Harry POV

Eu tinha que falar com Louis. Levantei do sofá, com a mente esclarecida, e fui até seu quarto. Parei, encarando a porta por alguns segundos. Não fazia ideia do que falar, eu só queria um momento de paz entre nós dois, assim como nos meses em que fiquei de repouso e ele cuidava de mim.

- Lou...? – abri a porta devagar, e o encontrei deitado em sua cama, olhando para o teto. – Não briga comigo, eu só quero saber como você está.

- Não vou brigar – ele falou, e me sentei ao seu lado. Abri a boca para falar, mas ele me interrompeu: - Desculpa ter agido feito uma criança, Hazza.

- Desculpa por ter insistido tanto – falei, logo em seguida. Ele se sentou na cama, me fitando, e eu abaixei a cabeça. – Eu devia respeitar suas decisões, e aceitá-las...

- Tudo bem, Hazza, eu não ligo que você tenha insistido, eu só estava com a cabeça cheia –falou, pousando a mão em meu ombro, e eu assenti, ainda sem o encarar.

Minutos se passaram, e nós continuamos ali, sentados, em silêncio. Ele já não me fitava mais, e eu continuava a olhar para o outro lado do quarto. Eu sabia, mas não sabia o que falar. Eu gostava do meu melhor amigo, quer dizer, eu realmente gostava dele, só que eu não podia falar isso para ele e achar que tudo continuaria a ser como antes.

- Lou? – chamei, e ele olhou para mim.

- Sim? – assim que fizemos contato visual, as palavras sumiram da minha boca. Seu olhar era triste e preocupado ao mesmo tempo, e eu desconfiava que estivesse igual.

- Já acho que uma coisa era pra valer, mas no final você descobre que estava enganado? – se fez sentido, eu não sei, mas ele assentiu.

- O que você quer dizer com isso? – ele perguntou, e eu levantei da cama. Coloquei as mãos no bolso da calça, e fiquei andando lentamente de um lado para o outro.

- Vou especificar: já achou que você era uma coisa, então você descobriu que não era e já não sabia mais o que fazer? – perguntei, e ele suspirou, assentindo. Eu o fitei, perplexo. – Já? – então tudo veio a minha cabeça. Será que era possível?

- Hazza, eu não sabia o que falar... – ele começou, e lágrimas começaram a escorrer. Sentei ao seu lado, e o abracei, limpando algumas lágrimas. Ele encostou a cabeça no meu ombro, soluçando.

- BooBear, não precisa chorar – falei, e levantei seu rosto. – Eu sei que não devia insistir de novo, mas qual o problema?

- Eu amo... – ele falou, travando no meio da frase.

- Ama quem? – perguntei. Mesmo que já estivesse feliz por dentro por saber o resto da frase, não tiraria conclusões precipitadas.

- ... você – ele terminou, e eu o beijei. Quando nos separamos, ele me olhou, pasmo, enquanto eu sorria. – Hazza? - ele sorriu de canto. Eu o beijei novamente, e ele retribuía carinhosamente. Ele parou de repente, sério, me fitando com seus olhos azuis. - Isso não devia acontecer desse jeito.

- Você não quer que nada aconteça? – falei, beijando seu pescoço, enquanto ele suspirava.

- Eu... não sei – ele respondeu, e eu beijei o canto da sua boca. Levantei e saí do quarto, sem dizer nada. Eu não estava triste, mas não estava feliz. Agora eu sabia o que eu sentia.

Louis POV

Abri os olhos, e ao olhar pela janela, percebi que já era noite. Depois que Harry saíra do meu quarto, eu pegara no sono, chateado. Não havia nenhum barulho no apartamento. Me levantei lentamente, e saí do quarto. Olhei em seu quarto, mas ele não estava lá, fui até a sala, e depois até a cozinha, e nada.

Colado ao lado da televisão, um bilhete:

“Lou, eu fui para a boate com os meninos. Eu até teria te acordado, mas acho que você não iria querer isso.”

Suspirei. Depois de dois meses sem sair do apartamento, não teria como o impedir de sair para encher a cara. Pelo menos Liam estaria lá para cuidar dele, o que me acalmava, até certo ponto. Olhei para o relógio, e já era quase meia-noite. Eu dormira a tarde e a noite inteira, e agora perdera o sono.

Fui até a cozinha, peguei um pacote de salgadinhos, sentei no sofá, e liguei a televisão. The Hunger Games acabara de começar, e como eu não tinha nada mais para assistir, deixei ali mesmo.