Eu acordo numa cama, tonta, com gosto doce na boca e dor no corpo inteiro. Enfatizando: no corpo inteiro.

– Bom dia! – diz uma voz familiar.

Eu olho para o lado; é um dos gêmeos.

– Que estranho ver você sozinho – digo, grogue, e me sento na cama. – Qual dos dois?

– Tom – ele responde.

Olho em volta e percebo que estou na enfermaria. Se um dia você acordar aqui sem nem ideia do que aconteceu, pode ter certeza: não é coisa boa.

(Engraçado que eu pergunto se é Tom ou Dustin antes mesmo de ver onde eu estou.)

– O que aconteceu? – pergunto.

– Você caiu da metade da parede de escalada – diz ele.

Ahn. Isso explica a dor que sinto em cada milímetro do meu corpo. Parece que um rolo compressor passou em cima de mim.

Ouço a porta se abrindo, mas fico com preguiça de girar meu dolorido pescoço para ver quem está entrando. De qualquer jeito, não é necessário.

– Olá! – diz a voz de Dustin.

Quer dizer, é a voz de Dustin e de Tom, mas se um deles está na minha frente, só pode ser o outro.

– Oi, Dustin – digo.

– Tudo bem? – ele pergunta.

– Não muito – respondo imediatamente.

Ele se senta na borda da cama. Eu, com dor no pescoço, resolvo esticá-lo e aproveito para passar os dedos e checar se está tudo inteiro, apesar de alguém provavelmente já ter feito isso.

– O que é isso? – Dustin pergunta, apontando para o meu pescoço.

Eu levo um susto e começo a passar a mão no pescoço, procurando o que ele está perguntando. Oh, droga. Não pode ser coisa boa.

– Não o pescoço, Emma – Dustin diz, rindo. – O colar.

– Chalinitis – digo, aliviada. Eles conhecem minha espada. Mas rapidamente percebo que ele não está falando do pingente de coruja. – Ah, isso? – pergunto, tocando na conta, que tem o desenho do Empire State Building.

– Isso – Dustin confirma.

– É o Empire State? – pergunta Tom.

– É sim – digo. – Todo ano, no fim do verão, os campistas recebem uma conta com um desenho que marca o acontecimento mais importante do verão. Essa simboliza a Batalha de Manhattan.