Narrador May Of’ / Narrador Nick On’

  O carro parou em frente um prédio pequeno, havia uma passarela e fotógrafos atrás dela. Acordei May, ela dormia no meu colo, tão frágil.

 - May? – ela acordou devagar, passou as mãos no cabelo e me olhou.

 - Chegamos?- perguntou.

 - Sim, vamos? – olhei para a passarela lotada de pessoas.

 - Temos mesmo que ir? – afirmei. Ela bufou, mas se arrumou pra sair.

 Saímos juntos do carro e passamos pela passarela, e entramos no local. Ele era bem escuro no começo e clareava no final. Um final com varias cadeiras e uma bancada á frente com cinco cadeiras. Continuei guiando May até onde íamos sentar.

 Dia de entrevistas.

 - Nicholas, qual é o exato motivo de você ter vindo para o Brasil? E sem os seus irmãos. – Olhei para uma jornalista de cabelos curtos.

 - Estou acompanhando May em um motivo pessoa dela – respondi. Olhei May ela estava olhando para um ponto fixo, segui seu olhar, não era nada apenas a parede amarelada vazia.

 - E quando os Jonas Brothers vêem para o Brasil? – perguntou um homem alto de terno marrom.

 - Provavelmente daqui a um mês e meio – eu não sabia bem.

 - Você e a Maysa estão namorando mesmo? – eu deveria responder, mas não vou.

 - Não vou falar da minha vida pessoal – respondi.

 - Mas você já tinha afirmado anteriormente que estava namorando com ela – perguntou a mesma jornalista de cabelos curtos.

 - Eu já disse que não vou responder – disse calmo.

 - E quando vocês voltam para os Estados Unidos? – perguntou um repórter mais ao fundo.

 - Amanhã mesmo – ouve um tumulto.

 - Mas a ida não estava prevista para semana que vem? – perguntou uma moça loira.

 - Desculpe-me, mas nem eu nem Maysa nos pronunciamos quando iríamos embora.

 Sem entender muito bem a mulher parou de me perguntar, mas as perguntas continuaram.

As entrevistas duraram pouco tempo, era uma coletiva rápida, tínhamos que pegar o avião amanhã antes do meio dia.

 De volta á mansão

 Estávamos deitados na cama abraçados quando senti o corpo de May se mover, ela não dormirá bem esta noite. Devia estar tendo pesadelo, na noite passada ela pouco falou á imprensa e todas as vezes que falava era sempre seria e fria. Á abracei com calma para que não acordasse, dei-lhe um beijo no rosto e sai da cama, o tempo lá fora não era dos melhores, mas o sol tentava com pouco esforço sair de trás das nuvens.

 Fui até a cozinha, isso mais parecia um apartamento do que com um Hotel; peguei um suco de soja e me enderecei á varanda. Dei uma pequena olhada lá para baixo e não havia mais fotógrafos, senti algo me segurar na cintura, May acordara.  

 - Bom dia – disse ela fraco, ela estava rouca.

 - Você demorou a ir para a cama ontem – me virei para lhe encarar, sua face estava triste, devia ter chorado ontem.

 - Não conseguia dormi, me sinto tão triste por não ter estado com meu irmão esses últimos anos e agora esta indo embora e deixando minha mãe, é como se o tempo passasse eu não estivesse ligando para eles, pessoas que cresceram comigo – ela estava chorando, deitou sua cabeça em meu peito.

 Á levei para o sofá, nós iríamos embora em poucas horas, apenas iríamos na casa da mãe dela para ela se despedir e depois iríamos pegar um jato e voltar pra America.

 - Tudo bem sabe, eu acho que pra melhorar isso posso começar a vir mais vezes pra cá. Você não acha? – olhei calmo para aquele rosto tão triste.

 - É sim meu amor, e sempre que der eu venho com você pra você não vir sozinha. – dei um beijo em seus lábios, um beijo calmo.

 Narrador Nick Of’ / Narrador May On’

 Deixamos o Hotel com as malas já no carro pronto para partimos, estávamos indo para casa de minha mãe.

 - May, você não esqueceu nada? – ele perguntou no carro.

 - Se esqueci vai ficar por lá mesmo – Rimos.

 Não demorou muito para chegarmos, mamãe já me esperava com os olhos inchados na porta de casa.

 - Mãe – corri para abraçá-la, uma dor profunda me atormentou, as lagrima não paravam de cair um minuto, eu podia sentir a dor e angustia que nos sentíamos uma pela ausência da outra, mamãe me abraçava forte, acho que sua dor estava ultrapassando tudo que podia agüentar.

 - Filha você me promete que nunca mais vai ficar tanto tempo sem vir pra casa? – ela estava aos prantos.

 - Prometo mãe, nunca mais eu faço isso – nos abraçamos e pela primeira vez depois de tantos anos eu pude notar o quanto sentia falta de mamãe.

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 Era difícil traduzir como foi aquela despedida tão dolorosa. Nick precisou me arrastar para que fossemos embora, ou iríamos perder o jato, mamãe segurou tão firme minhas mãos que eu ainda podia sentir a dor que ficou de seus apertos.

 - Amor? – Nick estava do meu lado, já estávamos no jato e acho que fiquei um pouco incerta de onde olhar. Era apenas a figura chorosa de minha mãe no portão e o carro partindo.

 - Oi – respondi voltando em si.

 - Você quer comer algo?

 - Não estou sem fome – eu olhava para o céu claro lá fora, com as nuvens embaixo de nós, dali o sol era bem mais forte e visível do que da janela do Hotel. Sentirei saudades desses minutos, mas minha vida de verdade não esta no Brasil, eu apenas brotei minhas raízes lá, mas isso não quer dizer que eu tenha que viver lá até a morte.