A Maldição Do Corvo E A Benção Do Tigre. escrita por rafasms


Capítulo 3
Fear of Dark 2.1


Notas iniciais do capítulo

Essa é a segunda parte do capitulo anterior, que como já foi explicado se tornou um tanto grande, por isso tive que dividi-lo.Bem sem mais delongas, espero que gostem e boa leitura ^^



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Carlos que estava mantendo sua arma ainda apontada para o rapaz, apertou o gatilho instintivamente, liberando o projétil que em velocidade absurda, atingindo em cheio a cabeça do meliante. A bala fez um rombo de entrada e estourou o crânio em um despedaçar gigantesco na saída - a potência de uma arma de fogo se tornava ainda mais aterradora quando à queima-roupa-. O corpo inerte do jovem caiu em um barulho seco por sobre o sofá, inundando todo o móvel com sangue que escorria sem parar.
 Edna assustada tentou aparar o corpo com suas mãos velhas, mas já era tarde demais, ele já havia morrido antes mesmo de tocar o estofado.
 - O que você fez, Carlos?! - Gritou Jorge, tomando a arma da mão de seu irmão.
 - Ele disse que queria nos foder, porra! Você ouviu! - Gritou Carlos de volta para seu irmão, argumentando enquanto gesticulava visivelmente alterado.
 - Mas ele era um cara normal, não era?! Você matou um cara normal?! Como 'vamo fazer agora?! Hein, porra?! Como ‘vamo se livrar desse corpo, cacete?! - Heitor parecia desesperado, não caçava gente e sim criaturas malignas, foi assim que ele havia feito seu código e aquilo havia sido desumano.
 - Era ele ou agente, Palito. E eu não to afim de rodar agora não - Carlos agora ajudava seu irmão a pegar o corpo e deitá-lo sobre o chão. - Edna, trás um pano lá da cozinha para limpar esse sangue porque 'tá foda.
 Era o melhor a ser feito, por isso Edna ouviu os dizeres de Carlos. Odiava aquele brutamonte com todas as suas forças, mas infelizmente deveria ser racional naquele momento. Já na cozinha se dirigiu até pia, recolhendo um pano que usavam para limpar os pratos. Não era o melhor dos utensílios para se livrar do sangue, mas era o que tinha. Na parte inferior da pia havia um pequeno compartimento onde ficava o botijão de gás, e lá, entulhado, estava um pequeno balde. Levantou-se com o peso da idade em seus ossos frágeis, soltando resmungos e mal dizeres sobre aquela situação. Como tinham terminado assim? Todos eles eram enviados de Deus, santos para livrar o mundo das garras de Satanás, e agora haviam matado um homem, um louco, mas mesmo assim um homem. Todos esses pensamentos lhe deixavam nervosa e as mãos que seguravam o pano e o balde tremiam, aquilo era demais para uma pobre velha.

Na sala, o restante do grupo estava o redor do corpo e o observavam ao chão com curiosidade. O medo do peso que isso iria lhes trazer quase os deixavam loucos e a adrenalina fazia com que seus corações batessem apertados e intensamente. Heitor foi o primeiro a falar cortando o silêncio.
 - Que porra vamos fazer com esse corpo? - Parecia mais calmo do que antes, mas ainda era perceptível a angustia e nervosismo em sua voz.
 - Levamos ele 'pro meu carro, depois jogamos ele em algum lugar. Podemos seguir para Niterói e jogá-lo em algum lugar por lá.- Sugeriu Danilo.
 - 'Tá ai, boa playboy. 'Vamo ensacar esse cara, depois nós fazemos isso. - Mesmo com o clima tenso entre seus companheiros Carlos não parecia muito abalado.

- Porra, Edna. Trás logo o pano!
 Depois do grito de Carlos, um silêncio mórbido tomou conta de todos, apenas o som dos carros e gatos arrastando-se pelas ruas foram ouvidos.
  - Caralho, essa velha deve 'ta surda,vai lá dar uma olhada, magricela. - Disse Carlos a Heitor.
 Geralmente sempre era Heitor que tinha o dever de chamar pela velha senhora, ela havia criado afeição por ele, dizia que lembrava seu filho, esse que havia morrido em um acidente de trânsito quando ele tinha apenas vinte e dois anos. O curioso disso tudo, é que durante as investigações, não havia nenhuma gota de sangue na cena do desastre, o carro que o jovem dirigia havia se chocado contra um poste a pelo menos oitenta por hora, mas como alguém sem sangue no corpo dirige um carro a oitenta por hora? Até Edna descobrir os segredos da noite isso era um mistério.

 Heitor não ligava em ser mandado, tinha uma personalidade forte, mas Edna havia conseguido ganhar sua simpatia. No grupo ele era o mais debilitado, havia contraído AIDS há quase cinco anos, e em uma dessas noites aproveitando a vida que ainda lhe restava, uma criatura lhe fez uma proposta. Ele se tornava seu escravo e ela o deixava imortal, e livre da doença que o levaria a morte, por toda a eternidade. O rapaz recusou, e a fera contrariada o atacou, mas o jovem era inteligente e em uma rápida investida e com a ajuda da sorte, ou ironia do destino, ateou fogo na besta que se transformou em cinzas bem na sua frente. Desde então havia entrado no ramo de caça aos vampiros, era o mais experiente, por ironia do destino, tendo matado cinco vampiros e três bruxas, ou pelo menos o que ele acha que eram.

.
 O rapaz entrou na cozinha procurando pela senhora. A pequena cozinha não passava de apenas de um pequeno corredor onde fogão, pia e máquina de lavar roupas ficavam quase colados uns nos outros. Bastou uma olhada rápida pelo cômodo, porém não a encontrou. Edna não estava ali, mas por quê? E ele mesmo não se lembrava de ouvir o barulho da porta se abrir, mesmo assim, decidiu abri-la e investigar, mas ela também não estava do lado de fora, apenas a escuridão e sons de passos de ratos e outras pestes lhe faziam companhia fora do apartamento. Onde ela estava? - Se perguntava enquanto caminhava em direção a escada. - Agachou-se um pouco e pendeu o pescoço para baixo para ver o fim da escadaria. Não havia nada e muito menos alguém ali. Decidiu voltar para o apartamento soltando um leve suspiro graças à frustração por não ter encontrado a senhora.
 Heitor ainda encoberto pela escuridão foi pego por uma súbita memória, quase como uma epifania. Aquele nome, sabia que era familiar, mas agora tinha certeza de onde. Não fazia nem dois dias que havia lido em um jornal aquele nome, com o título de primeira página: “O corvo ataca de novo”. Era de lá que havia visto o nome, sabia que sua memória não o deixaria na mão, nunca havia, e não seria agora a primeira vez. Mas sua felicidade momentânea desapareceu quando se lembrou que a idosa ainda estava desaparecida.
 Voltou para dentro do apartamento e tentou fechar a porta sem fazer uma orquestra com seus rangidos, porém mesmo com todo aquele trabalho, os ruídos gritaram em agonia, era quase impossível fazer silencio naquela casa quase centenária, e o barulho chamou a atenção de Jorge na sala.
 - Aconteceu alguma coisa, Heitor? - Gritou da sala.
 - Não encontro Edna. - Respondeu também com um grito, mas tentando não ser muito barulhento.
 Heitor havia fechado a porta com certa força, fazendo um leve estrondo costumeiro, e um pouco de poeira se soltou do teto caindo sobre ele. Era algo habitual e desta vez não seria diferente afinal. Acostumado com aquilo, levou a mão cabeça para limpar-se, mas para sua surpresa algo viscoso cobriu a sua palma. Com susto, desceu sua mão aos olhos em um gesto instintivo e a substância se revelou como sangue.
 O pavor tomou conta de Heitor, mas com uma inspiração forte, o engoliu corajosamente e voltou sua face para cima, ainda assustado mantinha os olhos fechados temendo o que poderia encontrar. Nada vinha em sua mente apenas a possibilidade do sangue ser de Edna, sua imaginação estava lhe pregando peças, criando inúmeras hipóteses cada uma mais horrenda que a outra. Para seu horror, os medos estavam certos. O corpo de Edna estava estendido sobre aquele teto, suas mãos estavam dobradas para que coubessem no pequeno espaço e nelas, furos sinistros foram feitos um pouco menores que suas palmas. Naqueles pequenos rombos nada havia, era até mesmo possível ver a parede atrás das mãos da velha e também observar o vermelho interno de sua carne agredida, porém ao mesmo tempo era como se houvessem estacas que a mantinham presa ao alto. Um corte violento atravessava sua garganta fazendo o sangue escorrer como um porco em matadouro, o corpo dependurado e esfolado da senhora tinha os olhos esbugalhados e sofridos. Seja lá como havia morrido, não havia sido de maneira calma.
 Heitor não conseguia falar e muito menos agir, o pânico havia tomado conta de todo o seu ser, estava paralisado diante tamanha violência, os únicos movimentos que exercia eram os involuntários. Por tamanho assombro, sequer reparou as luzes, que trepidavam, apagando e ascendendo por todo aquele minúsculo cubículo que chamavam de apartamento, deixando os outros membros do grupo um tanto curiosos quanto aquela situação.

As lâmpadas sobrecarregaram durante alguns segundos em sua capacidade máxima, o grupo de maneira instintiva levou as mãos aos olhos para se proteger daquele clarão que emanava tanta energia com tanta potência que era impossível olhar diretamente. Mas esse fenômeno não durou muito, pois tamanha força excedeu qualquer capacidade de resistência dos filamentos, as luzes estouraram, uma a uma, fazendo vidro quente voar para todos os lados.
 Danilo foi o primeiro a indagar.
 - O que foi isso? - Perguntou mais assustado que curioso, enquanto ia em direção a janela para ver se os outros cômodos também havia sofrido com a falta de energia.
 Antes que os outros pudessem responder com suas teorias, um grito horrendo foi ouvido vindo da cozinha que agora estava envolta pelo manto das trevas.
 Jorge e seu irmão que haviam guardados suas pistolas, sacaram-nas novamente e ficaram prontos para qualquer eventualidade.
Novamente o silêncio fatal tomou conta de todo o imóvel, que havia sido engolido pela escuridão, cuja única iluminação falha era provida de faróis dos carros que passavam por ali. Carlos foi o primeiro a entrar na cozinha, esbarrando em uma ou outra caixa que estava largada por ali de qualquer maneira, o cômodo mais funcionava como uma espécie de depósito do que o fim que se destinava. Com o celular, tentava iluminar toscamente o que via com dificuldade, forçando sua visão de pupilas dilatadas até conseguir vislumbrar, para sua surpresa, uma mancha logo a sua frente, estendendo-se pelo chão e subindo em um rastro grotesco pelas paredes até finalmente chegar ao teto, onde se encontrava com uma grande poça vermelha vívida que gotejava lentamente, manchando o que havia por de baixo, era como se um corpo simplesmente tivesse sido arrastado e tragado pelo teto.
 - Jorge! Chega mais aqui.
 Não demorou a seu irmão se aproximar, havia deixando o garoto Danilo na sala com sua arma para ele tentar se defender de qualquer coisa que pudesse estar os atacando.
 - Saca só. - Falou Carlos para seu irmão, enquanto demonstrava a mancha e tocava na substância, para ter certeza do óbvio.
- Puta que pariu! É sangue.
- Caralho, 'tá dizendo que isso aí é o que sobrou da Edna e do Heitor?
- Sei lá, mas é sangue. Se é deles eu não sei.

 Um vento frio cortou os dois homens, fazendo-os se arrepiarem dos pêlos até a espinha e seus instintos de sobrevivência se aflorarem. Carlos, que estava armado, empunhou com força seu revólver.
O silêncio mortal pairou sobre eles após aquela ação, os miados dos felinos moribundos cessaram-se, o som dos poucos carros não era mais escutado, as respirações foram presas pelo momento de tensão e agonia. Estavam em perigo e tinham de sair logo daquela casa, todas as fibras de seus corpos gritavam por isso e naquele momento sentiam-se como presas sobre a mira de um grande felino na savana.
 Um som agudo como o arranhar de um disco com uma agulha cortou violentamente seus ouvidos e Carlos urrou de dor, deixando sua arma cair no chão, e essa por estar destravada disparou, mas felizmente não acertou seu irmão e para sua maior sorte nem o botijão de gás.
 Seu irmão rapidamente se virou para tentar ampara-lo, mas ele mesmo não sabia o que estava acontecendo. A mão de Carlos agora estava furada, mas não um pequeno buraco como o de uma agulha, era um senhor furo que por pouco não lhe consumia toda a palma, era até mesmo possível ver através do buraco apesar do sangue que derramava sem trégua. O que estava acontecendo?! O que poderia fazer aquilo?!
 Carlos gritava e xingava, soltava urros e blasfêmias, amaldiçoando vários nomes enquanto segurava o pulso, como se tentasse conter a dor horrível. Tudo que podia comparar era como se estivesse transpassado um pedaço de madeira, o que ele mesmo conseguia sentir que algo fazia, mas ele nada via! Era magia? Havia um mago ali? Um maldito demônio? Os pensamentos pairavam em sua cabeça, em disparada pela adrenalina injetada em seu corpo.
 Atrás de Jorge, uma figura espectral surgiu das sombras com rapidez de uma pantera em seu bote, para o desespero de Carlos que sequer teve tempo de abrir sua boca para avisar para seu irmão. O sexto sentido de Jorge o fez se virar, mas não rápido o suficiente. O sangue estourou, voando em direção a face de Carlos o sujando por completo, entrando em sua boca entreaberta pelo choque e os olhos fechados instintivamente. Cuspiu, como se tivesse provado um suco que detestou, e aos poucos tomou coragem para ver o que havia acontecido, agoniado pela expectativa de seu irmão ter sido vitorioso naquele embate, mas era melhor não tê-lo feito. Olhos se esbugalharam ao notar que agora conseguia enxergar somente a metade da cabeça de seu irmão, que tombava de joelhos inerte ao chão, revelando seu algoz.
 - Você!...Era 'pra voc...mor... - As palavras viam em sua mente, mas ele não conseguia expeli-las.
 Mal havia terminado a linha de seus pensamentos e foi surpreendido. Algo afiado fora fincado em sua têmpora e com agressividade, levado sua cabeça até a parede, fazendo um baque surdo ao encontro forte. A lâmina de uma faca denteada havia perfurada com brutalidade o crânio de Carlos.
Sua visão estava embaçada mas conseguiu ver a silueta próxima a ele, jurava ter visto asas, por quê ele estava fazendo isso? Havia sido morto por um anjo, um anjo havia tirado sua vida e de seu irmão? Então, agora para onde a sua fé o levaria? Não importava afinal, era o fim.
Enquanto o sangue estava quente e sua alma ainda relutava para não desprender-se de sua carcaça, conseguiu ouvir ao seu pé de ouvido a voz daquele que o assassinava: "Não, é para você estar.”

 Danilo havia escutado tudo da sala, mas estava cercado, não tinha para onde correr, a única saída era passando pela cozinha e não queria passar por lá.
 A escuridão era quase total, mas as graças benditas luzes do lado de fora do apartamento, era possível enxergar um pouco, mas ainda precisava tatear e forçar sua visão se quisesse ir a algum lugar. Ouviu algo, eram passos, mas havia mais, era como se estivessem carregando algo, ouviu melhor, era como se alguém estivesse arrastando algo pelo chão. A cômoda caiu provocando um som oco da madeira contra a madeira. Ao susto disparou em direção ao som, atingido em cheio a parede.
 - Quem 'tá ai?! - Gritou assustado.
Quem respondeu foi a sirene de um carro de polícia que havia passado ao longe, o que  fez o jovem virar-se rapidamente e atirar em direção a janela, estava desesperado.
- Por favor, te dou o que você quiser, mas não me mata! Por favor! - Implorava o garoto.
Um arrepio lhe cortou a espinha, o ar ficou mais denso e de repente estava tão frio que era possível enxergar sua expiração. Já havia sentido aquilo antes, era como estar perto de um vampiro ou um espírito, tentou armar sua guarda, olhando para todos os lados procurando algo que nem mesmo sabia o que era.
 Algo pesado lhe atingiu a face, tonto e agora sentindo o gosto de sangue em sua boca. Aquilo havia sido um soco? Sentiu outro golpe, mais forte agora, por debaixo do queixo, como se tivesse sido atingido por um gancho. A pancada absurda havia feito seus dentes trincarem pelo choque, e cair bruscamente de bruços ao chão com a boca sangrando, onde cuspiu misto de sangue e saliva.
 Agora via algo, não muito claramente, sua tontura ainda passava aos poucos e sua visão embaçada voltava ao normal, revelando as pernas de alguém a sua frente, tateou desesperadamente para se levantar, e o fez, cambaleante e seu coração gelou ao ver quem era seu agressor.

Tentava mas o sangue em sua boca e o medo não lhe dava chance para dizer nada.
 -Eu deveria estar morto? - Disse a voz a sua frente. - Eu sei, eu sei.

Ele avançou em direção na direção de Danilo, que mesmo ferido, conseguiu disparar contra seu inimigo, mas para sua infelicidade, ele não havia caído. Surpreso, deixou sua guarda baixa para mais um soco que lhe atingiu em cheio e novamente foi ao chão.
 A bala havia pego um pouco acima do peito, mas não havia sangue, e ele tampouco parecia nem se incomodar com aquilo.
 - Você...você é um demônio. - O garoto tentava recuar, se arrastando ao chão, até  suas costas encontrarem-se com uma parede, mostrando que não tinha mais para onde fugir.
 Uma risada cínica foi ouvida como resposta, mas não houve nenhuma nova agressão, pelo contrário, ele recuou, indo até a cozinha.
 Danilo estava bastante ferido, ele havia lhe atingido com apenas três socos, mas era como se tivesse entrado no ringue com um lutador profissional. Seu queixo doía e mal conseguia move-lo, possivelmente estava com o maxilar quebrado, e seu olho direito estava inchado, tornando quase impossível a tarefa de enxergar até mesmo um palmo a sua frente. Tinha que tentar se levantar e fugir de alguma maneira. Tinha que escapar... E agora.

Usando sua últimas forças tiradas apenas da vontade de viver, tateou a parede para se levantar, conseguindo se colocar de pé, mas já era tarde demais, ele havia voltado e sua reação havia sido mais violenta, diferindo outro golpe, agora na boca do estômago de Danilo, que foi jogado ao chão por uma rasteira após o golpe anterior, caiu de maneira errônia, torcendo seu pulso ao tentar se amparar.
 - Por favor..não me ma..ta...- Ainda tentava implorar para seu carrasco.
Um foco de luz havia se acendido por um instante, um fósforo? Não, era um isqueiro. Ainda tonto, tentou dizer algo, mas não conseguiu. O isqueiro foi jogado perto da entrada cozinha e o fogo se alastrou com uma rapidez impressionante.
"Ele está colocando fogo no apartamento! Ele vai queimar a todos!"
 Pensou Danilo ao ver o fogo consumindo o sofá e seguindo para cozinha para se alimentar dos lixos empilhados.
- Não! Por fa... – Antes que pudesse tentar se levantar foi recebido com outro soco, dessa vez a altura das têmporas, deixando-o quase em estado de inconsciência.
O fogo estava se alastrando por todo a casa e ele seria pego por ele se não se levantasse, mas seu corpo estava pesado e a força se esvaía, junto com o sangue que esvaia pela sua boca.
Sentiu-o  puxar seu cabelos, mas não tinha mais forças  para reagir e lutar. Algo cintilava perto de sua face, era liso, fino, o brilho de uma lâmina, uma faca, ele iria matá-lo agora? O desespero o invadiu com isso tentou reagir usando a força ínfima que lhe restava para se debater, seus braços pareciam que pesavam uma tonelada cada e sua pulsação fazia seu coração parecer bater em sua garganta. Via o agressor aos poucos chegar mais próximo de seus olhos com aquela faca.
A ponta da faca adentrou a cavidade de um de seus olhos, e seu grito foi à resposta. Conseguia sentir a lâmina fazendo a volta, contornando seu olho direito, a dor era inimaginável, ela estava dividindo os vasos sanguíneos, decepando cada um. O sangue quente escorria por sua face, tentou se desvencilhar novamente, porém mais uma vez havia sido em vão, o algoz socou sua cabeça com violência contra o chão. Danilo tinha batido sua nuca, e agora a sentia esquentar e sua consciência esvair de seu corpo, a dor não mais existia, e o desespero de saber que não ia acordar nunca mais foi à última coisa que sentiu antes que de ser engolido pela escuridão do sono eterno.


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