Dear Diary

Scopius Malfoy

Então era isso, ficar na detenção com sua ex-melhor amiga por causa de uma discussão não tão boba, fala sério, a ruiva achava que ele tinha o quê? Cinco anos? Dez anos?

Se bem que ele não poderia fazer uma explicação melhor para aquele livro idiota de romance melhor que Rose, já que se fizesse, seria algo do tipo “ele amava ela, ela amava ele, eles se amavam, muito choro, mais choro, morte e fim”. Esse era a sua ideia daquele livro.

Scorpius riu daquela explicação.

— Era só o que me faltava — Rose revirou os olhos ao observar o louro rindo —, não basta estar presa com você aqui, e agora já vai começar com as suas piadinhas internas e sem noção.

— Weasley, Weasley... Grandes mentes sempre têm piadinhas internas — Scorpius falou aproximando-se da garota que estava sentada na outra cadeira ao lado.

O louro a viu franzir o cenho enquanto aproximava-se dele, fazendo-o se controlar devido ao perfume que ela usava, o perfume que ele gostava tanto, e que fazia seu coração bater como nunca havia batido antes... como agora.

— Então eu não entendo como você tem piadinhas internas — Rose esboçou um grande sorriso, porém, o garoto não deu a mínima atenção ao que ela falou, ele estava muito concentrado em observar cada traço daquele rosto que estava sua frente, a míseros centímetros perto dele. — Scorpius? O que você está fazendo? — Rose sussurrou nervosa.

Scorpius sorriu de canto enquanto aproximava o seu rosto do dela, a ruiva mantinha-se na mesma posição e o herdeiro Malfoy poderia jurar que viu um sorriso abrindo-se em seus lábios rosados.

— MALFOY! WEASLEY! — Filtch gritou fazendo os garotos se separarem rapidamente enquanto ficavam virados cada um para o seu canto. — Podem ir.

Scorpius fora mais rápido que Rose, ele pegou a sua bolsa e saiu daquela sala o mais rápido possível, sabia que estava vermelho, droga! Ele não sabia como havia deixado isso acontecer. Malfoy tinha a plena certeza de que tudo aquilo que sentia por Rose tinha ido embora a um bom tempo atrás, não tinha?

— Ei, calma! — Scorpius havia acabado de tombar com alguém, assim que ergueu os olhos viu que era a última pessoa nesse que gostaria de ter contato agora. — Você anda sumido, Scor.

— É, também acho, Moore — Scorpius respondeu recolhendo o seu material que fora espalhado pelo chão.

— Você já tem alguém para ir ao baile? — Bridget perguntou.

— Na verdade, não irei ao baile — Scorpius falou vendo o sorriso da garota desaparecer.

— Mas você deveria, seria uma ótima oportunidade de ganharmos o prêmio de Rei e Rainha do baile.

Scorpius bufou, e então viu mais a frente à pessoa que procurava.

— Eu tenho que ir agora, Bridget, depois a gente se vê — o garoto nem ao menos deu tempo para a morena se despedir, ele apenas seguiu o corredor até encontrar Jane conversando com o Lorcan.

— Er... Oi — Scorpius colocou um sorriso, não qualquer um, mas aquele que ele usava a muito tempo atrás, quando andava com Rose e Albus.

Droga. Por que eles se afastaram tanto?

— Oi, Scorpius — Jane sorriu abertamente, já Lorcan o cumprimentou apenas com um aceno.

— Jane, será que a gente pode conversar... agora? — Scorpius perguntou meio sem jeito com a situação.

— Ahn... — ela olhou para o garoto ao lado dela — Claro!

Scorpius virou-se seguindo para o campo dos populares, para o banco que ele sempre ocupava ali, ele olhou por cima do ombro para ver se Jane estava vindo quando foi surpreendido pela mesma falando com ninguém menos que Rose Weasley, que ainda estava parada na entrada do campo, como se estivesse com receio de adentrar ali.

“Ótimo”, Scorpius pensou. “Agora mais um local em que ela vai estar perto de mim”. Ele pegou uma pedrinha no chão e começou a atirá-la o mais longe possível.

— Scorp? — Jane sentou ao seu lado.

— Por que a gente se afastou?

Scorpius sabia que a garota tinha a plena certeza a que ele estava se referindo.

— Promete que se eu for sincera você não vai me odiar pelo resto da sua vida? — Jane o encarou séria, fazendo o garoto sorrir. — Vocês estão se tornando aquilo que sempre odiaram. Com você já aconteceu, se a Rose não se cuidar, em breve, isso também irá acontecer com ela.

Scorpius suspirou cansado enquanto deitava a cabeça no ombro da garota.

— Eu não queria ter me transformado nisso, só que apenas veio e eu não pude evitar.

— Tem certeza que você não pode evitar?

Scorpius fechou os olhos.

Ele sabia o que ela falava. Talvez ela pudesse evitar, mas assim não fez porque gostava de toda a atenção que recebia.

— Você já parou para conversar com ela? Você sente falta dela, e eu tenho praticamente certeza que ela sente sua falta também — Jane falou sorrindo.

— Ela não quer me ver nem pintado de ouro, bronze celestial, latão e mais um monte de coisa que eu não lembro — Scorpius soltou um risinho fraco no final da frase.

— Ela disse isso?

Scorpius assentiu fazendo um “uhum” enquanto a garota fitava o chão sorrindo.

— Prometa que você vai falar com ela antes do baile de primavera.

— O quê? — Scorpius falou. — O baile é no final do mês!

— O que dá um mês todinho para o herdeiro Malfoy falar com a herdeira Weasley — Jane sorriu. — Prometa.

— Não prometo.

— Prometa.

— Não prometo.

— Prometa — Jane continuava a insistir.

— Não prometo.

— Prometa.

— Não prometo.

— Não prometa.

— Prometo! — Scorpius exclamou alto o suficiente para que alguns alunos olhassem para ele, e Jane se mantivesse com um enorme sorriso na sua frente. — Ei, isso não vale!

— Por que não? — Jane questionou. — Eu digo, você prometeu, agora tem que cumprir. Que dia você vai falar com ela?

— Você já sabia que eu ia prometer, não é? — Jane assentiu sorrindo divertidamente com aquela cena. — Inacreditável.

— Eu sei! Isso é inacreditável e magnífico! Você vai voltar a falar com a Rose, e assim, vai recuperar ela aos poucos e então vai roubar ela de vez do Black e assim nós teremos um final feliz com “Scorose” — Jane falou com os olhos brilhando enquanto Scorpius a encarava como se a mesma estivesse louca.

— Jane?

— Sim.

— Você tá bem? — Scorpius perguntou franzindo o cenho.

— Maravilhosamente bem — Jane respondeu. — Mal posso esperar para ver vocês dois juntos. E eu tenho que ir, te vejo por aí.

Scorose.

Rose Weasley

O que diabos tinha dado em Scorpius? Ele realmente iria a beijar naquele momento? Rose não podia negar que por mais estranho que fosse, ela queria aquele beijo.

— Tudo bem, Rose, foi só sua impressão, aquilo não iria acontecer — a ruiva murmurava consigo mesma enquanto passava pelos corredores.

— Weasley! — a garota virou sabendo que já encontraria Matt vindo ao seu encontro, involuntariamente um sorriso brotou em seus lábios.

— Oi — ela falou tímida assim que ele a beijou (não como Scorpius, claro).

“Espera? O que o Scorpius tá fazendo nos meus pensamentos? Eu não gosto dele!”, Rose pensava consigo mesmo enquanto apenas assentia ao que Matt falava, coisa que ela nem ao sabia a que se referia. “Quer dizer, eu pelo menos acho que não. Eu preciso do meu diário, agora!”

— Matt, eu preciso ir, tudo bem se você for para o refeitório sozinho? — Rose perguntou parando no corredor, apenas para observar o garoto a dando um sorriso de canto.

— Tudo bem, deve ser importante não é? — Matt falou.

Rose assentiu murmurando um “uhum” enquanto saia devagar e corria para o seu armário colocando a senha, assim que abriu a porta um bilhete caiu, a ruiva abaixou-se para recolher o mesmo.

Você pode não me ver, mas eu estarei lá, ou aí.

A garota olhou para os lados procurando algum suspeito, mas acontece que tinha muitos alunos no pátio e apenas um olhando para ela. Lorcan Scamander.

O coração da garota acelerou, ela sentiu as suas pernas bambas. Desajeitadamente ela pegou o diário e saiu dali o mais rápido possível, praticamente derrubando quem estava em seu caminho, a impedindo de chegar ao banheiro feminino.

Assim que entrou no banheiro, ela correu para o último compartimento, sentando-se no vaso e apoiando o diário em suas pernas.

Quérido Sr. T., já faz um bom tempo que eu não escrevo aqui, e devo dizer que minha vida anda um pouco louca. Como assim?

Bem, me afastei dos meus melhores amigos, lembra da vaca da Bridget que eu já mencionei aqui? Pois é, ela deixou de me importunar. E ainda tem o primo do Scorpius, eu acho que a gente tá meio que em um lance, sabe? Eu não sei te explicar direito sobre isso. Mas eu gosto.

Eu sei que você deve estar querendo saber se eu ainda quero o cargo no Hogwarts News e eu tenho que falar: mais que tudo nesse momento. Sério, só que eu não sei como eu vou conseguir virar ancora, aqui todo mundo ama o que a vaca Moore faz, e eu só gostaria de ter uma chance para provar que eu consigo fazer melhor do que ela conduzido esse jornal.

Tenho certeza de que a minha matéria iria atrair muitas pessoas, principalmente os não-populares.

Mas enfim, seria bacana se por alguma razão do destino a Bridget pirasse na frente das câmeras e aí o professor Longbotton iria poder reconsiderar me colocar ali, assim que ela desistisse. Plano perfeito, não é?

Eu acho que é melhor eu ir, tenho que começar a minha matéria, tô pensando em colocar o Matt para filmar. Vou atrás dele.

Até mais, Sr. T.

Rose saiu do banheiro e foi em direção ao refeitório, encontrando Matt sentado só em uma mesa, enquanto seu primo estava sendo rodeado por pessoas, a ruiva não deixou de sentir uma raiva, eles eram do mesmo sangue, como o garoto Malfoy agia como se eles não tivesse nem um tipo de ligação?

— Olá, Srta. Weasley — Jane postou-se a frente de Rose com um grande sorriso.

— Olá, Srta. Lewis — Rose respondeu sorrindo. — Posso ajuda-la em algo?

— Na verdade, eu que irei lhe ajudar — Jane respondeu com um grande sorriso.

— Desculpa, mas como?

— Você tá fazendo uma entrevista sobre o mundo dos populares, não tá? — Rose assentiu se perguntando como aquela garota sabia disso. — Então, eu quero te chamar para irmos fazer compras, assim, você pode entrevistar tanto a mim como a Lysander para a sua reportagem.

Rose abriu um enorme sorriso. Ela não podia acreditar naquilo. Então o diário voltou em ação?

“Weasley, pare com isso, aquilo é só um diário, que só me traz sorte, mas é um diário. Acho que eu deveria jogar na loteria, vou perguntar para ele quais são os meus números da sorte”

Rose riu com aquele pensamento.

— Tudo bem? — Jane perguntou.

— Claro! Maravilhosamente bem! — Rose respondeu sorrindo.

— Certo, então a gente se encontra na casa da Lys, que é perto da sua, e aí a gente vai fazer as compras, você vai precisar de quanto tempo mais ou menos para fazer a entrevista? — a morena perguntou.

— Acho que mais ou menos uma semana, eu sei, é muito tempo, mas é que...

—... é perfeito! — Jane a interrompeu, fazendo a ruiva a encarar. — Digo, perfeito para nós todas que teremos bastante tempo para conversar — a morena acrescentou rapidamente —, e também, é bom porque assim nós iremos fazer um dia de garotas do qual você irá participar.

— Eu vou? — Rose perguntou franzindo o cenho.

— Vai sim — Jane respondeu sorrindo. — Então é melhor que o Sr. Weasley tenha deixado o cartão de crédito sem limites.

Rose arregalou os olhos azuis.

— Relaxa, tô brincando com o negócio do cartão sem limites, vai ser por conta das líderes de torcida, tem um programa que é só para essas necessidades — Jane falou.

— Achei que meu pai iria me matar caso eu estourasse o cartão dele — Rose falou rindo fraco. — Eu vou indo, então.

— Te vejo mais tarde, certo? — Jane gritou fazendo com que alguns alunos olhassem para elas.

— Claro — Rose respondeu corando.

Ela sentou-se ao lado de Matthew com um grande sorriso.

— Posso saber a razão desse sorriso? — Matt perguntou.

— Claro, parece que finalmente a minha reportagem vai acontecer — Rose respondeu sorrindo.

— Sério?

— Sério — Rose respondeu.

— Isso é maravilhoso! — Matt exclamou sorrindo e Rose não pode deixar de notar em como ele ficava bonito sorrindo daquele jeito. — Quando começa?

— Hoje, depois da escola, provavelmente — Rose falou soltando um longo suspiro.

— Ei, você não precisa ficar nervosa, vai sair tudo bem, e você vai virar âncora daquele jornal — Matt falou.

— Como você sabe que eu quero ser âncora do jornal? — Rose fitou o garoto com o cenho franzido. — Eu nunca mencionei isso com você.

— Você acaba por apreender muitas — Rose percebeu que Matt havia parado o que estava falando e começou a fitar o diário velho que estava sobre os seus livros — coisas. Como você conseguiu esse diário?

— Você conhece? — Rose falou.

— Não, não — Matt respondeu franzido o cenho —, só achei ele estranho.

— Estranho? Por quê? — Rose sentiu uma ponta de curiosidade surgindo dentro dela.

— É que eu acho que já vi um parecido quando eu era menor, nada demais, deixa para lá — Matt falou balançando a cabeça.

Rose abriu o diário em uma mais ao final, e começou a escrever sem que Matt visse.

Números da sorte, por favor?

Assim que ela terminou de escrever, algo estranho, digo, realmente estranho aconteceu, ela não havia notado a presença daqueles números no final da página escritos em uma caligrafia delicada antes. Eles lhes diziam qual era o seu número.

Rose congelou. 01092017. Aquele não era qualquer número. Primeiro de setembro de dois mil e dezessete, o dia em que ela, Albus e Scorpius entraram em Hogwarts, e consequentemente, o dia eles se conheceram e tornaram-se melhores amigos.

Ela buscou o olhar dos dois, mas então se deu conta de que nenhum deles estava ao seu lado. Scorpius estava muito ocupado com Bridget ao seu lado, mas percebeu que a ruiva o encarava, já Albus, ele praticamente evitava entrar naquele refeitório.

Rose suspirou pesado fechando aquele diário e apoiando a cabeça nele.

— Tudo bem, Rose? — Matt perguntou olhando a garota.

— Tudo — ela respondeu com um sussurro, mas a verdade é aqueles números continuavam em sua mente.

01/09/2017.