Scorpius Malfoy

— Aqui, Luke, para você — Melaine havia os alcançando quando eles pararam para apertar as mãos um do outro.

A garota entregou para Luke uma caixa com alguns biscoitos dentro, Scorpius apenas olhava para o outro lado tentando segurar o riso, enquanto via algumas líderes de torcida sorrindo para ele.

Malfoy percebeu que Jane Lewis estava com as líderes (agora usando o seu uniforme azul com uma cor que lembrava o cobre, e tinha outras líderes usando a mesma cor, outras usando verde com prata; vermelho com ouro e por fim, amarelo com preto) eles tinham algumas aulas juntos, e foi para ela que dirigiu o sorriso e um aceno, que viu a mesma corresponder e no segundo seguinte, várias das líderes a encararam, provavelmente perguntando como a mais nova delas tinha a atenção do garoto.

— Malfoy, certo? — a garota perguntou atraindo a sua atenção.

Scorpius assentiu a analisando. Ela não era feia, talvez havia puxado a beleza da mãe.

— Nossos pais eram amigos durante o tempo de escola — ela sorriu amigavelmente colocando uma mecha castanha do seu cabelo para trás da orelha.

— Acho que meu pai já mencionou isso — Scorpius mentiu.

Sabia que aquilo era apenas o começo da sua jornada para tornar-se popular.

— Valeu pelos biscoitos, Melaine, mas a gente tem que ir — Luke falou puxando Scorpius pelo braço. — Deixa eu adivinhar, você não tinha a mínima ideia de que eles seus pais se conheciam, não é?

Scorpius sorriu dando de ombros.

— Como já havia dito, meu caro Zabini, você me conhece muito bem — Scorpius viu o garoto revirar os olhos.

— Estou contigo a apenas alguns minutos e você já 'tá irritante — Luke falou vendo o garoto abrir a boca tentando forjar um ato de incredulidade.

— Também é bom te ter de volta — Scorpius falou.

— Achei que nem lembraria — Luke falou. — Já faz tanto tempo.

— Que nós não aprontamos nada juntos ou que não nos falamos? — Scorpius perguntou.

Luke riu.

— Os dois, cara, os dois — ele disse. — Velha escola, velhos hábitos. Assim que a gente muda você troca os amigos — ele falou sério, e por um momento, Scorpius sentiu-se mal.

— Mas os velhos hábitos voltaram, Luke — Scorpius falou olhando para o amigo que o encarava com uma sobrancelha erguida. — Sério! — ele ergueu uma mão no ar como se fizesse um juramento.

— Vem logo, seu idiota, é melhor a gente ir para o gramado — Luke falou entrando na escola.

— Achei que o gramado era apenas para os populares — Scorpius falou. — E eu não sou um...

— Ainda — Luke o interrompeu. — E além do mais, você vai estar comigo, se velhos hábitos estão de volta, é claro que o meu melhor amigo vai estar também.

Scorpius sorriu. Ele e Luke se conheciam desde pequenos, mas depois de entrar em Hogwarts High School, ambos separaram-se, e agora, pareciam que estavam ficando juntos novamente.

Ao pisarem no gramado dos populares, Scorpius pode sentir várias pares de olhos virando para o encarar. Ele? Bem, ele apenas ergueu a cabeça e continuou a caminhar como se nada daquilo estivesse acontecendo, e sentou-se em um banco qualquer debaixo de uma árvore. Segundos depois foi como se nada daquilo estivesse acontecendo, porque ele achava que as coisas seriam mais difíceis do que ele esperava.

Scorpius bufou.

— O que foi? — Luke perguntou.

— Nada não — Scorpius respondeu.

— Sei... — ele falou olhando desconfiado para o amigo.

— Sério, cara! — Scorpius falou soando confiante agora.

 Luke deu de ombros recostando-se no banco enquanto observava algumas garotas passarem, grande parte, líderes de torcida.

— Malfoy — uma voz feminina o chamou.

Scorpius riu.

— Scorpius, Jane — ele falou para a garota que estava usando o seu uniforme das líderes de torcida.

Ela revirou os olhos sorrindo enquanto sentava no banco ao lado dele.

— Tá vendo a Brown? — Jane indicou uma garota que estava sentada sobre uma mesa, que vez ou outra olhava para ele lhe lançando sorrisos.

— O que tem ela, Jane? — Scorpius perguntou.

— Virei uma coruja, Scorpius — ela falou rindo, o entregando um papel amassado.

— Mas ao menos é uma coruja bonita — ela riu enquanto balançava a cabeça, os cachos balançavam na parte de trás do rabo de cavalo enquanto ela se distanciava das líderes e ia para aonde Bridget estava e se Scorpius não estivesse louco, a garota estava sorrindo para ele.

— Cara, que espécie de cantada é essa? — Luke perguntou ao seu lado rindo. — "Mas ao menos é uma coruja bonita", sério, Scorpius? Sério que você me aparece com essa? — ele fechou os olhos e balançou a cabeça. 

— Isso não foi uma cantada, idiota — Scorpius falou.

— Não? — Luke perguntou.

Scorpius negou.

— Porque eu não consigo acreditar nisso? — Luke fingiu coçar o queixo como se estivesse pensando em algo. — Ah é, porque o Scorpius que eu conhecia era um mini projétil de pegador, e ao que parece ele não perdeu o charme porque até bilhete já recebeu.

Scorpius jogou aquilo fora. Brown não. Ela saia com qualquer cara e ele não era qualquer cara.

— Vai recusar? — Luke perguntou.

— É o melhor a se fazer.

— Eu não te entendo, Malfoy.

[...]

Sabe o que é se passar três semanas e você não ao menos notar isso?

Scorpius estava vivenciando isso no momento. Todas as noites era chamado para festas que iriam rolar no final de semana, mas para poucas ele realmente ia. Era incrível como a popularidade o tinha atingido de maneira tão fácil, como se ela estivesse apenas o aguardando.

E o mais estranho, era que ele ao menos não se lembrava de...

— Rose? — ele falou ao ver a figura ruiva na sua frente.

Ele olhou ao redor, o corredor estava cheio de alunos, movimentando-se de um lado para o outro.

— Ah, então lembrou que eu existo? — ela falava com raiva.

Scorpius revirou os olhos, uma atitude que deixou a ruiva surpresa.

— Para de ser dramática, Rose — Scorpius falou.

— Para de ser dramática? Scorpius! Você praticamente sumiu essas três semanas! — ela falava com raiva.

— Não sumi, coisa nenhuma — Scorpius defendeu-se.

— Tem certeza? Lembra o que a gente fazia durante os finais de semana? Tipo, algo como acampar no quintal e ficar revendo as nossas metas?

— Isso é coisa para criança, Rose — Scorpius falou.

Rose abriu a boca mais em momento algum sua voz saiu. Scorpius a encarou novamente.

— Ótimo. Mas você ao menos está lembrando-se de fazer o que eu te pedi? — Rose tentou.

— O que seria isso? — Scorpius perguntou. — Um autografo? — ele colocou um sorriso de desdém no rosto.

Rose bufou.

— Você não consegue nem se enxergar mais, não é, Malfoy? — ela começou a falar, cada vez, com a raiva mais presente na voz, mas agora, algo em seus olhos azuis brilhavam. — Mal se foram três semanas e  você já está agindo como um idiota, Malfoy! Um imbecil! Um... Um deles!

Scorpius ergueu as duas sobrancelhas.

— Engraçado, porque eu acho que era isso o que você tanto desejava, Weasley! — Scorpius respondeu no mesmo tom, vendo que alguns alunos se distanciavam dali. — Vocêque me pediu para me tornar popular. Você!

— ISSO MESMO, MALFOY! TE PEDI PARA SE TRANSFORMAR EM POPULAR PARA ME AJUDAR NO PROJETO E NÃO EM UM COMPLETO IDIOTA SEM CORAÇÃO QUE SE ESQUECE QUE UM DIA JÁ TEVE AMIGOS! — Rose gritou e saiu dali.

Scorpius permaneceu calado por alguns segundos, até que continuou o seu trajeto, ele tinha mais coisas para fazer.

Rose Weasley

Rose havia praticamente fugido após a discussão com Scorpius, mas acabou esbarrando em Albus, deixando-o preocupado e sem respostas.

Idiota. Idiota. Idiota. Idiota Malfoy.

Sim, era apenas isso que a jovem Weasley pensava enquanto estava trancada ali dentro daquele cubículo que havia no banheiro.

E era por aquele idiota que algumas lágrimas teimosas caíam. Aquele não era o garoto que um dia fora o seu melhor amigo, aquilo era apenas um ser sem coração.

Rose retirou o diário de sua bolsa e começou a escrever.

"Scorpius Malfoy. Idiota e Popular.

Eu não consigo entender como a popularidade consegue alterar o ego de algumas pessoas, um exemplo: Scorpius Malfoy. De garoto bonzinho virou um idiota sem coração.

Olha, Sr. T., o Al também é popular (não tanto quanto Scorpius) mas não age como um idiota por aí. É isso que eu tento entender."

Rose descansou a caneta e então percebeu uma frase rabiscada em letras caprichosas na parte inferior da página.

"Não existe o bem ou o mal, existe apenas o poder e aqueles que são demasiado fracos para o desejarem" 

— T. M. R.

A garota ainda estranhava aquele diário, afinal, às vezes ele começava a querer lhe falar coisas, ou pelo menos era isso que ela achava, e comprovou ao ver aquilo.

Scorpius Malfoy

— SCORPIUS?! — Scorpius parou, encarando o par de olhos verdes como esmeraldas que o amigo tinha.

— E aí, Al? — Scorpius sorriu.

— Você sabe o que aconteceu com a Rô? — Albus perguntou.

— Nós apenas brigamos — Scorpius falou como se não fosse nada demais.

— Vocês o quê?

— Por que a surpresa?

— Scorpius, eu achei que você gostava dela! — Albus falou.

Por um momento, Scorpius havia esquecido aquele sentimento, talvez estivesse apenas enganado quando achou que gostava dela.

— Acho que não, Al — ele falou normalmente.

— E você sabe que ela estava chorando? — Scorpius desviou o olhar. — Scorpius, o que está acontecendo com você?

— Severus, eu estou apenas aproveitando a vida enquanto eu ainda tenho tempo e você também deveria — Scorpius falou.

— Tem certeza, Scorp? Tem certeza de que não está agindo como um idiota? — Scorpius bufou.

— Tenho sim e quer saber, esse final de semana vai ter festa na minha casa e você está convidado, vê se leva a Scamander — Scorpius falou vendo o rosto do amigo esquentar.

 — Calado — Scorpius riu passado um braço em volta do pescoço do amigo.

— Ou o que, Potter? — Scorpius tentou desafiar. — Olha só, eu acho que é ela ali se pegando com o Zabini!

Albus virou rapidamente o rosto na direção que ele olhava e não viu nada, apenas constatou Scorpius rindo feito um idiota, assim, desferiu um soco no seu ombro.

— Ei! Só uma brincadeira! — ele ergueu as duas mãos acima da cabeça.

Albus o fuzilou com os olhos.

— Fica quieto, vai planejar a sua festa depois da aula que a gente tem agora — Albus falou, e no minuto seguinte o som da campainha fora escutado.

— Ótimo, mais uma aula de Filosofia ou seria "Sonolofia" — Scorpius falou fazendo Albus rir enquanto entravam na sala de aula.