Dupla de Três escrita por MrsDaddario


Capítulo 8
Reviravolta nas lembranças


Notas iniciais do capítulo

Apreciem o tamanho desse capítulo porque pra um capítulo meu ter mais de 1000 palavras só pode ser um milagre. E não se acostumem :P



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Segundo Tom e Dustin, não tive nenhuma consequência grave do tombo, além do corpo todo dolorido por três dias e a ordem de restrição da parede de escalada. Eles recomendam que eu não lute durante esses três dias, e assim eu faço. Passo os dias fazendo atividades menos pesadas com Jamie, minha melhor amiga de dedo verde, Tori, minha meio-irmã, e Jeff, filho de Hermes.

Sexta-feira eu acordo completamente recuperada, e decidida a treinar intensamente para a Caça à Bandeira. As equipes não tiveram grandes alterações desde a semana passada, então continua Atena contra Ares, e Apolo ainda está do nosso lado.

Eu treino com Tom e Dustin a manhã inteira. Depois do almoço, vamos para a prática de arco-e-flecha, e eles me ajudam em alguns truques. Tudo corre bem, até a metade da aula.

– Emma! – ouço Tori berrando meu nome.

Ela chega correndo no meio da prática, ofegante, e por pouco não passa na frente de todas as flechas.

– Oi Tori! – digo, acenando, num sinal de "já estou indo", e me aproximo dela. – O que houve?

– Rachel! – diz ela, entre respirações profundas. – Você. Casa Grande.

– Isso, agora só faltam os verbos – digo.

– Rachel quer você e na Casa Grande, agora. Ela está esperando. Parece sério.

– Ok, calma, estou indo.

– Recado dado – diz Tori, dando sua tarefa por cumprida, e volta para os bosques.

 Eu, claro, obedeço na hora. Vou rapidamente para a Casa Grande e, ao entrar, encontro Rachel andando de um lado para o outro, e Quíron atrás dela.

– Emma Holt – diz ela, sem nem se virar antes para checar se sou eu mesmo. – Precisamos conversar.

– Pode me dizer o que aconteceu? – pergunto delicadamente.

– Tenho uma missão para você, Emma – diz ela, misteriosa, virando de frente para mim e olhando no fundo dos meus olhos.

Essa garota me assusta, mesmo quando não está com os olhos extremamente verdes.

– Pode falar – digo, cabreira.

– Você deve resgatar uma semideusa – ela começa.

– Mais uma missão de resgate? Eu voltei da última há uma semana! – digo, já lembrando do pesadelo David. Aliás, eu quero algo mais emocionante. Treinar o ano inteiro para ficar resgatando meios-sangues? Fala sério.

– Dessa vez não é uma semideusa qualquer. É extremamente importante – Rachel diz.

– Quem é?

– Uma filha de Hécate. Ela lutou no exército de Cronos, mas sobreviveu.

– Por que eu? – pergunto, direta. – Só por curiosidade, por que sou eu que vou resgatá-la?

– "Vou resgatá-la" – ela repete. – Gosto disso. Otimismo.

– Realismo – digo, tentando não parecer convencida (apesar de já parecendo). – Mas enfim, por que eu?

– Porque você já a conhece.

– Eu? Conhecer uma semideusa do lado de Cronos?

Rachel faz uma cara... Como se estivesse procurando o melhor jeito de responder. Melhor, como se estivesse procurando um jeito de me explicar.

– Emma... Você se lembra de uma menina chamada Tamsin Cage?

O nome não me é estranho, mas ao mesmo tempo, não faço ideia de onde o conheço. Minha mão vai involuntariamente para minha têmpora, como eu sempre faço quando tento lembrar de algo e não consigo. Rachel resolve dar mais uma dica:

– Columbus, Ohio – diz ela.

Agora sim eu sei. Minha cabeça dói imediatamente. Foi onde eu nasci e cresci, e onde eu conheci Tamsin Cage. Minha cabeça gira.

– Ela... Ela é filha de Hécate? – pergunto, mais chocada impossível. – E lutou... com Cronos?

– Infelizmente. E ela está viva, lutando contra monstros diariamente, e não vai durar muito se não vier pro Acampamento.

Eu mal ouço o que Rachel diz, porque estou afogada em lembranças de Tamsin na última escola em que eu estudei antes de vir para o Acampamento Meio-Sangue. Ela sentada no fundo da classe, sempre quieta, sem conversar com absolutamente ninguém. Ela era a típica garota excluída, introvertida, antissocial. O que Rachel diz me deixa perplexa e... sei lá... decepcionada. Ela, sempre quieta na dela, parecia tão... do bem.

Não que eu fosse o tipo de garota super sociável e popular; pelo contrário. Mas eu não aturava quieta. Eu causava, digamos, pequenos acidentes em momentos de descontrole, então chegou um momento em que as pessoas simplesmente pararam de implicar comigo, e passaram a ser tipo "melhor cutucar com um galho para ver se ela não morde".

Eu nunca me importei muito com isso. Sempre fui meio sozinha, mas me apego às pessoas muito fácil, como já deu para perceber. Eu era (e ainda sou) introvertida, preferia ficar sozinha, escrevendo, lendo, etc.

Sempre tive pena da Tamsin, porque ela sofria bullying. Diferente de mim, ela aturava tudo quieta, não reclamava nem reagia, e isso sinceramente me deixava irritada. De repente, um pensamento me ocorre. Vai ver foi por isso que ela passou pro lado errado. Por culpa dos bullies,  ela se revoltou contra sua própria família, os deuses. Aposto um dos meus rins que ela culpou sua mãe por não tê-la ajudado naquele momento difícil.

Isso é algo extremamente comum. Já falei com pelo menos 10 semideuses que passaram pro lado de Cronos por terem sido ignorados por seus pais enquanto eram atacados por montros. É nessas horas que me sinto sortuda.

– Ela ainda está em Columbus? – pergunto, decidida a ajudá-la.

Rachel sorri.

– Sim – diz ela. – No caso de você querer mais algum motivo para aceitar a missão, eu falei com a sua mãe hoje.

Meu coração quase para.

– Minha m-mãe? – gaguejo.

– Ela mesma – diz Rachel. – Foi ela que escolheu você.

Agora me diz, que tipo de semideus recusaria uma missão dessas, ainda mais sendo recomendado por Atena?! Eu, pelo menos, não.

– É claro que eu aceito – digo, abalada.

– Escolha seus dois companheiros para a missão, Emma – diz Quíron. Ele havia ficado tão quieto durante a conversa que eu já tinha esquecido que ele estava aqui.

De repente, a porta se abre, e eu ouço dois pares de pés entrando na Casa Grande. Preciso dizer quem são?

– O que aconteceu? – pergunta Tom.

– Ah, vocês chegaram na hora certa – diz Rachel. – Belo timing, meninos.

Eu olho para Tom e Dustin imediatamente e pergunto:

– Vocês querem ir comigo?

– Claro! – diz Tom, animado. Coitado.

– Sim! – diz Dustin.

Rachel e Quíron riem, os gêmeos não entendem o motivo.

– Só pra constar, para onde vamos mesmo? – pergunta Tom.

– Ah, isso é superficial – blefo.

– Só lembrando, Emma: se você quiser levar só um dos dois e outro meio-sangue, a escolha é sua. Eles não são um pacote fechado – diz Rachel, claramente sem a intenção de ser grossa.

– Não, obrigada – recuso imediatamente. – Eu quero levar os dois mesmo. Somos uma equipe.


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Notas finais do capítulo

Desnecessário dizer que Rachel Elizabeth Dare é uma personagem original de Percy Jackson & Os Olimpianos e pertence ao Rick Riordan e não a mim, né? Ok.