Scorpius Malfoy

Ao que parecia a notícia da festa do garoto Malfoy já rondava por todos os lugares, todos que ele convidava falavam que iriam. No momento, ele estava encostado no seu armário, folheando algumas páginas do seu livro sem muito interesse pois sua mente ainda rondava pelo que Rose e Albus o haviam dito. Aquilo o deixava intrigado.

— Scorpius? — Scorpius virou de modo que pode ver Bridget ali, encostada no armário próximo ao dele.

Ele sorriu para ela.

— Ei, Brid — Scorpius a cumprimentou sorrindo. — Vai na festa amanhã, certo?

Ela sorriu.

— Achou que eu iria perder? — perguntou erguendo as duas sobrancelhas.

Scorpius riu olhando para baixo.

— Como se você fosse perder a festa do ano — Scorpius falou. — Mas afinal, em que posso ajudá-la?

Por um segundo, Scorpius jurou ter visto um sorriso malicioso atravessar o rosto de Bridget, mas não falou nada, talvez houvesse se enganado.

— Ei, Scorp! — uma líder de torcida qualquer passou por eles acenando para Scorpius, que riu de volta, se ele não estava enganado, ele tinha ficado com na festa do Travis ou seria na do Vincentt? Quer saber, aquilo não importava, ele não iria ficar com ela novamente.

Pelo canto do olho viu Bridget analisar a garota dos pés a cabeça e depois colocar um sorriso de desdém no rosto.

— Brid? — Scorpius chamou dando o seu melhor sorriso.

— Ah! — Bridget sorriu um tanto envergonhada, assim que ela abrira a boca para falar algo, fora interrompida pelo som da campainha soando por todo o prédio da HHS, indicando o sinal de ir para as classes, e uma coisa que Scorpius não gostava era se atrasar para tais.

Ele deu um beijo na bochecha de Bridget e despediu-se enquanto ia para a sua sala de aula. Enquanto caminhava, aqui e ali uma garota acenava para ele e ele retribuía para algumas, mas ao chegar na porta seus olhos encontraram-se justamente com os dela, que suspirou pesado ao vê-lo ocupar o assento atrás do dela.

Por um momento achou aquilo ruim, fora um vago momento.

— Ei, Weasley, vai continuar me dando gelo até quando? — Scorpius murmurou aproximando da cadeira dela.

— Espera? Tem alguma coisa falando comigo? — ela murmurou de volta olhando minimamente para os lados.

Scorpius revirou os olhos.

— Para de agir como uma criança — Scorpius murmurou de volta.

— Que zumbido mais irritante — ela continuava sem dar a mínima atenção para ele —, eu acho que deve ser algum inseto.

Scorpius endireitou a cadeira enquanto um bico projetava-se em seus lábios. Espera. O que ele estava fazendo? Afinal, ele é Scorpius Malfoy, não deveria ficar andando por aí tentando puxar conversa com as garotas, acontece justamente o contrário e ele tinha coisas mais importantes para se concentrar, um exemplo? A festa de amanhã.

Rose Weasley

Rose mal via a hora para aquela aula acabar, não que ela não gostasse do modo como a ciência misturava-se a genética naquela aula de química (que ela achava muito fascinante, por sinal), mas ela não gostava de quem estava atrás de sua cadeira.

Não. Ela simplesmente não conseguia o perdoar depois daquela discussão, era como se alguma coisa houvesse dado errado entre eles, ou era apenas um fato sendo comprovado: pessoas como ela (excluídos) não se misturariam com os populares.

Pelo menos era isso que ela pensava enquanto andava por aqueles corredores cheios, mais uma vez, sozinha, pois agora, as únicas pessoas que ainda andavam com ela estavam se distanciando. Bem, ela não culpava o primo, afinal, ele sempre tivera dificuldades com matérias de cálculos e para continuar no time ele deveria manter suas notas altas, ou seja, aulas particulares a todo fim de horário com uma monitora, se ela não estivesse enganada, ela a irmã de Lorcan, Lysander, e aquilo a deixava feliz, pois sabia que o primo tinha uma espécie de penhasco por ela, e ficar perto dela deveria ajudar as coisas se resolverem entre eles. Já Scorpius, bem, ele era um caso sem comentários, certo?

— Ei! — ah, não! — Espera, Rose!

Ela virou para encarar a figura do garoto loiro vindo em sua direção, era estranho, mas ela sentiu-se dentro daqueles filmes onde tudo passa em câmera lenta e a única coisa que possuí destaque são dois personagens. Ela balançou a cabeça a fim de espantar esses pensamentos.

— O que é agora, Malfoy? — ela perguntou.

— Você deixou isso aqui lá em casa da última que esteve lá — ele lhe entregou um livro paradidático, na verdade, um de seus favoritos, em que a mocinha era uma guerreira Julieta Imortal —, achei que talvez gostasse de tê-lo de volta.

Rose assentiu e virou para sair mais foi impedida pelo toque do garoto segurando seu braço, e apenas isso fez com que uma corrente elétrica atravessasse o seu corpo, ela olhou para a mão dele e depois para os olhos cinzas que ele era possuidor, e teve a certeza de que ele também sentira aquilo. Mas o que era aquilo?

— Espera, vai ter uma festa lá em casa amanhã, passa por lá — Scorpius chamou.

Rose ergueu as sobrancelhas.

— Isso é algum tipo de pegadinha dos populares? — ela fez questão de frisar a última palavra.

Scorpius revirou os olhos e bufou.

— Eu 'tô tentando ser gentil, será que dá para você ajudar? — Rose notou um tanto de irritação na voz dele.

— Não — respondeu antes de virar as costas e seguir com passos, dessa vez, ninguém a impediu.

Ela encaminhou-se para o campo da entrada da escola e sentou-se debaixo de uma árvore, enquanto ficava ali, apenas pensando naquela corrente. Foi estranho. Isso era a única coisa que ela tinha em mente.

— ROSE! — Rose fora despertada dos devaneios pela voz de Lorcan que sorria enquanto se aproximava dela.

Ela sorriu para ele e no instante seguinte, pensou no sorriso de Scorpius.

— Para, Rose! — a garota murmurava para si mesma.

Lorcan acomodou-se ao seu lado.

— Será se você pode me ajudar com uma coisa? — Lorcan pediu.

— Se estiver ao meu alcance — ela respondeu.

— Eu gosto de uma garota.

Rose arregalou os olhos e por um segundo sentiu uma pontinha de esperança dentro de si.

— Me fala sobre ela! 

— Bem, ela é inteligente — confere —, linda — confere (a mãe dela está de prova).

— Ela é sua amiga? Vocês conversam muito? — ela falava tão rápido e Lorcan apenas sorria.

— Sim, nós conversamos, ultimamente, eu acho que ela é sim minha amiga — Rose podia escutar o seu coração palpitando dentro de si.

— E o que mais? — ela perguntava fazendo gestos com as mãos.

— Ela está nas líderes de torcida — aquilo afundou todas as esperanças da garota Weasley, mas ela manteve um sorriso no rosto. — E eu sou apaixonado por ela desde sempre, só que eu nunca tive coragem de contar isso, sabe.

Rose negou fazendo o garoto rir.

— Pelo menos eu te fiz rir — ela disse. — Mas com que eu posso te ajudar?

— Eu não sei o que fazer, e é aí que você entra — Lorcan disse.

Rose abriu a boca mas não conseguiu emitir som algum, a única coisa que ela queria fazer era ficar trancada em um lugar, aquilo foi a última gota para o seu dia.

— Eu não sei o que fazer, Lorcan — Rose riu nervosa —, mas se for para vocês ficarem juntos, um dia vocês vão — Rose tentava acreditar naquelas palavras enquanto mirava os olhos azuis sonhadores do garoto —, pode ser que seja hoje, ou talvez amanhã, daqui há uma semana ou um mês, ou quem sabe, daqui a dez anos — Rose esforçou-se o máximo que conseguiu para segurar as lágrimas.

Mas no instante seguinte sentiu o polegar do garoto limpado uma que escorreu.

— Tudo bem? — Lorcan perguntou.

Rose o abraçou. Ela estava confusa. O toque do Lorcan deveria ter feito ela sentir-se especial, mas não, fora normal, e agora que sentia os dedos dele afagando o seu cabelo como uma forma de consolo, as coisas apenas pioraram. Ela não sabia o que estava acontecendo.

— Isso tem haver com o Malfoy? — Lorcan perguntou, o tom de preocupação era notável em sua voz.

Rose assentiu.

— Aquele idiota não merece uma lágrima sua, Rô — Lorcan falou.

Foi só naquele momento que ela percebeu que estava sendo tola. Chorando por motivos bobos. O que ela sentia por Lorcan a principio era um amor platônico, mas agora o conhecera, ficara mais do que claro, que ele seria um de seus amigos, não importava como, ela sentia que ele estaria sempre ali.

Ela limpou as lágrimas.

— Você tem razão — ele sorriu. 

— Então me mostra o sorriso da garota Weasley? — Lorcan pediu sorrindo.

Rose forçou um, só que ela deveria ter ficado engraçada pois Lorcan riu, e a garota o deu um leve empurrão com um sorriso brincalhão estampado em seu rosto, e por incrível que pareça, Lorcan retribuiu do mesmo modo.

Scorpius Malfoy

— Não agora, Travis — ele falava pelo celular com o garoto que iria ser o DJ, na verdade, ele era um dos muitos “amigos” populares que Scorpius havia feito, mas aquilo não importava no momento. — Isso! — Scorpius finalmente concordou com um detalhe da festa. — Um globo de luz no centro e...

Ele parou de falar, sentia que não conseguia,  a cena que viu o impediu de fazer isso.

Rose e o (idiota) do Scamander estavam “brincando” e sorrindo um para o outro, ele sentiu uma dor bem no fundo, era estranho ver alguma outra pessoa fazê-la rir daquele modo, o sorriso que um dia fora somente dele e agora ele havia perdido.