença.

– Damon, você é o namorado da minha irmã e sei que vocês dois serão... - Meredith olhou para trás, checando se os tios se mantinham longe de onde estava. -... Pais.

Elena e Damon trocaram olhares cúmplices que não passaram despercebidos por Meredith.

– Pera aí! - ela cobriu os olhos com as mãos. - Elena e Damon, não me venham dizer que vocês estão aqui para contar o que estou imaginando.

– Sim, é. - Elena confirmou, soltando Damon e indo até a irmã, afastando as mãos dela de seus olhos. - E eu vou precisar do seu apoio. Eles estão de bom humor?

– Nossos tios nunca estão de mau humor, esqueceu? - relembrou Meredith dando um meio sorriso. - E você sabe que eles não farão nada contra a integridade do Damon. Você sabe que nossos tios são loucos para conhecer melhor esse traste.

Damon riu meneando a cabeça negativamente.

– Um elogio para honrar os velhos tempos - comentou-o, olhando para a prima que riu também.

– Como você pode ter tanta certeza, Mary? - perguntou Elena, atraindo a atenção da irmã de volta para ela. - Eu vim até aqui para esclarecer duas coisas que pesarão e muito no meu relacionamento com os dois. Dizer em uma tacada só que meu namorado está doente e que eu estou grávida, não serão motivos para titia abrir um champagne.

– Opa! Pera aí! - Damon exclamou confuso. - Seus tios/pais não sabem que estou doente, Lena?

– Digamos que faz muito tempo que não tenho uma conversa honesta com eles. - Lena sorriu, sem jeito, juntando as mãos. Isso era sinal que ela estava ficando ansiosa.

– Vocês vão derrubar a casa com essas bombas - comentou Caroline, aflita pelo casal.

– Elena, nossos tios te amam e só querem ver as sobrinhas deles felizes - afirmou Meredith tranquilizando a irmã.

– Meredith, o que diabos fizeram com você? - questionou Damon, abobalhado com o novo comportamento da cunhada. Até onde lembrava a jovem nunca fizera o tipo gentil, ainda mais para cima dele. Era estranho presenciar seu novo caráter, pois sabia que sua namorada estava muito melhor depois de ter voltado a falar com a irmã. E isso só se confirmou quando ambas caíram na risada depois da sua declaração.

– Estou sendo realista. - Meredith ajeitou os cabelos soltos sobre os ombros. - Agora, entrem, antes que eu mude de ideia.

– Antes de entrar, essa aqui é a Caroline. Minha segunda melhor amiga. E prima do Damon... - Elena indicou a loira com a cabeça. Ela acenou, meio sem jeito por não ter o que dizer.

– Prazer! - exclamou Meredith com o mesmo sorriso nos lábios. - Sinta-se à vontade. Espero que não esteja com muita fome. Mas, mais tarde terá bastante coisa para comer.

– Ah! Não se preocupe! Estou de dieta! - disse Caroline, dando uma risada afetada.

Damon, Elena e Caroline entraram no conforto do lar dos Gilbert e puderam sentir o calor que o lugar emanava. A lareira estava acessa como Elena imaginou, e Paul ocupava seu tio com uma conversa que parecia muito engraçada, pois eles riam muito alto. Perambulando os olhos pela casa, a morena se questionou onde estaria sua tia perdida dentro daquele clima natalino.

– Onde está a titia? - perguntou Elena procurando a mão de Damon. Queria voltar a se sentir encorajada ou iria sair correndo em um piscar de olhos.

– Está na cozinha. - Meredith parou de frente para o casal. Notou que eles estavam tomados pelo pavor da situação. - Vocês querem mesmo fazer isso?

Os dois menearam a cabeça positivamente. Era agora.

Continua...




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Notas finais do capítulo

xoxo Tem mais hoje...