Harry POV

Finalmente, eu podia andar sem aquele peso na minha perna. Nem mesmo cicatrizes haviam ficado para contar história. Eu levantei, feliz, e sorri para Louis, que estava sentado em uma cadeira próxima a mim.

- Pronto Lou, agora você não vai ter que ficar cuidando de mim – falei, tentando parecer alegre, mas já fazia um tempo que ele andava meio calado, meio distante. Sempre que eu perguntava a respeito, ele desviava o assunto ou falava que estava sentindo saudades de Eleanor, mas eu sabia que não era isso.

- Parece que sim – ele falou, tentando sorrir. – Harry, temos que ir ensaiar, vamos logo – ele saiu andando rápido do hospital, e eu corri atrás dele.

- Vai BooBear, me fala o que há de errado – falei, quando entramos no carro, mas ele me ignorou. – Deu para me ignorar agora? – ele continuou em silêncio. – Lou, fala comigo.

- Se você não percebeu, Harold, não estou com vontade de conversar agora – ele respondeu, ríspido, e eu franzi o cenho, tentando entender a situação.

- Lou – peguei sua mão, e ele olhou para mim, mais confuso do que irritado, com certeza. – Fala comigo, por favor.

- Não tenho nada para falar, Harry – ele tirou sua mão da minha, e cruzou os braços.

- Ok, se você não quer conversar, eu não vou tentar te forçar a falar...

- Obrigado.

- Não agora, pelo menos – terminei, e ele me fitou, franzindo o cenho. O carro parou, eu olhei pela janela, e tudo que podia enxergar eram flashes de câmeras diretos no meu rosto. Sorri para Lou, e saí do carro, acenando. Por mais que eu quisesse dar entrevistas, afinal eu sentia saudades de tudo que eu fazia antes do acidente, eu tinha que entrar no estúdio.

- Harry! – Liam me abraçou, seguido por Niall e Zayn.

- Que bom que você pode andar de novo! – Niall falou, sorrindo.

- Sentimos saudades do Harry nas boates aqui de Londres – Zayn falou, colocando a mão sobre meu ombro.

- Nós bem que podíamos ir a uma boate hoje, não é mesmo? – Liam perguntou, e todos o fitaram surpresos. – O quê?

- Se o Liam quer ir, eu acho que deveríamos ir – Niall falou, e Liam corou. Nós começamos a rir, e ele junto, menos uma pessoa que não estava ali.

Há alguns segundos, Louis passara por nós, de cabeça baixa e com as mãos no bolso da calça, mas acho que só eu percebera. Ele vinha agindo estranho comigo já havia uma ou duas semanas, e nem sequer falava direito com os outros. Duas ou três vezes, já imaginara ter ouvido um choro saindo de seu quarto, seguido de uma canção melancólica, que era sempre diferente.

- Cadê o Louis? – Zayn perguntou, parando de rir.

- Ele anda meio aborrecido e distante, não o incomodem – falei, indo até a nossa sala.

- Na verdade, nós meio que percebemos que ele anda estranho – Niall comentou, atrás de mim.

- Meio que percebemos? É óbvio que ele anda estranho – Liam comentou. – Mas por quê ele está agindo assim?

- Foi por causa da Eleanor? – Zayn perguntou, e eu balancei a cabeça.

- Não faço ideia... – sussurrei em resposta, ao ver Louis sentado em uma poltrona vermelha, com o rosto nas mãos.

- Você deveria falar com ele, Harry – Niall falou, e os outros dois assentiram.

- Quando chegarmos em casa eu tento conversar com ele – suspirei, e entramos na sala. Louis levantou o rosto para nos olhar, mas continuava sério.

O ensaio foi um desastre, um dos piores que já tivemos. Louis não estava com vontade de cantar, mal mexia a boca. Liam e Niall ficavam rindo juntos de alguma piada interna entre eles, e Zayn ficava trocando mensagens com a Perrie.

- Harry, você não está conseguindo cantar, não adianta – Liam falou. Minha voz ficara rouca inesperadamente e sem motivo algum, e quanto mais eu tentasse, menos eu conseguia cantar.

- Mas a sua voz ficou bem sexy desse jeito – Zayn comentou, enquanto digitava, sem nem mesmo olhar para mim.

- Isso me deu uma ideia – falei, e cheguei perto de Louis, que continuava sentado na poltrona, fitando o teto. – Lou...

- Harry, para com isso – ele falou, quando eu passei a mão por seu rosto.

- Ah, Lou, você sabe que é o que você quer... – desci a mão até seu braço, e ele revirou os olhos.

- Você está agindo feito um idiota – ele levantou da poltrona e saiu da sala. Olhei para os meninos, e todos trocaram olhares estranhos. Dei de ombros, e fui atrás de Louis.