Rosas Flamejantes escrita por Borboletas Azuis


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Capítulo reescrito



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Melody Sparks

Depois do sonho, daquela noite e de minha descoberta perturbadora, não consegui mais dormir na noite seguinte, na maioria das vezes, em um curto tempo em que eu fechava os olhos para tentar, no mínimo, cochilar por dez minutos, o azul intenso dos olhos de Charles invadiam minha mente. A lua me perseguia, seu brilho tão forte nesta noite que atravessava minha cortina. Logo após o relógio marcar cinco da manhã, começou a esfriar, eu me encolhia na cama, em posição fetal, apertando o cobertor contra o corpo.

Passei todo o tempo pensando como não tive a capacidade de reconhecer o Beaumont no momento que o vi. Eu precisei quase morrer mais uma vez, e ter uma péssima noite de “sono” para isso. Estava tudo tão bom, eu estava novamente com a minha família, depois de meses longe, sem ter a certeza de que os veria novamente. Amanhã eu poderia sair para tomar sorvete com o Jeremy, e depois andaríamos pela praça, e quando chegássemos em casa, minha tia teria preparado o frango que nós gostamos e minhas tão adoradas batatas fritas.

Hoje eu nem tenho mais a certeza de que vou voltar para casa. Recebi uma ameaça, a primeira ameaça, porque, normalmente, eu sempre acabo com a vida da criatura sanguinária antes de ela terminar a frase dirigida a mim. Eu senti medo, uma coisa que eu achei que estivesse sumido de mim.

Com o tempo, eu parei de temer os vampiros, as criaturas da noite. Quando se mata pela primeira vez, você perde todo o receio dentro de si, para se sentir pena, para de pensar coisas como “ele poderia ter uma família”. Mas, não! Eles não têm família, eles escolhem virar monstros, e, bem, ou se alimentam das pessoas do próprio laço familiar, para suprir a necessidade, ou simplesmente fogem, vão embora, param de dar notícias, forjam a própria morte, e só voltam para cidade décadas depois, quando finalmente tem a certeza de que não sobrou mais ninguém.

Acho que chego a acreditar que, os vampiros quase são como os seus caçadores, não têm pena na hora de matar. A diferença, é que matamos porque precisamos, e eles por puro prazer.

Quando são transformados, logo nas primeiras semanas, eles ainda têm um pouco de humanidade, sentimentos, o medo de matar, de beber coisas estranhas. Isso, somente até a primeira alimentação, que leva até uma morte de um mortal inocente. Exatamente por isso escolhi fazer o que faço hoje, é por isso que a maioria de nós escolheu ser um caçador. Mas aí você chega, e vem me contestar, que é exatamente o que você está fazendo agora. Você pensa que uma vida de imortalidade é simplesmente perfeita; não envelhecer, ser lindo para sempre, ter um amor eterno, não ter que se preocupar com o dia de amanhã, porque você sabe que vai estar vivo apesar de tudo.

Mas aí meu amigo, você se esquece que é um monstro, que mata, pelo simples prazer de matar. Tira vida de pessoas que nunca fizeram nada para você. Você vira um sugador de sangue, que depois da primeira morte, esquece quem foi. E você não vai ter um amor eterno, porque eu acredito que esses monstros não têm sentimentos. Você vira uma pessoa que para de se importar.

Mas, chega disso, quando conhecer um vampiro, vai me entender. Ou então, vire um vampiro, e me prove o contrário. Só digo uma coisa da qual tenho certeza: Eu prefiro morrer a virar uma vampira.

– Mel? – ouvi duas batidas leves na porta e logo a cabeça do Jeremy aparecendo; ele entrou e se sentou ao meu lado na cama, mexendo em meus cabelos.

– Por que acordou tão cedo? – virei para o lado e ele se deitou ao meu lado, de frente para mim, apoiando a cabeça na mão. Ele sorriu de canto e revirou os olhos. – O que foi? Disse alguma coisa errada?

– Não está cedo, Mel. São... – ele se virou para o lado, olhando no relógio que ficava no meu criado-mudo. – Quase dez horas. Vim te perguntar uma coisa. Vamos sair hoje?

– Eu não quero sair Jer... Prefiro ficar em casa hoje, não estou me sentindo bem...

– Largue de conversa Melody, vou ao cinema com uns amigos, acho que gostaria de ir, vai ser divertido, você chegou faz dois dias, e a única coisa que fez foi participar de um jantar de negócios totalmente entediante do meu pai e ficar aqui nesse quarto. – ele deitou de barriga para cima e segurando minha mão entre as suas, mexendo nos meus dedos. – por favor, Mel, faz tempo que não saímos.

Respirei fundo, e pensei por um momento. Sinto falta de sair com meu primo, conheço até alguns dos amigos dele, mas... Não era isso que eu tinha planejado para hoje, mas... Que mal faria eu sair por um tempo? Só para me distrair.

– Tudo bem Jer, vamos sair hoje. – lancei um sorriso doce na direção do moreno, que retribui da mesma forma, com uma quantidade enorme de animação.

– Então se arrume, vamos pegar a sessão das 14h. – ele disse quase se levantando, mas eu segurei o seu pulso e o puxei, fazendo com que o garoto caísse por cima de mim, e se apoiasse nos braços, que estavam posicionados ao lado do meu rosto. Jeremy ergueu uma sobrancelha.

Nossos rostos, a centímetros de distância, a respiração dele batendo em meu rosto, e nos encarávamos nos olhos, se eu já tinha reparado no quanto o meu primo havia ficado bonito? Não, até agora, até esse momento. Momento clichê não é? Que sempre vemos em filmes e tudo o mais, e agora seria o momento nós dois nos beijaríamos, só que eu tenho que te lembrar que esse que está em cima de mim é Jeremy Sparks, o meu primo. Então eu tenho que acabar com isso.

– Desculpe. Mas, por que tenho que me arrumar agora, dez horas, se vamos para sessão das duas horas?

– Você sabe como é; mulheres demoram. – ele riu e pegou impulso nos braços, se levantando e saindo do quarto. Limitei-me a revirar os olhos e me levantar, seguindo mecanicamente para o banheiro e ligando o chuveiro, deixando a água para esquentar, enquanto eu escovava os dentes e prendia o cabelo em um coque desarrumado, porém firme. O dia estava frio, portanto eu não lavaria o cabelo, somente iria me dar mais trabalho e a chance de Jer me dizer que ele estava certo quanto sua teoria de que mulheres demoram. Peguei uma toalha no armário e coloquei perto do Box, me despi e entrei, sentindo o vapor da água contra o meu rosto.

Deixei que a água corrente levasse tudo de ruim que atormentava meus pensamentos embora pelo ralo. A angústia sumindo aos poucos, a leveza me invadindo e a calmaria do momento. Passei por volta de quinze minutos debaixo d’água, antes de me enrolar na toalha e soltar os cabelos, que caíram de um modo que eu gostei, resolvendo assim não penteá-los. Saí do banheiro, o vento frio contra minha pele. Fechei os olhos de leve, e passei as mãos pelos braços, tentando em vão aquecê-los. Caminhei até a janela, e as fechei com força, sem nem olhar para a vista que ela me proporcionava.

Peguei o controle do aquecedor, que se encontrava sobre a cômoda, e o liguei, me jogando na cama de toalha e tudo, fechando os olhos e me deixando viajar por um momento, sem ter olhos para me incomodar, e me enlouquecerem aos poucos. Eu poderia dormir... dormir de verdade, profundamente, sem sonhos, pesadelos, Charles, sem imaginar como a minha mãe deveria ter morrido, sem a estranha sensação de que minha casa pode ser invadida, ou que eu vou perder o resto das pessoas com que amo e me importo.

– Melody, acorde... – ouvi uma voz distante, perdida no meio de toda a escuridão, e alguma coisa me balançando; notei em seguida que tinha adormecido, e aquela era Anne, tentando me acordar. Resmunguei levemente e cocei os olhos, abrindo-os em seguida, encarando o rosto de minha tia. – Está na hora do almoço querida, fiz o seu prato preferido. Jeremy me avisou que vocês dois vão sair com uns amigos, acho que seria bom se arrumar logo. Desça quando estiver pronta Mel. – ela beijou minha testa e deixou o meu quarto, fechando a porta atrás de si.

Levantei-me e fui até o closet, agarrando uma calça jeans e camiseta de manga comprida, juntamente com um lingerie vinho. Alcancei os meus All Star debaixo da cama, e corri atrás das meias. Vesti-me e sentei na cama, calçando as meias e arrumando os tênis. Parei em frente ao longo espelho de corpo inteiro que havia no quarto, encarando-me.

Saí dali e peguei minhas maquiagens, deixando-as na cama, pegando um lápis de olho preto e delineador, passando um batom vermelho nos lábios, e amarrei o cabelo em um rabo-de-cavalo alto. Agarrei a minha bolsa e coloquei as coisas necessárias lá, parando por um momento e me sentando no chão.

Seria errado se eu colocasse umas armas na bolsa? Acho que não, né? Afinal, caçadores de vampiros precisam de defesa, podemos ser atacados... Ou ver algo acontecendo, nunca se sabe.

Portanto coloquei uma lâmina por dentro da manga da blusa, um punhal por dentro do All Star e da calça, e um canivete na bolsa, fechando-a em seguida. Eu sentia falta do colar. Charles havia o levado embora. Eu sentia ódio daquele vampiro. O colar era de minha mãe.

Respirei fundo e saí do quarto, seguindo direto para cozinha, antes largando a bolsa no sofá da sala.

– Oi gente. – cumprimentei-os ao meu sentar à mesa, ao lado de Jer, dando um beijo em sua bochecha.

– Boa tarde, Mel. – ele sorriu, assim que terminou de mastigar. – Ah, a sessão do filme mudou para as da 16h, tudo bem?

– Ah, ok Jer, enquanto esperamos podemos fazer compras.

Ele fez uma cara sofrida e eu ri enquanto colocava a comida no prato.

– Temos mesmo que fazer compras nesse meio tempo? – ele olhou pra mim com cara de pidão.

– Claro! Preciso de umas roupas, e opinião masculina. – dei tapinhas em suas costas, levando uma garfada até a boca.

– O dia vai ser loooooongo... – ele meio que deitou na cadeira, mas isso até a tia Anne mandar ele se sentar direito.

(...)

– Esse ficou bom Jeremy? – perguntei ao sair do provador usando um vestido preto.

– Tá bonito... – ele disse com o queixo apoiado sobre o punho, e o cotovelo estava sobre as pernas.

– Jeremy Sparks, você disso isso pros cinco anteriores. – cruzei os braços na altura do peito.

– Exatamente! Esse é o sexto vestido! Mel, não é divertido ficar sentado esperando você sair daí usando um vestido que só muda a cor.

– Mentira. Não muda só a cor, o modelo também. – fiz bico.

– Pra mim é a mesma coisa. – ele disse dando de ombros e rolando os olhos. Bufei irritada, pensando “que bela opinião masculina eu fui arrumar.” – Mas se serve de consolo prima, eu gostei mais desse aí.

– Obrigada. – lhe lancei um sorriso sem dentes e voltei para o provador, retirando o vestido e vestindo minhas roupas anteriores, arrumando as armas nos lugares adequados.

Saí do provador e Jeremy se levantou prontamente.

– Podemos ir embora? – ele me olhou com a mesma cara sofrida da hora do almoço, fazendo-me revirar os olhos.

– Só vou pagar o vestido e já vamos. – saí andando.

– Te espero lá fora! – ele nem me esperou responder e já estava quase na porta. Meu primo é ótimo, não é?

Paguei o vestido e saí da loja com a sacola, encontrando Jeremy conversando com os possíveis amigos dele. Aproximei-me com certo receio, e Jer logo me notou ali, me abraçando de lado.

– Lembram-se da Melody? – ele beijou minha bochecha e os caras assentiram.

– Er... Desculpem-me, mas eu não lembro o nome de vocês... – falei sem graça e o Jeremy riu.

– Viu o tanto que vocês são insignificantes? Quando eu falo vocês não acreditam. – disse e levou um empurrão do garoto ruivo.

– Eu sou o Scott. – ele estendeu a mão e eu apertei, o cumprimentando.

– Oi Scott, eu sou a Mel. – sorri e soltei sua mão. Ele riu.

– Eu sei, o idiota do seu lado falou. – Jeremy fechou a cara e dessa eu tive que rir.

– Olha quem fala. Como se você fosse muito normal, não é?

O outro garoto, que estava ao lado o Scott, somente ria e negava com a cabeça, eu nada falava, só ria da discussão idiota dos dois. O outro garoto – que possuía cabelos pretos e olhos incrivelmente verdes, que dependendo da luz, percebi que também poderiam ser castanhos, bem claros – se aproximou, e disse com a sua voz rouca e baixa, e um sorriso de canto moldando os lábios:

– Prazer em conhecê-la novamente, Mel. Eu sou o Daniel. – ele depositou um beijo em minha bochecha e se afastou novamente, como se nada tivesse acontecido. Mas aquele garoto era interessante demais... Não me esqueceria dele; não tão rápido.

Vi ao longe um garoto se aproximar, ele vinha em nossa direção. Calça jeans, uma blusa preta com escritos em vermelho e All Star. O cabelo preto caia sobre os olhos e ele vinha falando ao celular, a pele do rapaz tinha o perfeito tom entre o bronzeado e o pálido, ele era alto e era possível perceber alguns músculos. Não pude ver a cor de seus olhos, pois ele ainda estava distante. Quando já estava mais perto de nós quatro ele desligou o telefone.

– Disse que já está chegando. – disse sem nos olhar ainda.

– Ah! Ótimo! – disse Scott, e pela primeira vez o moreno nos olhou. Seus olhos eram escuros, bem escuros. Chamavam a atenção. Eram penetrantes, intensos, e se te encarasse demais, juro que devia parecer que não havia segredos. E ele me encarou. Eu o analisava, e ele fazia o mesmo comigo. Ele tinha uma expressão séria, firme, mas um sorriso estava em seus lábios, um sorriso torto. Seus lábios tinham uma cor rosada, de dar inveja, e seu lábio inferior chamava atenção. Seus incríveis olhos, olhos irresistíveis, passeavam pelo meu rosto, tentando, talvez, guardar os detalhes, ou por pura curiosidade. Ele tinha cílios um tanto quanto longos, e eram bem pretos.

– Qual o seu nome? – ele me dirigiu a palavra e o seu sorrisinho aumentou.

– Melody Sparks e o seu, qual seria? – estendi a mão.

– Prazer em conhecê-la. Suponho que seja prima do Jeremy... – ele apertou a minha mão, e alguma coisa não estava certa ali. – Ethan Williams. – sorriu, agora mostrando os dentes. Branquíssimos, e retinhos. Simplesmente perfeito.

– Então... – Jeremy se meteu e eu o encarei. – vamos lá comprar os ingressos? – o garoto mal esperou nossa resposta e já saiu andando até a bilheteria. Rolei os olhos e o segui, com os garotos ao meu lado.

– Mel, pode ir comprar as pipocas? – pediu Daniel, e eu assenti, Scott decidiu que iria comigo, alegando que eu não iria conseguir segurar tudo sozinha. Em partes o garoto até poderia estar certo. Só que eu não gosto de parecer frágil ou incapacitada, fazer o quê.

– Pessoal, ele disse que só vai poder vir mais tarde. – Ethan nos informou sobre o seu amigo, e guardou o celular no bolso. Dei de ombros e fui até a fila da pipoca, mesmo assim consegui ouvir a conversa dos garotos.

– Assim ele vai perder metade do filme. – argumentou Daniel.

– Ele disse que não se importa, eu compro o ingresso dele e entrego quando ele chegar. Relaxa.

Quando chegou a minha vez de fazer o pedido, pedi duas pipocas mega e um refrigerante grande para cada um. Acho que ia dar, qualquer coisa poderíamos sair no meio do filme para comprar mais. Eu fui levando as pipocas e Scott se virava com os refrigerantes. Já estava me aproximando dos meninos quando meu tornozelo virou e eu ia deixar as pipocas caírem, quando o Ethan, o mais distante de todos, correu e me ajudou.

– Quase, hein? – ele sorriu e pegou uma das pipocas. – Perderíamos nossas pipocas com o quase tombo.

– É... – assenti quase que mecanicamente, enquanto a minha mente montava um quebra-cabeça de informações. Não poderia ser.

Respirei fundo e soltei o ar pela boca devagar.

– O filme vai começar, vamos logo. – disse Daniel, e saiu andando, eu somente fui atrás, calada, sozinha em minha mente, com meus infinitos pensamentos.

(...)

Já havia passado uns vinte e cinco minutos quando Ethan se levantou e saiu. Bem, era agora não é? Aproximei-me do meu primo e disse em seu ouvido um “vou ao banheiro, não estou me sentindo muito bem, qualquer coisa eu vou para casa.” Ele, concentrado demais no filme, só assentiu.

Levantei e saí, levando junto a minha bolsa. Saindo da sala ainda consegui ver a silhueta de Ethan caminhando em direção à saída do shopping, sem nem pensar duas vezes eu o segui, com uma cautela impressionante. Ele virou à direita quando passou pela porta e andou mais um pouco, indo até o estacionamento coberto. Assim que ele entrou lá, corri até o garoto e o joguei contra a parede, ninguém iria nos ver, pois era a parte mais afastada. Em um movimento de pulso, peguei a lâmina da blusa.

– Você acha o quê? Acha que sou idiota, Ethan? – pressionei a lâmina contra a sua jugular, enquanto a outra mão segurava seus cabelos e deixava a cabeça do garoto contra a parede.

Ele levantou um braço, devagar, e agarrou o meu, lançando-me contra um carro em sequência do movimento. Bati a cabeça no capô, mas mesmo assim eu me levantei.

– Sabe o que eu acho, Mel? – ele falou o meu nome de forma provocativa, e se aproximava em passos lentos e certeiros. – Acho que você é idiota sim. – senti o meu sangue ferver e corri até ele, empunhando a lâmina. Tentei acertar o seu ombro com ela, mas ele desviou. Ethan segurou o meu cotovelo e me puxou para trás, e eu perdi o equilíbrio, e saí dando passos em falso. Dessa vez, era eu quem estava contra a parede.

– Idiota por ter vindo atrás de mim sozinha... – ele disse perto de meu rosto, e sorriu. Aqueles dentes brancos e perfeitamente retos viraram presas, e ele se aproximava de meu pescoço.

Ele passou o nariz pela pele fria e branca de meu pescoço, e riu. Odiei-me internamente por me arrepiar quando senti sua respiração tão perto. Coloquei as mãos em seus ombros e acertei uma joelhada em seu estômago. Ethan se curvou e afastou três passos. Segurei o seu pescoço e apertei, dando uma rasteira no garoto em seguida.

Subi em cima do moreno e segurei seus pulsos, os puxando pra mim, enquanto meu pé estava abaixo de seu queixo, o sufocando. Ethan se debatia tentando, em vão, se soltar.

– Sinto discordar, mas, o idiota aqui, é a sua pessoa Sr. Williams, por vir aqui sozinho. – pressionei mais o meu pé contra ele. O garoto por sua vez, lançou-me um sorriso amargo e seus olhos se fixaram em algo atrás de mim.

– Ele não está sozinho. – ouvi uma voz, masculina, bem familiar. Mãos firmes seguraram meus braços e fui tirada de perto de Ethan. Quando me virei, vi que era Charles, mesmo de costas, eu podia saber. Ele estava ajudando Ethan.

Engoli seco. Eu não conseguia lutar contra do Charles, quase morri da última vez, e agora também havia o Ethan. Respirei fundo e soltei o ar pela boca, e apertei o punho da faca. Se eu vou morrer, que eu morra lutando.

Charles se virou, com aquele sorrisinho cínico.

– Você de novo? Bem, você entende que agora eu vou ter que te matar, não é? – ele se aproximava e Ethan ficava no mesmo lugar, somente observando. Segurei a faca com mais firmeza e as pontas de meus dedos já estavam brancas. – Você não se cansa? – em um movimento rápido ele correu para trás de mim, e segurou os meus braços, lançou a faca para Ethan, que a guardou e se retirou do local. Ele voltaria para o cinema. Jeremy...

Pisei no pé de Charles e dei uma cotovelada em seu peito. Quando ele me soltou por completo, chutei o seu queixo, sem baixar a guarda. Ele passou a mão pelo local e fixou seu olhar em mim. Peguei meu punhal de dentro to tênis, e aproximei-me do vampiro.

Fixei-o em seu abdômen e preparei para lhe dar outro soco. Mas ele segurou meu pulso, retirou o punhal do corpo e a lançou longe, e eu só pude ouvir o tilintar dela caindo no chão. Virei meu rosto na direção do barulho, mas fui forçada pela mão de Charles a voltar a olhá-lo.

– Quero ver quanto tempo vou levar para fazer você clamar por misericórdia para mim antes do brilho dos seus olhos desaparecer para sempre. – ele disse e deu um sorriso torto.

– O tempo? Uma vida inteira. – disse sem deixar a voz vacilar e mordi a sua mão com o máximo de força que tinha. O vampiro gritou e me largou. Aproveitei para correr atrás da única forma de defesa que eu teria no momento. Só não esperava que um carro viesse em minha direção nesse momento.

O impacto contra o meu corpo foi tão grande que fui lançada para longe, e minha cabeça bateu no chão. E eu fiquei lá, incapacitada, eu não conseguia me mexer. Estava estirada no chão. Virei minha cabeça para o lado devagar, e vi o sangue no chão. O meu sangue. Ao longe, estava Charles Beaumont, me encarando, escorado em um dos carros do estacionamento. E isso foi a última coisa que eu vi antes da minha visão escurecer. Antes de eu morrer, acredito.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem.
Beijos *-*