Acordei com o celular vibrando. Sem olhar na bina atendi. Mais sono impossível, mas é o que se tinha para o dia.

- Alô?

- Te acordei?

- Aham.

- Desculpa, não era a intenção.

- Tudo bem... aconteceu alguma coisa?

- Não, só quero te ver. Posso ir te buscar?

Como assim?? Eu to dormindo, ou pelo menos estava e vou voltar. Eu não quero mais ver ele. Será que tá difícil entender??

- Eu ainda vou dormir, e vou passar o dia com as meninas. Obrigada.

- Ah – pude ouvir a tristeza no timbre do outro lado da linha. – tudo bem então. Bom dia ai. Beijos.

- Beijos.

Tá, foi triste, mas meu sono tava incrível, então desliguei e voltei a dormir.

Eu sabia que não tinha motivos para fazer isso, mas tudo bem. Era melhor agora do que depois que eu estivesse totalmente envolvida e compenetrada no relacionamento. Não queria sentir a dor que muitos já me falaram. Uma dor de peito apertado, como se tivesse sendo arrancado de você. Eu tava bem sem dor. Já tinha sentido algo parecido, mas nada com a intensidade que já me falaram.

Quando a tarde se iniciava nós acordávamos, prontas para um super café da manha, sim as duas da tarde. Então fomos tomar um café da manhã saudável no McDonalds e depois direto para a praia. Finalmente não chovia no querido Rio de Janeiro. A tarde se estendeu na praia com muita risada, água de coco, mar, gente bonita e amigas.
Quando escureceu resolvi voltar pra casa. Passei na minha prima pra pegar meu gato de volta e voltei pra casa. Onde enchi a banheira e ali fiquei por quase uma hora.

Quando sai meu corpo pedia pela cama. Me joguei lá e ali dormi uma noite perfeita de sono. Quando o dia amanheceu percebi que estava hiper,mega, blaster atrasada para a escola e eles iam ligar para a minha mãe. Vesti o uniforme correndo, enfiei, literalmente as roupas de balé na bolsa e sai correndo.

Cheguei para o segundo horário, o que me livrou a ligação. Encostei no banco e peguei um livro para ler. Eu adorava ler e ultimamente não estava tendo muito tempo.
Quando o sinal tocou, fechei o livro e fui em direção a sala. Graças ao idiota da sala, sim aqueles ridículos que se acham e todo mundo paga o maior pau pra eles, não consegui entrar. Ele ficou segurando a porta. Até que chegou meu professor gordo de filosofia e empurrou a porta. Quando entramos na sala o idiota se encontrava no chão. Só dei uma olhada de rabo de olho e um sorriso de lado. Não era necessário mais que isso. Sentei atrás de Camis que tava dormindo. A praia dava moleza por dias no corpo. Então simplesmente deitei também pegando no sono por dois horários e um intervalo.

- Alice, acorda! – Camis me cutucava com o jeito mais delicado que ela tinha. Que era o meu jeito mais bruto. Então assim, acordei de bom humor.(sqn)

Acordei e olhei bem para a cara dela, para ver se ela entendi todo o ódio que passava no meu coração. 

- Anda, to com fome.

Levantei e fui, afinal também tava morrendo de fome. Peguei meu celular para entrar no mundo da música e advinha. Mensagem de bom dia, to sumida e bla bla bla.

Adorei isso de ignorar e ele correr atrás. Sério, muito bom e faz muito bem pro ego e é bom pra dar risada também. Tudo bem que ele não fez nada de errado. Mas sei lá, algo, um sexto sentido me dizia que era melhor acabar enquanto tinha tempo. Enquanto não tinha entregado minha alma a ele como já fiz uma vez. Que enfim. Outro momento eu conto essa história.

O dia passou sem novidades. Escola, balé, volta pra casa com chuva, gordice, computador, leia-se vida social durante a semana e quando eu a cama íamos entrar em um sério caso de amor a campanhia tocou. Fiquei olhando o Sr. Gato pensando se descia ou não. Até que veio um grito lá de fora.

- Alice, abre, to vendo sua luz acesa.

DROGA !

Desci as escadas e abri a porta, encontrei um Diego ensopado.

- POR QUE VOCÊ SUMIU???

- Primeiro, para de gritar que eu tenho vizinhos. Segundo, você veio fazer o que aqui meia noite de uma segunda feira?

- Desculpa pelos gritos. Eu vim saber porque você sumiu.

- A gente não combinou que conversaríamos depois da minha viagem? – eu o encarava e falava em um tom de voz frio.

- Foi mais ou menos isso. Mas precisava parar de conversar?

- Eu acho que faz bem. Se ficar conversando vai influenciar na decisão.

- Parece até que você não quer essa influência.

- Olha Di, eu to precisando desse tempo sozinha. Vou aproveitar que minha mãe vai ficar fora um tempo ainda para colocar minhas ideias no lugar, e eu viajando também. Vai me fazer bem e pra você também. – sorri, o mais sincero que consegui.

- Tá bom. Boa viagem, se cuida e se precisar me liga.

Apenas balancei a cabeça. Não queria adeus de despedida, beijo de despedida, uma última saída. Nada. Que fique como um até logo.

Fechei  a porta e subi, deitei na minha cama e começamos nosso intenso caso de amor. Dessa vez eu lembrei de colocar o despertador. Acordei no horário de ir para a aula e coloquei o bendito uniforme, e fui linda como sempre. (sqn)

Os horários sempre entusiasmando a galera. Mas não sei que aconteceu para a coordenadora montar um horário lindo igual o de hoje antes de uma viagem. Olha a maravilha feita de história, biologia, biologia, horário cultural, horário cultural (leia se ouvir uma banda ficar tocando e comer e fofocar) e filosofia (mereço um horário pra dormir também.)

A sala estava bem inquieta, todo mundo animado para a viagem. A maioria das pessoas porque iam fugir pro quarto uma das outras e fazerem sabe lá o que. Eu tava feliz pelas praias, passeios nas dunas e nas lagoas. É posso viver fácil ali. Pelo menos em foto tudo parecia lindo.

Mais um dia de ensaio, dessa vez saímos tarde do estúdio e o pai da Camis me deixou em casa. Eu cresci com a Camis então sempre tive o pai dela como referência de pai, e acabava considerando ele como um. Eu chamava ele de Nenis, de tanta vontade de apertar que eu tinha.

Chegando em casa tomei um banho e separei as coisas para colocar na mala. O avião ia sair amanhã no final da tarde. Eu poderia dormir até mais tarde e ainda arrumar minhas coisas.

Deitei e peguei no sono mais rápido do que imaginei.