Crush escrita por slytherina


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Renée conhece George



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_Renée, adivinha o que aconteceu. - Nancy falou com os olhos arregalados e um sorriso que lhe iluminou o rosto.

_O que foi que aconteceu, Nancy? - Renée já estava sorrindo antevendo algo muito engraçado.

_Eu conheci um maravilhoso homem. Um gato, e ele gostou de mim. - Nancy ainda estava com o sorriso luminoso, mas o sorriso de Renée diminuiu um pouco.

 

Renée se sentiu magoada. Tentou sustentar o sorriso, mas sabia por experiência que as outras pessoas conseguiam ler no seu rosto o que lhe ia à alma. Nancy diminuiu um pouco o entusiasmo e calou-se. Renée sentiu-se culpada.

 

_Você conheceu um cara que pode ser o seu príncipe encantado. Eu fico feliz por isso, de verdade. Vamos, me dê esse sorriso novamente. - Renée esforçou-se para dissipar as nuvens de seu semblante.

_Eu sinto muito você não tenha conseguido acertar com Cissa, Renée. Eu tenho certeza um dia você irá encontrar alguém que irá identificar com você, e irá fazer você muito feliz. - Nancy falou comovida.

_Tudo bem. Então? Como você conheceu esse gato?

_Ele é estudante de intercâmbio também. Ele disse eu sou maravilhosa e tem sérias pretensões.

_Ele te pediu em casamento?

_Não! Se tivesse pedido eu iria pensar ele é um maluco. Não, ele apenas pediu em namoro.

_Isso é tão romântico. Que bonitinho.

_O nome dele é Walter. Ele é angolano.

_Ele é educado? Respeitoso? Ele sabe ouvir?

_Ele é tudo de bom. É um verdadeiro gentleman.

_Oh céus! Isso é muito bom.

 

Com o passar do tempo, Nancy e Renée se separaram um pouco. Em parte porque Nancy arranjara um namorado e passava mais tempo com ele agora. Renée tentava ver isso como uma coisa boa. Ela precisava passar um tempo sozinha, sondar o próprio coração e descobrir-se como pessoa.

 

Após a ruptura oficial com Cissa, ela agarrara-se a Nancy com todas as forças, como se a amiga fosse uma tábua de salvação, mas não a amava. Mesmo assim, ficou magoada quando sua melhor amiga arranjara um namorado. Achou que Nancy a amava e que sempre estaria disponível, e esperando eternamente por ela. E isso não era agir de forma honesta. Isto era exploração e Nancy não merecia ser explorada.

 

Renée um dia foi ao cinema sozinha. Comprou pipocas e refrigerante. Estava assistindo a um filme de ficção científica. Então alguém meteu a mão no seu pacote de pipocas e tirou algumas. Ela olhou para o engraçadinho para reclamar, quase pulou da cadeira. Era Inês.

 

_O que você quer Inês?

_Calma, o cinema é um lugar público.

_Não tinha outro lugar para sentar?

_Na verdade, não. Está lotado.

_Tudo bem. Pelo menos pare de comer minhas pipocas.

_E deixar você "pegar" celulite sozinha? De jeito nenhum. "É um serviço sujo, mas alguém tem que fazê-lo".

 

Renée tentou se segurar, mas acabou sorrindo a contragosto.

 

_Amigas? - Inês estendeu-lhe a mão.

_Por que não? Amigas.

 

Renée poderia responder a esta indagação com uma única palavra: Cissa. Inês roubara-lhe o objeto de desejo. Lembrou-se então que Cissa nunca lhe dissera que a amava, nunca lhe pedira em namoro, e da última vez que as duas conversaram Cissa foi extremamente cruel e a deixou em prantos.

 

Na verdade, Cissa nunca a tratara com amor, excetuando aquela vez no baile, quando lhe dera um amasso. Naquele dia Cissa deveria estar sob efeito de bebida, pois fora inteiramente louca. Se alguém te beija na boca daquela forma e algum tempo depois, arranja outra namorada e te diz: "me deixa em paz", o que você deveria fazer? Afastar-se é claro.

 

_Sabe, eu não gostaria de estar lhe falando isso, mas sua namorada Nancy está lhe traindo com um rapaz.

_Verdade? Você viu?

_Infelizmente vi sim.

_Isso quer dizer que eu sou uma chifruda.

_Não fica triste?

_Não lhe pareço suficientemente triste?

_Você ainda está apaixonada pela Cissa, não é?

_Digamos que... Cissa é uma doença e que eu estou em convalescença.

_Sabe, eu realmente gosto de você. Você me parece ser tão passional e dedicada. Parece ter um coração tão puro.

_Eu acho que você está declamando para a garota errada. Você tem que dizer essas coisas para a Cissa e não para mim.

_Cissa não merece o seu amor.

_Você é estranha Inês. Você e Cissa combinam perfeitamente. As duas são enigmáticas.

_É, mas eu quero ser sua amiga.

 

Após o encontro no cinema, Inês procurou se aproximar mais. Renée dizia a si mesma para tratá-la bem e procurar a boa essência da outra, mas o seu coração teimava em disparar o alarme de "inimigo à vista". Por vezes percebia que estava analisando a outra, tentando descobrir o seu ponto fraco e ficava envergonhada do próprio comportamento.

 

Ela nunca mais viu Cissa e ficava contente com isso, mas Inês parecia viver eternamente atrás dela, e Inês a lembrava da existência de Cissa. O ano terminou e Nancy despediu-se dela. Iria voltar para sua terra natal. As duas prometeram corresponder-se por MSN e e-mail.

 

O namorado de Nancy, Walter, também foi despedir-se dela no aeroporto. Ele era realmente um cara especial. Ele permaneceria no colégio dele ainda até agosto, então voltaria para sua terra também. Renée chorou sinceramente a separação de sua amiga mais fiel. Aquela que ela pensou que poderia substituir Cissa em seu coração.

 

Renée preparou-se para sua própria viagem. Já se arrependera de ter pensado nessa fuga, no momento em que descobrira que Cissa a trocara por Inês. Mas agora as passagens já haviam sido compradas, e havia uma família amiga de seu pai esperando por ela em Fortaleza. Ela não podia mais voltar atrás. Raciocinou que assim ficaria livre do assédio de Inês e da lembrança de Cissa.

 

Ela viajou em janeiro, após as festas de fim de ano que foram excepcionalmente tristes, pois não pôde contar com Nancy ao seu lado. Em fortaleza ficou em um prédio de apartamentos à beira-mar. Todo o dia colocava seu maiô de natação e ia para a praia. Era solitária, pois seus anfitriões eram muito ocupados e não poderiam dedicar-lhe muita atenção.

 

Eles tinham um filho adolescente, quase da mesma idade de Renée, mas o rapaz também trabalhava e não era muito chegado em passar os dias torrando ao sol. Seu nome era George e ele usava óculos de grau. Tinha finos cabelos claros e um rosto cheio de acne. Renée somente podia conversar com ele à noite, quando ele ficava sentado na sala assistindo à novela.

 

_Então como é a vida na sua terra? - George perguntou educadamente.

_Chata. Perdão, devo dizer que a vida na minha terra é excitante. Chata sou eu que não vejo graça em nada.

_Você é engraçada.

_Obrigada.

_Tem namorado?

_Não. E você tem?

_Tenho. É uma vizinha aqui do prédio. Ela está agora passando as férias no Rio.

_Rio de Janeiro? Muito bom.

_Você gosta de sair à noite?

_Não.

_Que pena. Se você gostasse, eu iria convidá-la para sair comigo.

_Se você me quiser te faço companhia.

_Não sei se iria dar certo. Você não gosta de curtir a noite, as pessoas me chamam de esquisito. Iríamos ficar ambos deslocados.

_Esquisito?

_É. Acho que é porque uso óculos.

_O que você gosta de fazer com sua namorada? - Renée perguntou ingenuamente.

 

O rapaz olhou-a em silêncio, então Renée corou.

 

_Desculpe-me, pergunta errada. O que você faz quando sai com sua namorada e vão passear? - Renée tentou consertar.

_Nós vamos ao motel. - George já estava sorrindo do desconforto e da atrapalhação de Renée.

_... Desculpe-me ter feito essa pergunta. Vou tentar novamente. O que você faz para se divertir quando sai com os amigos?

_Ah, ah, ah, vamos ao prostíbulo. Ah, ah, ah,... Desculpe-me não pude evitar, estou brincando. Ah, eu gosto de cinema, corrida de kart, lan house, aeromodelismo, essas coisas. Não sou muito chegado no que os turistas gostam, tipo praia, areia e sol.

_Você me acha uma retardada, não?

_Só um pouquinho, não, estou brincando, você é só meio ingênua. Quantos anos você tem?

_16.

_Eu tenho 18. - George saiu do seu lugar e sentou-se ao lado de Renée.

 

Colocou o braço em volta do ombro dela e virou o rosto em sua direção, criando uma intimidade constrangedora.

 

_George, eu sinto muito, mas eu não estou a fim deste tipo de envolvimento. Se você quiser amizade, tudo bem. Outra coisa, não. - George não lhe deu atenção e cobriu seus lábios com os dele.

 

Fim do Capítulo

 

 


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Notas finais do capítulo

Bem, o mundo não é uma ilha, e estamos cercados de gente por todos os lados. Então é natural conhecer novas pessoas e interagir com elas.



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