Rock Of Ages escrita por AniinhaBorges


Capítulo 17
Capítulo 16




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As semanas foram passando e as coisas pareciam estar seguindo um rumo mais calmo e pacífico, bem pelo menos a maioria delas. Bonnie finalmente havia conseguido um papel numa nova série de TV e estava constantemente no set de filmagem. Para minha alegria, ela se concentrou tanto no trabalho que se esqueceu de me perturbar em relação a Aaron. Porém, ela andava trabalhando tanto que eu quase não passava mais tempo com ela.

A maior parte do meu dia eu gastava no Poison, trabalhando. À noite, Aaron, sempre me buscava para fazermos algo novo. No início dessa rotina, tudo era perfeito e romântico. Mas com o tempo, nossas ideias de passeios românticos acabaram e na maioria das vezes ele me arrastava para o galpão de Lee para vê-los ensaiando e ficando bêbados. Isso quando ele não se esquecia de completamente da minha existência e me largava para beber cerveja quente e compor músicas com Lee.

Por causa disso, como era de se prever, nossas brigas aumentaram. Aaron era insuportável quando estava bêbado e com Lee. Nossas discussões sempre aconteciam na frente de todos da Blood Stain e eu já não estava mais suportando isso. É claro que brigas numa relação, ajudam e são construtivas. Mas brigas constantemente estavam me desgastando e, às vezes, parecia que Aaron me tinha como segunda opção em sua vida. Toda vez que ele se esquecia de mim por causa de um ensaio ou me pedia pra mudar o dia do nosso encontro pra ele sair com Lee, eu percebia isso. Ramona havia me consolado várias vezes e me disse que o filho dela era assim mesmo, mas ela sabia que no fundo eu era a paixão verdadeira dele.

Era domingo à tarde e o Poison estava lotado como sempre. Eu estava completamente atolada, servindo mesas e ajudando na cozinha. Até Chip estava trabalhando de garçom naquela tarde. Durante uma pequena pausa servindo uma mesa e outra, eu estava no vestiário, ajeitando meu cabelo e me preparando pra voltar para o salão, quando de repente, senti uma mão grande me agarrando pela cintura. “Péssima hora, Aaron.”- eu disse friamente. Eu estava chateada com ele desde quinta, quando ele havia mentido pra mim dizendo que ajudaria Ramona com algumas coisas. Ao invés disso, ele foi pra casa de Lee, beber. “Desde quando você não tem nem um minutinho pra mim?”- ele disse fazendo uma carinha de cachorro sem dono. “Diz logo o que você quer.”- eu disse. “Pedir perdão. Por tudo.”- ele disse sorrindo e me empurrando na parede e me beijando. Ele sempre fazia isso depois de uma briga. “Tenho sido um péssimo namorado. Não tenho dado valor a incrível namorada que tenho. Tenho sido um idiota.”- ele disse um pouco ofegante. Geralmente, seus beijos eram delicados, mas dessa vez as coisas foram um pouco mais ferozes. “Ainda bem que você sabe.”- eu disse também ofegante. “É que na verdade eu sou um idiota.”- ele disse colocando meu cabelo pra trás da orelha. “Você me perdoa?”- ele disse. Eu olhei fundo naqueles olhos claros que tanto me deixavam sem ar e simplesmente concordei.  Ele sorriu maliciosamente e me puxou novamente para outro beijo. 

“Aaron, eu estou no trabalho ainda.”- eu disse empurrando ele levemente.  Eu sabia muito bem aonde chegaríamos se não parasse agora. “E eu sou praticamente seu chefe.”- ele disse rindo. “Não, a sua mãe é minha chefe.”- eu disse ajeitando meu uniforme. “Ok, tudo bem. Será que pelo menos podemos continuar isso mais tarde? Eu passo aqui e te busco. Sério.”- ele disse segurando minha mão. “Tudo bem. Saio às 21 hoje. Não se esqueça, não se atrase e não me troque por um ensaio idiota.”- eu disse um pouco desconfiada. Ele riu e concordou. “Que tipo de idiota eu seria em trocar você pelo bêbado do Lee?”- ele disse rindo. “Ah, isso é para você.”- ele disse tirando uma caixinha do bolso da jaqueta. “Eu não sei escolher muito bem joias.”- ele disse me entregando.  Eu sorri e peguei a pequena caixa vermelha. Abri e vi um pingente prata em formato de uma guitarra brilhando. “Aaron, eu amei.”- eu disse sendo sincera. Ele sorriu como uma criança e pediu que eu me virasse. Entreguei o colar e ele o pendurou no meu pescoço. “É só pra todos saberem que você é minha.”- ele disse admirando meu pescoço.  Eu me aproximei dele e sussurrei  em seu ouvido. “Querido, você não precisava me dar uma coleira pra provar isso pra ninguém.”

Durante o dia todo, trabalhei usando o cordão. Não queria tirá-lo. Ele era simplesmente adorável. Aaron e eu já tínhamos feito as pazes tantas vezes nos últimos meses que eu já havia até perdido as contas, mas dessa vez parecia que as coisas realmente andariam como deveriam andar.  Tudo voltaria a ser quando começamos a namorar. Eu sei que a música era a paixão dele e tudo mais. Eu adorava o jeito sonhador e ambicioso dele, mas ele não precisava ter me deixado em segundo plano tantas vezes.  Mas agora tudo seria diferente, eu tinha certeza.

Com o passar do tempo também fui tendo certeza de que Chip não estava mais na minha cabeça. Depois daquela manhã, as coisas mudaram ainda mais entre nós. Cada vez mais nos falávamos menos e ele só me procurava pra falar sobre alguma coisa do trabalho. E nas raras vezes que Bonnie o chamava para sair conosco, ele mal me dizia oi. Mesmo assim, era fácil conviver e trabalhar com ele. Eu não pensava mais nele com a mesma frequência. Muito raramente me encontrava sonhando e pensando naqueles cabelos escuros e sorriso sarcástico que ele tinha. No início do meu namoro com Aaron, esses pensamentos eram bem frequentes, mas agora eram praticamente inexistentes. Porém, houve vezes onde, Aaron e eu estávamos juntos, na cama, que me encontrei pensando e imaginando como seria estar com Chip. Não podia deixar de me imaginar tendo aquele tipo de intimidade com ele. Era simplesmente inevitável. Eu não podia negar: era um dos meus desejos mais íntimos.

Naquela noite, Ramona havia ido para casa mais cedo, pois estava com dor de cabeça. Ela pediu a Chip que fechasse o Poison e abrisse a lanchonete somente amanhã à tarde.  As horas foram passando e os turnos acabando. O meu turno era o último a ter fim e, quando me dei conta, Chip e eu erámos os únicos que ainda estavam lá. “Eve, suas gorjetas.”- ele me chamou antes que eu pudesse entrar no vestiário e me deu um pequeno bolo de notas e algumas moedas.  “Obrigada.”- eu disse sorrindo simpaticamente. “Tudo bem. Ah, amanhã você pode folgar se quiser. Trabalhou dobrado esse fim de semana.”- ele disse se voltando para a calculadora. “Obrigada, eu estou precisando mesmo.”- eu disse. O silêncio tomou conta do salão por um tempo, me deixando desconfortável. Chip parecia normal, mas eu sabia que ele não estava. Quando percebi que ele não falaria mais nada, dei meia volta e fui para o vestiário pegar minhas coisas e esperar por Aaron.

Quando cruzei o salão, Chip não estava lá. Tudo já estava pronto para ser fechado e pensei que ele pudesse estar no escritório, mas não me dei o trabalho de ir até lá. Sai do Poison e fiquei esperando Aaron na calçada, como sempre. Havia poucas pessoas hoje na rua. E tudo estava silencioso e deserto. Resolvi então ficar mais próxima da vitrine do Poison. Encostei-me e fiquei lá, esperando pela moto de Aaron surgir. Enquanto estava lá parada, fiquei brincando e mexendo no meu novo colar. Desde pequena sempre ganhei joias e colares, mas nenhuma delas tinha sido tão especial assim. E nem tão bonitinha. Meu pai sempre tentava compensar sua ausência com colares e brincos. Não só comigo, mas também como mamãe. Eu sempre detestei isso. Preferia muito mais sua companhia a um brinco de diamantes, mas mamãe sempre pareceu defender mais a filosofia de que os diamantes são os melhores amigos das mulheres.

De repente, enquanto estava distraída, ouvi um barulho de motor e uma luz surgindo na rua. “Pensei que estivesse lá dentro.”- eu disse sem graça. “Não, eu fui pegar meu carro.”- Chip saiu de um carro preto e parou perto de mim, me encarando. “Pensei que já tivesse ido.”- ele disse. “Não, estou esperando por Aaron.”- eu disse vagamente, voltando a mexer no colar. Ele soltou um suspiro e entrou no Poison de novo, tentando me ignorar. Não sabia que Chip tinha um carro. Ele sempre estava de carona com Jerry ou a pé. Seu carro parecia ter sido feito sobre medida para ele. Combinava completamente com seu estilo e personalidade. E não posso deixar de negar que ao vê-lo saindo do carro, com aquela jaqueta de sempre e sua expressão de sempre, minha cabeça voltou a borbulhar pensamentos sobre ele.

Eu já estava ficando cansada de esperar por Aaron. Várias motos já haviam passado na rua, mas nenhuma delas a moto dele. Os minutos se passavam e nada dele surgir. Eu já estava cansada e começando a ficar irritada. Estava relutando a acreditar que ele havia se esquecido de mim. De novo. De repente a luz do Poison se apagou e Chip saiu pela porta. Ele olhou para mim, mas eu não retribuí seu olhar. “Boa noite, Eve.”- ele disse simpaticamente. “Boa noite.”- eu disse me virando para ele. “Até terça.”- eu disse vendo ele se afastar da porta. “Até.”- ele disse se virando e acenando para mim. Ele foi andando em direção ao carro e eu fiquei o observando se afastando. Para minha surpresa, ele parou no meio do caminho e deu meia volta. “Você quer uma carona?”- ele ofereceu, me fazendo ficar em choque. “Tipo, eu moro depois do galpão do Aaron e posso te deixar lá. Ele deve estar lá.”- ele disse calmamente. Mal ele sabia o quanto ouvir aquilo me deixava irritada. “Não, Chip. Ele deve estar chegando. Obrigada.”- eu disse fugindo de seu olhar. “Tem certeza? A rua está meio deserta e pode ser perigoso você ficar aqui sozinha.”- ele disse nervoso. “Eu posso tomar conta de mim, Chip. Não se preocupe.”- eu disse tentando não parecer grossa. “Eu sei, Eve. Mas está ficando tarde.”- cada vez mais ele mostrava sua preocupação e cada vez mais eu ficava mais louca por vê-lo agindo dessa forma. “Chip, eu ficarei bem. Logo Aaron vai chegar.”- eu disse. “Tudo bem, eu sei, mas pelo menos me deixe esperar com você então.”


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