Rock Of Ages escrita por AniinhaBorges


Capítulo 7
Capítulo 6




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Depois de passarmos em algumas outras lojas procurando algumas roupas pra mim, Bonnie me levou para almoçar numa pensão de uma doce senhora que fazia os figurinos para sua atual peça. A senhora morava sozinha numa casa com muitos quartos e por isso, depois que seu marido morreu, decidiu alugar os quartos para jovens atores que vinham para Los Angeles em busca de seus sonhos. Graças a eles, ela acabou se encantando pelo mundo das artes e resolveu ajudar seus inquilinos se colocando a disposição para fazer figurinos, maquiagem e servir-lhes almoço. Bonnie mesma havia morado por alguns meses na pensão assim que chegou a Los Angeles.

Almoçamos e, em seguida, ficamos um pouco com a doce senhora que estava sozinha naquela hora. Ela me mostrou algumas fotos de Bonnie em cena e depois alguns de seus figurinos. Pela primeira vez na vida, vi minha irmã ficar envergonhada. O que estava acontecendo ali era que aquela senhora que não tinha nenhum laço familiar com a minha irmã estava mostrando o quão orgulhosa estava daquela menina californiana de 22 anos. Exatamente como uma avó ou mãe faria. Algo que Bonnie nunca recebeu e, provavelmente, nunca receberia de nossa mãe ou avó.

Depois daquele momento um tanto agradável, voltamos para a área onde Bonnie morava. Ela disse que conhecia alguns proprietários de lojas e bares perto de casa que poderiam me oferecer um emprego. Fomos primeiro numa loja de discos. O proprietário era um cara com cabelos compridos que aparentava uns 30 anos. Bonnie o conhecia do tempo que morava na pensão. Ele morava num prédio em frente e sempre estava na pensão no horário das refeições. Ela sempre ficava conversando com ele sobre música, mas sem nunca mencionar que ela era filha de um grande produtor musical.

Infelizmente, ele não estava contratando no momento. E ouvimos isso em todos os outros lugares que fomos. Todos os proprietários que Bonnie conhecia não estavam em condições de arcar com mais um empregado ou simplesmente estavam satisfeitos com o número de funcionários que tinham. Sem resultados, decidimos comprar um jornal para ver o que os classificados podiam nos oferecer. Mas todos os anúncios pediam alguma experiência profissional e alguma carta de recomendação. Obviamente, eu não tinha nem uma coisa nem outra. Jamais havia trabalhado na minha vida e não tinha ninguém para pedir uma carta de recomendação. Não tinha nem um currículo e mal tinha terminado o ensino médio.

Sem mais onde procurar e sem mais opções, fomos até o Poison pegar minhas malas no meu carro que ainda estavam lá. Exatamente como Chip tinha dito, meu carro estava parado no mesmo lugar sem nenhum arranhão ou qualquer estrago. Eu acho que devia aprender a confiar mais nele. Entramos na lanchonete e me deparei com um cenário completamente diferente da noite anterior; o lugar estava praticamente vazio. Apenas alguns fregueses que já estavam praticamente se retirando. Quando entramos, Chip estava no mesmo lugar de ontem, atrás do balcão, lendo jornal.

“Chip, querido.” – Bonnie, como sempre, já chegou fazendo escândalo e fazendo com que todos os poucos clientes olhassem para ela. “Olá, Bonnie. Diga-me o que posso fazer por você.”- ele disse sem ao menos tirar os olhos do jornal que estava lendo. Com certeza ele ainda não havia percebido que eu estava lá. “Preciso de duas informações: uma, sua chefe linda se encontra? E será que posso vasculhar seu armário?” – ela perguntou se sentando em uma das cadeiras do balcão. “Sim, ela está no escritório. E...”- ele finalmente levantou a cabeça e olhou para Bonnie, me encontrando atrás de seu ombro. “Eve, oi. Não tinha notado você.”- ele disse parecendo um pouco nervoso. Eu ri e sorri pra ele, me sentando do lado de Bonnie. Ele continuava me olhando sem se lembrar do que estava falando. “Seu armário. Se importa se eu vasculhá-lo?” – Bonnie estalou os dedos, fazendo com que ele se voltasse para ela e esquecesse-se de mim por um minuto. “Desde quando você precisa de autorização. Pode ir, já conhece o caminho.” – ele disse usando seu tom irônico de sempre. Ela se foi, nos deixando sozinhos no balcão. Eu estava sem graça e não sabia se devia ou não puxar assunto, afinal ele estava trabalhando e eu não queria atrapalhar. “Então, o que achou da sua primeira noite em Los Angeles?” – ele me surpreendeu se apoiando no balcão e me olhando fixo nos olhos. “Melhor do que eu esperava, admito.” – eu disse vagamente tentando me esquivar daquele olhar cansado dele que insistia em me olhar. “Isso é uma coisa boa?” – ele me perguntou se afastando um pouco, mas sem tirar seus olhos de mim. “Entenda como quiser.” – eu disse com um sorriso malicioso no rosto. Sim, realmente eu estava aprendendo rápido demais a ser irônica.

Chip continuou me olhando sem dizer nada por um tempo. Provavelmente, pensando em alguma coisa para dizer depois da minha última resposta. Mas nada saía. Senti então a necessidade de parar de esperar que ele agisse e resolvi eu mesma quebrar o silêncio. “Pensei que você não perdesse tempo com pessoas que não fossem pedir nada do cardápio.” – eu disse lembrando-me de ontem à noite. Ele suspirou e sorriu se afastando do balcão. “Bem, acho que eu posso fazer uma exceção. Afinal, sua irmã me pediu para ficar de olho em você.”- ele retrucou pegando um cardápio e me entregando. “Mas já que insiste.”- ele disse sorrindo. Olhei para cardápio e reli todos aqueles nomes engraçados e confusos que havia lido ontem. “O mesmo de ontem, uma água.” – eu disse empurrando o cardápio para ele de volta. Ele pegou e guardou o pedaço de papel e foi buscar minha água. Enquanto ele se afastava, percebi que ele estava usando a mesma calça e os mesmos sapatos da noite anterior. Normalmente, acharia aquilo completamente estranho e desleixado. Mas se tratava de Chip, então, eu só achei bonito e desleixado.

Ele me serviu a água assim como tinha feito na noite anterior, mas dessa vez não me chamou de princesa. Ele ainda não havia me chamado pelo meu singelo apelido naquele dia e, dentro de mim, eu gritava esperando que ele o fizesse. “Então, Bonnie me disse que você e ela vão a uma festa hoje.” – eu disse bebendo um pouco da água. “Ah, sim. Ela pediu que eu e Jerry a acompanhasse numa festa. Parece que ela tem um assunto a resolver.” – ele disse se se encostando à parede, cruzando os braços. “Você sabe qual assunto?”- eu perguntei. “Não, ela não disse nada. Só que ia precisar de uma ajuda masculina. Por isso convocou a mim e Jerry.” - ele disse com um tom meio misterioso. Eu suspirei tentando imaginar o que Bonnie poderia estar armando. Certamente não era algo bom. “E você?”- ele perguntou. “Eu o que?” – eu me surpreendi sem entender o que ele estava falando. “Você vai com a gente?” – ele perguntou abaixando a cabeça e olhando para seus tênis velhos e sujos. Eu segurei minha risada. Ele voltou a olhar pra mim, esperando ansiosamente pela minha resposta. Eu olhei de volta, sorrindo pra ele, pronta para lhe dar minha resposta. “Talvez.”

Em alguns minutos depois, ouvimos passos vindos dos fundos. Bonnie voltava com um sorriso radiante de orelha a orelha. “Irmãzinha, tenho ótimas notícias!”- ela disse se sentando ao meu lado e apoiando os cotovelos no balcão. “Arrumei um emprego pra você!”- ela disse sorrindo e abrindo os braços para mim. “Sério? Mas como, aonde?”- eu perguntei abraçando-a e me segurando para não cair da cadeira. Nunca pensei que conseguir um emprego me deixaria tão empolgada. “Ué, aqui mesmo! Acabei de falar com a Ramona e ela topou. Desde que eu saí ela está com certas dificuldades para encontrar alguém como eu, certo Chip?” – ela se virou para ele que estava tentando disfarçar seu sorriso. “Sim, você é difícil de ser substituída. Quem sabe não temos sorte com alguém que compartilha os mesmos genes que você?” – ele mudou a direção de seu olhar e, novamente, me encarou.

De alguma forma, Bonnie percebeu o que estava acontecendo ali. Chip estava me encarando, eu estava tentando fugir de seu olhar e ela estava assistindo tudo de camarote e ficando um pouco incomodada. “Então, eu vou ali dar uma olhada no seu armário. Já volto.” – ela se levantou e entrou pela porta que eu havia entrado ontem. Chip se desencostou da parede e andou novamente em minha direção. “Parabéns e bem-vinda ao Poison.” – ele disse recolhendo meu copo e a garrafa vazia. “Obrigada. Então como se sente sabendo que eu serei sua colega de trabalho?” – eu disse sorrindo e cheia de orgulho por eu ter um emprego. Por mais que eu não quisesse ter um emprego, sabia que aquilo era um grande passo na busca pela minha liberdade. “É, na verdade, não seremos colegas.” – ele disse. Eu olhei para ele confusa. Eu sempre achei que pessoas que trabalhavam juntas, eram colegas. “Eu sou o gerente daqui. Então teoricamente, sou seu chefe, princesa.”



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