Crush escrita por slytherina


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Renée conhece Sebastian



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Um mês passou rápido. Renée pensara algumas vezes em Cissa, mas mais e mais, aquela paixão de adolescente que assumira proporções de obsessão e devoção humilhantes, transformava-se em coisa do passado. Sentia-se ridícula por ter se transformado numa espécie de cão sarnento, que sempre seguia o dono e sempre era escorraçado por ele. Cissa nunca a amara, nunca lhe falara nada e é certo que nunca se interessaria por ela. O problema então estava nela, Renée, que não sabia quando desistir de uma paixão.

 

Então as férias terminaram e o dia da partida chegou. Renée tentava andar rápido para pegar o avião que a levaria para casa, entretanto George insistia em segurá-la pela cintura, não a deixando andar mais rápido que ele. Quando enfim chegaram até o balcão de checking-in e Renée conseguiu autorização para passar à sala de espera, George a abraçou e falou sussurrando em seu ouvido, enquanto aproveitava para morder-lhe o lóbulo da orelha:

 

"Não esqueça que você é minha. Não quero que olhe para outros caras".

 

Renée não conseguiu evitar um calafrio na espinha, com as coisas que ele fazia em sua orelha. E ela sabia que ele percebia isso. As palavras dele ecoaram em seu cérebro. Ela percebeu que ele se preocupava em ser traído com outros caras, mas não falou nada de mulheres. George era o tipo de cara que achava que mulheres só se relacionavam entre si, em um nível superficial e insatisfatório, enquanto não aparecia o cara certo para fisgá-las.

 

Renée havia sido sincera com ele, contara de Cissa e Nancy. Ele considerou tudo uma grande bobagem e falta de assunto. Agora, quando Renée lhe contou que fora agredida em via pública por um homem desequilibrado, ele achou que havia algo por trás daquilo tudo. Considerou que Renée estava lhe escondendo algum caso sórdido com o padeiro, enquanto ela insistia em que apenas estava protegendo Cissa.

 

Perdera a virgindade com George, pelo menos a virgindade genital, uma vez que seu coração já tinha sido estraçalhado por Cissa. Renée não dera importância ao fato. Quer dizer, na verdade sim. Afinal só devemos ir para a cama pela primeira vez, com alguém especial, que significa muito para a gente, e por quem estamos apaixonados.

 

Infelizmente Cissa estava a quilômetros de distância, com outra mulher, e humilhara Renée na primeira chance que tivera. Então já que ela não podia ter Cissa, por que não ficar com George? Porque não o amava? George também não a amava. Renée ainda se lembrava da reação dele, quando ela ingenuamente perguntara se ele iria romper com sua namorada. Ele riu e respondeu: "Nem em sonhos, ela é a mulher da minha vida".

 

Chegando a hora de se despedirem, George beijou-a e mordeu seu lábio inferior, colocou as mãos por dentro de sua blusa e acariciou-lhe os seios. No início de seu relacionamento, Renée até reclamara que ele não tinha pudores em tocá-la em público, dando a entender que havia intimidade entre eles. George ficou irado e a tratou rudemente. Então para evitar desavenças, ela aceitava essas liberdades que George tomava com o corpo dela, em público.

 

Após o embarque ela considerou que dificilmente voltaria a procurar George, ou mesmo escrever-lhe ou telefonar para ele. Ele era muito possessivo e gostava de posar de machista. É certo que ela iria sentir falta das carícias no corpo todo, dos beijos despudorados e das relações sexuais que tinha com ele, mas era certo que ele a sufocava e menosprezava. Relacionar-se com um rapaz como aquele era masoquismo.

 

_Atenção senhores passageiros, dirijam-se aos seus lugares e fechem os cintos. Observem o sinal para não fumar. Nossa comissária de bordo tem outros avisos para sua segurança. Quem vos fala é o Comandante Élson. Tenham todos uma boa viagem.

 

Renée sentou-se na poltrona do avião e tentou dormir, fechando os olhos e colocando os fones de ouvido. Sentiu uma carícia no braço e abriu os olhos para ver um rapaz de cabelos cinzentos, desalinhados, olhar curioso, e nariz levemente arredondado. Ele usava aparelho ortodôntico e estava sorrindo. Ela não entendeu o que ele queria ou por que estava sorrindo. Tirou os fones de ouvido.

 

_O que foi? - Renée sentia-se uma idiota com aquilo.

 

_Importa-se se eu sentar na janelinha? - O "sorriso metálico" perguntou.

 

_Ok! Pode ficar na janelinha.

 

Trocaram de lugar. Renée tentou dormir mais uma vez. Nova carícia no braço. Ela já olhou irritada dessa vez.

 

_O que foi agora?

 

_A aeromoça está servindo o lanche. Achei que você iria querer um. - "Sorriso metálico" falou envergonhado agora, diminuindo um pouco seu sorriso.

 

_Eu não quero, ok? Se quiser meu lanche pode pegar. Agora não me acorde novamente, sim? - Renée falou brandamente, como se o rapaz ao seu lado fosse uma criança.

 

Renée conseguiu dormir por uma hora. Aí acordou com grandes sacudidas no braço. Ela olhou irritada para "sorriso metálico" e já ia brigar com ele, quando o avião deu um solavanco, fazendo seu estômago quase sair pela boca. Novo solavanco. Ela olhou em volta e viu que os outros passageiros estavam apreensivos, alguns reclamavam do clima, outros do piloto, uma mulher chorava e outra rezava em voz alta.

 

Os avisos de não fumar e fechar os cintos estavam acesos. Alguns portas-valise haviam se aberto deixando cair algumas bolsas no chão. As aeromoças estavam também sentadas e com o cinto fechado. O avião estava passando por uma turbulência.

 

Ela olhou para "sorriso metálico" e ele tinha uma expressão de medo no semblante jovial. Ele parecia uma criança grande, viajando sem a companhia de um adulto. Teve pena dele, então instintivamente colocou sua mão sobre a dele, para que se acalmasse. Ele a olhou agradecido e afundou na poltrona, com uma expressão de consternação.

 

_Não se preocupe. Tudo vai ficar bem. Não vamos morrer hoje. - Ela falou com uma convicção que não tinha.

_Como você sabe?

_Eu simplesmente sei. Agora respire fundo e pense em coisas agradáveis. Logo chegaremos em casa.

_Tá bem. Como é seu nome?

_Renée. E o seu?

_Sebastian Bach. Você sabe, o compositor. Pensei que René fosse nome de homem.

_Na nossa língua é mais usado para nomear homens, realmente. E então, você gosta de música? - Renée iniciou uma conversa para distrair, pois ela mesma estava apreensiva com a situação do avião.

 

Mais um pouco e o avião saiu da turbulência e conseguiu pousar no aeroporto do seu destino. Todos deram graças a Deus e abraçaram-se aliviados. Renée sorriu para Sebastian que voltara a irradiar seu sorriso metálico. Trocaram números de celular e e-mail. Logo mais Renée reencontrou sua família no aeroporto e rumaram para sua casa. Sebastian também encontrou os seus e tomou outro destino. Renée achou estranho o fato de que se tornara amiga de um completo estranho, após falar com ele por algumas horas. Enquanto que não considerava amigo, o homem com quem dividira sua cama e sua intimidade por um mês.

 

Ao retornar para sua casa, e conseqüentemente para sua família, Renée estava um pouco diferente do que quando partira um mês atrás. Seu cabelo agora tinha um franjão que lhe cobria os olhos fortemente delineados. Colocara um piercing no nariz e outro na sobrancelha. Mandara fazer uma tatuagem nas costas: um anjo decaído, e George insistira em que ela colocasse o nome dele no ombro. Renée pensou em modificar a tattoo de George na primeira oportunidade.

 

Sentia-se adulta agora, embora ainda tivesse apenas 16 anos. Descobriu em si mesma um sentimento de auto-suficiência e invencibilidade, que não estavam lá antes da viagem de férias. Ela por assim dizer, podia enfrentar o mundo e vencê-lo.

 

Fim do Capítulo

 

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo curto. Não tenho mais histórias para contar sobre Renée. Tinha um enredo trágico em mente quando comecei a escrever, tipo algo envolvendo mortes, mas as coisas não precisam acabar mal. Escreverei mais um capítulo bem grande ou dois pequenos, mas com certeza será um final feliz.



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