Crush escrita por slytherina


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

O monstro verde do ciúme.



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Ela colocou um dedo na boca e sentiu a língua na polpa digital. Com a outra mão percorreu a extensão do seu tórax e abdômen até as coxas, para então novamente fazer o caminho inverso com a ponta dos dedos até os seios pequenos e sensíveis. Fechou os olhos e lembrou-se novamente do amasso que recebera de Cissa, sua língua ser violada e da sensação de prazer pelo contato com o corpo da outra. Arqueou o corpo e sentiu-se lânguida. Continuava a passar a língua na polpa dos dedos, lembrando do gosto da boca de Cissa. Então ela abriu os olhos e viu o rosto de sua maninha bem próximo, com uma careta de reprovação.

 

_Você está doida Renée?

_Não. Por que não vai dormir?

_Vou contar pra mamãe que você tá lambendo os dedos.

_Faz isso não, tá? Olha, eu te dou minhas revistinhas do superman, tá bem? Não conta pra mamãe não!

_Eu vou contar pra mamãe.

_Espera! Eu te dou minha boneca Barbie, aquela que tá de vestido de noiva. É a minha preferida. Eu dou pra você se não me dedurar, tá bem?

_Negócio fechado.

 

Nos dias que se seguiram, Renée passou a rondar a casa de Cissa sempre que tinha um tempo vago. Ficava nas esquinas, olhando de longe, vigiando os passos de sua amada. Apesar de ter agarrado e beijado Renée, Cissa continuava namorando homens. Sempre havia um rapaz se despedindo dela com um beijo hollywoodiano, ou outro rapaz aparecia de carro para apanhar Cissa, que o cumprimentava com um beijo apaixonado. Ela estava sempre linda e maravilhosa. Douglas nunca mais deu as caras, nem outro namorado fez cenas de ciúmes.

 

Após algum tempo vigiando Cissa, Renée percebeu o ridículo daquela situação. Cissa era estranha, mas se ela realmente estivesse apaixonada por Renée, já a teria procurado para conversarem. Se a outra não tinha feito isso até agora, mesmo depois do amasso no baile, era porque ela não estava interessada. Renée resolveu desistir mais uma vez.

 

Não voltou a tocaiar a casa de Cissa, mas passou a desenhar corações nos cadernos e livros, com um C e um R entrelaçados. Não prestava mais atenção às aulas, e nem se importava em estar abaixo da média no conceito geral de todas as disciplinas. Passou a quebrar copos e pratos mais amiúde, levando sua mãe a reclamar asperamente com ela, inclusive falando algo sobre cortar a mesada para comprar copos e pratos novos. Renée não se importou.

 

Ela havia desistido de Cissa, mas sempre sonhava que sua amada iria procurá-la, e num momento dramático lhe diria: "I Love you". Passava as noites imaginando coisas, como uma cerimônia de casamento entre duas noivas, uma vida conjunta com Cissa dividindo o mesmo teto, a intimidade que partilhariam.

 

Nestas horas ainda ficava muito perturbada, pois tinha vergonha de pensar estas coisas, entre ela e outra mulher. O destino não queria que elas ficassem juntas, mas ela não conseguia evitar sonhar com isso. Para o seu aniversário de 16 anos, Renée pediu que não houvesse festa. Ela não conseguia pensar em participar de uma festa, sem a presença de Cissa.

 

Seus pais concordaram, pois já haviam dado uma festa ostensiva para os seus padrões, no aniversário de 15 anos, com direito a 15 daminhas e 15 rapazes. Eles, entretanto, insistiram em que Renée fizesse uma viagem dos sonhos para alguma cidade turística. Renée embirrou, reclamou, chorou de raiva até que seus pais concordaram em esquecer-se dessa idéia. De modo nenhum, Renée iria ficar longe de sua princesa encantada.

 

Um belo dia, Renée sem querer, estava dando uma volta nas cercanias da casa de Cissa, quando ela viu algo que fez com que o céu desabasse na sua cabeça. Cissa estava radiante de cabelos soltos, naquele tom de louro mate, pele bronzeada exposta em um vestido vaporoso, estampado de alcinhas, e os pés delicados e graciosamente enfeitados em um sapato peep toe de salto médio.

 

Ela estava sorridente de mãos dadas com outra mulher. Uma jovem loura, de olhos claros, cabelos cacheados presos em rabo de cavalo, alta e atlética, vestida de legging, top e tennis mizuno. O modo como as duas estavam segurando as mãos, fez toda a diferença. Estavam com os dedos entrelaçados.

 

Renée não sabia o que fazer. Tinha vontade de gritar e atacar à loura. Por outro lado tinha medo que Cissa a visse ali, sofrendo por ciúmes. Deu meia volta e afastou-se quase correndo. Sentia as lágrimas caindo na face e repetia entre dentes: "idiota, idiota, idiota".

 

A única coisa em que ela podia pensar para não sofrer mais era aceitar a maldita viagem que seus pais quiseram lhe impingir. Controlou-se para não chorar na frente deles, e pediu a viagem do presente de aniversário. Seus pais estranharam a mudança de planos, mas achavam que deviam isso a Renée, pois não haviam dado festa comemorativa. Ficou decidido que nas férias do final do ano, Renée viajaria para Fortaleza.

 

Ela teria apenas que se agüentar até lá, e não perder a cabeça de tanto ciúme que estava sentindo. Agora ela não desenhava mais corações, mas a caricatura de uma atleta loura, que era depois destruída com rabiscos ferozes. Se pensamento matasse, a outra já estaria morta.

 

Um dia Renée foi ao supermercado fazer compras que a mãe lhe pedira. Estava tão distraída fazendo cálculos em um bloquinho de notas, para prever os gastos, que não percebeu que alguém se aproximara dela, e parara bem próxima. Quando Renée percebeu que tinha companhia, virou-se rapidamente para ver quem era. Quase morreu de susto. Diante dela estava sua rival, a loura atleta.

 

_Olá! Meu nome é Inês. Sou amiga de Cissa. Seu nome é Renée, não é mesmo? Prazer em conhecê-la. - Inês estendeu a mão para Renée, que não sabia o que fazer. Então por força do hábito, apertou a mão que a outra lhe oferecera.

_Prazer.

_Acho que podemos ser amigas. O que me diz?

_Claro... Por que não?

_Que bom. Cissa me contou que você foi agredida pelo ex-namorado dela. Deve ter sido horrível, não? Eu no seu lugar teria ficado chocada. Certos homens deveriam andar com focinheiras. São verdadeiros pit bulls.

 

Renée teve vontade de gritar para a outra calar a boca. Como Cissa teve coragem de falar sobre ela para sua atual namorada? Aquilo era sagrado. Fora o sacrifício que Renée havia feito por Cissa, para ser digna de seu amor. Fora uma prova de amor não solicitada. Renée fora martirizada pela outra, e por isso a amaria eternamente. Como ela pôde comentar isso como se fosse uma fofoca da vizinha? Aquilo era um ultraje. Contudo, Renée engoliu o orgulho ferido e limitou-se a confirmar com a cabeça.

 

_Soube por Cissa que você não gosta de andar por aí muito enfeitada, tipo uma patricinha, você gosta de esportes? Eu adoro esportes. Dá pra notar pelas minhas roupas, não é mesmo? Ultimamente tenho feito muito step e ciclismo. Na minha cidade natal eu praticava iatismo, mas isso é difícil aqui pelas características geográficas. Eu também adoro rapel e canoagem. Penso que dá pra fazer algum esporte radical por aqui também, mas o povo daqui é muito acomodado, eles preferem atividades em locais fechados, o que não é muito saudável. Você não é muito de conversar, não é mesmo?

_Você está namorando a Cissa?

_O que?

_Foi uma pergunta simples e direta, por favor, responda da mesma forma. Sim ou não?

_Oh meu Deus! Eu não tinha percebido. Você... A Cissa?

_Você não respondeu a minha pergunta.

_Eu... Não, claro que não. A Cissa sabe que você sente isso por ela?

 

Renée olhou para Inês como se ela fosse um pequeno canário na mira de um gavião. Sentiu vontade de gritar em alto e bom som: "foi Cissa quem me seduziu", mas conteve-se a tempo. Rezava mentalmente para todos os santos, para conseguir se controlar e não pular na garganta da loura e dar-lhe muitos tabefes. Conseguiu mastigar a própria indignação e respondeu entre dentes.

 

_Não, ela não sabe de nada.

_Entendo. Bem, eu já vou indo. Gostei de ter falado com você. Qualquer dia a gente se vê. Tchau! - A loura tal qual Cissa, fez questão de beijar as duas faces de Renée. Então foi embora.

 

Fim do Capítulo

 

 


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Notas finais do capítulo

Yeah! This is not Romeo and Juliet. Renée ainda vai comer o pão que o diabo amassou, ou assim eu pretendo escrever.



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