Rosas Flamejantes escrita por Borboletas Azuis


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Eu reescrevi esse capítulo, porque eu achei que o outro tava uma porcaria, mas eu postei mesmo assim. Acho que esse aqui ficou melhor, mesmo que esteja menor.



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Melody Sparks

Acordei com a cabeça latejando, a garganta doendo, e fechada. Os músculos de meu corpo estavam doloridos, meus olhos ardiam, e minha boca, mais precisamente na área das gengivas, doía horrendamente.

Olhei ao meu redor e vi que o lugar em que eu me encontrava era bem diferente do estacionamento. Para começar, era um cubículo mal iluminado, e a janela do “quarto” era minúscula, acredito que só estava lá de enfeite. No quartinho só estavam eu, e a cama que eu estava deitada.  A única coisa que eu quero descobrir agora é como fui parar ali.

A porta era de ferro, com um quadradinho pequeno, que mesmo com grades, dava para ver do outro lado, no entanto, tudo o que eu via era a parede. Sentei-me, com os pés para fora da cama, e enterrei meu rosto nas mãos. Ouvi uns passos, e eu como eu penso que esse quarto fica em um corredor, a pessoa devia estar no começo dele.

Mesmo ouvindo aquele barulho chegando cada vez mais perto, eu permanecia imóvel, na mesma posição, somente pensando: Como eu sobrevivi? E onde é esse lugar?

Estaria menos confusa se acordasse numa sala branca e sem graça de hospital, com vários aparelhos ao meu lado, ou até mesmo se não tivesse acordado, eu achava que era isso que aconteceria. Era o mais provável.

Ouvi um rangido atrás de mim e logo raciocinei que era a porta – antiga e enferrujada – abrindo. Pensei um pouco antes se deveria ou não levantar, mas acabei realizando a ação. Ao me virar, dei de cara com os olhos escuros de Ethan, extremamente perto de mim, pareciam mais escuros. Eu apenas permaneci na mesma posição e sustentei o seu olhar. O garoto sorriu de canto, um sorriso meio torto, e disse em seguida:

– Parece que já acordou Mel. – ele disse o meu apelido para me provocar. Minha expressão não se alterou, e eu continuei a sustentar o olhar um tanto quanto provocador que ele me lançava. Ethan agarrou meu pulso direito e virou o meu braço para trás, fazendo o mesmo com o outro. Não consegui ver o momento em que ele saiu de minha frente e foi parar logo atrás de mim, segurando meus pulsos com firmeza, e me prendendo. Eu me debatia e ele somente apertava mais. – Shh... – ele disse próximo ao meu ouvido. – você não vai conseguir sair, não vai embora daqui, então poupe suas forças, tem gente querendo te conhecer. – ele pronunciou toda a frase como um sussurro.

Eu travei a mandíbula e pude sentir que ele sorria atrás de mim.

– O que eu estou fazendo aqui? – disse entre dentes e tentei me soltar mais uma vez, fazendo com que ele apertasse mais uma vez, bem forte, e permanecesse com aquela força ao redor de meus pulsos. Era certeza que mais tarde eu teria hematomas.

– Calada. – disse o moreno e me puxou para trás, fazendo com que minhas costas batessem contra o seu peito. Ele subiu as mãos e parou um pouco acima de meus cotovelos. – Daqui a pouco você vai descobrir. – Ethan começou a me guiar a força para fora da sala.

Eu não posso sentir medo. Ensinaram-me que medo eu não podia sentir, e eu aprendi. Agora eu não sinto medo, para mim, o medo não existe. Não sou covarde.

Comecei a tentar andar por conta própria, mas ele insistia em me arrastar, e eu estava ficando irritada. Para subir os lances de escada parecia que ele estava jogando o meu corpo para frente. Senti um alívio interno quando as malditas escadas acabaram.

– Eu sei andar sozinha, não sou deficiente, você tem consciência disso? – ralhei e ele somente me lançou um sorriso sarcástico.

– Sim, eu tenho sim, como também tenho consciência de que se eu te soltar você vai fugir porta a fora.

– Não sou do tipo que corre dos problemas. – parei firme em um lugar e me neguei a andar.

– Aposto que deve ser mesmo. Talvez seja esse o motivo de ele estar tão interessado. – ele não se deixou abalar pela minha ação e me empurrou, e como estava sem escolhas, tive que andar. Estávamos passando por uma sala enorme quando ele me fez parar.

– Nós ficamos aqui. Senta. – ele me forçou contra o sofá, e antes que eu me desse conta, ele estava com uma corda grossa em mãos. Franzi o cenho e ele sorriu torto, um sorriso cruel. Seus caninos não estavam totalmente expostos, mas dava pra ver que não estavam como deveriam. Como dentes humanos, dentes normais, não de um monstro.

Ethan segurou meu braço, acima do cotovelo, e me puxou para levantar, me virando em um movimento rápido e já juntando meus punhos, em seguida passando a cordas por eles e dando um forte nó. Estava bem apertado e em pouco tempo iria esfolar. Ele me empurrou novamente para o sofá, e bati a bacia, pois caí de mau jeito. Fiz uma leve careta de dor e me ajeitei com dificuldade. O vampiro estava na minha frente, com os braços cruzados e um olhar sério, mas o canto de sua boca moldava um irritante sorrisinho sarcástico.

Inclinei-me para frente, e mexi os braços (como podia), desconfortável, e ergui o rosto para olhar para Ethan.

– O que você está esperando, afinal? – ralhei.

– Tem uma pessoa querendo te ver. Agora que já tem sua resposta fica aí esperando caladinha.

– E essa pessoa que quer tanto me ver não poderia, simplesmente, ir lá falar comigo? Ah, entendi. Ela é do tipo que manda o empregado fazer as coisas.

Os olhos de Ethan escureceram mais e ele me encarou, e segurou o meu rosto com uma só mão, e apertou. Aproximando seu rosto do meu e disse, num tom de voz contido:

– Não sou um empregado. Só que eu estando aqui, posso ficar de olho em você e te torturar um pouco também. Agradeça por eu não poder te matar. Ainda.

Disse a ultima frase perto demais de meu rosto.

Estreitei os olhos para o garoto e ouvi passos se aproximando, cada vez mais perto.

– Vejo que está cuidado dela. Assumo daqui. – a pessoa estava atrás de mim, mas eu reconhecia bem aquela voz; era Charles, sem dúvida.

O garoto apareceu na minha visão, e Ethan me soltou, o que não adiantou de muita coisa, já que depois Charles já me segurava pelo pescoço. Senti meus pés perderem aos poucos o apoio do chão e fica respiração começar a cortar.

Belo jeito de morrer. Antes de qualquer coisa, eu seria um brinquedinho para dois vampiros covardes.

Rolei os olhos e vi Charles erguer levemente as sobrancelhas. Bufei e ele alongou os caninos.

– Acaba logo com isso. – falei, um tanto quanto rouca. – para de brincar.

Ele riu, e ficou com um sorrisinho de canto. Até que ouvi outra voz no cômodo.

– Larga ela, Charles. Já não basta o que fez com a garota, ainda vai querer brincar com a menina? Já chega.

Franzi o cenho. Primeiro porque não tinha escutado a pessoa chegar, e também porque ela estava me defendendo. O dia não pode me surpreender mais.

Charles lançou um olhar irritado para a pessoa e me colocou no chão novamente, me empurrando para o sofá.

Que ódio, será que não dá pra parar de me empurrar e puxar como se eu fosse uma bonequinha? Me deixa logo num canto, quieta.

– Thomas, esse assunto não te envolve. – Charles encarava a pessoa que estava atrás de mim, o tal do Thomas.

Charles aparentava estar tão irritado que suas presas estavam à mostra. Logo vi uma pessoa parar a minha frente, atrapalhando minha visão da situação. De costas, vi que a pessoa era alta, forte, e loira.

– Eu quero que fique longe dela. É pra ficar longe da garota, Charles. E você também Ethan. Já atrapalharam demais a vida dela. – e o garoto loiro é o Thomas.

Ethan deu um sorriso sarcástico antes de começar a falar.

– Ela vai ter muito tempo para arrumar a vida dela. – foi só ele fechar a boca para Thomas o fuzilar.

– Será que podem sair daqui por um momento? Quero falar com Melody.

Charles deu de ombros.

– Posso sair pra comer alguma coisa. – sorriu de canto e um minuto depois não havia mais sinal dele, nem de Ethan.

– O que vocês querem comigo? – olhei para Thomas.

– Não sei o que eles querem. – ele me ajudou a me levantar e foi desamarrar a corda. – Já eu, vou te ajudar. Você vai precisar.

Senti uma pontada de dor de cabeça e respirei fundo, fechando os olhos por um momento. Meus dentes latejavam e tudo que eu queria fazer era ficar quieta.

Assim que Thomas desatou o nó da corda, eu mexi os pulsos e depois passei as mãos pelo cabelo.

– E por que eu vou precisar de ajuda? – passei as mãos pelo rosto. A luz que vinha da janela me incomodava.

– Precisamos conversar.

– Nós já estamos conversando. – o olhei. – tudo bem. Fale.

– É sobre o que aconteceu ontem à noite.

– Talvez deva me falar porque eu estou aqui em vez de estar morta. – olhei para ele e cruzei os braços.

– Realmente, pelo que fiquei sabendo, era para você estar morta.

– E por que eu não estou?

– Você está passando pelo processo de transformação.

– Eu...?

– Você vai ser uma vampira. – Thomas foi sério.

Depois disso, toda a dor, todo o incômodo que senti quando acordei, fez sentido. Eu estava me transformando, e saber disso fez minha garganta arder mais e minhas gengivas latejarem. Eu estava virando um monstro.


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Notas finais do capítulo

Meu Deus... Isso aqui ficou muito pequeno, desculpa gente. Já vou começar o outro e tentar fazer ele maior.
xx Rasp



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