Os Legados de Hogwarts - Os Sinais Das Trevas escrita por Hannah Mila


Capítulo 8
"Juro que é um segredo"


Notas iniciais do capítulo

EEE, tem alguém lendo a fic!!
Obrigda Vivity Car, dedico este cap a vc.



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Juro Que É Um Segredo”



Tiago tombou a cabeça para o lado, como fazia quando estava confuso.

– O Herdeiro... de Potter? - falou debilmente, e McGonagall revirou os olhos e disse:

– Sr Potter, caso ainda não tenha entendido, isso é uma magia antiga de vingança após a morte. Você-Sabe-Quem...

– Voldemort – murmurou Tiago.

– Não diga o nome dele! - exclamou a professora – Você-Sabe-Quem fez um encantamento para isso aparecer na parede determinado dia. Ele tem algo preparado para vingar de Harry Potter, e você faz parte desse plano.

– Como...? Mas... Ora bolas, ele nem sequer está vivo! - exclamou Tiago.

– Não – concordou McGonagall – Não, não está. Mas ele certamente deixou algo preparado para o caso de morrer. Até mesmo ele sabe sobre o poder de profecias.

Alvo e Escórpio se entreolharam nervosos. Alex Martin proferira uma profecia no ano anterior que dizia que tanto um quanto outro podiam liderar a guerra contra o Caliginem.

– E acho que ele esperava que seu pai tivesse filhos – continuou McGonagall – E já havia planejado todo um plano para concluir sua missão de extermínio de nascidos trouxas antes de morrer. E, como disse antes, você faz parte desse plano.

– Em que sentido? - perguntou Tiago – Eu vou ser manipulado, vou ser usado de isca, vou ser a primeira vítima...?

– Ninguém sabe – falou a diretora – Mas, como diz a mensagem, é bom ter cuidado.

– Não vou fazer nada que Voldemort disser – resmungou Tiago irritado.

– Mantenha os olhos abertos, Potter – disse McGonagall ríspida – Você estará sozinho desta vez.

Isso pareceu acordar Tiago para o perigo.

– Sozinho? - perguntou – Não, eu não posso ficar sozinho. Eu não sou nada sozinho.

– Sinto muito, Potter, mas...

– Não, professora, você não entende – Tiago já estava desesperado agora – Eu passei 13 anos da minha vida miserável sendo divertido e bagunceiro para esconder o quanto eu sou dependente e frágil. Se eu tiver que destruir o que quer que Voldemort tenha reservado para mim sozinho, eu não vou conseguir.

Suas palavras atingiram todos em cheio. Eles ficaram em silêncio, e então McGonagall falou:

– Bem, Tiago – o garoto a olhou surpreso. Ela sempre o chamara de Potter – Vamos fazer o máximo para ajudá-lo, se assim desejar.

E saiu apressada. As crianças ficaram lá, em um silêncio constrangedor, todos olhando para Tiago, que massageava as têmporas, tentando relaxar.

– Ei, não se preocupe – falou Escórpio – Você não está sozinho. Está com a gente, aconteça o que acontecer.

– Não – falou Tiago.

– Não o que? - perguntou Alvo.

– Eu não vou deixar vocês se meterem nisso, principalmente você, Al – respondeu Tiago – Você é meu irmão, vocês são meus amigos, é perigoso demais...

– E desde quando nós ligamos para o que é perigoso ou não? - perguntou Michael – Cara, nós lutamos com o Caliginem no meio de uma tempestade, entramos numa floresta pra lutar de novo com ele, combatemos skyleannas, desarmamos armadilhas, nos metemos em encrenca com os Zabini a cada dois segundos – Tiago não riu. Continuava massageando as têmporas, tenso.

– Certo, vamos parar com isso – Hannah foi até o ruivo e segurou sua mão. Ele arregalou os olhos, e Hannah pôs a mão de Tiago no peito dele – Você sente seu coração? - Tiago assentiu – Ele está rápido, não é? Porque você está assustado. Mas ele está forte, porque você se sente bem, se sente seguro de estar com a gente. Você não vai nos impedir de te ajudar. Você precisa de nós. Você não precisa fazer isso sozinho – ela soltou a mão de Tiago, mas ele manteve a própria no peito, sentido seu coração.

Eles ficaram em silêncio, embora seus pensamentos estivessem agitados. Quando Alvo estava começando a se sentir um pouco tonto pelo excesso de lembranças, Michael perguntou:

– É verdade o que você disse? - Tiago levantou a cabeça – Sobre ser dependente e frágil?

Tiago corou de leve, mas respondeu:

– Bom, digamos que ser assim não é exatamente bom para sua reputação. Dê uma olhada no Jonh Lucas.

Jonh Lucas era um segundanista da Lufa-Lufa muito atrapalhado e ligeiramente chorão, o que não dava uma reputação muito boa nem para ele nem para sua casa.

Leslie desenroscou-se das pernas de Michael e foi até Tiago, o observando com seu olhar curioso, e sibilou.

– Ela disse que você só precisa ser mais confiante – traduziu Michael.

Tiago sorriu e estendeu a mão para Leslie, que enroscou em seu braço.

– Por enquanto, eu só vou deixar isso pra lá – ele disse, mais para si mesmo do que para os outros, que assentiram.

E eles saíram daquele corredor sinistro.


A história do Herdeiro de Potter era para ser abafada. Filch até interditou o corredor do segundo andar com a inscrição em runas. Mas Michael comentou uma coisinha com Roxy, que contou para Fred, que sussurrou para Gabriel e Violeta Jordan, que mencionaram com Chyna Belle, que, sendo uma fofoqueira de carteirinha, anunciou para a escola inteira.

– Simplificando, é tudo culpa de Michael – concluiu Hannah quando os sete entraram no Salão Comunal, com 700 cabeças virando-se para eles.

Michael bufou.

– Tudo é sempre culpa minha... - resmungou enquanto os outros riam.

Leslie tentou sair do bolso interno da capa de Michael, mas foi logo empurrada para dentro. De acordo com Rosa, não havia nada no regulamento contra cobras de estimação, mas eles ainda estavam apreensivos.

– Leslie está curiosa – falou Michael, empurrando a cobrinha de volta para o bolso – E vocês sabem como ela fica quando está curiosa.

Sim, eles sabiam. Ela ficava a todo custo tentando matar sua curiosidade.

Eles ignoraram a cobra e continuaram seguindo. Escórpio nem se deu ao trabalho de ir à mesa da Sonserina. Encaminhou-se diretamente à da Grifinória, e ninguém estranhava mais aquilo.

Eles se sentaram, e Alvo, Tiago, Michael, Rosa, Mary e Escórpio tiraram embrulhos de baixo da mesa (que magicamente apareceram ali graças a alguns amigos septimanistas).

– Feliz Aniversário! - disseram a Hannah. Ela sorriu radiante. Era 2 de novembro, e a neve começava a se prender nos terrenos de Hogwarts. E, se havia coisa que Hannah gostava mais que seu cinto de Poções, era neve. Então, era o dia perfeito. Estava sendo um lindo café-da-manhã de domingo, até Hannah comentar:

– Ele está me olhando como se eu fosse Voldemort ou algo assim – ninguém precisou perguntar a quem ela se referia. Alvo virou-se e viu Cody fuzilando-os com o olhar – Cara, como eu quero fazer as pazes.

– Então, faça, inteligente! - exclamou Rosa, surpreendendo a todos – Deixe o orgulho de lado só um pouquinho!

Hannah olhou curiosa para a amiga por um segundo, mas depois levantou-se. E andou direto até a mesa da Sonserina. Por alguma razão que eles nunca descobriram, os outros sete foram atrás dela.

– Leon – chamou Hannah. Cody, que estava conversando com alguns colegas, levantou a cabeça meio surpreso – Podemos conversar?

– O que você quer, Hannah? – disse Cody, com os amigos todos olhando feio para os Grifinórios.

Hannah sentou-se ao lado de Cody. Os sonserinos arregalaram os olhos.

– Antes que vocês digam qualquer coisa, era aqui que eu devia estar sentando de qualquer jeito – argumentou Hannah, e ninguém disse nada. O Chapéu quisera, na verdade, mandá-la para a sonserina, mas ela pediu para ir para a Grifinória para poder ficar junto de Mary – A gente precisa conversar.

– Não tenho nada pra falar com você – disse Cody.

– É, eu também disse isso não muito tempo atrás.

Cody pareceu não ter uma resposta para isso, o que era muito estranho, pois ele era o Sr. Respostas Prontas. Vincent Zabini inclinou-se e sussurrou algo no ouvido de Cody. Os sete os olharam desconfiados quando Cody assentiu lentamente.

Um segundo antes, Alvo compreendeu o que iria acontecer. Cody pegou uma tigela de geleia de amora e virou na cabeça de Hannah, que fechou os olhos. Quando os abriu, a quantidade de ódio contida ali podia fornecer energia para toda a Terra, Marte, Júpiter, e mais um pouco.

– Ótimo – murmurou Hannah – Se você quer jogar, jogaremos.

Então, ela pronunciou três palavras que provocaram um pandemônio no Salão Principal:

– Guerra de comida!



– Eu não acredito que você fez isso! - gritou Rosa para Hannah enquanto elas entravam no banheiro.

Rosa, Hannah e Mary pareciam ter caído em uma lixeira. Comida, por mais saborosa que estivesse, estava grudada em suas vestes, seu corpo, e, principalmente, em seus longos e bastos cabelos. Quando elas se posicionaram na frente do espelho, Hannah se esforçou muito para não ficar furiosa.

É claro que ela queria apenas dar o troco em Cody. Ele resolvera jogar. Ele iria jogar. Hannah queria fazer as pazes com ele, mas ele não. Hannah queria... como é que Alvo falava? Abaixar o rei? Entregar o rei? Não, era entregar o jogo. Mas, nããão, Cody quis continuar jogando. Seja lá o que fosse.

– Cara – ouviu-se a voz de Tiago – Não sei o que é pior: a explosão da aula de poções ou isso.

As meninas viraram-se, e em sua frente, estavam os quatro garotos, em um estado tão limpo quanto elas.

– O que voces estao fazendo aqui? - perguntou Mary – Aqui é o banheiro das meninas.

– A gente sempre vem aqui, é mais limpo – respondeu Michael.

Escórpio levantou uma sobrancelha para Hannah.

– Guerra de comida, Aravis? - perguntou. Hannah deu de ombros – Sério?

– Não foi nem um pouco maduro da sua parte – comentou Rosa – Além de uma completa estupidez.

– Olha, eu sei que foi loucura – respondeu Hannah. Como é que Rosa sempre conseguia tirá-la do sério com aqueles comentários? - Mas é um jogo.

– Vocês estão obcecados – falou Mary.

– Ele está! - gritou Hannah, e os outros arregalaram os olhos – Ele quer jogar! Ele quer jogar para vencer! E ele é o ser mais competitivo em toda a face da Terra! - Hannah sentia a pele queimar, como acontecia quando ela ficava irritada – EU NÃO SOU ELE!

– Você pensa que não é! - gritou Mary, fazendo os outros cinco arregalarem mais ainda os olhos, por duas razão: a primeira era que Mary geralmente não gritava. A segunda era que Mary e Hannah nunca brigavam – Você pensa que não é como ele! Você não quer ser como ele! Porque vocês passam tanto tempo brigando que se esquecem de bons momentos! VOCÊS SÃO IRMÃOS, NÃO SE LEMBRA?

– DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ? - berrou Hannah. Ela podia apostar que podiam ouvir seus gritos do outro lado de Hogwarts, mas não se importava nem um pouco.

– EU ESTOU DO LADO DA RAZÃO!

– EU NÃO PEDI SUA OPINIÃO!

– VOCÊ NUNCA PEDE! - as lágrimas rolavam rápidamente pelas bochechas de Mary. Mesmo chorando, com os olhos vermelhos e inchados, ela era belíssima – EU SEMPRE FUI A AMIGA DE HANNAH SOTHERN! EU SEMPRE TENHO QUE TE AJUDAR QUANDO VOCE ESTÁ MAL, MAS VOCÊ FAZ O MESMO? VOCÊ PERGUNTA SE EU ESTOU BEM? POIS BEM, TODOS ME ODEIAM! EU SOU UM MOSNTRO, NÃO SE LEMBRA?

– TALVEZ SEJA MESMO! - gritou Hannah, e no mesmo instante tapou a boca com as duas mãos. Mary soluçava fortemente, olhando incrédula para Hannah.

– Certo – disse ela, amarguíssima – Se pensa assim, Majestade.

Ela fez um mesura e saiu do banheiro, batendo a porta. Hannah estava congelada. Majestade. Da mesma forma que Cody a chamou. Hannah sabia que era meio arrogante, mas tinha chegado a tanto? Mary não era como Cody, que se irritava facilmente com ela. Relembrando os momentos, Hannah percebeu que dissera coisas horríveis aos dois. Principalmente a Mary.

– Hannah – chamou a voz de Tiago, distante – Você... Você está bem?

Hannah sacudiu a cabeça. Era forte. Era uma das mais fortes naquele grupo. Não ia deixar coisas bobas a deixa-la para baixo.

– Sim – ela tentou recuperar uma expressão senão alegre, ao menos normal – Claro que estou. Vamos. Vamos sair daqui.


As semanas seguintes foram as piores que Alvo podia imaginar. Hannah tentava a todo o custo falar com Mary, mas esta não deixava. Sempre que Hannah entrava no local, Mary inventava uma desculpa para sair. E a separação das duas provocou a separação de todo o grupo.

Rosa parou de falar com Hannah e os outros e começou a andar só com Mary. Escórpio fez a mesma coisa. Tiago e Michael deixaram Rosa e Escórpio de lado e ficaram do lado de Hannah, mas Alvo estava dividido. Tiago e Michael eram como irmaos para ele, e Alvo realmente confiava em Hannah. Mas conhecia Rosa desde sempre, e Escórpio era seu melhor amigo. E, por mais que nunca fosse admitir para Hannah, Alvo sabia que Mary estava certa. Aquilo estava se tornando uma loucura.

Entre Hannah e Cody, havia piorado. Nem Cody nem Hannah queria parar de “jogar”, então a cada semana acontecia nova confusão, até que McGonagall disse aos dois: “Mais uma loucura dessas e estão os dois expulsos!”. Então, eles deram um tempo.

Toda essa loucura fez Tiago e Michael terem um terrível desempenho no jogo Grifinória e Corvinal. Corvinal venceu de 250 a 40. Vergonhoso.

E foi depois do jogo, no final de novembro, que a sala comunal da Grifinória estava exalando tensão. Os jogadores do time tinham ido “dormir” às três horas da tarde. Rosa e Mary estavam encolhidas perto da lareira, lendo um livro, e o resto da Grifinória estava esparramado nas poltronas enfiados em meio que um torpor. Alvo e Hannah estavam sem onde se sentar, então estavam de pé, enconstados na parede.

– Você não devia estar ali com elas lendo aquele livro? - perguntou Hannah amargamente. Alvo suspirou.

– Não sei – falou – É estupidez nos separarmos. E qual é a do negócio de “estamos juntos, aconteça o que acontecer”?

Hannah não respondeu. A sala foi esvaziando, até sobrarem apenas eles dois e um grupo de primeiranistas que estudavam.

Subitamente, Hannah virou a cabeça para Alvo.

– Al... Posso te perguntar uma coisa?

– O que você acha? - respondeu Alvo. Hannah deu um leve sorriso.

– Mas você não pode contar para ninguém. É meio idiota – falou ela.

Alvo levantou a mão direita em um juramento.

– Juro que é um segredo – disse.

Porém, antes que Hannah pudesse falar, eles se afastaram da parede, como se ela tivesse lhes dado um choque. Alvo viu os tijolos da parede se moverem silenciosamente, até formarem uma pequena abertura, mas grande o bastante para alguém entrar. Atrás dela, só a escuridão.

Alvo e Hannah olharam para trás. Os primeiranistas estavam absortos em seus livros. Miles Oxford dormia em cima de História da Magia, na verdade.

Hannah se abaixou para ver a abertura.

– É um túnel – murmurou, e estremeceu – Isso me lembra...

– Não pode ser dele – falou Alvo – Nunca ninguém viu uma lagartixa construindo túneis por aqui, não é?

Eles falavam do Caliginem, que tinha uma série de túneis em Hogwarts, construidos por sua cúmplice Lewanna Lamartine, uma animaga que ficara em Hogwarts sob a forma de uma lagartixa.

Hannah hesitou um pouco. Então, tamborilou os dedos pela borda da abertura.

– Você quer entrar, não é? - perguntou Alvo. Hannah levantou os olhos para ele, como uma pergunta – Não estou sentindo uma sensação de ansiedade à toa.

Hannah riu de leve. Então, olhou para Alvo com expressão de desafio e entrou. Alvo revirou os olhos e foi logo atrás dela.

O túnel era estreito e eles tinham que engatinhar para passar. Também era muito escuro. Eles ordenaram o feitiço Lumos, mas não fez muita diferença. Eles engatinharam por alguns metros e então toparam com uma escada de corda que subia até além do que se podia ver.

Alvo olhou para a amiga.

– Você acha que é seguro subir? - perguntou.

Hannah deu de ombros.

– Vamos lá. Estamos em Hogwarts – disse.

– O lugar onde bruxos das trevas resolvem surgir e mensagens de pessoas mortas aparecem em sangue nas paredes – observou Alvo. Hannah riu, e sua risada ecoou pelo túnel.

– Vamos – e ela subiu pela escada. Alvo bufou, mas foi atrás dela.

Eles subiram vários metros até Hannah exclamar:

– Ai! - havia batido a cabeça no teto da torre. Ela levantou os olhos e viu um alçapão bem acima dela. Hannah o abriu e a luz quase cegou Alvo. Ela subiu para o telhado – Ah, meu Deus.

– O que foi? - perguntou Alvo, subindo rápido. Ele piscou várias vezes até se acostumar à luz. Quando se deu conta de onde estava, quase caiu do telhado da torre.

Era provavelmente uma daquelas torres que eles consideravam decorativas se você olhasse para Hogwarts de fora. Mas era alta. Entre o telhado em forma de cone e a queda havia um piso de pedra de mais ou menos um metro e uma espécie de cerca de pedra em volta. Como a casa de Mary, também era meio dificil de explicar.

– Que diabo... - começou a perguntar Hannah, mas não concluiu. Estava muito impressionada com a vista.

Se podia ver até além dos terrenos de Hogwarts de lá. Eles conseguiam ver a rua principal de Hogsmeade ao longe, e apenas montes brancos de neve depois.

Falando na neve, estava bastante frio, e eles não haviam levado nenhum casaco. Bom, Alvo estava com o agasalho que seu irmão lhe dera de presente de aniversário preso na cintura, mas em vez de usá-lo, ele o entregou à Hannah.

– Aqui – disse, enquanto colocava o casaco nos ombros dela. Ela sorriu de leve, meio culpada.

– Não, pode ficar – disse Hannah, tentando tirar o casaco, mas Alvo deu de ombros e disse que não era tão sensível ao frio (o que era uma baita mentira, mas ver Hannah tremendo era torturante).

Eles se sentaram nas telhas e ficaram lá, em silencio, apreciando a paisagem.

Finalmente, Alvo disse:

– O que é isso aqui, afinal de contas?

Hannah olhou mais um pouco para a paisagem antes de responder..

– Algum lugar secreto da Grifinória? - arriscou – Eu não sei. Suponho que seja isso. Algo que seja um segredo.

– Que apenas quem jurar que é um segredo pode entrar – concluiu Alvo, e Hannah assentiu.

– Deve haver um desses em cada uma das salas comunais das Casas – comentou ela. Então, mordeu o lábio inferior – Contamos aos outros?

Alvo também mordeu o lábio enquanto refletia.

– Não – ele disse ao fim – Não acho que vá fazer muita diferença. Já temos a Sala de Hogwarts, que é muito maior e melhor.

– E esse lugar é um segredo, a todo caso – disse Hannah – É o nosso lugar – Alvo sorriu de leve. O lugar deles? Sim, um lugar para conversar com os amigos.

– A todo caso, o que você queria me perguntar? - falou Alvo de repente, pegando Hannah de surpresa.

– Nada demais – respondeu ela – É só que... Você já teve uma briga muito horrível por uma coisa boba com Tiago? Como eu e Cody estamos agora?

Alvo levantou uma sobrancelha.

– Está brincando? - disse – Quando eu tinha 5, eu quebrei uma prato na cabeça dele. No meu aniversário de 6 anos, eu fiz ele flutuar e cair em cima do bolo porque ele não tinha me dado um presente. Ainda nesse dia, ele me fez flutuar e ficar preso pela cueca em uma árvore n'A Toca – Hannah não pode conter uma risada – Não ria, você não faz ideia de como dói. Quando eu tinha 7, ele me jogou no mar lá no fundo, e ficou rindo enquanto meu tio ia me salvar. Depois, naquele ano, eu fiz minha vingança e fiz ele cair da vassoura. Acho que foi a única vez que ele caiu daquela coisa. Quando eu tinha 10, ele roubou minhas roupas enquanto eu tomava banho e eu saí correndo nu atrás dele. Um dia depois, eu roubei as roupas dele – Hannah ria descontroladamente, mas Alvo continuava falando. Ele gostava da risada dela, por mais que nunca fosse dizer isso em voz alta – Logo depois de eu completar 11, ele explodiu o próprio quarto e pos a culpa em mim. Depois, eu quebrei outro prato na cabeça dele.

Hannah continuava rindo. Alvo esperou até ela se acalmar para dizer:

– Mas a gente sempre fazia as pazes. Por livre e espontanea pressão de nossos pais, é claro. Mas mesmo agora, que somos amigos, a gente continua brigando. Nesse verão, ele derrubou as caixas com as minhas coisas da mudança pra eu arrumar tudo de novo. Então, eu roubei a vassoura dele e só devolvi quando ele concordou em arrumar as minhas coisas. Somos irmãos. É isso que fazemos um para o outro.

Hannah olhou para ele atentamente.

– Sabe – disse ela – Eu nunca vou admitir pra ele, mas eu adoro Cody. Eu o idolatro. Ele aprendeu a tocar violão sozinho quando tinha sete anos. Ele é bom não só em Poções, mas em Transfiguração e em Herbologia. Ele consegue controlar os poderes mágicos dele, diferentemente de mim. Tudo o que ele tem de irritante, ele compensa com talento. Não só pra música, mas pra tudo. Eu sou a senhorita poções. E isso é tudo.

Alvo encarou a amiga. Ela não era do tipo que ficava se lamentando. Quem era assim era Mary, Michael, às vezes o próprio Alvo. Mas não Hannah.

– Diga isso a ele – sugeriu Alvo por fim – Vocês são amigos. Dá pra ver. Mas voces nunca vão voltar a ser se você não falar a verdade. E depois... - ele olhou para as montanhas de neve ao longe – Se voces fizerem as pazes, nós também faremos com os outros. Toda família tem brigas. Mas toda família se reata em alguma hora.

Hannah ficou observando a paisagem. O sol já estava baixando, e à luz do pôr do sol, seus olhos escuros tinham brilhinhos vermelhos.

– Você é mais sábio do que pensa, Al – disse ela sem olhar para Alvo.

– Obrigado? - arriscou Alvo, só para fazer Hannah rir, o que conseguiu. Alvo se levantou e estendeu a mão para a amiga – Vamos, está ficando tarde. Acho que o telhado conta como fora do castelo.

Hannah aceitou a ajuda de Alvo e eles voltaram para a torre da Grifinória, imaginando por quanto tempo poderiam guardar aquele segredo.



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Notas finais do capítulo

Não pensem coisas errados, Alvo e Hannah são só amigos.



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