Coming Wave escrita por Hi there Lívia, Licurgo Victorio


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Helooooo
Nesse capítulo laudo médico da Cassandra é revelado como doida rsrs
Agora Cassandra está no trem com planos malucos na cabeça. Acho que plano maluco é a única coisa que ela tem, sinceramente.



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No meu sonho eu estava no distrito 12 de novo.

Eu estava na praça dos vitoriosos do distrito 12, onde ficava a casa que meu tio ganhara depois de ganhar os Jogos. Eu caminhei até a casa, esperando encontrá-lo. Eu sabia que era a casa dele, talvez pelas imagens e cobertura de TV. Foi quando um barulho estranho começou e Haymitch apareceu na porta. Pulei de susto quando a voz de Finnick soou ao meu lado.

— Acho que terei que ir também.

Virei-me e percebi que estava rodeada por várias pessoas. Finnick, Trynia, meus irmãos, Clareff e Rendall, meus mentores, todos agora estavam andando até onde Haymitch estava e o barulho ficava mais forte.

Então meus pais apareceram. Eu não lembrava muito deles, mas sabia que eram eles. Quis me aproximar de todas aquelas pessoas a quem eu devia a vida, mas foi quando eu soube a origem do barulho. Uma onda enorme se aproximava deles, que agora estavam reunidos do outro lado da praça. Gritei para avisá-los, mas eles continuaram parados, olhando e sorrindo para mim. O desespero mudou para confusão quando notei que a onda tinha um cheiro doce e uma cor azul brilhante. Não era água. Era… suco de framboesa.

Certo. O suco de framboesa do Capital voltara para me assombrar e agora iria levar todos que eu amo. Acordei no momento em que a onda quebrou em cima deles e não vi mais nada além daquele brilho azul.

Eu havia dormido na esperança de apagar minha cabeça, mas agora que estou acordada, resolvo organizá-la. Por partes e bem devagar. Eu fui selecionada para os Jogos, um lugar onde se lutava até morrer ou matar todos os competidores. Enumero os problemas envolvidos nisso.

Primeiro, Finnick, meu melhor amigo, está entre os competidores, portanto para vencer eu deveria matá-lo. Eu não faria isso. Ele tem mais chances do que eu de viver uma vida normal se vencer.

Segundo, os tributos que ganham se tornam famosos e vivem na parte mais rica do distrito, a Vila dos Vitoriosos, que era muito prestigiada e visitada por repórteres todos os anos. Os vitoriosos vivem como celebridades e celebridades não podem fugir para visitar uma família que não deveria existir ou para se juntar a uma rebelião, então como eu poderia ser uma vitoriosa? O Capital prestaria atenção em tudo que eu fizesse e acho que não ficaria muito feliz com o que eu planejava.

O terceiro problema é a probabilidade da minha morte e eu estou um pouco relutante em aceitá-la.

O que me resta é fugir e eu nunca ouvi falar de um tributo que havia fugido. Os aerobarcos me achariam tão rápido que seria inútil. Talvez eu tivesse chance se fugisse no Capital e encontrasse o amigo de Caio, mas os tributos eram escoltados constantemente. Talvez se eu fugisse antes de chegar ao Capital, mas suficientemente perto, a ajuda de Caio conseguiria me achar antes dos aerobarcos. Quão perto estaríamos do Capital agora?

Eu levantei da cama, decidida a descobrir. Andei pelo trem, ainda usando a camisola que escolhi antes de dormir, procurando por alguém que pudesse me dizer o que eu queira saber. Havia dois guardas em uma sala com uma enorme televisão e uma decoração um tanto exagerada. Um dos guardas estava dormindo e o outro, quando me viu, tentou acordá-lo.

— Flynn, acorde, tem gente aqui.

Flynn, o guarda dormindo, deveria ter por volta dos 40 anos e tinha o cabelo desgrenhado por seu cochilo. O guarda que estava tentando acordá-lo, contudo, tinha um rosto jovem, parecia ainda um garoto e seus olhos simpáticos me diziam que ele responderia minhas perguntas.

— Não há necessidade em acordá-lo, – sorrio. – Eu apenas não consegui dormir. Qual é o seu nome?

— Set, senhorita, meu nome é Set Dukinan.

Ele parecia inseguro e apressado em agradar, o que, na minha atual circunstância achei adorável.

— Eu sou Cassandra Collinray.

— Eu sei, – ele respondeu. É claro que ele sabe, todos agora sabem meu nome.

— Set, eu queria saber se estamos perto do Capital. Quanto tempo falta para chegarmos?

— Receio que ainda falte um pouco. Chegaremos ao Capital amanhã, no meio da tarde.

— E o trem consegue andar todo esse tempo sem abastecimento ou manutenção?

Parecia uma pergunta inofensiva, mas tudo seria mais fácil dependendo da resposta dele. Agradeci por ele ser ingênuo e por Flynn ainda estar dormindo.

— Na verdade, senhorita Cassandra, amanhã iremos ter uma parada para abastecimento.

— E que horas será isso? – pergunto, mal podendo conter minha animação.

— Pela manhã, senhorita. Por volta das oito horas.

— Obrigada, Set. Acho que vou comer algo e tentar dormir de novo. Boa noite.

— Boa noite, senhorita.

Sorrio enquanto virava e caminhava até a cozinha. Não imaginava que seria assim tão fácil. Quando chego à cozinha tudo o que eu procurava era algo com chocolate, mas o que encontro é Myra com uma xícara de leite nas mãos. Ela olha para mim e diz, sem alterar a expressão.

— Você vai tentar fugir.

Não respondo e percebo que não fora uma pergunta afinal. Vou até a geladeira e pego algo que sequer noto o que é, tal o meu nervosismo, mas eu ajo como se nada tivesse acontecido. Quando estava saindo, a voz dela soa atrás de mim.

— Não faça isso. O Capital precisa de você e não irá deixá-la ir com facilidade.

Depois disso, vou para a minha cabine.

Como é que essas pessoas sabem tanto sobre mim? Myra poderia ter adivinhado que eu queria fugir, mas não é o tipo de coisa que um tributo do distrito 4 faria. Será que eu havia feito algo óbvio? Não, eu sabia que não era isso. Myra tinha um olhar estático que me assustava, como se alguma peça em sua mente girasse de uma maneira peculiar. Grewer havia me avisado para tomar cuidado.

O que me leva de volta à Grewer e aquela estranha conversa. Eu sabia que ele conhecia Haymitch, mas como ele sabia que Haymitch era meu tio? Haymitch não teria contado seu maior segredo a um simples amigo, o que me fez pensar que eles partilhavam mais segredos. Fico pensando se isso me prejudicaria ou se Grewer revelaria algo, mas ele não agiu como se fosse.

Antes de dormir, me agarro à única coisa que eu podia entender e que me dá uma centelha de esperança, a frase de Grewer: “Seu tio está melhor e mais são do que pensa.”

Quando acordo, um relógio no quarto me diz que são sete horas, eu tinha uma hora antes do trem fazer sua parada. Eu levantei e procurei um lençol nas gavetas, o dobrei e amarrei até transformá-la em uma bolsa com uma alça que tornaria mais fácil carregá-la. Dentro, eu coloquei algumas mudas de roupas e vesti uma eu mesma, uma calça preta confortável, uma blusa azul, um casaco e botas de couro. Tomei cuidado para escolher uma blusa bonita para não suspeitarem da minha roupa. Depois fui para a cozinha abastecer minha mochila improvisada. Peguei o máximo de mantimentos que pude sem que dessem falta e voltei a minha cabine. Por sorte ainda não havia ninguém acordado.

O trem começa a desacelerar até parar na estação. Assim que as portas se abrem eu saio, depois de perguntar a Eda se posso. Havia uma barreira aos lados do trem, portanto eu não podia contorná-lo e atrás de mim ficava a estação. Então eu fiz a coisa mais estúpida possível: escalei e passei por cima do trem. Eu sei que foi idiota, mas não havia tempo de encontrar outra maneira de chegar do outro lado e não fora assim tão difícil. Quando chego ao outro lado, vejo que havia uma enorme praça que eu teria que atravessar para chegar até a floresta do outro lado. Por sorte a praça estava vazia.

Começo a atravessá-la devagar. Eu não estava acreditando que estava sendo tão fácil e automaticamente, fico em alerta. Havia algo errado nisso, pois estava fácil demais. Paro e olho em volta. Sinto minha pressão cair de susto ao ver Myra tão próxima.

Desde quando ela estava me seguindo? Resolvo fingir que não havia nada de errado.

— Olá, Myra, – eu a cumprimento com um sorriso. – Quis sair e respirar ar fresco também?

— É isso que está fazendo aqui? Respirando ar fresco? – Pergunta.

— Na verdade não, – Finnick grita atrás dela. – Nós combinamos de comer alguma coisa aqui, só para sair um pouco do trem. Trouxe comida, Cass?

— Claro, – respondo, respirando aliviada. – Quer se juntar a nós, Myra?

— Não, – ela responde, dando um ligeiro sorriso para Finnick e indo embora.

— Obrigada, Finnick. Eu...

— Não precisa. – ele diz, a voz fria como gelo, num tom que eu nunca ouvira antes. Nesse mesmo tom, ele contina – Eles podem te matar, sabia? Eles podem te transformar em uma Avox.

— Não podem não. Eles precisam de mim para os Jogos e não posso ficar.

— Por que não pode? Era esse o “jeito” que você ia dar, fugir e fazer com que te matem? Brilhante!

Ele estava realmente me assustando agora.

— Não posso ganhar os Jogos. Não posso te matar! – gritei. Imediatamente me senti mal por mentir para ele, pois o problema não era somente esse, mas meu segredo agora era minha única proteção. – Não pensei, está bem? Fiz algo estúpido, mas eu precisava... precisava... – eu não sabia como continuar. Isso pareceu atingi-lo.

— Isso não soa como você, mas toda essa situação não é comum para nós, – ele suspira e abre os braços que eu aceito, aliviada, mas me sentindo imensamente culpada. – Vai ficar tudo bem, de alguma forma. Só me prometa que não fará nada estúpido como isso.

— Prometo, – eu respondo, com a cabeça enterrada no seu peito enquanto a culpa me corrói por dentro. Ele se afasta e me segura pelos ombros.

— Então é melhor comermos. O que você tem aí?

Nós sentamos e comemos até a hora do trem partir.

Nós estamos todos sentados no vagão onde havia uma grande televisão, o mesmo onde eu encontrei os dois guardas, Set e Flynn, na noite anterior. Redmond acabara de sentar e encarava Finnick e a mim, mas é Grewer quem fala:

— Vocês são bonitos o suficiente para que as pessoas gostem de vocês, mas se falarem algo errado na entrevista, toda beleza vai por água abaixo. Os presentes dos patrocinadores podem mantê-los vivos na arena, como água ou armas. Então foquem em consegui-los. Mags, – ele continua, olhando para ela, – o que você acha do garoto?

— Tudo o que posso dizer é que gostaria de ser alguns anos mais nova, – ela disse, dando uma piscadela para Finnick, que sorriu. Talvez eles tivessem alguma familiaridade ou algo assim. – Ele não pode ser encantador, tem que ser charmoso.

— Qual é a diferença? – Finnick interrompe.

— Crianças são encantadoras, homens são charmosos. Você não tem olhar ou perfil de criança, – ela responde. – Ao mesmo tempo em que o público se apaixonará por você, também saberão ter cuidado. Como aqueles vilões que todos adoram. Aja como um galã.

— Isso não será muito difícil, – murmuro rindo e Grewer escuta e sorri.

— Talvez devêssemos usar sua ironia, Cassandra, – Grewer acrescenta. – Você é bonita e tem uma esperteza brincalhona que é adorável, mas ao mesmo tempo indica que não pode ou deve ser ignorada. Um toque de ironia nisso e ficará perfeito. Quase provocador e pouco sentimentalismo.

— Gostei disso, – digo sem pensar. Acho que não daria muito certo se eu fosse ter uma conversa sentimental com toda Panem.

— Eles tem que te achar inalcançável com você demonstrando ser alcançável.

— Mas isso é apenas na frente das câmeras. – interrompe Redmond. – Por melhores que sejam os presentes dos patrocinadores, não adiantará muita coisa se não souber usá-los ou não estiver viva para usá-los. Ficar com carreiristas é arriscado pois eles são sempre alvos das armadilhas dos outros tributos ou podem se virar contra vocês. Alguma ideia de como evitar problemas e não ficar fora da diversão da cornucópia?

— Nós podíamos nos unir à eles no começo e depois fugirmos quando tivéssemos armas e suprimentos suficientes. Talvez eliminando um no processo, não mais do que isso para não alarmá-los durante a fuga. Talvez formando a aliança antes dos Jogos eles confiem em nós. E normalmente a Cornucópia é em algum lugar aberto para melhor visão do banho de sangue inicial e...

— Cassandra! – Eda dá um gritinho. – você acha adequado chamar o evento que unifica nossa nação de banho de sangue?

Eu a encaro, aturdida.

— Eu estava apenas analisando minhas chances de sobrevivência, não prestei atenção a essas palavras, desculpe-me eu nunca faria isso propositalmente. – digo, sarcasmo em todas as palavras.

— Tudo bem, querida, – ela diz sorrindo, como se nada tivesse acontecido. Imagino se havia algum problema sério com ela ou se todos no Capital são assim.

— Como eu ia dizendo, a Cornucópia fica em terreno aberto para melhor visão do “evento que unifica nossa nação” – digo, lançando um olhar a Eda que assente, me fazendo revirar os olhos. – mas muitos tributos sequer enfrentam a Cornucópia e fogem para os arredores onde é fácil se esconder, pois sempre há vegetação, pedras ou algo assim. Podíamos usar isso para dar a volta na Cornucópia sem sermos vistos, pegarmos as armas e participar da diversão.

— Tenho que admitir, garota, é um bom plano. Talvez você leve jeito para isso. – diz Elora.

— Matar pessoas? – pergunto enojada.

— Bolar estratégias – ela corrige. – E se você não tiver essa “ajuda” da arena?

— Então teríamos que abrir caminho até o centro da Cornucópia – dessa vez é Finnick quem responde. – O que não podemos fazer é virar as costas e sair de lá sem nada nas mãos. Nós somos treinados, podemos fazer isso. E se os outros carreiristas pensarem que nos têm como aliados, poderemos pegar o que quisermos sem termos que nos preocupar com eles.

— Parece que temos uma bela dupla esse ano – comenta Mags, sorrindo.

A conversa se prolonga enquanto falamos quais são as melhores formas de conseguirmos abrigo e comida, os pontos fracos de um carreirista, o que sabemos sobre os atuais tributos e várias outras coisas.

Só percebemos como o tempo havia passado quando um dos empregados entra na sala e diz que estaríamos no Capital dentro de uma hora. Com isso todos vão para suas cabines se arrumar, mas antes que eu pudesse me mexer, Finnick me segura pelo braço e diz baixinho:

— Falando desse jeito tudo parece tão perto e real.

— Mas é – eu respondo.

— E o que vamos fazer? Encarar isso do jeito deles?

— Não. Acho que isso não é algo que se possa pensar ou planejar antes da hora, ainda mais na situação em que estamos...

— E que situação estamos? – ele me pergunta como se já soubesse a resposta.

— Um amigo lutando contra o outro – respondo, evasiva. – Agora com licença, mas preciso ficar bonita para quem quer me ver morta.


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Notas finais do capítulo

Seu que o suco de framboesa foi viagem, mas essa era a intenção kk
A inspiração pra isso foi um Gatorade que eu tomei a muito tempo e ele era muito azul. Nunca mais achei, acho que parou de vender :/
Cheguei a conclusão que todo mundo nesse trem aí é surtado, só pode.
Sugestões são bem vindas :)



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