Back to Us escrita por The Sweet B


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

~ Muito obrigada a Fran Brando pela primeira recomendação! Você já ganhou meu coração ♥ ~
Acabei de ganhar o álbum Deluxe de Believe da minha amiga que me trouxe de Nova York como presente de aniversário adiantado e, dentro, o tão famoso Golden Ticket. É uma pena que eu não possa participar, mas vou guardar pra sempre! Espero que aproveitem o capítulo. Apesar de Justin não aparecer tanto assim aqui, explicações seguem nas notas finais!



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Estava roeando as unhas de nervoso. Eu não estava assim há cinco minutos atrás, mas  minha professora de teatro, a Srta. Wherlocke, anúnciou que faltava apenas dez minutos para comerçar a peça. Antes disso, eu estava animada, ansiosa, descontraída conversando com meus colegas de elenco e mal me lembrava que ontem mesmo havia tido um ataque de pânico. Agora, me perguntava se estava tendo um neste mesmo momento.

- Alicia, tudo pronto? - Srta. Wherlocke me analisou e percebeu minha tensão. - Está nervosa? - tudo o que fiz foi afirmar com a cabeça. - Ficar nervosa é bom. Não teria graça se não batesse frio na barriga antes. Termine a maquiagem. Entraremos em cena em cinco minutos, agora.

Corri para a minha mesa na camarim coletivo. Bethany, a garota que faria Elena, parecia ainda mais nervosa que eu, fazendo seus exercícios de respiração, enquanto Julian e Chris - que interpretariam respectivamente Teseu e Lisandro (meu par romântico) - estavam brincando com suas espadas de plástico. Julian, na verdade, me deve cinco dólares. Cheguei à minha mesa, encarando o grande espelho e me observando vestida de Hérmia. Arrumei os cabelos e, levando a mão para buscar o pó compacto, notei o gigante vaso de flores que, há minutos atrás, não estava ali. Encarei as flores como se elas fossem intrusas. O majestoso buquê continha um cartão no meio das pétalas das mais variadas flores de diversas cores e tipos. Peguei o cartão e o abri rapidamente, em um papel grosso escrito em caneta-tinteiro que tornava tudo tão especial.

Sinto muito não está aí essa noite.

Quebre a perna.

JB

Ps.: Caso esteja nervosa, faça como eu e lembre-se de respirar fundo e se divertir


Meu coração se alegrou ao ver essas palavras em sua caligrafia. Quanta consideração. Ele me mandou flores. E um cartão. Não apenas mandou que escrevessem isso em um cartão, ele realmente assinou o cartão e me mandou com as flores. Que lisonjeiro.

- Dois minutos, pessoal - Srta. Wherlocke anúnciou e eu guardei o cartão nas minhas coisas. Continuaria sorrindo que nem uma boba mais tarde. Dei uma última checada no espelho e, bem ali, atrás de mim no reflexo, encontrei Dean. Me virei rapidamente. Ele estava arrumado, com calça jeans e camisa branca, e então, um paletó por cima. Deu dois passos em minha direção.

- Queria te ver antes da peça - ele disse, mas continuei calada, envergonhada por noite passada e surpresa por sua aparição. Dean olhou para algo atrás de mim, depois voltou a me encarar. Estava mais perto de mim agora e entregou-me o buquê de flores que estava segurando. Era menor, com menas flores, aparentemente apenas quatro, todas rosas de cor rosa claro. - Aqui. Você disse que gostava de receber flores.

Peguei as flores com meu sorriso mais sincero e senti o perfume delas.

- São lindas, Dean, obrigada.

Ele mais uma vez encarou o jarro de flores atrás de mim.

- São simples - disse envergonhado sobre as flores que me deu.

- São perfeitas - insisti.

- Um minuto, Alicia!

- Srta. Wherlocke me apressou.

- Já vou, já vou - disse a ela. Precisava correr, entrava na primeira cena. - Dean, eu realmente tenho que ir. Nos falamos depois?

- Claro.

- Mais uma vez, obrigada pelas flores - deixei as flores em cima de minha mesa e sorri, ao passar por ele.

Dean me pegou pela mão e me puxou para os seus braços. Atordoada, mal tive tempo de piscar quando ele me abraçou e me roubou um beijo. Fui tão pega de surpresa, que só pude enteder o que estava acontecendo quando os lábios dele já estavam nos meus.

- Eu sei que o pessoal do teatro não tem o costume de dar boa sorte antes das apresentações, então preferi fazer isso - ele sussurrou, enquanto a Srta. Wherlocke batia novamente na porta do camarim.

- Alicia!

Corri para ela e deixei Dean parado em meu camarim, sem lhe dar nenhuma resposta. O curto tempo do camarim até o palco e até o começo da minha cena na peça não me deram tempo de raciocinar. Tentei me concentrar na peça e nas minhas falas.

Tudo correu bem. Eu mentive o conselho de Justin de respirar fundo e tentar me divertir. Me desconcentrei um pouco quando vi Dean caminhando e se sentando em algum lugar na plateia, mas resolvi tudo não olhando mais na direção que ele estava. 

- "Há quem diga que todas as noites são de sonhos. Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância. O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado" - um dos meus colegas atores na peça disse suas últimas falas e, com isso, as cortinas se fecharam. 

Nos reunimos todos no palco, demos as mãos e agradecemos os aplausos quando as cortinas se abriram novamente. Quando elas se fecharam pela últimas vez, todos da peça gritaram e se abraçaram orgulhos e realizados. Eu estava de cabeça cheia ainda, abraçando quem me abraçasse, mas conturbada de mais para comemorar a altura. Corri para o camarim e juntei minhas coisas. Bethany entrou logo em seguida, ofegante.

- Vou te contar - ela disse com um sorriso aliviado. - Achei que não fosse conseguir. Passei mal até a hora de subir ao palco. - ela parou quando notou minhas flores. - Você recebeu flores? São lindas! Quem lhe deu?

- Uns amigos - falei apreciando novamente as flores de Justin, depois encarando as rosas de Dean e me lembrando novamente do beijo. Estremeci.

- Nossa, você é sortuda. Não recebi uma florzinha se quer. Nem uma! Vou reclamar com meus pais agora mesmo.

Me senti culpada por não está dando atenção a ela. Juntei minhas coisas e pensei que precisaria de ajudar para carregar tudo e as flores. Graças a Deus a minha mãe bateu na porta.

- Ali! - ela disse em tom agudo e correu para me abraçar. - Você foi incrível - ela percebeu Bethany do meu lado, sorrindo, e a cumprimentou também. - Vocês todos foram incríveis! Amei a peça. Você foi a Elena, certo?

- Isso - Bethany riu.

Assim, mamãe e Bethany começaram a conversar. Bethany parecia se dar muito bem com a minha mãe, enquanto eu me ocupava em guardar maquiagem, escova de cabelo e sapatos na minha bolsa.

- E essas flores aí? - minha mãe disse de repente. Ela me cutucou e cheirou as flores. Agradeci por ter guardado o cartão. - São lindas! Quem mandou?

Merda. Não queria dizer que foi Justin. Ao mesmo tempo, não conseguia inventar nenhuma história. Então ela encontrou as rosas do lado e as pegou, mais animada ainda.

- E essas, quem deu? Uma delas foi o garoto com que você saiu ontem a noite?

- Você não me disse que estava namorando! - Bethany, se achando minha melhor amiga, me cutucou da mesma forma que a minha mãe.

- Não estou. Mas sim, foi ele.

- Ele estava aqui mais cedo, não foi? Antes da peça.

- Ele estava?! - mamãe exclamou. - Hmm...

Odiava quando ela fazia isso, porque fiquei mais vermelha do que o vestido da Elena.

- Mãe, podemos ir embora? - implorei. Parte de mim queria acabar logo com isso, a outra parte não queria encontrar Dean novamente.

- Claro, claro. Tia Sarah está esperando lá fora com Ashley. Elas foram pegar o carro.

Quando dei conta, o camarim já estava bem lotado. Bethany se despediu de nós e foi falar com sua própria família e outras colegas da peça. Coloquei a bolsa com minhas coisas pendurada no ombro e peguei o jarro de flores de Justin, que era mais pesado do que pensei.

- Não quer ajuda? - mamãe perguntou, mas neguei. - E essas daqui? - ela disse se referindo as flores de Dean. Pensei no caso.

- Pode deixar aí.

- Ah, não! - mamãe pegou as rosas e as segurou contra o peito, como se as mesmas fossem algum tipo de boneca de infância que eu queria dar para adoção ou jogar no lixo. - Que coisa feia, quem lhe deu essas flores teve muita consideração em lhe entregar. Você não vai fazer isso. São lindas. Vamos levá-las e colocar-las na água.

Dei de ombros como quem diz "tanto faz!". Caminhei para fora do camarim e tentei fazer o percuso até fora da escola o mais rápido possível. Agradeci pelas flores de Justin cobrirem o meu rosto da forma que eu as estava segurando. Mamãe foi me indicando o caminho e onde estava o carro. Quando finalmente entrei no carro de tia Sarah e sem ter encontrado Dean no caminho, vibrei. 

- Alicia! - tia Sarah gritou com uma animação mais exagerada que a da minha mãe. Ela se virou para mim do banco da frente para me ver melhor. - Você foi fantástica! Simplesmente linda! Ah, como você tem talento, temos uma atriz na família!

Ashley, que já havia arrancado o carro e nem virou para me ver ou nada, olhou para longe e disse com désdem:

- Como poderíamos imaginar, não?

Eu podia vê-la revirar os olhos pelo retrovisor, mas tudo o que eu devia fazer era ignorar. Tia Sarah continuou a me elogiar. Agradeci, mas tentei permanecer calada o mais possível que pude, até que tia Sarah e minha mãe encontraram um assunto em comum e me esqueceram. Fiquei feliz, porque meu humor ultimamente não esta lá essas coisas. Apreciei as flores de Justin no meu colo, mas tudo o que eu consigo pensar é o beijo de Dean. Mas não com carinho. Com raiva! A audácia, a forma inesperada, logo depois dele ter me garantido que seríamos apenas amigos. Como eu poderia aparecer na escola amanhã e encará-lo? Como eu poderia agir na frente dele depois daquilo? O que eu poderia dizer? Na verdade, o que ele esperava com aquele beijo? Quis me soterrar na terra e nunca mais dá as caras para o mundo. Só o pensamento repetido do beijo dele, várias e várias vezes na minha mente, me fazia corar.

Minha mãe realmente colocou as rosas de Dean na água, no melhor vaso de flores que tínhamos na casa, assim que voltamos da Pizzaria Hut para comemorar em família minha apresentação. Durante a noite, as colocou em meu quarto, perto da janela. As flores de Justin estavam do lado da minha cama, assim seria a primeira coisa que olharia quando acordasse, mas com toda a certeza as rosas estavam em um lugar mais privilégiado e era impossível não reparar nelas na manhã seguinte. Minha mãe me colocaria de castigo se eu as jogasse no chão? Mas eu queria mesmo estragar as rosas que Dean me deu? Pode-se imaginar meu desespero naquele dia de manhã para ir a aula. Era a última coisa que eu queria. Fui para a escola forçadamente e, desde o momento que pisei lá, estava decidida em me escoder e fazer de tudo para não encontrar com Dean. Na metade do dia, estava me saindo sucedida, quando:

- Ali?

Dei um pulo quando ouvi me chamarem bem atrás de mim e bati meu armário com força, fazendo um barulho estrondoso. Toquei meu peito sentindo meu coração disparado.

- Que susto! Sam!

Ela estava brincando com as mãos entrelaçadas, não parecia nem um pouco zangada comigo. Mas continuava com as roupas estranhas e a mecha no cabelo. Mesmo ainda chateada, deixei que ela falasse.

- Vim parabenizar pela peça. Você foi ótima, parabéns!

- Você estava lá?

Ela sorriu.

- É claro. Achou que eu iria perder?

Pra falar a verdade, sim. Mas fiquei muito feliz em saber que, mesmo apesar de tudo, ela foi.

- Também queria pedir desculpas por tudo o que eu lhe disse. Estava irritada, perdi a cabeça. Disse coisas que não devia... Eu não queria magoá-la, logo quando tudo o que você estava fazendo era se preocupar comigo. Me perdoe, por favor.

Encarei meus sapatos. Depois minhas mãos e uma unha lascada. Olhei para Sam e torci os lábios em um sorriso.

- Venha, vamos almoçar - disse a ela, que abriu um grande sorriso e se segurou em meu braço.

- Senti saudades.

- Eu também, ruiva. - dei tapinhas na mão dela.

Decidimos nos juntar a alguns colegas na hora do almoço, alguns participaram da peça da escola comigo ontem a noite. Nosso colegas nos aplaudiram.

- Vocês foram de mais - elogiaram.

Tentei esconder a timidez. Julian, meu amigo que interpretou Teseu, se lenvatou e reverenciou, como se fosse o próprio Shakespeare. Nós rimos e alguns lhe jogaram batatas fritas.

- Ali, você interpretando Hémia... Wow - Sarah James suspirou. Sorri agradecida e envergonhada ao mesmo tempo.

- É - Julian disse rindo, se sentando. - A senhorita mais estressadinha do elenco. Brigava com todo mundo sempre que faltavam ensaios, mas foi faltar logo um dos últimos ensaios.

Meu refrigerante desceu rápido de mais quando me toquei que ele não devia ter dito isto. Sam olhou para mim cerrando os olhos. Merda, ele não devia mesmo ter dito isto.

- Você faltou um ensaio? - ela me perguntou, desafiadora.

- Faltei? - me fingi de boba. - Não lembro.  Acho que foi o dia que estava me sentindo mal.

Droga, eu estava com Justin neste dia. Tínhamos ido ao McDonald's. E eu aceitei quando ele me pediu, mas recusei quando Sam me chamou para fazer compras no shopping.

- Ah sei - Julian continuou, sárcastico. - Se sentindo mal, desculpa velha.

Estava começando a me zangar com Julian hoje. Cerrando os dente, olhei para ele furiosa.

- Julian, por acaso se lembra de que está me devendo cinco dólares?

- Ah mas ela estava se sentindo mal mesmo - Sam disse, para a minha surpresa. - Nem disposta para ir ao shopping comigo ela estava. Eu já vou, lembrei que tenho que falar com o Sr. Taylor a respeito da minha nota de matemática.

Com isso, Sam foi embora, me deixando pensando na enorme bomba que tinha se explodido bem nas minhas mãos. Logo quando tínhamos acabado de nos entender novamente. Dei um minuto e me levantei também, indo atrás dela. O corredor estava quase vazio, já que boa parte dos alunos ou estavam no refeitório ou estavam no campo do colégio. Ela andava apressada, fugindo de mim, mas quando a chamei, ela parou e virou para mim. E sua cara não era das melhores.

- Eu posso explicar.

- Tudo bem - ela fingiu um sorriso, cruzou os braços e bateu o pé no chão repetidamente esperando por uma resposta minha que não vinha. - Anda, Ali, explica. Aproveita e explica também porque você fez exatamente a mesma coisa no dia do encontro com Dean. Anda, diz por que mentiu para mim. Diz, porque eu não consigo entender.

Mas minha garganta secou. Não conseguia pensar em nada além da verdade. Sam mudou de zangada para chorosa.

- Você não queria sair comigo, é isso? Por que você não me aguenta... é isso?

- Sam, claro que não!

- Então explica - ela havia recuperado a raiva de novo. - Explica, Alicia.

- Argh eu não posso! - coloquei as mãos na cabeça e rosnei. Sam me olhava incapacitada a me compreender.

- Então tá - ela disse em fim, voltando a caminhar para longe de mim.

- Não, Sam, para! - e ela realmente parou. Era minha última chance. - Você não vai entender - choraminguei.

- Juro que vou tentar.

Que situação horrível. Me encontrava sem saída. Completamente encurralada. Arrependida das mentiras e segredos, claro, mas ao mesmo tempo apreenssiva em revelar a verdade. Envergonhada? Eu estava envergonhada em admitir que, no fundo, eu estava me econtrando com Justin porque eu não aprendi a lição e ainda sou completamente apaixonada por ele? Eu tinha vergonhada disso?

- Eu ando... - procurava as palavras certas. - Eu ando... vendo... Justin. Ok? É isso. Eu ando me econtrando com o meu ex-namorado. Exatamente. Aquele cara que terminou comigo, que me deixou e nem teve a coragem de dizer por que. Feliz agora? Eu sou uma masoquista-idiota-tiete-paga-pau que não consegue ter raiva dele nem por um minuto e sai correndo sempre que ele chama que nem cachorrinho. Pronto, falei!

A boca de Sam estava formada em um O perfeito de surpresa e indignação quando terminei. Depois ela começou a balançar a cabeça em reprovasão e era tudo o que eu não queria: ela me julgando.

- Você é mesmo idiota - ela me disse antes de ir embora, me deixando completamente desconsolada sozinha no corredor. Senti que podia desabar de lágrimas agora mesmo, quando ouço palma vindo de trás de mim.

Luke está exibindo uma fileira impecável de dentes em seu sorriso malicioso que apenas ele sabia fazer tão bem e me fazer estremecer. O modo como ele andava também era ameaçador. Eu me sentia uma presa prestes a ser atacada. E, de certa forma, era o que ele fazia. Ele me atacava com palavras. E eu esperei amedontrada pelas palavras dele agora.

- Grande espetáculo, Alicia - ele continuava a bater palmas. - Dois dias seguidos. Impressionante.

- O que você quer? - perguntei impaciente e corajosa. Ele parou de bater palmas e arregaolou os olhos, como se tivesse ficado ofendido com o tom da minha voz.

-  Só estou lhe admirando.

- Bom, já admirou - Eu queria ele bem longe de mim. Queria ele longe de mim e agora. - Então, com licença...

- Ei, espera um pouco aí, docinho - ele barrou o caminho. Meus instintos de fugir só aumentavam.

- O que você está fazendo aqui, afinal? Você devia está suspenso.

- É, mas o meu pai, o senador, ele não gostou nem um pouco de saber que o filho dele estava sendo acusado injustamente de ter invadido aquela escola, então ele mexeu os pauzinhos.

- Injustamente? - rosnei. - Eu vi. Eu vi você lá, saindo da Lowell com o alarme tocando. Você é tão culpado quanto os outros!

- Até onde todos sabem, Alicia, eu só estava tentando impedir que os outros fizessem aquilo.

Estava vermelha de raiva. Sentia que podia bater nele a qualquer momento.

- Como você pôde fazer isto? Kevin é seu amigo!

- Azar dele se não é tão esperto quanto eu! - Luke se irritou e me fez ficar calada. Na verdade, eu pressionava a boca para não lhe dizer dos mais baixos palavriados que podia pensar. Ele colocou uma mecha do cabelo loiro que caiu do seu penteado perfeito para trás e procurou se acalmar. - Mas não quero mais falar sobre isso. - os olhos dele brilharam de tanta maldade. Até onde eu podia ver, Luke era o diabo em pessoa. Ele era para mim. - Então quer dizer que você anda se encontrando com o pop star de novo, não é? Me pergunto o quanto essa informação valiosa custa na mídia.

Arregalei os olhos.

- Não!

- Ah - ele riu zombadeiro. - Então você não gosta da ideia não é? Finalmente em vantagem.

Eu parecia tão menor comparada a ele naquela situação. Que semana! E logo quando eu achava que nada poderia ficar pior. Luke estava tão perto de mim agora que havia quebrado os limites de segurança.

- Então é bom se comportar bem direitinho, Alicia - ele sussurrou.

Quando Luke foi embora, senti um buraco tão grande no coração. Era encrenca. Estava em apuros e não tinha ninguém para me salvar. Eu acreditava que nem eu mesma seria capaz de me salvar. Como fazer esse dia acabar logo? Inventei uma dor de cabeça forte e recebi autorização para ir para casa, agradecida de que amanhã seria feriado prolongado. Não teria de dá as caras nessa escola por bons quatro dias.

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- O Campus é enorme! Ainda fico perdida sempre que caminho por lá, mas já estou me acostumando. E os dormitórios são bem apropriados. Enfim, estou adorando! E as festas...

- Certo, mas e as aulas, Ashley? - Joe perguntou a filha, impaciente.

Estávamos reunidos no sofá da casa de Joe e tia Sarah. Mamãe sempre arranjava desculpas para sair da mansão e eu, ultimamente, andava a acompanhando.

- Claro, são ótimas, papai - Ashley deu um sorrisinho e eu era a únia que conseguia ver que ela não estava interessada no curso, mas sim nas festas e garotos.

- Pronto, pai - Kevin apareceu na sala usando um avental. Tive que me segurar para não rir. - Já lavei os pratos. O que quer que eu faça agora?

Ele estava com a cara emburrada e luvas de borracha. Era óbvio que o castigo que Joe tinha colocado nele estava sendo pesado.

- Agora pode ir lavar o meu carro, obrigado. - ele disse friamente, revelando o soldado do exército que foi quando mais jovem.

Kevin obedeceu, mandando uma piscadela para mim antes de sair da sala. Me perguntei se poderia falar com ele. Afinal, ele é o único amigo que me restou. Pedi licença e disse que pegaria mais um pouco do bolo de tia Sarah na cozinha, enquanto na verdade estava indo até a garagem. Kevin já havia pegado os baldes e franelas.

- Vai ficar de castigo até quando? - perguntei. Kevin se sobressaltou por tê-lo pegado de surpresa, depois continuou esfregando o pano úmido nas janelas do carro.

- Um mês em prisão domiciliar e dois meses sem eletrônicos nenhum.

Wow, quando Joe ficava bravo, ele ficava mesmo. Peguei um pano e comecei a ajudar Kevin.

- Sinto muito.

- Não foi culpa sua. Na verdade, você bem que tentou me impedir - ele me deu um empurrãozinho com o ombro.

- Mesmo assim.

- Ei! - ele parou e olhou para mim. - Soube da peça. Parabéns! Queria ter ido, mas meu pai não abriu uma exceção.

- Tudo bem - dei de ombros. - Não foi tão incrível assim como andam dizendo.

- Dean contou que você foi impressionante.

Olhei para ele, surpresa.

- Ele vem aqui me dá as tarefas que ando perdendo na escola, meu pai concordou. Posso está afastado, mas ele ainda quer que eu estude - Kevin explicou.

Mas Dean havia falado com ele depois da peça? Ele teria contado do nosso beijo?

- Ah é? - voltei a olhar para a manchinha que estava tentando limpar do carro para Kevin não notar caso eu corasse. - E ele te disse mais alguma coisa?

- Tipo o que? - Kevin perguntou confuso.

- Não sei... sobre as flores?

- Flores? Que flores?

Ok, então Dean não contou das flores para Kevin. Isso era tudo?

- Ah, eu sei do que você está falando! - Kevin sorriu divertido. Me senti extremamente envergonhada. - Do encontro de vocês, não é?

Arregalo os olhos.

- É, é isso - minto.

Kevin está rindo.

- É, eu mal acreditei quando ele perguntou o que eu achava sobre chamar você para sair. Eu fique surpreso, mas aí pensei, você não está vendo ninguém mesmo - Pressionei os lábios, sabendo que aquilo não era exatamente verdade. - E então, como foi?

- Não foi - respondi corando.

- Como assim?

- Não teve encontro. Quer dizer, teve, mas não foi concluído.

- Ainda não entendi.

Ai, como eu explicaria?

- Eu estava agitada, irritada, foi um péssimo dia para sair em um encontro - comecei. Kevin estava curioso. Mesmo assim, ele continuava com aquele ar divertido como se soubesse que, de certeza, acharia graça do que eu tinha pra falar. - E aí, no meio do encontro, eu tive uma espécie de... bem, o médico disse que eu tive um ataque de pânico.

- Um o que?

- Eu surtei, Kevin, eu surtei! - esclareci e ele riu mais do que nunca.

- Nossa, isso foi tudo por causa do Efeito-Dean em você?

Bati nele.

- Para de dizer bobagens. Foi uma serie de coisas, não só porque sai em um encontro com ele.

- "Não só".

Peguei a mangueira que enchia os baldes d'água e direcionei a ele. Sua camiseta azul se encharcou na mesma hora. Ele fez cara de indgnação, puxou a mangueira das minhas mãos e me perseguiu ao redor do carro. Quando ele conseguiu me molhar, peguei o balde de sabão e joguei nele, caindo sabão também por cima do carro. Ashley se encostou na porta da saída e nos observou segurando sua câmera nova. Olhou para mim e Kevin balançando a cabeça.

- Crianças...

Eu e Kevin não paramos por isso. Continuamos nossa guerrinha, por mais infatil que fosse. Ashley, entediada, pegou sua câmera e começou a bater foto do jardim da frente da casa e da nossa brincadeira. No meio das poças de água no chão, quase escorreguei. Kevin me segurou e nós dois caímos mais ainda na gargalhada ao mesmo tempo que eu notei a luz do flash.

Quando Joe apareceu para estragar nossa festa, Kevin e eu já haviámos mais do que nos divertido. Era disso que eu precisava: diversão. E precisava disso sempre de vez em quando principalmente nos dias difíceis como hoje.

Naquela mesma noite, depois que tomei um banho quente para não pegar resfriado, meu celular tocou. O visor informava que era Justin. Ah, não! Havia me esquecido de ligar para agradecer as flores!

- Oi - apenas eu podia ver meu sorriso bobo.

- Hey, o que achou das flores?

Sentei na cama e cruzei as pernas em posição de Lótus. Do lado da minha cama, conteplei as flores.

- Muito obrigada, são lindas - disse sorridente.

- Não há do que me agradecer. É meu pedido de desculpas por não ter aparecido.

- Você tem sua carreira, Justin - disse compreenssiva. - Eu entendo. Estou acostumada.

- Ainda me sinto em dívida.

- Você não me deve nada.

- Sabe o que eu estava vendo aqui agora na internet? - ele disse com a sua voz rouca. Já era tarde, então podia imaginar Justin em seu quarto, provavelmente sem a parte de cima do pijama, pronto para ir para cama, mas separou um tempinho para me ligar. Sorri imaginado. - Estou assistindo o clipe que você fez comigo.

Dou uma gargalhada quando me lembro desse clipe. Aqueles dias de gravação foram importantes para mim de diversas maneiras.

- Sam parece ter se divertido muito.

- Eu também me divertir muito - digo e, não sei porque, isso soa provocativo. Justin demora para responder.

- É... bons tempos.

Travo. O que ele quis dizer com isso? Ele começa a falar de outra coisa e eu, como num impulso, digo:

- Estou indo para L.A. neste feriado.

Tá, eu não estava indo para lá até agora. Balanço a cabeça em desaprovação a mim mesma na mesma hora. O que?! Alicia, você pirou?!

- Serio? - Justin parece mais do que feliz. Confirmo. Agora não tem mais volta. - De que horas você chega amanhã? E onde vai ficar? Eu posso te mostrar a cidade e te apresentar a uns amigos... 

Ai meu Deus, ele está tão animado que até me alegro. Ele está assim por minha causa. Então me lembro de que não tenho passagens de avião para Los Angeles. Quando desligamos o telefone, corro para o quarto da minha mãe. Ela está com seus óculos de leitura já vestida com sua camisola em cima da cama analisando um cartão e o esconde assim que adentro o quarto.

- Mãe, lembra quando combinamos de viajar nesse feriado?

Ela franze a testa.

- Combinamos?

- Então, eu já me decidi para onde - Já estava em cima da cama dela, me arrastando até encontra-la e enconstar minha cabeça em seu braço, fazendo carinha de cachorro pidão.

- Ai não - ela murmura, sabendo o que estava por vir.

- Que tal Los Angeles?

- O que?!

- Por favor, por favor, por favor, por favor - implorei de joelhos na sua cama.

- Alicia...

- Antes que você diga qualquer coisa, lembre-se que a ideia de viajar foi sua - Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu interrompi - E que eu andei muito estressada ultimamente.

Ela continuou pensando. Comecei a ficar apreensiva, então voltei a implorar, até que ela finalmente abriu um sorriso e eu sabia que tinha vencido.

- Precisamos reservar as passagens agora.

- Eu cuido disso - corri, busquei meu macbook, voltei e o abri, acessando a internet e na página das linhas aéreas. Escolhei o primeiro voo de São Francisco para Los Angeles. Seria as 8:15h da manhã.

- Por que tão cedo?

- Assim podemos aproveitar melhor o dia - expliquei rapidamente, fazendo as reservas com eficácia.

Como reservamos de última hora, o preço, logicamente, saiu caro. Mamãe arregalou os olhos e me impediu de clicar no botão de compra.

- Olhe isso! Está caro de mais.

Ergui meu cartão de crédito que a minha avó me deu em meu nome. Tinha um limite, mas era mais alto do que a quantia das passagens. Mamãe me olhou com repreensão, mas eu a acalmei e, no final, a convenci. Minha avó esperava que eu o usasse para comprar roupas caras mesmo, coisa que eu não fazia, então duas passagens aéreas com um preço um pouquinho salgado não faria tanta diferença no final. Com as passagens arranjadas, só precisávamos das reservas do hotel. Reservei para três noites e quatro dias. Novamente, saiu caro, mas eu estava disposta em vender até mesmo meu iPhone e peças de roupa por isso. Com tudo certo, deixei que minha mãe finalmente descançasse.

No meu quarto, aproveitei a falta de sono: coloquei uma mala de mão na cama e joguei uma trouxa de roupas para fora do closet. Pijamas, calças jeans, saias, algum vestido caso fóssemos para alguma festa ou balada, roupa íntima. Até um biquini. No final, fui selecionando e resumi tudo para quatro dias. Quando terminei, já era duas da manhã e em seis horas eu deveria está em um avião. Coloquei meu pijama, escovei os dentes e coloquei o despertador para as 6:30h antes de dormir. Uma vez debaixo das cobertas, me impressionei com o tanto que estava cansada, e fui fechando os olhos lentamente, até que a imagem das flores de Justin do lado da minha cama foram sendo substituídas pelo negro profundo do meu sono e a ansiedade e expectativa do novo dia que estava por vir.

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O "Especial Los Angeles" está divido em duas partes e conta o feriado da Alicia na Capital do Sonhos, mais que decidida a descobrir toda a verdade e a razão de Justin ter a abandonado. 

No próximo capítulo:

São novos ares em Los Angeles. Selena Gomez fica com ciúmes. Visitinha na nova casa do Justin e ele só usa cueca Calvin Klein. Kenny está emocionado. Scooter arrisca mais uma vez: "Vamos lá, Judy. Só iremos conhecer alguns estúdios. Sabe, muitos produtores se interessaram pela sua voz". Noites de agitos na cidade grande são sempre preenchidas com muitas revelações. E conquistar um dos inimigos resulta no começo de uma grande amizade?

Não percam!


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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Segue-se o mesmo regime de reviews. PRÓXIMO CAPÍTULO SERÁ POSTADO APENAS COM MAIS DE 5 REVIEWS. Me perdoem por isso de novo. Já tenho o próximo capitulo escrito, então se mandarem reviews bem rápido, posto imediatamente!