Acordei por volta das 9:30. Precisava guardar as coisas na mala, tomar banho, atualizar minha playlist, chegar com duas horas de antecedência no aeroporto porque a turma era grande e blá blá blá.

Depois de pronta, dei aquela olhada no espelho para conferir minha gostosura. 2 Bjs para mim porque me amo.

Chegando ao aeroporto, fui logo procurando a Camis, que estava sentada de cara fechada perto do balcão de check-in.

- Que que foi, mulher? – perguntei por causa do mau humor evidente.

- Briguei com o Vinicius.

- Mas, por que gente? Na frente de todo mundo? Agora todo mundo sabe que vocês estão namorando?

- Porque ele é idiota, não, não.

Fiquei olhando para ela, esperando mais alguma informação. De repente vi um tumulto de pessoas vindo da sessão de desembarque. Comecei a ouvir as perguntas e de repente vi o rosto que causava aquela agitação. Não era possível. Na verdade, não só era possível, como era verdade. O causador de tanta bagunça? Guilherme Botafogo.

Fiquei encarando o traste, que me viu. Quando seus olhos encontraram os meus ele sorriu e parou imediatamente. Começou a vir em minha direção.

- Camis....

A vaca em silêncio.

- Camis...

- QUE?

- Me socorre. Olha quem tá vindo em minha direção.

Camis olhou para trás e levantou tipo que em 2 segundos. Ficou em pé na minha frente, como se fosse evitar qualquer contato. Até parece, Camis com seu 1.63 de altura vai impedir o modelo de 1.85 chegar perto de mim.

Quando Guilherme chegou na frente de Camis, a empurrou para o lado sem tirar os olhos dos meus.

- Alice. – ele disse em um suspiro apaixonado ridículo.

- Sim. E você é o Guilherme. Que que você quer mesmo? – perguntei com preguiça e por pura simpatia, porquê a resposta não me interessava.

- Eu voltei. Para você. Igual te falei que voltaria.

- É, só que isso era antes de você ter um bebê e uma mãe desse bebê.

- Aquilo era mentira. É filho de um amigo meu. Eu fui visitar no hospital e sai com o bebê para eles. Só. Um favor.

- Você realmente quer que eu acredite?

- Eu faço um teste se você quiser.

Nossa, será? Não acredito. Ai, a ultima coisa que eu precisava era bagunça de Guilherme na minha vida. É minha viagem poxa, eu quero curtir. E vou.

- Olha Guilherme, eu to saindo de viagem e não quero discutir isso agora.

- Tá bom, claro. Boa viagem. Se cuida.

Ele segurou meu braço e deu um beijo apertado na minha bochecha. Provavelmente amanhã o Brasil inteiro saberia. Mas ok. Fortaleza, to chegando!

Eu e Camis fizemos o check-in e nos dirigimos até o portão de embarque.

No avião, nós sentamos uma do lado da outra e ao nosso lado se sentou o Matt.
Sim aquele lindo que já tive um rolo. Ele estava na viagem. Eram todos os terceiros anos da escola, e bem ele estava em um deles. Eu achava que Matt era gay, ou bi, mas evidentemente não, e eu poderia jurar que ele tava arrastando uma asa pra cima de mim.

Nós três passamos a viagem toda conversando e dando muita gargalhada. No avião a maioria dos passageiros eram alunos. Ao todo eram 3 aviões para levar as turmas. Como fui antecipada e comprei passagem logo no inicio, peguei o primeiro avião lindo que chegava um dia antes que todo mundo 2 BJS para mim que sou esperta.

Chegando no aeroporto de fortaleza, fomos colocados em um ônibus para chegarmos ao hotel. E que hotel. Em um quarto cabiam 2 pessoas. Minha companheira, sem nenhuma dúvida, Camis!

Desfizemos as malas, afinal, 10 dias com roupa dentro de mala não dava. Deitei na cama e liguei a televisão. Não deu pra ver muito da vista porque tava a noite. Mas tinha mar, e ah, como eu amo o mar. Resolvemos pedir comida do hotel mesmo e tomar um banho. Apesar de Fortaleza ser linda, é longe. Muito longe.

Eu entrei para o banho e por mais que queria demorar deixando a água cair, fui rápida, porquê desejava minha cama e comida mais. Camis tomou seu banho e enfim a comida chegou. Comemos e depois bandejas no corredor. Adoro a ideia de não ter que lavar louça.

Ligamos a TV, o ar condicionado já estava gelando o quarto, pijamas e edredom. Eu to no paraíso e não me avisaram. Não sei a Camis, mas eu dormi rápido.


Camis’ POV:

Eu juro que estou animada com a viagem. 10 dias em um lugar maravilhoso, minha melhor amiga, praia, animais, natureza mesmo. Eu amo natureza. É incrível em seus menores detalhes. Mas a briga com o Vinicius me deixou chateada e preocupada com o nosso futuro. Tínhamos pouco tempo de namoro para uma briga de ciúme assim.

Mas poxa, eu não aguentava aquela ratinha dando em cima dele. Menina chata, ela namora. Será que o namorado dela sabe que ela fica esfregando no meu? É isso. Será que ele sabe? Se sabe, e não faz nada, ou é muito corno ou não sei outra teoria.

Anotei na minha agenda imaginária que tinha que descobrir se o namorado da ratinha sabia. Fiquei pensando mais um pouco e logo adormeci.

- Acoooooooorda. – Senti alguém me chacoalhando.

- Alice, vai pra PQP.- falei em um tom sereno e de sono.

- Não. Nós vamos tomar café que eu to morrendo de fome e depois vamos para a praia.

Eu acordei, afinal não tinha muita opção. Fiquei olhando para a cara dela com ódio. Por fim me levantei, fiz minha higiene e a ridícula não tava nem pronta quando me acordou. Descemos para o café e eu fingi ignorar a presença do Vinicius. Poucas pessoas tinham chegado já. A remessa final chegava hoje a noite. Tomei café com Matt e com a Ali.

Subimos para os quartos para pegar as coisas de praia e vamos que vamos. Não vou deixar nada, NADA, estragar essa viagem. Eu conhecia bem o que me pertencia e sabia que não demoraria muito para estar sendo seguida na praia.

ALICE’S POV:

- AI SOL! COMO EU TE AMO! – falei suspirando de braços abertos na praia.

- Parece que você nem mora no Rio de Janeiro menina. – ouvi a voz de Matt.

- Eu moro, mas lá só anda chovendo ultimamente.

- Verdade, ninguém aguenta mais. To mofando. – reclamou Camis.

Arrumamos um lugar perto de uma barraquinha. Acomodamos as coisas e hora de deitar e tostar no sol... Só que cadê o sol?

Abri os olhos e vi uma pessoa parada em frente ao sol. Vinicius.

- Posso ficar aqui com vocês?

A pergunta parecia mais uma suplica do que um pedido. Olhei Camis, que o encarava. Matt sentiu o clima tenso e me olhou com pontos de interrogação pulando e dando piruetas em cima da cabeça dele. Fiz um sinal de depois para ele. Camis finalmente conseguiu desviar o olhar dele e me lançou um olhar de tipo “e agora?”

- E ai? Posso? – perguntou mais uma vez.