Dupla de Três escrita por MrsDaddario


Capítulo 7
Memórias de uma guerra


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui o capítulo 7. Espero que gostem!



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– Houve uma batalha em Manhattan? – Dustin pergunta.

– Sim, e eu estava lá. Ninguém contou a vocês a história da guerra ainda?

– Guerra? – Tom fica confuso.

– Ok, então essa tarefa é minha – digo. Já contei a história toda para vários campistas novatos. Eu me ajeito na cama de modo que encosto as costas na parede. – Vocês sabem pelo menos a história de Cronos?

– Sim, foi picado e jogado naquele abismo... – diz Dustin.

– Isso. O Tártaro. Há alguns anos, ele começou a tentar se reerguer, e para isso, usou o corpo de um meio-sangue, Luke Castellan. Pouco a pouco, o titã foi possuindo-o, até chegar ao ápice, quando ele e seu exército de monstros e semideuses invadiram Manhattan e tentaram destruir o centro de poder dos deuses, o Olimpo.

– Espera aí. Você disse... semideuses? – pergunta Tom.

– Vários meios-sangues se juntaram a Cronos – explico. – Meios-sangues filhos dos deuses menores, que não foram reconhecidos por seus pais e tinham raiva dos deuses. Eles foram quase aniquilados, e os que sobraram, fugiram.

– Eu pensei que todos os semideuses eram bons – diz Tom, chocado.

– Vocês entenderiam se fossem filhos de um deus menor. Há um tempo, não havia chalés para filhos de deuses menores aqui no acampamento, e eles demoravam muito tempo para serem reclamados. Depois da guerra, isso mudou.

– Como vocês venceram Cronos? – Dustin pergunta.

– Já ouviram falar de Percy Jackson? – pergunto.

– Algumas vezes – diz Tom. – Quem é?

– Um meio-sangue, filho de Poseidon. Ele foi um herói, junto com minha meio-irmã Annabeth Chase e, claro, Luke, que se sacrificou para destruir Cronos.

– Ele morreu? – pergunta Tom. – Quero dizer, o Percy.

– Não, ele ainda é um herói – digo. – Ele e Annabeth estão vivos, assim como eu e a grande maioria dos semideuses que lutaram do lado certo da guerra.

Dustin abaixa a cabeça. Primeiramente, eu acho que ele está pensando, aí vejo que ele está olhando para as minhas pernas. Ontem estava mais quente que os dias anteriores, então eu ainda estou vestindo shorts. Ele aponta para a minha coxa. Mais precisamente, para a minha cicatriz. A marca de um corte  de mais ou menos 10 centímetros que cruza minha coxa direita.

– O que foi isso? – pergunta.

– Batalha de Manhattan – digo, passando a mão na cicatriz, que pode não doer mais nada fisicamente, mais psicologicamente, ainda arde. – Facada de um semideus inimigo.

Eu estico meus braços doloridos para a frente e os giro, mostrando algumas outras cicatrizes bem menores e menos graves, uns poucos arranhões.

– Santo Zeus – diz Tom, completamente pasmo.

– Só não tive mais porque a facada da perna me tirou de combate. O tombo causou uma concussão – digo, encostando a mão na lateral da minha cabeça, acima da orelha esquerda. – E isso me manteve apagada durante a luta final e a morte de Luke.

– Essa concussão... foi grave? – pergunta Tom.

– Mais ou menos – digo, com dor de cabeça. – Afetou minha memória. Tentar lembrar de coisas anteriores à guerra é doloroso.

– Todo guerreiro tem suas cicatrizes – diz Tom, fofo.

Meus olhos começam a arder. Lembrar da guerra em si já é doloroso.

– Muitos semideuses, hã... do bem, morreram na guerra? – pergunta Dustin.

Na hora erradíssima, na hora em que eu estava tentando me controlar, na hora em que meus olhos arderam e um bolo se formou em minha garganta.

– Sim – respondo, quase sem voz.

Tom encara o irmão quase em pânico, com uma expressão que diz claramente "pare de fazer perguntas", mas é meio tarde demais.

– Ok, hã, mais tarde a gente conversa... Você precisa descansar – diz Dustin, agora em desespero.

– Michael Yew – digo, ignorando o que Dustin disse. – Ele era meio-irmão de vocês, e meu melhor amigo. Ele morreu na queda da ponte de Manhattan.

Tom se levanta da cadeira em que estava, ao lado da cama, e senta do meu lado. Ele claramente não sabe o que fazer, assim como Dustin.

– Ei, Emma... – diz ele. – Por favor, não chora...

– Não vou – digo, respirando fundo.

Amigo...? – Dustin tenta perguntar.

– É – respondo, e então entendo o que ele quis dizer. – Só amigo, Dustin. Chega de falar da guerra. Agora, por favor, listem os danos causados pelo meu pequeno acidente.


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Notas finais do capítulo

Só pra deixar vocês curiosos, o próximo capítulo é decisivo na história e tem mais de mil palavras :P