Elesis

Assim como todos os outros, eu estava esgotada pela caminhada, então após comer, não me irritei tanto em relação as brincadeiras de certo imortal, que mesmo tento 600 anos, parece mais uma criança de cinco. Todos foram dormir e eu não fui exceção, por algum motivo ninguém gosta de dormir na mesma barraca que eu, e por esse motivo tenho uma barra só para mim, entrei nela, e a luz fraca da fogueira eu peguei meu pijama, que consiste em um shortinho preto e uma regata branca, me troquei e deitei, não demorou muito para que o sono viesse, me levando para o mundo do sonhos.

Eu ouvi uma risada, logo após isso, senti como se estivesse caindo, não era uma sensação ruim, estava com os olhos fechados, os abri devagar, e me vi em um túnel com todos os tipos de coisas, como pianos que tocavam sozinhos, estantes cheias de livros, tudo parecia estar caindo comigo, mais era um pouco lento, como se tudo estivesse em câmera lenta. Eu continuei caindo, por um tempo relativamente grande, afinal, qual é o tamanho desse buraco? Justo quando eu estava me irritando, eu acertei o fundo, que por algum motivo estava forrado com plumas brancas, ergui a cabeça e cuspi algumas plumas, me levantei, porem, fiz isso muito rápido e meu cérebro entrou em pane , tudo começou a rodar, só me lembro de estar caindo novamente, e batendo em algo realmente macio.

Acordei, minha cabeça que deveria estar doendo, e por um milagre estava normal, eu estava deitada em algo duro, abri os olhos e me deparei com o chão de madeira escura, me levantei de vagar, estava em uma sala com varias portas, todas com um tamanho diferente, porem todas da mesma cor do chão, algumas possuíam espelhos, e eram meio arredondadas. No meio da sala havia uma mesa de vidro com os pés de metal que ao chegar ao chão faz uma espécie de espiral.

Tudo me parecia incrivelmente familiar, porem, não conseguia me lembrar direito por que, resolvi levantar e para a minha desalegria, meu pijama havia sumido, fora substituído por um vestido vermelho, que vinha com um corpete justo ao corpo até a altura dos seios, era um vestido sem alças, na altura dos seios tinha um formato de coração e demarcava bem o busto, o vestido não era longo, pelo contrario, ficava um pouco acima da altura dos joelhos, a saia era armada com saias que pareciam essas que as bailarinas usam, e na barra do vestido, assim como no busto, avia rendas da cor branca, e também tinha detalhes em branco na saia incrivelmente rodada, nos pés, tinham aparecido magicamente um par de sapatos brancos, com um pequeno laço vermelho na ponta arredondada, com um salto mediano, não é que o visual não me agrada-se, apenas fazia tempo de mais desde a ultima vez que eu coloquei um vestido, afinal, a ultima vez que coloquei um foi quando tinha dez anos, por sorte, fui muito bem  ensinada a andar de salto, poderia até mesmo lutar de salto, abençoada seja minha professora de etiqueta, meu cabelo estava dividido para o lado direito, avia um arco branco com o mesmo laço do sapato.

Andei até a mesa, na qual avia um pequeno vidro com uma etiqueta escrito BEBA-ME , ao lado do pequeno vidro havia uma chave dourada realmente pequena, olhei envolta e resolvi tentar abrir as portas, porem todas estavam trancadas, derrotada, resolvi beber o liquido do vidrinho, mais antes fui dar uma olhada melhor na chave, porem sou eu sou desastrada com coisas pequenas, e deixei a chave cair no chão, ao me abaixar vi uma pequena porta, pequei a chave e resolvi tentar destrancar aquela pequena porta, que não deveria ter 40 cm direito, como eu já imaginava, a chave entrou com perfeição, fiz o movimento e a porta se abriu, olhei e vi um pequeno jardim, mas o que mais me intrigou não fora o jardim, e sim o que corria nele, ela Mari, usando uma roupa de mordomo, com grandes orelhas de coelho na cabeça e com um relógio na mão.

Ela passou rápido dizendo:

-Estou atrasada! O céus! A Rainha de copas jamais ira me perdoar se eu me atrasar! – e saiu apreçada passando pelo jardim como um foguete.

Eu fiquei estática, mais que diabos? Mari, atrasada? com orelhas de coelho? E com expressão facial? Ok, definitivamente havia alguma coisa errada. Retirei a chave da porta e a deixei no chão, peguei o pequeno frasco com a etiqueta, o destampei e bebi, tinha um gosto de uva, após engoli-lo eu senti uma queimação, foi como se eu tivesse engolido algo realmente quente, e tudo começou a ficar extremamente grande, ou era eu que estava encolhendo.

Sai pelo jardim, andei um pouco, o suficiente para me afastar da porta, resolvi olhar para trás, o lugar da onde eu sai agora era uma arvore com uma porta, avia uma escadaria a minha frente, porem eu estava pequena de mais para descer os degraus, resolvi comer o pedaço do bolinho, que instantaneamente fez efeito ,me fazendo voltar ao tamanho normal, a minha frente havia um caminho, resolvi seguir por ele, enquanto andava, observava o local, havia todos os tipos de coisas voando, e algumas plantas realmente estranhas, após uns dez minutos de caminhada, cheguei a uma bifurcação, resolvi pegar o caminho da esquerda, andei mais de meia hora, o estranho daquele mundo é que mesmo de salto eu não sentia dor nenhuma o que era realmente bom.

A caminhada continuou, eu estava distraída observando a beleza daquele lugar, quando alguém falou.

-Alice....- disse uma voz que eu conhecia muito bem, me virei para encarar o sujeito, e me surpreendi com o que vi.

A voz pertencia a Lupus, mais ele estava diferente, usava uma camisa preta, com um casaco preto com muitos detalhes em vermelho, sua calça era igualmente preta, porem com detalhes vermelhos, a maioria era o símbolo de espadas, em seu rosto havia dois símbolos localizados na bochecha direita, o primeiro e maior era o símbolo de copas na cor vermelha, e logo abaixo o de espadas também na cor vermelha mais com as beiradas pretas, ele me olhava com suas incríveis e penetrantes orbes vermelhas, pude notar dois sentimentos nelas, o primeiro foi surpresa e o segundo desejo...espera...Desejo??

Ele me fitava, assombrado, me olhou de cima a baixo, observando cada detalhe de minha roupa e de meu corpo, senti minhas bochechas esquentarem, ele deu um sorriso malicioso e começou a andar em minha direção.

- Você certamente é diferente do que pensei – disse ele, com um tom de voz altamente sedutor – mais nos a esperávamos pequena Alice, principalmente a Rainha de copas.

Alice, por que diabos ele me chamou de Alice? Ele continuava vindo em minha direção, a passos largos, com um sorriso no rosto, sem opção, me virei e corri, corri o mais rápido que pude, ouvi ele sacando as scarlets e mirar em mim, por sorte meu instinto não me abandonou, ouvi os disparos e me joguei para o lado dando uma cambalhota, o ouvi praguejando.

Corri um pouco mais desviando de seus tiros, por sorte cheguei a outra bifurcação, porem nesta havia quatro caminhos, pequei o caminho da direita e corri, a floresta encobriu meu rastro, o ouvi praguejando um pouco mais alto, me virei e andei, pois algo me dizia que na próxima vez que nos encontrássemos, ele não seria tão gentil.