Chegando em casa, larguei minha bolsa em algum canto do enorme hall de entrada e me joguei no sofá. Kitty Purry logo se aninhou no meu colo, para ouvirmos juntas os recados deixados na minha secretária eletrônica.

“HEY, KATY!” – berrou Johnny do outro lado da linha – “Tive uma ideia genial para o seu look da coletiva de imprensa de amanhã à tarde. Me liga, você precisa experimentar o vestido para que eu possa ajustar. Espero que as comidas brasileiras não tenham feito você engordar HAHAHAH. Beijos.”

– Ah, esse Johnny... Se ele soubesse o sabor dos doces típicos brasileiros – disse à Kitty, me lembrando automaticamente da entrevista que dei à um programa do Brasil. Senti vergonha ao me lembrar da minha empolgação ao falar repetidas vezes “PEIDO PUM, PEIDO PUM”. Kitty Purry virou a cabeça em minha direção, como se estivesse lendo meus pensamentos imbecis. – Bem, vamos ao próximo recado.

“KATHERYN, CADÊ VOCÊ?! Vou chamar a polícia! Aqueles brasileiros te sequestraram, não é? ME LIGA, SUA VADIA!”

– SHANNON, essa vadia louca... – dissemos eu e minha gatinha, revirando os olhos. OK, talvez Kitty não tenha dito isso em voz alta, mas se ela pudesse, tenho certeza que diria.

Depois de ouvir todos os milhares de recados de Shannon, liguei para ela e a convidei para uma sessão de filme em minha casa.

- Sua louca, tenho certeza de que você vai dormir no meio do filme! – ela disse.

– Não vou, não! – repliquei, mesmo sabendo que eu faria exatamente isso. – Vou ficar “WIDE AWAKE”. – disse rindo exageradamente da minha piadinha. Estou certa de que vi Kitty Purry revirando os olhos, acho que as caipirinhas brasileiras mexeram comigo.

– Seu trocadilho idiota me convenceu, estarei aí em alguns minutos. Te amo, vadia! – disse a vaca, desligando o telefone na minha cara.

– Também te amo muito, traga bastante pipoca! – eu disse para o telefone.