Bonnie

Não estava suportando aquilo. Quando Damon me perguntou o que eu faria se ele me pedisse para não casar, pensei em muitas coisas. Pensei no amor que sentia por Matt, e comecei a imaginar se ele seria o suficiente. Se eu conseguiria suportar um casamento, uma coisa para vida toda, e não consegui saber se realmente iria agüentar. Pensei no carinho de Damon, no tanto que eu o amava, e no que estava sentindo nos últimos dias. Pensei, acima de tudo, na conversa com meu pai. “O garoto que te ama e está por perto a mais de oito anos”. O que ele queria dizer? Eu estava confusa, estava ficando louca, devia ser isso. Minha resposta refletiu tudo o que eu estava sentindo.
__Eu... não sei. Acho que não casaria.
Realmente, não sabia. Claro que não casaria se Damon me pedisse. Faria qualquer coisa por ele, mas, por que ele me pediria isso? Se ele fosse apaixonado por mim, com certeza eu já saberia. E se não soubesse, aquele seria o momento perfeito para ele me contar. Mas ele não fez isso.
__Essa não era a resposta que eu queria.
Eu esperava qualquer coisa, menos isso. O que ele queria? Era apenas uma suposição, não era? Será que ele sabia de algo do Matt, e não queria me contar? Perdi-me em meus pensamentos, e estava prestes a começar a chorar. Então, achei melhor disfarçar e voltarmos a dançar.
Não foi uma boa idéia. Aquele momento não saía da minha cabeça. Droga, droga! Para ajudar, a maldita loira não tirava os olhos do Damon. Ele não via, mas eu podia ver perfeitamente o sorrisinho nos lábios daquela mulher. Aquilo estava me deixando possessa de ciúmes. Mas o que eu poderia fazer? E por que sentir ciúmes? Era meu amigo! Não me agüentei, precisava sair dali por uns instantes. Resolvi ir ao banheiro para tentar me recuperar.
Quando saí, Damon estava conversando animadamente com a loira. Fiquei com tanta raiva, não queria ver aquilo. Eu já tinha visto Damon beijando outras garotas. Mas não agora, não queria. Não conseguiria. E não faço idéia do que tinha mudado. Só sei que eu iria pirar se ficasse ali. Fui praticamente correndo para nosso quarto, deitei na cama e chorei.
Nem sabia direito porque estava chorando. Só sei que depois de um tempo, ouvi a porta se abrir e disfarcei como pude. Inútil.
__O que foi, Bonnie? Por que você voltou? – ele me olhou inquisitivo.
Porque estava doida de ciúmes, não queria aquela loira perto de você, não poderia ver vocês se beijando. E eu realmente não sei o que está acontecendo.
__Estava cansada.
__Cansada a ponto de chorar? Me diz, Bonnie. O que aconteceu de verdade. Alguém fez algo para você?
Você fez, Damon Salvatore, e eu não faço idéia do que. Fez com que meu coração surtasse. Só pode. Inventei a primeira desculpa convincente que me veio na cabeça.
__Acho que estou com saudades do Matt.
Não, eu não estava. Na verdade, não queria que aquele fim de semana acabasse nunca. Acho que eu estava pensando melhor na idéia do casamento e não sabia mais se era realmente o que eu queria.
Damon não falou nada. Apenas se deitou ao meu lado e me abraçou. Eu chorei muito mais, em seus braços, não querendo nunca mais sair daquele contato. Mas estava com raiva dele. Ele não podia ter ficado com aquela mulher, ali.
__Volta para festa, Damon! A sua nova namoradinha já deve estar com saudades.
__Namoradinha? Bonnie, você tá louca? Tá falando de quem?
__Daquela loira sem graça. Eu vi vocês conversando depois que fui ao banheiro.Desculpa ter atrapalhado seu casinho com ela.
Ele me olhou de uma maneira um tanto confuso. Com um brilho no olhar. Olhou em meus olhos profundamente, por alguns instantes. Estávamos tão próximos. Olhei instintivamente para seus lábios. Meu Deus, o que eu estava pensando? Devia estar bêbada, ou realmente estava ficando louca. Imaginei como seria seu beijo, como seria beijar o Damon. Desviei meus pensamentos e meu olhar, e percebi que ele também estava sem graça.
__Não aconteceu nada entre a gente, Bonnie. Eu te falei que não queria ficar com ninguém, não falei? To aqui com você. É só com você que quero aproveitar o fim de semana. A intenção não era essa?
Senti que ele estava sendo sincero, e eu estava sendo terrivelmente injusta. O abracei mais forte, encostei minha cabeça em seu ombro e fiquei assim por um bom tempo. Pensando em tudo e em nada específico. Não tinha uma resposta para dar para ele. Ou na verdade, não queria falar. Não podia falar tudo o que estava sentindo naquele momento.
Nem vi quanto tempo se passou. Mas Damon estava lá. Meu pai tinha razão. Ele sempre estava comigo, para tudo. Ele não dormiu enquanto percebeu que eu estava acordada. E foi um dia bem puxado. Ele deveria estar super cansado. Mas estava ali, o meu Damon, afagando meus cabelos com carinho. Beijando minha cabeça às vezes e me apertando mais forte quando via que eu voltava a chorar. Depois de horas, adormeci.
Acordei bem tarde naquele dia.O Damon poderia ter saído para aproveitar. Era uma segunda feira e o hotel devia estar praticamente vazio. Mas ele estava ali. E já estava acordado. Afagava meus cabelos com carinho. Eu estava envergonhada pela noite anterior. Por ter aquela crise de ciúmes, por ter desejado beijá-lo. Jurei que nunca mais algo do tipo aconteceria. Eu poderia ter aberto os olhos e fingir que nada aconteceu, mas continuei ali, fingindo que dormia, só para receber seus carinhos por mais algum tempo.
Quando ele se levantou, aproveitei para fingir que acordava. Vi que ele foi tomar banho, e pediu comida. Achei bom. Não queria sair do quarto. Queria ficar ali o dia todo e esquecer tudo o que havia acontecido. E foi o que fizemos. Fui tomar banho depois dele e ficamos no quarto o dia todo. Em silêncio, na cama. Era tudo o que eu mais queria: perder a noção do tempo, com Damon ao meu lado. Não conversamos muito. Senti que ele também estava sem graça com a noite anterior. Então ficamos daquele jeito, cada um com seus pensamentos, até a hora de dormirmos novamente.
No outro dia iríamos embora cedo. Mas o Damon insistiu tanto que resolvemos viajar só a noitinha. Passamos o dia todo na piscina. Parecia que tudo estava novamente bem. Brincávamos e nos divertimos muito. No fim da tarde fomos arrumar nossas coisas para viajar. E ele insistiu em dirigir. Agradeci por isso, eu estava cansada. Dormi a viagem toda.
Quando chegamos à cidade já era quase meia noite.
__Bonnie, vou parar na minha casa, você me deixa lá e depois vai para sua, pode ser?
__Nossa, enjoou mesmo de ser meu travesseiro, né? Tá querendo fugir de mim já! Não senhor. Vamos para a minha casa, e você vai dormir lá comigo. Pela manhã temos que ir fazer a primeira prova do vestido mesmo.
Ele relutou, mas acabou cedendo. Chegamos na minha casa, tomamos um banho e fomos direto para a cama. Estávamos cansados, e dormimos rapidamente. Abraçados, como de costume.