Os Legados de Hogwarts - Os Sinais Das Trevas escrita por Hannah Mila
Foi duas semanas antes das férias de Natal que a segunda frase apareceu.
Logo embaixo da primeira, que avisava ao herdeiro de Potter para tomar cuidado, surgiu uma segunda mensagem em runas, também escrita com sangue. A professora McGonagall chamou Tiago no almoço, e dessa vez ele foi sozinho, o que a diretora obviamente estranhou, mas não discutiu.
Enquanto isso, na mesa da Grifinória, uma coisa boa acontecera: Mary, Escórpio e Rosa voltaram a falar com Hannah e os outros.
– O que será que ele escreveu agora? - perguntou Mary inclinando-se para ninguém mais ouvi-los. Hannah arregalou ligeiramente os olhos – Ainda estou chateada com você, Hannah. Muito, muito, mas muito chateada. Mas somos todos amigos de Tiago, e é burrice se afastar em um momento que ele precisa de nós.
Hannah assentiu levemente, e ainda parecia perplexa quando Rosa disse:
– Voldemort não é só um inimigo, ele é ardiloso. Esperto. Ele tem um plano, e Tiago faz parte dele.
– O Herdeiro poderia ser outra pessoa, não poderia? - perguntou Alvo – Eu, Lily ou até mesmo Teddy.
– Mas Tiago é o primogênito – argumentou Escórpio.
– Sim, mas eu sou o líder – disse Alvo – E sou um Potter. É possível que Voldemort queira a mim, ou até mesmo a nós dois.
– Vai ver ele esperava que o Sr Potter tivesse só um filho – arriscou Michael, mordendo um pedaço do seu pastelão. Hannah deu um tapa em sua cabeça, fazendo ele se engasgar com a comida.
– Como você consegue ficar tão desencanado numa hora dessas? - ela estava praticamente histérica. Preocupada com Tiago, imaginou Alvo. Mas... Bem, preocupada até demais.
Michael se desengasgou antes de responder:
– Me desculpe se quero que vocês riam um pouco! Vocês nunca se deram conta que a última vez que agimos como crianças de 12 e 13 anos foi mais ou menos nunca? Sinto muito se é um mal momento, mas sempre é um mal momento.
Foi como se alguém jogasse um balde de água fria neles. Pela primeira vez, eles viram que tudo sobre o que conversaram era o Caliginem, e seus problemas, e as marcas na parede, e se lamentar sobre suas vidas.
– Bom – murmurou Mary, e Alvo percebeu que ela sorria – Vamos dar um jeitinho nisso depois – ela piscou para eles, e não foi precisa ligação mental alguma para entederam o que ela quisera dizer.
Eles ficaram em silencio enquanto aproveitavam seu almoço, até Tiago chegar. Nem se sentou, parecia atordoado demais para fazê-lo.
– Tiago? - chamou Michael – Você está bem? Vivo conta.
Tiago nem piscou, mas disse:
– Eu vou contar para vocês – ele olhou em volta apreensivo – Mas não aqui.
Eles assentiram e levantaram, seguindo Tiago até a Sala de Hogwarts.
– Certo, o que foi? - perguntou Alvo enquanto eles se sentavam nos degraus da Sala.
– Ninguém mais pode saber – falou Tiago.
– Dã – disse Michael – Diga logo.
– Jurem que é um segredo – respondeu o ruivo.
Alvo e Hannah tentaram não se entreolhar.
Os seis juraram, olhando preocupados para o amigo.
– Certo – Tiago assentiu – É o seguinte: apareceu outra mensagem dizendo que “o momento de libertação está próximo”. Logo ao lado dela, tinha outra, mas parecia que só eu podia vê-la. Não vê-la... Desvendá-la. McGonagall via a mensagem, mas não podia entender de jeito nenhum o que estava escrito. Na verdade, se ela olhasse para o lado, ela dizia que a mensagem desaparecia. Então suponho que a magia de vingança dele já tenha “identificado” o Herdeiro de Potter. Ou seja, eu.
Os outros seis se entreolharam apreensivos.
– Bem... - falou Mary.
– O que? - perguntou Tiago, e depois franziu a testa – Peraí, voces estão se falando?
– Você não acha que o Herdeiro poderia ser outra pessoa? - Rosa desviou o assunto – Estivemos conversando... Talvez possa ser Alvo, Lílian, até Teddy, quem sabe...
Por um segundo, Tiago pareceu convencido, mas então sacudiu a cabeça dizendo que não.
– Não, ele já me escolheu – disse – Eu não vou por nada nos ombros de Teddy, Alvo e principalmente Lilian.
– Ela não precisa ser como nós – murmurou Alvo, e Tiago assentiu.
– Eu tenho uma pergunta – falou Michael, levantando a mao como se estivesse na sala de aula – Por que devemos manter isso em segredo?
– Número um: - falou Tiago – as pessoas me achariam louco. Número dois: não precisamos desesperá-las mais ainda. Número três: - ele sorriu – mamãe vai ter um piripaque. Então, nenhum piu. Agora vamos, estou faminto.
Eles sorriram de leve, e saíram da Sala de volta para o Salão.
Havia algumas vantagens em ser quem eles eram. A melhor de todas: a capacidade de Escórpio de construir catapultas que atiravam bolas de neve.
– Ai! - gritou Trina quando uma bola a atingiu – Bolas de neve deviam doer assim?
– Trina está fora! - gritou Escórpio, que era o juiz do jogo de queimada com bolas de neve que eles estavam jogando – Ei, Fred, isso não vale!
Fred estava usando pessoas como escudos.
– É claro que vale! - disse Fred – Na guerra e no amor, vale tudo.
– Tocante – falou Hannah, e puxou Fred para sua frente, protegendo-se da bola de neve.
– Ei, isso não vale! - gritou Fred tirando a neve do seu suéter. Os outros riram.
Deviam estar pelo menos metade de Hogwarts nos grandes jardins da escola. Menos, é claro, sonserinos. Hagrid estava observando-os de sua cabana, e deu um grande sorriso embaixo da barba quando Alvo e os outros acenaram para ele.
O jogo era assim: toda hora, as três catapultas de Escórpio atirava umas vinte bolas em diferentes direção. Quem era acertado saía. Quem saía, tinha que ajudar a por bolas de neve na catapulta. O vencedor ganharia um doce qualquer que ele quisesse da loja Dedosdemel em Hogsmeade.
Alvo já estava fora; Tinham restado apenas Hannah, Fred, Michael, Lavie, Andrew Owl, um corvinal quartanista, e Jill Oxford, uma grifinória segundanista pequena e ágil.
– Ui! - a bola de neve acertou Hannah – Trina estava certa, isso dói!
– Hannah, fora – Escórpio sorriu – Tem só cinco agora! Fogo!
As catapultas soltaram mais vinte bolas de neve cada uma, que saíram voando para todos os lados.
– Andrew, fora! Lavie também! - gritava Escórpio tentando acompanhar quem foi acertado e quem não foi.
Três bolas de neve atingiram Michael de uma vez, e ele caiu de bunda no chão. As bolas de neve pararam.
– Certo, só tem mais dois agora – falou Escórpio – Fred, Jill, boa sorte. Fred, não trapaceie.
– Ah! - exclamou o Weasley desapontado.
– Menos uma catapulta – falou Escórpio, e os que haviam saído se apressaram em arrumar as duas outras.
– Ah, que bonitinho – Alvo já tinha cansado há tempos da vozinha aguda de Patrícia Zabini, mas ainda continuava ouvindo-a. Patrícia e a gangue vinham andando para eles, com cara de desprezo – Escórpiozinho está dando ordens para os seus amiguinhos, é? Não era bem isso que o seu pai queria, mas até que serve.
Escórpio cerrou as maos em punho.
– Se quiser, eu peço as eles para direcionar as catapultas pra voces – disse o louro – Mas seria muito infantil – ele se virou para a garota de cabelos pretos que havia entrado esse ano, Megahan Parkinson – , não seria, Meg?
– É Megahan pra você, Escórpio – falou Megahan.
– É Malfoy pra você, Meg – falou Escórpio. Os outros os observavam curiosos – Vão embora ou eu conto seu segredinho.
Meg – quer dizer, Megahan – empalideceu tanto que pareceu transparente. Vincent deu um passo ameaçador à frente, mas Megahan o impediu.
– Vamos – murmurou ela – Não vale a pena.
E com olhares de ódio mútuos, os sonserinos saíram e eles voltaram com a brincadeira.
– Certo – falou Escórpio, ligeiramente tenso. Então, sorriu e gritou: - Fogo!
Fred não estava prestando atenção – ainda olhava com ódio para os sonserinos ao longe – e foi enterrado por dezenas de bolas de neve. Jill deu um grito de vitória.
– Vocês vão me pagar quilos de sapos de creme de cereja! - gritou ela, animada, e os outros riram.
Aos poucos, os alunos foram indo embora, Jill ainda comemorando. Sobraram apenas Alvo, Escórpio, Mary, Hannah, Tiago, Michael e Rosa. Eles desmontaram as catapultas – feitas de tábuas de madeira cedidas por Hagrid – e sentaram-se em cima das tábuas amontoadas. Michael, Hannah e Mary faziam anjos de neve no chão.
– Foi ou não uma tarde digna de crianças? - perguntou Mary sorrindo.
– Brilhante, May – falou Michael – Não me divirto assim há meses.
Os outros concordaram e sorriram. Logo, começou a nevar e eles voltaram para dentro, ainda sorrindo.
– Mike – chamou Tiago, mordendo a ponta da pena – “Com quantos anos o unicórnio fica branco-perolado?”
Os sete estavam na Sala de Hogwarts, fazendo os deveres, como costumavam fazer. Em uma reunião dois dias antes entre Alvo, Rosa, Escórpio, Michael e Tiago os cinco concordaram que deviam dar um jeito de fazer Hannah e Mary voltar a se falarem. Passo um: voltar a fazer os deveres de casa juntos.
– Sete – respondeu Michael – A essa altura, faltam apenas três anos para ele virar adulto. Hannah, qual é a época certa para colher plantas carnívoras?
– Lua nova de outuno – disse Hannah prontamente – Mas eu não colheria se fosse você. Al, pra que serve o ver-di-mi-li-o-us? - ela perguntou, lendo o feitiço lentamente.
– Detectar objetos das Trevas – respondeu Alvo – May, qual é o movimento certo para conjurar um feitiço desilusório?
– Uma estocada no objeto a ser feito o feitiço – respondeu Mary. Então, largou a pena e levantou a cabeça. Em seus olhos, Alvo identificou confusão, dor, medo e fragilidade – Só eu que não tenho conseguido dormir por causa das mensagens de Você-Sabe-Quem?
Como se existisse outra resposta para essa pergunta. Ninguém conseguia pregar o olho à noite desde o Halloween.
– Bom, voces não deviam estar se preocupando com isso – disse Tiago – Sou eu quem ele quer, não é?
– É, mas nós somos suicidas e vamos te ajudar – retrucou Michael.
– Tiago – chamou Rosa – Você disse que era o único que conseguia desvendar aquela mensagem – Tiago assentiu – E você conseguiu?
Tiago abriu a boca como se não tivesse resposta.
– Bom... Não é como se eu quisesse ir lá mais uma vez, não é?
Rosa olhou feio para ele.
– Espera aí – falou Alvo – E se fosse melhor a gente não desvendar esse negócio? Quer dizer, estamos falando de Voldemort.
– Mas e se a gente não desvendar, algo pior pode acontecer – observou Mary.
– Como sempre, Mary está certa – falou Escórpio – Temos melhores chances desvendando as mensagens do que ignorando-as.
– Voltem – falou Hannah – Como Alvo disse, estamos falando de Voldemort. Voldemort, o Lorde das Trevas, maior bruxo das trevas de todos os tempos. E, convenhamos, ele não é do tipo que sai por aí matando todo mundo sem um plano.
– Ele tem uma estratégia – concordou Alvo.
– Peraí – disse Michael – Estamos mesmo considerando a ideia de que Voldemort ainda esteja vivo?
– É claro que não, Mike – discordou Rosa – McGonagall disse que era uma magia de vingança muito, muito antiga. Eu posso tentar pesquisar sobre isso depois, para ver como funciona.
– Não pode funcionar sozinha – observou Alvo – Alguém deve tê-la invocado.
– Alguém de dentro ou alguém de fora? - perguntou Escórpio.
– Vamos ter que lidar com outro traidor? - resmungou Tiago.
– Talvez – Hannah mordeu o lábio – Voldemort ainda tem seguidores fieis soltos.
– Como meu avô – disse Escórpio – E os amigos dele.
– Seu pai também era um Comensal, não era? - perguntou Mary.
– Era, mas odiava ser – respondeu Escórpio – A única coisa que eu admiro nele.
Todos suspiraram. Pela primeira vez em várias semanas tinham um debate tão acalorado.
– Certo – disse Tiago quebrando o silencio – Rosa vai adorar o que devemos fazer – Rosa lançou um olhar estranho para Tiago, que sorriu – Vamos ter que pesquisar, e muito.
– Ele está certo – falou Hannah – O quanto mais soubermos sobre o que vamos enfrentar, melhor.
– Rosa e Alvo, vocês pesquisam sobre a magia de vingança – disse Tiago – Tudo o que puderem... E até o que não puderem – Alvo deu um sorriso e Rosa assentiu.
– Eu e Michael vamos estudar as Runas – continuou Tiago – E tentar traduzi-las.
– Tentar – enfatizou Michael.
– Escórpio, Mary e Hannah vão pesquisar sobre os Comensais soltos e os possíveis invocadores do feitiço – disse Tiago. Mary e Hannah se entreolharam indecisas, mas ambas assentiram – Daqui a uma semana voltamos aqui e contamos o que descobrimos.
Os sete sorriram uns para os outros.
– Convenhamos – disse Hannah – Somos uma bela equipe.
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