- O que aonteceu? - Perguntei com medo

- A doença... Ela... é malígna.

- Não! Claro que não... - Falei tentando sorrir, tentando esquivar da verdade.

- Eu sei que é difícil, mas aceite. Nós tivemos que aceitar isso.

- Mas... não. Não pode ser.

- Bia... - Ela não conseguia mais falar.

Khristen virou as costas, enxugando o rosto que estava totalmente molhado e foi em direção ao banheiro. Não bastava ter que se acostumar com aquilo, convencer a si própria que a vida de seu filho estava no fim, ainda ter que passar a informação tão dolorosa para mim, e se conter. É difícil. O que ela está passando é pior do que o que eu estou...

Resolvi enxugar as lágrimas ressecadas que estavam em meu rosto, e tomei coragem para entrar no quarto. Entrei.

- Oi, amor...

Ele não respondeu. Estava com os olhos pensados, mas dava para perceber que não estava dormindo.

- Bry?

Ele abriu os olhos, e ficou olhando para o teto. Seu olhar era frio, tenebroso.

- Já está sabendo da notícia? - Ele perguntou

- Que notícia? - Perguntei com medo.

Ele deu uma gargalhada antes de falar... Ele estava dando medo.

- Vai dizer que você ainda não sabe da minha doença?

- Brian, por favor... Não começa com isso.

- Não começa... - ele riu alto - Já está quase no fim...

- Brian...

- Morrer não deve doer não... mas tenho medo. - Ele me interrompeu

- CHEGA, BRIAN. Eu não quero mais ouvir isso! - Gritei.

Levantei na mesma hora e saí do quarto, com a raiva e o medo explodindo denro de mim. Eu sei que não deveria ter gritado, mas ele estava me tirando do sério com aquele assunto. Já não bastava ouvir aquilo o tempo inteiro das pessoas, ainda tenho que ouvir dele. É muito mais doloroso.

Peguei um copo d'água e sentei no sofá que tinha perto da recepção, e logo recebi um toque nas costas.

- Com licença, senhora.

- Ahn? - Me virei para ver quem era.

- O paciente, Sr. Brian, está pedindo para chamá-la.

- Ah sim... Já vou lá, obrigada.

- Por nada! - ela se virou - Ah, não se preocupe. Vamos fazer de tudo!

Eu sorri. Meio sem graça, mas sorri.

Caminheir até a porta do quarto e fiquei parada alí por alguns minutos, até tomar coragem para entrar. Finalmente consegui, e me deparei com Brian chorando. Aquela cena foi de cortar o coração.

- Desculpa... - ele disse baixinho.

- Peço eu. - Corri até ele, dando um abraço forte e uns beijos leves por seu rosto.

Ficamos assim por um tempo, nessa mesma posição. Minha cabeça encostada na cabeça dele, os dois abraçados e ele recebendo um carinho meu na cabeça, fazendo-o relaxar.

As horas se passaram rapidamente, e tive que sair para ele ser examinado. Sentei no sofá, só que dessa vez na sala de espera. Encostei a cabeça alí no braço do sofá, e acabei tirando um cochilo.

Quando acordei, deparei com a Khristen me olhando, com um sorriso fraco no rosto. Dei um pulo do sofá.

- Ahn? Que horas são?

- Acalme-se, Bia. São 21:00.

- 21:00? Meu Deus!!

- É melhor você ir para casa. Descanse.

- Casa? Nada disso! Vou ficar aqui com ele... E falando nele.. Como ele está?

- Entre lá no quarto.

Fui para lá, entrei e e fiquei conversando com ele, até o momento em que ele me pediu para buscar um copo d'água, pois na garrafa já havia acabado. Não entendi por que ele não chamou a enfermeira, mas ele quis que fosse eu.

Assim que voltei para o quarto, vi uma roda de pessoas vestidas de branco, tampando qualquer visão possível que eu tinha sobre Brian. Eram enfermeiros/as e havia um médico; uns sons emitidos do monitor que mostrava os batimentos cardíacos dele apitava sem parar intercaladamente. Me assustei com a cena toda, e deixei a garrafa cair no chão. Ao ouvir o som da garrafa batendo ao chão, uma enfermeira correu em minha direção tentando explicar que eu não podia ficar alí, e foi me empurrando para trás da porta, fechando-a em seguida.

Não sabia o que estava acontecendo, mas boa coisa eu sei que não era.

*CONTINUA*