Crush escrita por slytherina


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Ainda sobre as conseqüências da agressão sofrida.



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No dia seguinte a mãe de Renée não permitiu que ela fosse à escola. Renée passara uma noite infernal, chorando por antecipação, pela dor de perder Cissa. Permaneceu em casa apática, sem falar com ninguém, imaginando por que as coisas tinham que acabar tão mal. Associou seus sentimentos anormais por Cissa com a agressão que sofrera. Chegou à conclusão de que aquilo era um sinal dos céus, de que ela merecia ser punida por estar no mau caminho. Mais tarde foi arrastada até a delegacia pelo pai, para prestar queixa contra Douglas. Teve que passar por exame de corpo delito. Quando finalmente foi liberada para ir para casa, encontrou mais problemas. Cissa estava em frente a sua casa, esperando para falar com ela.


 

_Renée, o que foi isso? - Cissa perguntou preocupada.

 

_O Douglas me agrediu. - Renée respondeu.

 

_Como é seu nome mocinha? - O pai de Renée intrometeu-se na conversa.

 

_Auxiliadora, senhor. Sou amiga de sua filha. Pode me chamar de Cissa.

 

_Então você é a famosa Cissa?

 

_Sim senhor, receio não ser tão famosa quanto pensa.

 

_Senhorita Cissa, não sei da sua vida e nem quero saber. Só sei da vida de minha filha aqui. Ela foi agredida por sua causa, pela primeira e última vez. Não quero mais a sua amizade com a minha filha, entendeu bem?

 

_Entendi muito bem. Gostaria apenas que o senhor me tratasse com um pouquinho mais de respeito, assim como eu o trato.

 

_Renée vá para dentro. A conversa que eu vou ter com esta senhorita não é para os seus ouvidos.


 

Renée ficou imóvel olhando para Cissa, como se seu pai não estivesse ali. Até que ele fez questão que sua presença fosse notada, puxando Renée pelo braço até dentro de casa, então fechou a porta e saiu para onde Cissa o esperava altiva. Renée foi para detrás da porta para ver se escutava alguma coisa, mas apesar do tom exaltado do pai e da voz de Cissa que estava mais alta do que de costume, ela não conseguiu entender o que falavam. Desistiu de tentar intervir no que acontecia lá fora e ficou andando em círculos com um dedo na boca, esperando pela volta do pai


 

Quando este voltou, olhou feio para Renée.


 

_Eu quero saber que tipo de relacionamento você tem com essa garota?

 

_Nenhum pai, eu juro. Absolutamente nada.

 

_Eu te proíbo de voltar a falar com essa moça. Vou providenciar sua transferência dessa escola.

 

_Sim senhor pai. Vou para o meu quarto agora.


 

Ao chegar ao quarto, Renée desabou na cama. Ela estava extasiada. Cissa a defendera do pai dela. Ela era tão corajosa. Como ela a amava. Gostaria de ter a coragem da outra e gritar em alto e bom som para o pai, que amava aquela garota gazeteira e namoradora compulsiva. Gostaria de ter coragem suficiente para pular nos braços de Cissa e tascar-lhe um beijo apaixonado. Se o mundo não tivesse tantas regras de moral e bons costumes, do que é certo ou errado, ela pediria a Cissa para namorá-la, aí então as duas sairiam andando pela calçada de mãos dadas. Assistiriam a filmes adultos e dariam um amasso no cinema. E ela não poderia esquecer o parque de diversões, seria tão romântico que Cissa ganhasse um ursinho de pelúcia no tiro ao alvo. E Renée não poderia esquecer-se de agarrar-se a Cissa na hora em que estivessem na montanha russa. A vida seria muito bela se estas coisas fossem permitidas.


 

Renée ficou em casa por três dias, por conta da superproteção do pai. No quarto dia ela alegou que estava mofando e que precisava dar uma volta pelo quarteirão. Seu pai estava no trabalho, e sua mãe não viu mau nenhum nisso. Ela arrumou-se o melhor que pôde, para ficar apresentável para Cissa, mas isso seria difícil com um braço engessado. Saiu de casa e foi direto para a casa da amiga. Não gostava de desobedecer ao pai, mas a outra estava acima de todas as convenções e regras. Ao aproximar-se da casa de Cissa, ela viu um carro estacionado em frente ao portão da casa da amiga. A princípio não conseguia discernir nada dentro do carro, mas após outro carro em sentido contrário ter jogado luz alta, ela pôde ver nitidamente Cissa dando um amasso com um homem desconhecido, no carro. Renée estacou. Tentou dizer para si mesma, que embora tivesse 100 namorados, a outra a amava de um modo diferente. Porém ao ver a expressão de prazer no rosto de Cissa, não pôde mais enganar a si mesma. Sua amiga gostava de homens e não de mulheres. Renée deu meia-volta e afastou-se. Voltou para casa.


 

Em casa as coisas voltaram ao normal. Renée voltou a dedicar-se à família e aos estudos, dessa vez em uma escola diferente e distante. Cissa nunca mais foi à padaria. Também o Douglas foi demitido e diziam que estava preso. Renée permaneceu com o braço engessado por um mês, então o médico o retirou. Seu cotovelo não era mais o mesmo, mas ela disse ao médico e a sua família, que tudo estava bem, pois não queria mais que mexessem no seu braço. Por conta do período de adaptação na nova escola, ela não foi bem nas avaliações e tirou algumas notas vermelhas. Ela nunca foi uma estudante popular, de modo que não estranhou quando foi isolada pelos outros colegas. Procurava não pensar em Cissa e nos seus anseios românticos por ela. Considerou que o destino das mocinhas era conhecer um garoto legal e casar-se com ele. Um dia o seu príncipe chegaria e ela então seria amada, honrada e respeitada por todos. Ela não precisava, portanto ficar triste e ansiosa por estar sozinha. Isso seria passageiro.


 

Um dia, algumas moças vizinhas de Renée vieram convidá-la para irem a uma festa. Como Renée vivia enfurnada em casa, secando os olhos de tanto ver TV, seus pais acharam que lhe faria bem à mente, sair e divertir-se um pouco com jovens de sua própria idade. Então sua mãe escolheu um bonito vestido branco, com flores nas alças, e folhos de organza na saia. Ajeitou como pôde seus cabelos curtos e colocou uma bela fivela de strass no cabelo. Para fazer sua maquiagem, chamaram a vizinha que trabalhava profissionalmente em um salão de beleza. Ao término daquela produção, Renée estava deslumbrante.


 

_Se você não arranjar um namorado hoje, Renée, então nunca mais na vida terá outra chance. - Disse-lhe a maquiadora.

 

_Você será a moça mais bonita da festa. Todos os rapazes vão olhar para você. - Disse-lhe sua mãe.


 

Renée então saiu com as quatro adolescentes vizinhas, para um baile num clube bem conhecido no bairro onde moravam. Todas prometeram comportar-se e voltar para casa antes das 2 horas. Chegando lá, a música era bem animada, havia luzes estroboscópicas, DJ, garçons, mesas afastadas, etc. As garotas logo encontraram seus respectivos namorados e se afastaram, deixando Renée sozinha e sem saber bem o que fazer. Como havia muitos jovens dançando, ela achou que também poderia remexer-se um pouco, sem ser notada e ridicularizada. Então do nada, alguém segurou no seu ombro. Ela se virou e um rapaz alto e magricela, de cabelos pretos emplastrados de gel, falou bem alto no seu ouvido, tentando ser audível.


 

_Pode me apresentar àquela morenaça mignon com quem você chegou aqui?

 

_Sinto muito, eu não sei onde ela está. - Renée respondeu perplexa.


 

O rapaz sorriu e balançou a cabeça, deu meia-volta e afastou-se. Renée perdeu a vontade de continuar fingindo interesse na dança. Foi ao banheiro. Antes de conseguir passar pela massa humana que se aglomerava na porta do banheiro, foi agarrada pelo braço e puxada para longe dali. Era Cissa. Ela estava muito bonita num vestido de tafetá laranja que ressaltava seu bronzeado. Ela a conduziu para um canto solitário e escuro. Encostou-a contra a parede e comprimiu seu corpo contra o dela. A seguir comprimiu sua boca contra a sua e Renée sentiu dor na língua. Renée resolveu parar com aquilo, que ela não chamava de beijo, mas algo dolorido e esquisito. Virou o rosto com força, interrompendo o ósculo. Cissa continuava comprimindo o corpo dela e moveu-se o suficiente para Renée sentir os seios da outra contra os seus. Renée ficou eletrificada, entreabriu os lábios e soltou um suspiro, enquanto sentia os olhos cheios de água. Cissa outra vez comprimiu seus lábios, mas não tentou sugar sua língua novamente. Então tudo acabou. Cissa afastou-se, enquanto ajeitava o vestido. Foi embora.


 

Renée permaneceu por muito tempo sozinha, encostada contra a parede, incapaz de se mexer e ir embora dali também. Suas pernas estavam trêmulas, e ela não sabia dizer se deveria estar segurando alguma coisa, porque agora suas mãos estavam vazias e mal conseguiam apoiar-se em alguma coisa. Sua cabeça parecia oca. Não conseguia concentrar-se em nada. Lembrou-se que estava em um baile e que deveria chegar a casa antes de 02h00min. Olhou no relógio de pulso. Eram 23 horas. A festa havia acabado para ela. Resolveu avisar suas acompanhantes que já estava se retirando. Assim fez. Não viu mais Cissa naquela noite e suspeitou que não a veria mais por muito tempo.

 

 

 

Fim do Capítulo

 


 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eita fic comprida. O melhor de tudo é que ninguém está lendo, assim posso escrever um monte de besteiras.



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