Learning How To Breath escrita por Saáh


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Heey people...
Mais um capítulo pra vocês :)
As coisas estão meio lights por enquanto haha..
Desculpem se tiver algum erro.. e espero que gostem.
Boa leitura!



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Só encontrei com Christian novamente no outro dia, quando ajudava Olivia a servir o jantar que Luke estava dando, agora para o prefeito da cidade e seus representantes. Diferente da outra vez, ele não exigiu que ficássemos ali o tempo inteiro, somente que fossémos a cada poucos minutos verificar se eles precisavam de algo. Talvez ele estivesse discutindo algo sobre suas propriedades, não sei ao certo. Tentei ficar o máximo dentro da cozinha e só aparecia quando Olivia dizia que Luke pedia para que eu fosse levar tal comida ou tal bebida para eles.

A todo momento, não encarei ninguém e fiz questão de estar o mais distante de Christian em todas as vezes que apareci. Era irracional, mas algo me dizia que ficar perto dele causaria mais problemas, e eu não temia isso por mim porque na realidade não tinha mais nada a perder. Temia por ele e pelo que Luke faria.

O jantar acabou tarde e em como todas as outras vezes, eu e Olivia ajeitamos tudo enquanto todos iam dormir. Nos preparávamos para sair da cozinha e ir a nossos quartos quando uma sombra surgiu na frente de Olivia.

– Oh meu Deus Christian, que susto! Desse jeito terei um infarto antes da hora.

Ele riu. Um som grave mas ao mesmo tempo infantil que me tranquilizou por um momento, mesmo que estivesse tensa com sua presença.

– Desculpe Olivia - ele se abaixou e deu um beijo em sua bochecha - Estou desculpado?

– Claro que está - Ela falou dando um leve tapa em seu braço enquanto era visível o quanto ela havia ficado envergonhada.

–Que bom.

Seus olhos continuavam em Olivia mas ele sabia que eu estava ali. Ia começar a andar para sair da cozinha quando Olivia falou.

–Do que você precisa?

–Um copo de água, mas..

–Eu pego - Olivia disse com um sorriso. Nos duas sabíamos que ele iria falar que ele mesmo pegava. Mas, para sua surpresa e meu completo pavor Christian disse outras palavras.

–Na verdade Olivia, se você não se importa, gostaria que Alice buscasse a água para mim.

Ele ainda a encarava então não pude entender direito por sua expressão o que ele queria, além da água obviamente. Olivia me encarou por um tempo e fiz um leve aceno indicando que tudo bem.

– Ok. Boa noite então meus meninos.

Olivia deu alguns passos para trás e parou dando um beijo em minha testa, logo depois indo até Christian e repetindo o gesto. Ela mal havia saido da cozinha quando me encaminhei em direção aos copos para buscar a água dele, mas sua mão segurou meu braço fazendo com que eu parasse.

– Espere.

– Não é água o que você quer? - perguntei de forma monótoma.

–Sim, mas não é só isso. Quero conversar com você.

– Christian, nós já conversamos. Não temos..

– Temos sim muita coisa para conversar e você sabe disso. Não tente fugir.

Abri a boca para responder mas a fechei novamente. Não tinha porque ficar adiando aquela conversa mesmo.

–Pois então, diga - disse me afastando e ele relaxou um pouco mas sua expressão ainda era séria.

–Por que você mentiu para mim ontem?

–Eu não menti.

–Alice, os seus olhos te entregam. - Ele deu um sorriso e se aproximou lentamente enquanto eu o encarava - O que aconteceu realmente? E não me diga nada porque sei que não é isso. Tem algo muito estranho acontecendo por aqui e quero saber o que é.

–Não acho que você deva ficar sabendo. - respondi com a cabeça baixa.

–E porque não? - ele perguntou e percebi que sua voz estava mais gentil.

Levantei os olhos o encarando novamente - Não quero que você se machuque.

Pela expressão confusa em seu rosto, ficou claro que não era essa a resposta que ele esperava.

–Me machucar? Alice, isso não tem lógica nenhuma.

–Teria se você estivesse no meu lugar.

–Então me diga o que é que vou entender.

Suspirei e mantive minha boca fechada. Estava em conflito comigo mesma sem saber se contava ou não. Christian talvez não se importasse, ou talvez tivesse a mesma reação que Olivia e Sofia e iria querer tirar satisfações com o pai. E era justamente essa a parte que me preocupava. Ao mesmo tempo não queria que ele me visse como uma vítima ou sentisse pena. Eu era forte, sabia que conseguiria enfrentar tudo isso sozinha e um dia não seria mais um fantoche de Luke.

Christian percebeu que eu não responderia e caminhou em direção a mesa, sentando sobre ela exatamente como fazíamos quando erámos crianças.

– Sente aqui -ele falou apontando ao lado dele.

– Não posso fazer isso. Se alguém ver ..

– Oh, qual é? Todos estão dormindo. Seja um pouco livre para fazer o que quiser pelo menos agora - Ele sorriu e senti algo estranho em meu peito. Ele não tinha noção do quanto a palavra livre tinha um peso sobre mim. - E se alguém ver também, eu digo que exigi que você sentasse ao meu lado.

Suspirei e dei um pulo me sentando um pouco mais afastado de onde ele pedia - Afinal, você manda em mim não é mesmo? - falei de forma um pouco mais leve e ele sorriu.

–Mando - ele disse mas seu sorriso foi sumindo aos poucos - Mas não quero ter que fazer isso. Você sabe que nunca a vi dessa forma e nem nenhum dos funcionários daqui.

–Eu sei, mas isso é um assunto antigo que não tem porque falar agora.

–Bem, então que tal falarmos dessa história de você ter um "mais" que amigo?

– Christian, porque você não deixa isso pra lá? - falei dando um suspiro em seguida.

–Por que eu quero saber.

– Mas porque?

–Porque eu me importo ok?! - Ele respondeu em um sussurro - Me importo com você, sempre me importei. Durante todo esse tempo jamais te esqueci. Sempre ficava me perguntando como você estava, o que estaria fazendo ou o que estava acontecendo. É frustante quando finalmente a tenho por perto, descubro que você colocou outro em meu lugar.

–Não coloquei. Jamais fiz isso e jamais te esqueci. E saiba que é mais frustante ainda descobrir que você está noivo.

Christian bufou - Então porque respondeu na carta que eu fosse feliz? Sabe por quantas vezes fiquei esperando uma resposta? E quando recebo, é algo que definitivamente não esperava - ele disse irritado e eu o olhei confusa.

–Que carta?

–Não é óbvio?! As cartas que sempre enviei perguntando como você estava, onde contava sobre tudo o que acontecia. Não é nenhuma surpresa já que também falei sobre a Mary no que escrevi.

– Não seria se por acaso algum dia eu as tivesse lido. - respondi irritada também e ele virou o rosto novamente em minha direção.

–Você não recebeu?

–Não, nem sabia da existência dessas cartas.

–Então.. não era .. você?

–Não era eu o que?

–Na carta que recebi. Enviei inúmeras e só uma foi respondida, a última aonde eu contava sobre o interesse de Mary mas que eu estava confuso e... - ele engoli seco e desviou o olhar - Você... ou quem quer que seja me respondeu dizendo para que eu fosse feliz.

–Christian, eu juro, não era eu. Não sei quem ... - parei de falar quando percebi que na verdade eu sabia muito bem quem recebia essas cartas. Luke. -Isso não importa mais. Você está noivo agora e..

–Importa pra mim! - Christian disse e segurou meu rosto entre suas mãos - Alice, esse noivado... eu não queria. Nunca quis. Foi algo arranjado pela família dela com interesse no que meu pai tem, não em mim. Ela até é bonita sim, mas fútil demais e preocupada com coisas que não me interessam nenhum pouco. Irei resolver toda essa história, mas enquanto isso... eu ainda quero você por perto. Não irei me importar se você estiver por ai com seu amigo, mas só quero sua amizade como era antes Alice.

Fiquei parada olhando para seus olhos e sentindo o peso do que falaria.

–Christian, Kyle está morto.

–Hum.. o que? Mas como? - ele parecia atordoado e até podia entender sua reação.

–Kyle morreu já faz alguns anos.

–Mas... meu pai disse que ele estava por aqui. Afirmou que você vivia junto com ele. Eu ... não entendo.

E foi nesse momento que percebi que, apesar de todas as atrocidades que Luke fazia comigo, Christian não tinha consciência da verdadeira personalidade do seu pai. Por mais rude que ele fosse, Christian ainda o via como um exemplo e acreditava nele. Não seria eu que iria contrariar seus sentimentos e apontar que seu pai era um assassino.

Desci da mesa e parei em frente onde ele estava sentado.

–Acho que tem muitas coisas que aconteceram que você ainda não sabe, mas na hora certa descobrirá - falei estremecendo ao lembrar da morte do meu próprio pai bem diante dos meus olhos. - Mas enquanto isso...bem... não sei ao certo o que devemos ou não fazer.

Christian também desceu da mesa e segurou minha mão enquanto me encarava como se fosse a coisa mais importante o que iria dizer.

–Só quero que nossa amizade continue como antes. Sei que não será a mesma coisa porque tudo está diferente, principalmente nós dois. Mas ainda quero isso, quero estar perto de você. Então, por favor, não me impeça disso. Esperei por 10 anos para ter você comigo novamente - ele apertou mais forte minha mão enquanto seu rosto estava bem próximo deixando nossas testas coladas uma na outra - Não quero ter que esperar mais.

Puxei sua mão levemente e o envolvi em um abraço enquanto ele retribuia o gesto - Eu também não.

Tinha quase certeza que um sorriso estava em seus lábios mas não olhei para saber. Seus braços me envolvendo era tudo que sentia enquanto via a mesma amizade que tínhamos sendo reconstruída ali, aos poucos.

–Tem algo haver com o meu pai não é?

–O que? - perguntei confusa, me afastando dele e olhando para seu rosto.

–O que está acontecendo e você não quer me contar.

Suspirei - Christian, não...

–Tudo bem, eu não vou contar nada Alice. Mas já percebi que ele está diferente, principalmente com você. Não sei o que é, mas ele está fazendo algo e quero te ajudar.

–Ninguém pode me ajudar - respondi em um tom mais triste.

–Eu posso, eu quero! Alice, se meu pai está fazendo algo com você eu.. - O interrompi colocando um dedo sobre seus lábios.

–Não se preocupe com isso ok? Por enquanto, eu estou bem.

–Por enquanto? Alice...

–Christian, por favor, não insista mais. Não quero que você se envolva nisso.

– Tudo bem - ele respondeu depois de me encarar por alguns segundos, mas em seu rosto estava claro que ele não esqueceria isso. Ia protestar quando ele voltou a falar - Mas então, como somos amigos novamente, amanhã a espero para irmos até a cachoeira. Só nós dois.

Ele soltou nossas mãos e começou a se afastar.

– Acho que não é uma boa ideia. Tenho que trabalhar e..

–Você se esquece de que também trabalha para mim tecnicamente. Deixe que vou acertar tudo, principalmente com meu pai.

–Mas..

–Boa noite. - ele se aproximou rapidamente dando um beijo em minha bochecha e fazendo com que eu ficasse muda. - Nos vemos amanhã.

Ele sorriu e foi até um dos reservatórios, enchendo um copo com água e andando em direção a porta. Conforme ele se afastava, sentia aquela mesma esperança crescendo novamente. Talvez, só talvez, no fundo eu realmente esperava que algo mudasse.


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Notas finais do capítulo

Lembrando que ainda não decidi qual a tragédia que irá acontecer com o Luke..então quem quiser ainda pode mandar mais alguma ou outra sugestão ;)